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7 de Março - Mês Dedicado a São José

Como São José conheceu a misteriosa
Conceição do Verbo na Virgem, e não a quis receber em Matrimônio;
Declaração do Anjo ao mesmo Santo
            De volta a Nazaré, foram se acentuando os sinais da maternidade na Virgem Maria. Como Deus salvaria a honra de sua virgindade, perante os homens e aos olhos de São José? Este pensamento teve a Virgem Maria, mas o que teria sido uma angústia para uma alma de natureza vulgar, preocupada consigo mesma, não podia perturbar a serenidade daquela que tinha dito: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”. – Os que se reconhecem instrumentos de Deus e se entregam a Ele na plenitude da fé, põem n’Ele toda sua confiança. Maria, diz Bossuet, entregou-se a Deus e permaneceu em paz.
            São José que não tinha sido iniciado no mistério do qual a Virgem Maria, por humildade e reserva, guardara o segredo, percebeu o seu estado. As aparências levariam a crer na infidelidade, mas o respeito à sua virtude afastava toda a suspeita. Não podendo penetrar nos desígnios de Deus, ele estava perplexo e na dúvida de recebê-la em matrimônio, isto é, de recebê-la em sua casa, para conviver com ela. Em sua justiça humana, tomou o partido que lhe pareceu melhor, qual o de afastar-se da cidade, fugindo daquele lugar para não denunciá-la, o que era obrigado a fazer pela lei.
            São José, em vez de fazer juízo temerário, via e ouvia o que se passava, sem dizer coisa alguma contra a Virgem Maria, tornando-se por isso o defensor da boa reputação, entre os cristãos.
            Versado como era nas sagradas escrituras e com a ciência infusa, lembrou-se que os Profetas asseguraram que uma Virgem seria a Mãe do Messias e então, em sua humildade, pensara: Ah! Que sou indigno; é preferível que me afaste secretamente por causa da minha indignidade e que não habite em sua companhia.
            Deus, porém, não quis deixá-lo neste estado por muito tempo. Uma noite, o Anjo do Senhor, o mesmo que lhe ordenou que comparecesse ao Templo e aceitasse a Virgem Maria como esposa, apareceu-lhe durante o sono e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua mulher: porque o que nela se passa é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e o chamará – Jesus (Salvador) – porque Ele há de salvar o seu povo dos seus pecados”.
            E tudo isto aconteceu, para que se cumprisse o que disse o Senhor pelo profeta: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho. E chamarão o seu nome Emmanuel, que quer dizer: Deus conosco”.
            Certificado assim São José pela revelação do Anjo na evidência do mistério, despertou com o espírito sereno e cheio de incomparável júbilo, conheceu, manifestamente, a excelência de sua puríssima esposa, a quem reputou por Mãe verdadeira do mesmo Deus, dispondo-se, com o mais profundo desvelo e afeto, a servi-la e venerá-la, e nela ao mesmo Senhor, que trazia em seu virginal seio! Logo convocando os seus amigos e parentes, para a celebração das cerimônias externas a que os judeus chamavam casamento, recebeu-a como sua esposa; e viveram sempre como irmãos.

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A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.

6 de Março - Mês Dedicado a São José

Encarnação do Verbo Divino e Visita da Virgem Maria à Sua Prima Santa Isabel
                        Corria o quarto mês depois dos Desposórios, quando o Senhor, encontrando na puríssima Virgem todas as virtudes heroicas correspondentes ao seu agrado, quis estender o braço da Onipotência à maior de suas obras, dispondo a Encarnação inefável do Verbo Divino no virginal seio de Maria Santíssima.
            Para isto, entrando já o tempo alegre da primavera, a 25 de Março, enviou Deus o Arcanjo São Gabriel por embaixador de tão alto mistério, o qual por sua natural sutileza, penetrando a clausura da porta, apareceu, em forma humana e refulgente, à ditosíssima Virgem, que estava só e recolhida, orando no cubículo interior da sua pobre casa de Nazaré. Saudou-a com uma profunda veneração e com termos mui novos e especiais, como a sua Rainha e Senhora, em quem adorava os mistérios altíssimos de seu Criador. Deu-lhe a saber que o Verbo Divino tinha resolvido tomar a forma de homem para remir e salvar a humanidade e a tinha escolhido para sua Mãe augusta, ficando sem detrimento, antes muito mais pura, a sua virginal integridade, concorrendo para isso a virtude do Espírito Santo, que também era a do Altíssimo.
            Ouvindo a Virgem o que lhe anunciava o Anjo, se turbou, e ele, para alentar a sua humilde modéstia e corroborar a sua fé na Onipotência divina, lhe advertiu que sua prima Isabel também havia concebido um filho sem embargo de a ter posto a natureza em esterilidade e os anos em velhice.
            Confortada a Virgem com as palavras do Anjo, e esperando este pela sua resposta e consentimento, pôs a Rainha dos céus os joelhos em terra e, erguendo o coração e as mãos a Deus, aniquilando-se diante dele, disse, com profunda humildade: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra; e no mesmo instante, por virtude do Espírito Santo, concebeu Maria Santíssima em seu puríssimo seio ao Filho de Deus, dignando-se o Verbo eterno, sem horror, de trocar o seio celestial do Pai pelo sagrado seio virginal de sua Mãe, passando a Virgem Maria de consorte de um pobre carpinteiro a ser Esposa do Arquiteto do Céu, como ponderou Santo Agostinho.
            Há dúvida com relação à hora em que se realizou essa divina embaixada, se pela manhã, ao meio dia ou à tarde, nascendo daí o louvável costume que a Igreja tem em dizer àquelas horas a saudação angélica da Ave Maria. Pensam alguns que fora à meia noite em ponto.
            Executado o profundo mistério da Encarnação do Verbo, e certificada a soberana Virgem pela embaixada do Anjo de que Santa Isabel, sua prima, havia já seis meses, gozava a milagrosa fortuna da fecundidade, concebendo também um filho, que seria grande diante de Deus e dos homens, resolveu, inspirada pelo Espírito Santo, ir visitá-la imediatamente, porque entendeu ser este o beneplácito do Altíssimo, o qual, com a presença do Verbo eterno, queria santificar esse filho, sendo esse um dos principais intentos desta visita.
            A Virgem Maria partiu, pois, a 28 de Março para a cidade de Karem, onde residia sua prima, indo acompanhada de alguma parenta ou amiga, ou fazendo parte de alguma caravana, tendo de percorrer trinta léguas até as montanhas da Judéia, por caminhos ásperos e fragosos.
            Chegada à casa de Santa Isabel foi recebida por ela com a saudação: “Bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre. Donde me vem a honra de ser visitada pela Mãe do meu Senhor. Porque mal a vossa saudação me feriu os ouvidos, a criança que eu trago, estremeceu. E bem-aventurada sois vós que crestes, porque se hão de cumprir aquelas coisas que vos foram ditas da parte do Senhor”.
            A Virgem Maria, ao ouvir a saudação de Santa Isabel, deixa transbordar seu coração e entoa esse admirável cântico de profissão de fé, hino de humildade de gratidão, profecia do futuro – o Magnificat.
            Sucedeu esta misteriosa visita poucos dias depois da Encarnação do Verbo, pelos fins de Março, ou princípios de Abril, mas a Igreja determinou que se celebrasse esse mistério a 2 de Julho, porque, realizando-se a festa da Encarnação em tempo de Quaresma, em que a Igreja está toda ocupada em celebrar a Paixão de Jesus Cristo, não era próprio, nem justo celebrar com galas esse acontecimento.  A estada da Virgem Maria em casa de sua prima Santa Isabel foi de perto de três meses, e os documentos evangélicos levam a crer que não assistira ao nascimento de São João Batista por dizer São Lucas que ai estivera perto de três meses e não três meses como seria preciso para completar os nove da gestação de Santa Isabel, e por mencionar sua volta a Nazaré antes do nascimento de São João Batista e mesmo pelo decoro e pudicícia da Santa Virgem.


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Fonte: A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.

5 de Março - Mês Dedicado a São José

Desposórios Misteriosos do Bem-Aventurado São José com a Puríssima Virgem Maria

            Estando próximo o feliz tempo da Redenção humana, ardentemente suspirado por tão dilatados séculos, ordenou Deus que Maria Santíssima tivesse por esposo a São José. Convinha que assim fosse por muitas razões misteriosas e oportunas, referentes ao crédito do Verbo Divino, à nossa utilidade e a outros fins ocultos.
            Havia onze anos que a Santíssima Virgem estava consagrada a Deus no Templo de Jerusalém, para onde fora desde o terceiro ano de sua idade. Apresentada por seus ditosos pais Joaquim e Santa Ana, ali se havia despedido de todo o comércio humano, transformada no amor casto e puro daquele Sumo bem, que nunca desfalece, e a quem de todo o coração só desejava ter por Esposo, repetindo para esse fim o voto expresso de castidade inviolável, que, antecipadamente, lhe havia feito; porém, a tão impensado preceito resignada a prudentíssima donzela na mais heroica obediência, suspendeu o seu juízo, e só o teve em esperar e crer melhor, que o Patriarca Abraão, na esperança contra a esperança. Era costume e instituição do Templo que ao chegarem as Virgens que nele se educavam, à idade competente de poderem casar, serem mandadas aos Sacerdotes ou para casa de seus pais para tomarem estado, ou do mesmo Templo, com o seu consentimento, saírem casadas; e, como à Santíssima Virgem lhe haviam falecido seus ditosos pais, e ela já contava quatorze anos, idade competente para o matrimônio, consultaram os Sacerdotes com os seus parentes o que deviam fazer e, por inspiração divina, escolheram a São José para seu Esposo. Ao mesmo tempo que a Virgem Santíssima se ocupava em suplicar a Deus, falara o Altíssimo ao interior do Sumo Sacerdote Abiathar, mandando-lhe que se ocupasse com o casamento da Virgem Maria, filha de São Joaquim e Santa Ana, por quem tinha especial cuidado e grande amor. O Sumo Sacerdote já havia intimado a Virgem a cumprir o uso do Templo e costume do povo, mas pela reposta que lhe dera a incomparável donzela, de ter feito voto de perpétua virgindade, e estar por seus pais consagrada para servir a Deus naquela clausura sem limitação de tempo, se achava embaraçado e confuso; pois, de um lado, estava a obrigação do voto e, de outro, o receio de quebrar o antigo costume fundado na Lei.
            Nesta colisão, ordenou orações a Deus, para que inspirasse o que se devia fazer e a Virgem não cessava de pedir ao Senhor que a conservasse no estado virginal, tendo aviso do céu que o se propósito estava a cargo de Deus e que fizesse o que o Sumo Sacerdote ordenasse.
            Nesta mesma ocasião, ouviu-se uma voz que saiu do Propiciatório (lâmina de ouro na Arca do Testamento, donde se ouvia a voz de Deus) do Templo que dizia assim: É tempo que se realize o oráculo de Isaías: “Sairá uma haste da raiz de Jessé e uma flor desabrochará desta haste. Que todos os membros da família de Davi deponham uma haste de amendoeira no Templo. Aquele a quem pertencer a haste que florir e sobre o qual o Espírito de Deus vier repousar sob a forma de pombo, deverá ser o esposo da Virgem”. A ordem do Senhor foi publicada por arautos, ao som da trombeta sagrada, por todo o país de Judá, e todos os jovens da família de Davi (em número de 23) se apresentaram. Depois que cada um colocou a vara no altar do Propiciatório, foram oferecidos sacrifícios a Deus que fez florescer a vara de Aarão, para que renovasse esse prodígio.
            O Sumo Sacerdote saiu do Santo dos Santos e declarou que nenhuma das varas florescera, a não ser a de Agabo que, por meio de mágicas, fizera florescer a sua, cujas flores logo se estiolaram, mas que faltava um dos descendentes de Davi, chamado José, e ordenou que o fossem buscar.
            Habitava São José só numa pequena casa em Tiberíades, na margem do lago e, estando construindo um oratório, o Anjo lhe apareceu e disse que interrompesse o trabalho e que, como outrora tinha Deus confiado o seu homônimo, o patriarca José, a administração do trigo do Egito, assim o celeiro que continha a colheita da salvação lhe seria confiado.
            São José não compreendeu essas palavras e continuou a orar pelo advento do Messias, quando foi chamado ao Templo.
            São José, em vista do seu voto de virgindade, não queria comparecer e só o fez depois que o Senhor, aquém implorara, manifestou a sua vontade no sentido de se apresentar, aceitando a mão da Virgem Maria e tornando-se o guarda de sua inviolável virgindade. Comparecendo São José, a prova foi renovada e sua haste floresceu e, ao ser-lhe entregue, um pombo esvoaçou por sobre sua cabeça. São José era um varão de quarenta anos, formoso como vimos e duma disposição corpórea muito elegante.
            Foi santificado antes de nascer, nunca tendo pecado mortalmente, era virgem e tinha feito voto de virgindade, que o Espírito Santo lhe certificou que não perderia, por ter Maria Virgem também feito.
            Assim a desposou só para a servir, e por obediência a Deus. Ao saberem do voto um do outro, ambos ficaram muito alegres e, no dia seguinte, foram celebrados os esponsais, tendo a Virgem quatorze anos e São José quarenta.
            O ato era solene e constava de três cerimônias. A primeira consistiu em São José entregar à sua divina Esposa, como era costume entre os noivos, em sinal de estreita união de seus corações, um anel, no qual estava engastada uma pedra preciosa e provavelmente também esculpida em hebraico a palavra Mazal, que quer dizer – boa fortuna, ou boa estrela, e nunca mais bem verificada que em semelhante desposório.
            Na segunda cerimônia foi o glorioso Santo cobrir com parte de sua capa, reverentemente, a beatíssima Virgem, como fórmula e rito daquele ato, em demonstração de mútua fidelidade e proteção recíproca dos desposais. A terceira cerimônia se colige do Livro de Tobias, onde, no capítulo 7º, se escreve que Raquel, quando entregara sua filha Sara a Tobias para sua esposa, pegando Raquel na mão direita da filha e na de Tobias, disse: O Deus de Abraão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacó seja convosco, ele vos ajunte e lance sobre vós a sua benção; de cujo texto e cerimônia usada entre os hebreus é crível e provável que os Sacerdotes do Templo se servissem nos felicíssimos desposórios do casto Esposo com a puríssima Virgem. Sendo dada finalmente a benção sacerdotal, segundo o costume hebraico, partiram os felicíssimos Esposos para Nazaré, pátria de ambos, indo a Virgem para a casa que herdara de seus venturosos pais, onde permaneceu um ano separada de São José, ocupando-se na confecção de seu enxoval até se realizar o matrimônio judaico que consistia na vida em comum dos esposos.
            Os judeus distinguiam no enlace matrimonial a promessa, os esponsais e o casamento. A primeira fazia-se nos primeiros encontros, seguindo-se depois os esponsais, que duravam um ano, durante o qual a jovem preparava seu enxoval e reunia seu dote, sendo finalmente recebida em casa do esposo pelo matrimônio. Tinham, portanto, significações diferentes das que chamamos casamento, e o que eles chamavam casamento era apenas uma solenidade externa, uma formalidade legal da habitação conjunta do casal.
            Celebrado tão misterioso ato, se contraiu entre os Santos Esposos, São José e a Virgem Maria, não só um verdadeiro e legítimo casamento, porém o mais perfeito e quase celeste, sem que o voto de virgindade, que havia entre os contraentes, prejudicasse a essência do vínculo daquelas duas vontades mais puras unidas em um só querer; pois, como diz o Doutor Angélico, foram ambos os Esposos certificados por Deus de sua perseverança e integridade do voto; e acrescenta São Francisco de Salles que, sendo São José vigilantíssimo em guardar suas virtudes debaixo da chave da humildade, tinha um particular cuidado em ocultar a preciosa pérola da sua virgindade, e que por isso consentira no Desposório com o fim de que nenhuma pessoa a pudesse conhecer e ficar assim mais oculta. Neste sagrado e estreito vínculo, é certo que Maria Santíssima recebeu um Esposo, que foi o Custódio e o Protetor da sua honra e da sua pureza; um Esposo o mais idôneo, que entre todos os filhos de Israel escolheu o Altíssimo com vigilante cuidado: um fidelíssimo guarda da Joia mais preciosa, particularmente engastada no coração do Senhor; sendo o ditoso São José elevado à mais sublime fortuna e suprema dignidade, que se pode imaginar neste mundo. Recebeu São José por sua legítima Esposa a Virgem Maria, Senhora tão incomparável e excelente, que só Deus é maior que ele. Não pode haver elogio, por maior que seja, que comparado com esta dignidade, não seja muito diminuto. Mais alta nobreza adquiriu São José desposando-se com a Santíssima Virgem, que toda a que herdara de seus régios e ilustres progenitores; pois, sendo a Senhora rainha dos céus, da terra e de todos os santos, São José foi diretamente promovido às grandezas, honras e títulos supremos, a que a fortuna régia costuma elevar. Basta dizer que o bem-aventurado São José desposou a imaculada Virgem Maria, Rainha e Senhora soberana de todas as criaturas, para se verificar nele a participação de toda a enchente de virtudes e felicidades. Oh que divina união (exclama São Francisco de Salles) entre a Virgem Maria e o Glorioso São José! União, que bastou, para que o Bem dos bens eternos, Cristo Senhor nosso, pertencesse a São José, assim como pertenceu à sua Esposa, segundo a graça que o fez participante de todos os bens de sua amada.
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A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves, 1927

4 de Março - Mês Dedicado a São José

Das Virtudes e Prendas de São José
nos Seus Primeiros Anos
             Dotado desde o berço o felicíssimo São José com as mais doces bênçãos do céu, devia ter sentido pouco as contingências da infância. Logo ao terceiro ano de sua idade lhe concedeu o Senhor perfeito uso de razão com a ciência e luz infusa das coisas naturais e morais; de maneira que, quando aos sete anos ou mais anos chega aos outros o uso da razão, já São José era um homem perfeito nela e na santidade, participando dentro dos limites e capacidade natural de um entendimento humano sobrenaturalmente ilustrado, quanto era necessário e conveniente para a perfeita inteligência das Escrituras, para penetrar os mistérios da fé e para o completo conhecimento das coisas.
            O Senhor, diz São Bernardo, predestinando ao gloriosíssimo São José para ser na terra o depositário dos seus mais sacratíssimos arcanos, o esposo da Mãe de Deus, o defensor da sua virgindade, o pai reputado da Sabedoria eterna, é para considerar qual seria o apuro de sua virtude, qual o agregado de seus dons sobrenaturais, a sua prudência, a sua sabedoria.
            Nele, como em epílogo, se acharam coletivamente unidas todas as virtudes e perfeições, que aos mais Santos foram comunicadas separadamente; por isso o Evangelho lhe dá o título de Justo, atendendo à perfeita posse de todas as virtudes e bondade.
            Quadra-lhe propriamente o emblema com que foi representado, como uma colméia de abelhas com a epígrafe: Ex omnibus unus, porque de todas as flores das singulares virtudes, em que os Santos floresceram, fabricou São José um favo dulcíssimo no interior de seu peito.
            Nele reluziu a mais exata pureza e no grau mais sublime não só dos sentidos, mas até dos afetos. Uma humildade tão profunda, que, não ignorando a sublime Família, que governava, e as incomparáveis honras, a que o onipotente Senhor o tinha elevado, nem por isso deixou de buscar o sustento com o trabalho de seu humilde ofício, conspícuo de humildade. Nele se viu a mais distinta caridade e amor de Deus, pois foi o primeiro que começou a padecer, por amor de Cristo, com ânimo e tolerância tão constante com que o dotou o Espírito Santo para sofrer em seu lugar aquelas afrontas e calamidades, que ele havia de padecer na qualidade de esposo de Maria. Brilhou nele, como em espelho puríssimo, uma fortaleza e domínio sobre as paixões tão grande que chegara a tal grau de mortificação, que vivia inteiramente insensível a qualquer atrativo terreno. Na resignação e obediência foi admirável; na fidelidade e pureza de intenção foi exímio; na prudência foi quase divino, tinha uma ciência vastíssima e eminente, penetrara os mais profundos mistérios da Escritura.
            A sabedoria de São José crescia sempre mais que em qualquer outro justo, logrando em sumo grau as virtudes teologais e cardeais, e os dons do Espírito Santo, em tudo mostrando que Deus habitava em seu coração. O principal emprego de sua mocidade foram os exercícios da mais exata observância da Lei, uma contínua e elevada contemplação do Altíssimo, a que jamais chegou criatura alguma, depois de Maria Santíssima. Com todas estas ilustrações do Espírito Santo, que foi o seu Mestre e Diretor, como é possível que a sua pureza virginal sofresse o sacrilégio ou a sombra da mais levíssima culpa? Ela foi confirmada no grau da mais alta graça correspondente ao seu elevado ministério. A ele se concedeu o especial indulto de ter ao menos ligadas, quando não extintas, as desordens da concupiscência, a quem chamam fames peccati, pois jamais sentiu delas movimento impuro por toda a vida, sem nunca ter cometido culpa venial com advertência.
São José, filho de Jacob e de Estha (ou de Abigail – alegria do pai) – nasceu em Nazaré. Seu avô Nathan possuía grande fortuna. Jacob tinha seis filhos, dos quais São José era o terceiro. Sua educação, bem como a de seus irmãos, fora confiada a um velho israelita. São José distinguira-se por sua inteligência, aplicação nos estudos e extraordinária virtude. Isso era motivo para terem dele muita inveja e molestá-lo por todos os meios.
Além das lições de seu preceptor, freqüentava as aulas de Hillel, sábio e virtuoso israelita; possuindo, aliás, ciência infusa. Tendo Jacob dado a cada um dos filhos um pequeno jardim para tratar, o de São José era o mais bem cultivado, apesar dos estragos que seus irmãos faziam muitas vezes e que ele, com a maior paciência, recompunha, sem nunca pensar em vingar-se. A sua humildade exasperava-os ainda mais. Muitas vezes, ajoelhado em seu jardim orando, ficava em êxtases, sendo interrompido por seus irmãos que lhe davam pancadas e o atiravam ao chão. Caluniado junto a seus pais, era pelo menos repreendido muitas vezes, sem que se defendesse.
São José, aos 12 anos, fizera o voto de virgindade e, para fugir aos maus tratos e censuras que sofria, foi habitar com os Essênios que residiam em grutas cavadas nos rochedos, onde passavam vida religiosa e se ocupavam em educar meninos. Todos os dias ele ia à oficina de um velho carpinteiro e com ele aprendeu o ofício, no qual se tornou exímio, pelos conhecimentos de geometria que adquirira.
Sabendo seus pais e irmãos onde se achava São José, obrigaram-no a voltar para casa, o que fez por obediência. Em seu aposento tinha o hábito de prostrar-se com o rosto por terra, com os braços estendidos, e, levantando-se, procurar um lugar retirado e aí, em êxtases, erguer-se do chão. Nessas ocasiões, quando visto por seus irmãos, sofria toda a sorte de insultos e até pancadas.
Os vexames contínuos levaram São José, com 18 anos de idade, a abandonar, secretamente, a casa paterna, não levando sequer os vestuários indispensáveis. Um piedoso vizinho, sabendo de sua resolução, forneceu-lhe o necessário para vestir-se. Dirigiu-se para Lebonah, na Samaria, e empregou-se como ajudante de um modesto carpinteiro.
Seus parentes pensaram, a princípio, que ele tivesse sido levado por bandidos, e, mais tarde, descobrindo-o, quiseram obrigá-lo a voltar para casa, dizendo que estava desonrando o nome da família, São José não cedeu e retirou-se para Taonach, onde, de novo, se empregou como carpinteiro. Circunstâncias levaram-no a Tiberíades onde permaneceu e soube da morte de seus pais e da indigência de seus irmãos.
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A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado Livraria Francisco Alves, 1927

SERMÃO DO SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA


Fontes Franciscanas
III
SANTO ANTÔNIO DE LISBOA
Volume I
Biografia e Sermões
Livro de 1998
Tradução: Frei Henrique Pinto Rema, OFM


Sermão do Segundo Domingo da Quaresma

SUMÁRIO

Quinto Evangelho, no segundo domingo da Quaresma: Tomou Jesus consigo a Pedro.
Em primeiro lugar, um sermão aos pregadores: Sobe para mim ao monte.
Um sermão sobre aos penitentes e aos religiosos: Ao chegares ao carvalho de Tabor.
Um sermão para o Natal do Senhor ou para uma festa de Maria Santíssima: Viu Jacob em sonhos uma escada.
Um sermão aos infiéis da Igreja: Moises e Aarão, e sobre a propriedade da safira.
Um sermão sobre a discrição: O teu nariz é como a torre do Líbano, etc
Um sermão sobre a contemplação: Experimentai e vede; e sobre a propriedade do sol.
Um sermão sobre a misericórdia de Deus acerca dos pecadores convertidos: Se os vossos pecados forem como o escarlate.
Um sermão ao prelado: E apareceram Moisés e Elias.
Um sermão para uma dedicação de igreja ou festividade de Mártir ou Confessor: Depois de acabadas todas estas coisas.


Exórdio. Sermão aos pregadores.

 1. Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os a um monte muito alto etc.1
 Falou o Senhor a Moisés, dizendo no Êxodo2: Sobe para mim ao monte e permanece aí; e eu te darei duas tábuas: a lei e os mandamentos, que eu escrevi, para os ensinares aos filhos de Israel. Moisés interpreta-se aquático3, e significa o pregador que rega os espíritos dos fiéis com a água da doutrina que salta para a vida eterna4. A este diz o Senhor: Sobe para mim ao monte. O monte, por causa da sua altitude, significa a excelência da vida santa5, em que o pregador, deixado o vale dos bens temporais, deve subir pela escada do amor divino, e aí encontrará o Senhor, pois que o Senhor se encontra na excelência da vida santa. Daí a afirmação no Gênesis6: No monte o Senhor providenciará, isto é, na excelência da vida santa fará ver e entender quanto deve a Deus e ao próximo.
 Dar-te-ei, diz, duas tábuas. As duas tábuas designam a ciência de cada um dos Testamentos, a única capaz de saber e de fazer sábios; só esta ciência ensina a amar a Deus, a desprezar o mundo, a sujeitar a carne. O pregador deve ensinar estas coisas aos filhos de Israel, dos quais depende toda a lei e os profetas7. Mas onde se encontra esta tão preciosa ciência? De verdade, no monte: Sobe para mim ao monte e deixa-te estar ali, porque aí há a mudança da dextra do Excelso8, a transfiguração do Senhor, a contemplação do verdadeiro gozo. Por isso, do mesmo monte se diz no Evangelho de hoje: Tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João, etc.

2. Neste Evangelho observam-se cinco coisas muito notáveis: a subida de Jesus ao monte com os três Apóstolos, a sua transfiguração, o aparecimento a Moisés e a Elias, a nuvem resplandecente que os envolveu, e o testemunho da voz do Pai: Este é o meu Filho caríssimo. Vejamos o que significam, no sentido moral, estas cinco coisas, conforme Deus for servido nos inspirar, para sua honra e utilidade de nossas almas.

 I – A subida de Jesus Cristo ao monte com três Apóstolos
 3. Digamos, portanto: Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João. Estes três Apóstolos e especiais companheiros de Jesus Cristo significam as três virtudes da alma sem as quais ninguém pode subir ao monte da luz, isto é, à excelência da vida santa. Pedro interpreta-se o que reconhece, Tiago o que suplanta, João a graça do Senhor9. Tomou, portanto, Jesus consigo a Pedro etc. Toma também tu, que crês em Jesus e de Jesus esperas a salvação, a Pedro, isto é, o reconhecimento do teu pecado, que consiste em três coisas: na soberba do coração, na lascívia da carne, na avareza do mundo. Toma também contigo Tiago, isto é, a suplantação destes vícios, a fim de esmagares debaixo da planta da razão a soberba do teu espírito, e mortificares a lascívia da tua carne, reprimindo a vaidade do mundo enganador. Toma ainda contigo João, isto é, a graça do Senhor, que está à porta e bate10, para que te ilumine, faça reconhecer o mal que fizeste e te conserve no bem que começaste.

Estes são aqueles três homens, dos quais disse Samuel a Saul no primeiro livro dos Reis11: Ao chegares ao carvalho de Tabor, encontrar-te-ão aí três varões, que vão adorar a Deus em Betel, levando um três cabritos e outro três tortas de pão e outro um barril de vinho. O carvalho e o monte Tabor significam a excelência da vida santa, que bem se diz carvalho e monte Tabor: carvalho, porque é constante e inflexível pela perseverança final; monte, porque alta e sublime pela contemplação de Deus; Tabor, que se interpreta luz que vem12, pelo brilho do bom exemplo. Na excelência da vida santa requerem-se estes três predicados: constante em relação a si, contemplativo em relação a Deus, brilhante em relação ao próximo. Ao chegares, portanto, isto é, quando te dispuseres a vir ou subir ao carvalho ou monte Tabor,encontrar-te-ão aí três varões, que vão adorar a Deus em Betel. Estes três varões são Pedro, o que reconhece, Tiago, o que suplanta, e João, a graça do Senhor. Pedro leva três cabritos, Tiago três tortas de pão, João um barril de vinho.
 Pedro, isto é, o que se reconhece pecador, leva três cabritos. No cabrito simboliza-se o fedor do pecado; nos três cabritos os três gêneros de pecados em que mais pecamos, a saber, na soberba do coração, na petulância da carne, na avareza do mundo. Quem, portanto, quiser subir ao monte da luz, deve levar estes três cabritos; isto é, reconhecer-se pecador nestas três coisas.
 Tiago, isto é, o que suplanta os vícios da carne, leva três tortas de pão. O pão significa a suavidade do entendimento, que consiste na humildade do coração, na castidade do corpo, no amor da pobreza; ninguém poderá possuir esta suavidade se antes não suplantar os vícios. Portanto, leva três tortas de pão, isto é, a tríplice suavidade do entendimento, quem reprime a soberba do coração, refreia a petulância da carne e rejeita a avareza do mundo.
 João, isto é, o que conserva fielmente e de ânimo perseverante tudo isto, com a graça proveniente e subsequente do Senhor, verdadeiramente leva um barril de vinho. O vinho no barril é a graça do Espírito Santo na boa vontade.
 Tomou, portanto, Jesus consigo Pedro, Tiago e João. Toma também tu estes três varões e sobe ao monte Tabor.

4. Mas, crede-me, a subida é difícil, porque o monte é alto. Queres, portanto, subir mais facilmente? Toma aquela escada de que se lê e canta na história do presente domingo: Viu Jacob em sonhos uma escada direita, posta sobre a terra, cujo cimo tocava o céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela, e o Senhor apoiado na escada13. Observa cada uma das palavras e aparecerá a concordância do Evangelho. Viu: eis o reconhecimento do pecado, de que diz S. Bernardo: Deus não me dê a ver outra visão que não seja o conhecimento dos meus pecados. Jacob tem a mesma interpretação de Tiago: eis a suplantação da carne. Dele disse Esaú: Eis que me suplantou outra vez14. Em sonhos: eis a graça do Senhor, que traz consigo o sono da quietude e da paz. O sono assim é descrito pelo Filósofo15: O sono é o repouso das virtudes animais com intensificação das naturais. Quando alguém dorme no sono da graça, nele as paixões carnais repousam das suas más obras e intensificam-se as faculdades espirituais; daí o dizer-se no Gênesis16: Depois de se ter posto o sol, veio um sono profundo a Abraão, e um horror grande o acometeu. Por sol entende-se aqui o prazer carnal17, que, ao sucumbir, um sono profundo, isto é, o êxtase da contemplação, vem sobre nós; e um horror grande nos invade a respeito dos pecados passados e das penas do inferno. Queres ouvir a intensificação das faculdades espirituais juntamente com o perdão das paixões carnais? Eu, diz a Esposa, durmo, isto é, repouso do amor dos bens temporais, e o coração vigia18 na contemplação das celestes. Com razão, portanto, se diz: Viu Jacob em sonhos uma escada, pela qual podes subir ao monte Tabor.
5. Nota que esta escada tem dois banzos e seus degraus, pelos quais se pode subir. Esta escada significa Jesus Cristo19; os dois banzos são a natureza divina e humana; os seis degraus são a sua humildade e pobreza, a sabedoria e misericórdia, a paciência e obediência. Foi humilde ao tomar a nossa natureza, quando olhou para a humildade da sua serva20. Pobre no seu nascimento, em que a Virgem pobrezinha, quando deu à luz o próprio Filho de Deus, não teve onde o reclinar, tendo de o envolver em panos e pôr em manjedoura de animais21. Foi sábio na sua pregação, porque começou a obrar e ensinar22. Foi misericordioso ao receber afavelmente os pecadores: Não vim, diz,chamar os justos mas os pecadores23 à penitência. Foi paciente no meio dos flagelos, bofetadas e escarros: por isso, ele mesmo diz em Isaías24: Ofereci a minha face como uma pedra duríssima. Se se bate numa pedra, não se vinga nem murmura contra quem a quebra. Assim Cristo, quando o amaldiçoaram, não amaldiçoava; sofrendo, não ameaçava25. Foi ainda obediente até à morte e morte de cruz26. Esta escada apoiava-se sobre a terra, quando Cristo se entregava à pregação e operava milagres; tocava o céu, quando pernoitava, como refere S. Lucas27, na oração do Senhor.
 Eis que a escada é direita; porque, pois, não subis? Porque rastejais de mãos e pés sobre a terra? Subi, porque Jacob viu anjos a subir e a descer pela escada. Subi, portanto, ó anjos, ó prelados da Igreja, ó fiéis de Jesus Cristo; subi, digo, a contemplar quão suave é o Senhor28; descei a socorrer, a aconselhar, porque disto precisa o próximo. Porque tentais subir por caminho diferente do da escada? Por onde quer que quiserdes subir, depara-se-vos um precipício. Ó estultos e tardos de coração, não digo para crer29, porque credes, e os demônios também crêem30, mas duros e de pedra para agir! Pensais poder subir por outro caminho ao monte Tabor, ao repouso da luz, à glória da felicidade celeste, sem ser pela escada da humildade, da pobreza, da Paixão do Senhor? Na verdade, não. A palavra do Senhor é clara: Quem quiser vir após de mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me31. E em Jeremias32: Tu me chamarás pai, e não cessarás de andar após de mim. Como refere S. Agostinho33, o médico bebe primeiro a poção amarga, para que o doente não tenha medo de a beber. Por meio duma poção amarga, diz S. Gregório34, se chega ao gozo de saúde. Para salvar a vida, tens de parecer o ferro e o fogo35. Subi, portanto, não temais, porque o Senhor está apoiado à escada, preparado para receber os que sobem. Tomou, portanto, Jesus consigo Pedro, Tiago e João e subiu a um alto monte.


II – A transfiguração de Jesus Cristo.
6. Segue o segundo: E transfigurou-se diante deles36. Imprimi-te, como cera mole, nesta figura, a fim de que possas receber a figura de Jesus Cristo, que foi assim: E o seu rosto ficou refulgente como o sol e as suas vestiduras tornaram-se brancas como a neve37. Nesta sentença verificam-se quatro coisas: o rosto e o sol, as vestiduras e a neve. Vejamos o eu significam no sentido moral o rosto e o sol, as vestiduras e a neve.
 Nota que na parte anterior da cabeça, chamada rosto do homem, há três sentidos ordenados por via e disposição sapientíssima: a vista, o olfato e o gosto. O olfato, na verdade, está colocado, semelhante a uma balança, entre a vista e o gosto38. Igualmente no rosto da nossa alma há três sentidos espirituais, dispostos em reta ordem pela sabedoria do sumo artífice: a vista da fé, o olfato da discrição, o gosto da contemplação.

7. Acerca da vista lê-se no Êxodo39 que Moisés e Aarão, Nadab e Abiu e setenta anciãos de Israel viram o Senhor de Israel; e debaixo de seus pés estava como que uma obra de pedra de safira, que se parecia com o céu quando está sereno. Nesta sentença descrevem-se todos aqueles que veem e o que devem ver, isto é, crer, com a visão da fé. Moisés e Aarão, etc. Moisés interpreta-se aquático e significa todos os religiosos, que devem ser mergulhados nas águas das lágrimas. De fato, foram tirados do rio do Egito, com o fim de semearem, em lágrimas, nesta solidão horrível, e depois, em júbilo, ceifarem na terra da promissão. E o sumo pontífice Aarão, que se interpreta montanhês40, significa todos os prelados maiores da Igreja, constituídos no monte da dignidade. Nadab, que se interpreta espontâneo41, todos os súditos, que devem obedecer espontaneamente, não à força. Abiu, que se interpreta pai deles42, significa todos aqueles que, segundo o rito da Igreja, se uniram pelo matrimônio para serem pais de filhos. Os setenta anciãos de Israel significam todos os batizados que no batismo receberam o espírito da graça septiforme43.
 Todos estes veem, isto é, creem, e devem ver, isto é, crer no Deus de Israel. E debaixo de seus pés estava como que uma obra de pedra de safira, etc. Quando diz Senhor de Israel: eis a divindade; ao dizer debaixo de seus pés: eis a humanidade de Jesus Cristo, que devemos crer como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Destes pés diz Moisés no Deuteronômio44: Os que se aproximam de seus pés receberão da sua doutrina. Por isso, diz-se em S. Lucas45 que Maria estava sentada aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Portanto, debaixo dos pés do Senhor, isto é, depois da Encarnação de Jesus Cristo apareceu a obra do Senhor, como que de pedra de safira, que se parecia com o céu quando está sereno. A pedra de safira e o céu sereno são da mesma cor.
 E nota que a safira tem quatro propriedades: ostenta em si uma estrela, dá cabo do antraz, é semelhante ao céu sereno, estanca o sangue. A pedra de safira significa a santa Igreja, começada depois da Encarnação de Cristo e que há de durar até ao fim dos séculos. Esta divide-se em quatro ordens, a saber, apóstolos, mártires, confessores e virgens, que acertadamente entendemos nas quatro propriedades da pedra de safira.
 A safira ostenta em si uma estrela, e nisto significa os apóstolos, que primeiro mostraram a estrela matutina da fé aos que jaziam nas trevas e na sombra da morte46. a safira, com o seu contato, dá cabo do antraz, que é doença mortal47; nisto significa os mártires, que destruíram com o seu martírio o antraz da idolatria. A safira, semelhante à cor celeste, significa os confessores, que, reputando todas as coisas temporais como esterco, se suspenderam na corda do amor divino para contemplar a celeste beatitude, dizendo com o Apóstolo48: Somos cidadãos dos céus.Igualmente a safira estanca o sangue, e nisto significa as virgens, que por amor do celeste Esposo estancaram em si por completo o sangue da concupiscência carnal. Esta é a admirável obra da pedra de safira, que apareceu debaixo dos pés do Senhor. Eis claramente o que a tua alma deve ver e o que deve crer com a visão da fé.

8. Do olfato da discrição escreve-se no Cântico49 do amor: O teu nariz é como a torre do Líbano, que olha para Damasco. Nesta sentença há quatro palavras muito dignas de nota; o nariz, a torre, o Líbano e Damasco. No nariz designa-se a discrição, na torre a humildade, no Líbano, que se interpreta alvura50, a castidade, em Damasco, que se interpreta o que bebe sangue51, a malícia do diabo52. Portanto, o nariz da alma é a virtude da discrição, através da qual, como se fora nariz, deve discernir o bom do mau cheiro, o vício da virtude, e pressentir ainda as coisas postas ao longe, isto é, as futuras tentações do diabo53. Por isso, diz Job54: Cheira de longe a batalha, a exortação dos capitães e a gritaria do exército. De fato, a alma fiel pressente pelo nariz, isto é, pela virtude da discrição, a batalha da carne e a exortação dos capitães, isto é, as sugestões da razão vã, que são compreendidas por meio dos capitães, para não cair no fosso do mal, sob pretexto de santidade; e a gritaria do exército, isto é, as tentações do demônio, que gritam como bestas, porque gritar é próprio de bestas.

Este nariz da esposa deve ser como a torre do Líbano, pois, na humildade de coração e castidade de corpo consiste sobretudo a virtude da discrição. E bem se diz humildade a torre da castidade, porque assim como a torre defende o castelo, assim a humildade do coração defende a castidade do corpo das setas da fornicação. Se tal for o nariz da esposa, bem poderá olhar para Damasco, isto é, para o diabo, desejoso de beber o sangue das nossas almas, descobrindo a malícia da sua sutileza.
9. Acerca do gozo da contemplação diz o Profeta55: Experimentai e vede quão suave é o Senhor. Experimentai, isto é, esmagai com a garganta do vosso espírito e, esmagando, repensai na felicidade daquela Jerusalém celeste, na glorificação das almas santas, na glória inefável da dignidade angélica, na doçura perene da Trindade e Unidade; repensai também quanta será a glória de estar entre os coros dos anjos, louvar a Deus juntamente com eles com voz indefessa, contemplar face a face o rosto de Deus, ver o maná divino na urna de ouro da humanidade! Se saboreardes bem estas coisas, verdadeiramente, sim, vereis quão suave é o Senhor. Feliz aquela alma cujo rosto se adorna e se decora com tais sentimentos.
E nota que o olfato, qual balança, está colocado entre a vista da fé e o gosto da contemplação. Na fé, com efeito, a discrição é necessária, para que não pretendamos aproximar-nos e ver a sarça ardente56, desatar a correia do calçado57, isto é, desvendar o segredo a Encarnação do Senhor58. Crê apenas, e basta. Não está em teu poder desatar a correia do calçado. O que quer sondar a majestade, diz Salomão59, será oprimido pela sua glória. Portanto, acreditemos firmemente e confessemos com simplicidade.
 Na contemplação também é necessária a discrição, para que não saibamos mais da sabedoria, de sabor celeste, do que importa saber60. Donde Salomão nas Parábolas61: Filho, achaste mel, isto é, a doçura da contemplação62, come o que te basta, para que não suceda que depois de farto o vomites. Vomita o mel quem, não contenta com a graça que lhe foi dada gratuitamente, deseja indagar com a razão humana a doçura da contemplação, não atendendo àquilo que se diz no Gênesis63 que ao nascer Benjamim morreu Raquel. Por Benjamim designa-se a graça da contemplação, por Raquel a razão humana. Ao nascer, portanto, Benjamim, morre Raquel, porque, quando o entendimento, elevado acima de si mesmo na contemplação, divisa alguma coisa acerca da luz da divindade, toda a razão humana sucumbe. A morte de Raquel é a falta de razão. Por isso, disse alguém64: Ninguém chega pela razão humana aonde S. Paulo foi arrebatado
 Seja, portanto, o olfato da discrição como balança entre a vista da fé e o gosto da contemplação, para que o rosto da nossa alma resplandeça como o sol.

 10. E nota que no sol há três propriedades: claridade, alvura e calor; e vê quão bem elas convêm aos três sobreditos sentidos da alma. A claridade do sol convém à vista da fé, que divisa e crê as coisas invisíveis pela claridade da sua luz. Alvura, isto é, a mundícia ou pureza, convém ao olfato da discrição; e com acerto, porque assim como fechamos e viramos o nariz dum objeto mal cheiroso, assim nos devemos afastar da imundícia do pecado com a virtude da discrição. Também o calor do sol convém ao gosto da contemplação, na qual verdadeiramente há o calor da caridade. Escreve S. Bernardo65: É, de fato, impossível ver o sumo bem e não o amar, pois que o próprio Deus é caridade.

Atendei, portanto, caríssimos, e vede quão útil, quão salutar é tomar três companheiros e subir ao monte da luz, porque aí há verdadeira transfiguração da figura deste mundo, que passa66, na figura de Deus, que permanece por séculos de séculos. Dela se diz: O seu rosto resplandeceu como o sol. Resplandeça também o rosto da nossa alma como o sol, a fim de que transforme em obras o que vemos pela fé; e o bem que discernimos no interior, o executamos fora, na pureza da obra, com a virtude da discrição; e o que saboreamos na contemplação de Deus, se torne vida no amor do próximo; e desta maneira o nosso rosto resplandecerá como o sol.
11. Segue: E as suas vestiduras tornaram-se alvas como a neve67, quais um tintureiro não seria capaz neste mundo de o fazer68. As vestiduras da nossa alma são os membros do nosso corpo69, que devem ser cândidos. Daí Salomão70: As tuas vestiduras sejam cândidas em todo o tempo. Mas de qual candura? Como a neve. Por boca de Isaías71 promete o Senhor aos pecadores convertidos: Se os vossos pecados forem como o escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve.Nota aqui duas palavras: Escarlate e neve. Escarlate é um pano que possui a cor do fogo e do sangue72. A neve é fria e alva. O fogo designa o ardor do pecado; o sangue, a imundícia do mesmo; a frigidez da neve, a graça do Espírito Santo; a alvura, a pureza do entendimento73. Diz, portanto, o Senhor: Se os vossos pecados forem como o escarlate, etc. Como se dissesse: Se vos converterdes a mim, eu infundir-vos-ei a graça do Espírito Santo, que não só extinguirá o ardor do pecado, como também lavará a sua imundícia. Por isso, ele mesmo diz por Ezequiel74: Derramarei sobre vós água limpa, e sereis limpos de todas as vossas iniquidades. As vestiduras, portanto, isto é, os membros do nosso corpo, sejam alvas como a neve, para que frigidez da neve, isto é, a compunção do espírito, extinga o ardor do pecado, e a alvura duma vida santa lave a imundícia do pecado.
 Por outras palavras, as vestiduras da nossa alma são as virtudes75. Vestida com elas, apareça gloriosa na presença do Senhor. Destes vestidos se diz na história do presente domingo que Rebeca vestiu Jacob de vestidos muito bons, que tinha consigo76. Rebeca, isto é, a sabedoria de Deus Pai, vestiu Jacob, isto é, o justo, com os vestidos, isto é, com as virtudes boas, porque feitas com a mão e o artifício da sua sabedoria, as quais ele tem consigo guardadas no tesouro da sua glória. Tem-nas verdadeiramente, porque é o Senhor, dono de tudo; tem-nas verdadeiramente, porque as distribui a quem quer, quando quer e como quer. Estas vestiduras são cândidas, de fato, dado que fazem cândido o homem, não digo como a neve, mas branqueiam-no acima da neve. O tintureiro, isto é, o pregador, na calandra da sua pregação, não pode fazer assim tais vestiduras neste mundo.

 III – A aparição a Moisés e a Elias.
 12. Segue o terceiro: E Moisés e Elias apareceram a falar com ele77. Moisés e Elias aparecem ao justo assim transfigurado,assim iluminado, assim vestido. Por Moisés, que era o mais manso de todos os homens que habitavam sobre a terra78, cuja vista, como se diz no Deuteronômio79, não diminuiu, nem os dentes se lhe abalaram, entende-se a mansidão da paciência e da misericórdia. Manso quer dizer acostumado à mão80. Ele, na verdade, como filho, como animal manso, acostumou-se à mão da divina graça, cuja vista, isto é, a razão, não diminui com a fuligem do ódio nem se ofusca com a nuvem do rancor; os seus dentes não se abalam contra alguém pela murmuração. Nem mordem pela detração.
 Por Elias, que, segundo se lê no terceiro livro dos Reis81, matou os profetas de Baal na torrente de Cisão, entende-se o zelo da justiça. Baal interpreta-se superior ou devorador82; Cisão, a dureza deles83. Portanto, o que ferve verdadeiramente com o zelo da justiça, mata com a espada da pregação, da ameaça e da excomunhão os profetas e os escravos da soberba, – a qual se dirige sempre a coisas superiores – da gula e da luxúria, que tudo devoram, a fim de que, mortos ao vício, vivam para Deus84. E pratica isto na torrente de Cisão, isto é, na abundância do seu coração duro. Por isso, entesouram ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus85.
 Dela diz Deus a Ezequiel86: Aqueles a quem te envio são filhos de cerviz dura e de coração indomável. De fato, toda a casa de Israel é de cara desavergonhada e de dura cerviz. Possui cara desavergonhada quem, ao ser corrigido, não só despreza a correção, mas não se envergonha do pecado. a este impropera Jeremias87: O descaramento duma mulher meretriz apoderou-se de ti; não quiseste ter vergonha. Moisés, portanto, e Elias, isto é, a mansidão da misericórdia e o zelo da justiça, devem aparecer justos com o justo, já transfigurado no monte da vida santa, a fim de que, à semelhança do Samaritano, derramem vinho e azeite nos cobertos de chagas. O acre do vinho exacerba a brandura do azeite, e abrandura do azeite suaviza o acre do vinho88.
 Daí o dizer-se em S. Mateus, do anjo que apareceu na ressurreição de Cristo, que o seu aspecto era como o raio e as suas vestiduras como a neve89. o raio designa a severidade do juízo; o candor da neve, a brandura da mansidão90. O anjo, isto é, o prelado, deve ter o aspecto do raio, para que as mulheres, isto é, os espíritos efeminados, temam o seu olhar ao considerarem a sua vida santa. Desta maneira procedeu Ester, de quem se diz no livro91 da mesma:Tendo o rei Assuero levantado o rosto e manifestado em seus olhos cintilantes o furor do peito, a rainha desmaiou, e, trocando-se a sua cor em palidez, deixou cair a cabeça vacilante sobre a criada. Mas o prelado, tal como procedeu Assuero, deve apresentar o báculo de ouro da benignidade92 e revestir-se das vestiduras de neve, para, com piedosa benignidade de mãe, consolar os que corrigiu com austeridade de pai93. Donde o dito: Tem azorragues de pai e peitos de mãe.
 O prelado deve ser como o pelicano, o qual, segundo se conta, mata os seus filhos, mas depois extrai o sangue do próprio corpo e o derrama sobre os filhos mortos e desta forma os faz reviver94. Assim o prelado deve chamar os seus filhos, isto é, os seus súditos, os quais corrige com o flagelo da disciplina e mata com a espada da áspera reprimenda. Deve chamá-los, repito, à penitência, que é vida da alma, com o seu sangue, ou seja, com espírito compungido e com derramamento de lágrimas, sangue da alma, no dizer de S. Agostinho95.

 IV – O testemunho da voz do Pai: Este é o meu Filho muito amado.
 13. E se estas três coisas, a subida ao monte, a transfiguração e o aparecimento a Elias e Moisés, precederam em ti, conseguirás a quarta, de que se acrescenta: eis que uma nuvem resplandecente os envolveu96. Lê-se coisa semelhante no fim do Êxodo97, onde se diz: Depois de acabadas todas estas coisas, uma nuvem cobriu o tabernáculo do testemunho e a glória do Senhor o encheu.
 Nota que no tabernáculo do testemunho havia quatro objetos: o candelabro com sete lâmpadas, a mesa da proposição, a arca do testamento e o altar de ouro98. O tabernáculo do testemunho é o justo. É tabernáculo, porque a sua vida é um combate sobre a terra99. os soldados em armas costumam desde a sua tenda100 combater os inimigos e por estes ser combatidos. Também o justo, colocado na linha de batalha, enquanto combate é combatido; daí o dizer-se: O inimigo qye bem combate torna-te bom combatente101. O justo é o tabernáculo do testemunho. Tem bom testemunho, não só dos de fora102, nem sempre verdadeiro, mas também de si mesmo. A sua glória é o testemunho da própria consciência103, não de língua alheia.
 Neste tabernáculo do testemunho há o candelabro de ouro batido, com sete lâmpadas; é o áureo coração compungido do justo, batido por múltiplos suspiros, como se foram martelos. As sete lâmpadas deste candelabro são os três cabritos, as três tortas de pão e o barril de vinho, que os sobretidos três companheiros do justo levam. Há ainda no tabernáculo do justo a mesa da proposição, pela qual se entende a excelência da vida santa. Sobre ela devem pôr-se os pães da proposição, isto é, o alimento da palavra divina, que a todos se deve propor. Donde o Apóstolo: Sou devedor de Gregos e Bárbaros104. Há também ali a arca do testamento, em que se guardava o maná e a vara. Na arca, isto é, no espírito dp justo, deve existir o maná da mansidão, para que seja Moisés, e a vara da correção, para que seja Elias. Há também aí um altar de ouro, pela qual se entende o firme propósito da perseverança final. Neste altar, todos os dias se oferece o incenso da compunção devota e os perfumes da oração odorífera.
14. Com razão, portanto, se diz: Depois de acabadas todas estas coisas, uma nuvem cobriu o tabernáculo do testemunho. Tal tabernáculo, em que são acabadas todas as coisas atinentes à perfeição, uma nuvem o cobre e a glória do Senhor o enche. Desta se escreve no Evangelho de hoje: E uma nuvem resplandecente os envolveu. A graça do Senhor, de fato, envolve o justo transfigurado no monte da luz, isto é, da vida santa, protegendo-o do ardor da prosperidade mundana, da chuva da concupiscência carnal, da tempestade da perseguição do demônio; e desta forma merecerá ouvir o cicio de tênue aura105, a doçura de Deus Pai: Este é o meu Filho caríssimo; ouvi-o106. Verdadeiramente é digno de se chamar Filho de Deus quem tomou consigo os três sobreditos companheiros, subiu ao monte, a si mesmo se transfigurou de figura do mundo em figura de Deus, teve por companheiros Moisés e Elias e mereceu ser envolvido por nuvem resplandecente.
 Rogamos-te, portanto, Senhor Jesus, que nos faças subir deste vale de miséria ao monte duma vida santa, a fim de que impressos na figura da tua Paixão, fundados na mansidão da misericórdia e no zelo da justiça, mereçamos no dia do juízo ser envolvidos por nuvem transparente e ouvir a voz de gozo, alegria e exultação: Vinde, benditos de meu Pai,que vos abençoou no monte Tabor, recebei o reino que vos foi preparado desde o princípio do mundo107. A este reino Ele mesmo se digne conduzir-nos. A Ele pertence a honra e glória, louvor e império, majestade e eternidade pelos séculos dos séculos. Diga todo espírito: Assim seja.
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1.Cf. Mt 17, 1.
2.Cf. Ex 24, 12.
3.Cf Ex 2, 10.
4.Jo 4, 14.
5.Cf. Glo. Ord., Ex 24, 15.
6.Gen 22, 14.
7.Cf. Mt 22, 40.
8.Sl 76, 11.
9.Glo. Int., Atos 1, 13.
10.Cf. Ap 3, 20.
11.1Reis 10, 3 (Vg. muda).
12.Glo. Ord. e Int., Sl 88, 13.
13.Gen 28, 12-13 (Vg. Viditque in somnis...).
14.Gen 27, 36 (Vg. muda, ajunta).
15.ARIST., De somno et vigilia, 3, e também em Ethicorum, c. 1.
16.Gen 15, 12 (Vg. ajunta, muda).
17.Cf. GREG., Moralium IX, 45, 84, PL 85, 904.
18.Cant 5, 2.
19.Glo. Ord. e Int., Gen 28, 12.
20.Lc 1, 18.
21.Cf. Lc 2, 7.
22.Atos 1, 1 (Vg. coepit Iesus...).
23.Mt 9, 13 (Vg. Non enim...).
24.Is 50, 7.
25.1Pd 2, 23.
26.Fil 2, 8.
27.Cf. Lc 6, 12.
28.Cf. Sl 33, 9.
29.Cf. Lc 24, 25.
30.Cf. Tg 2, 19.
31.Mt 16, 24 (Vg. Si quis...).
32.Jer 3, 19.
33.AGOST., Enarratio in Os. 92, 3, PL 37, 1259.
34.Cf. GREG., Moralium XXXI, 33, 70, PL 76, 612.
35.OVÍDIO, Remedia amoris, 229; cf. H. WALTHER, Lateiniche Sprichwörter, n. 32348.
36.Mt 17, 2.
37.Mt 17, 2.
38.Cf. ARIST., De part. an., 11, 10, 657a, 8-11.
39.Ex 24, 9-10 (Vg. muda, ajunta).
40.Glo. Int., Ex 4, 28.
41.JERON., De nom. hebr., PL 23, 833.
42.Glo. Ord., Mt 1, 12.
43.Cf. Glo. Int., Ex 24, 8.
44.Deut 33, 3.
45.Cf. Lc 10, 39.
46.Lc 1, 79.
47.Cf.ESCRIBÔNIO LARGO, Compositiones medicae, 25;chamam escaras às crostas dos olhos e antrazes aos carbúnculos.
48.Fil 3, 20 (Vg. Nostra autem...); cf. Glo. Ord. e Int., Is 54, 11.
49.Cant 7, 4.
50.Glo. Ord., Cant 4, 8.
51.Glo. Int., Cant 7, 4.
52.Glo. Ord., ibidem.
53.Cf. Glo. Ord. e Int., ibidem.
54.Job 39, 25.
55.Sl 33, 9.
56.Cf. Ex 3, 3.
57.Cf. Lc 3, 16.
58.Glo. Ord., ibidem.
59.Prov 25, 27 (Vg. Qui scrutator est...).
60.Cf. Rom 12, 3.
61.Prov 25, 16 (Vg. Mel invenisti; comede quod sufficit tibo...).
62.Cf. Glo. Int., ibidem.
63.Cf. Gen 35, 17-19.
64.Cf. RICARDO DE SÃO VITOR, Beniamim minor, 73-74, PL 196, 52-53.
65.Não é de São Bernardo, nem de Guido Cartusiano, como chegou a afirmar-se e vem nos Editores, mas é de GUILHERME DE ST. THIERRY, Epistola ad fratres de Monte Dei, II, 3, 18. Cf. Actas 1981, p. 178, n. 30.
66.Cf. 1Cor 7, 31.
67.Mt 17, 2.
68.Mt 9, 2 (Vg... super terra candida facere).
69.Cf. Glo. Int., Ecle 9, 8; Glo. Ord., Job 9, 31.
70.Ecle 9, 8.
71.Is 1, 18.
72.Cf. ISID., Etym. XIX, 22, 10, PL 82. 685.
73.Cf. JERÓN., Commentarium in Job, 9, 37, PL 26, 678-783.
74.Ez 36, 25.
75.Cf. Glo. Int., Sl 44, 10.
76.Cf. Gen 27, 15.
77.Mt 17, 3.
78.Cf. Num 12, 3.
79.Deut 34, 7 (Vg. non caligavit oculus...).
80.Cf. ISID., Etym. X, 169, PL 82, 385.
81.Cf. 3Reis 18, 30.
82.Glo. Int., Jz 6, 25.
83.Glo. Ord., Sl 82, 10.
84.Cf. Gal 2, 19.
85.Cf. Rom 2, 5.
86.Ez 2, 4; 3, 7 (Vg. Filli dura facie... et duro corde).
87.Jer 3, 3 (Vg. ajunta).
88.Cf. GREG., Moralium XX, 6, 14, PL 76, 143; Lc 10, 34.
89.Cf. Mt 28, 3.
90.Cf. Glo. Ord., ibidem.
91.Ester 15, 10 (Vg. muda).
92.Cf. Ester 15, 15.
93.Cf. GREG., Regula pastoralis, II, 6, PL 77, 38.
94.Cf. Glo. Ord., Sl 101, 7; ISID., Etym. XII, 7, 26, PL 82, 162. Ambas as citações são colhidas de ST. AGOSTINHO, In Ps 101, sermo , 8, PL 37, 1 1299.
95.Cf. AGOST., Epistola 262, 11, PL 33, 1081; cf. Sermo 351, 4-7, PL 39, 1542.
96.Mt 17, 5.
97.Ex 40, 31-32 (Vg. Postquam omnia perfecta sunt operuit nubes...).
98.Ex 25, 31-37.
99.Job 7, 1 (Vg. militia est vita hominis...).
100.Em português não há seqüência de pensamento, como em latim, por tabernaculum ter de e traduzir no segundo lugar por tenda.
101.OVÍDIO, Pont. 11, 3, 53.
102.Cf. 1Tim 3, 7.
103.Cf. 2Cor 1, 12.
104.Rom 1, 14.
105.Cf. 3Reis 19, 12.
106.Mt 17, 5 (Vg. muda, ajunta).
107.Cf. Mt 25, 34.