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2o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Imaculada Conceição e a Comunhão



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. A Imaculada Conceição de Maria foi predita desde o paraíso terrestre. A Santíssima Virgem é aquela mulher privilegiada que com o seu calcanhar esmagou a cabeça da serpente infernal. Deus, criando Maria Imaculada, alcançou a maior vitória sobre o demônio, restabeleceu o Seu império sobre a terra e assumiu, na sua criação, o seu papel de senhor absoluto. Foi acima de tudo para a Sua glória que Ele preservou Maria da culpa original, porque, em todas as suas obras, Deus considera, em primeiro lugar, os interesses desta mesma glória.
A criatura pela culpa e mancha de seu nascimento não podia ser inteiramente possessão de Deus; Satanás se apoderava da alma logo ao ser criada. Deus criava e Satanás se apossava da obra de Deus. A glória de Deus era humilhada em suas criaturas, e quando o Senhor expulsou Adão e Eva do paraíso terrestre, Satanás triunfou de Deus; foi esta a sua vitória.
Eis que aparece Maria; Deus A protege e preserva por um privilégio todo particular; Ela passa pela concepção natural como todos os homens descendentes de Adão, porém Deus, para sua honra, quer conservá-lA pura. Eva, a primeira mãe, foi manchada; Maria, a verdadeira mãe dos vivos, será imaculada. Deus A encobre com sua sombra; Ela é seu jardim fechado, sua fonte selada; somente o Rei há de beber de suas águas. Satanás não ousará se aproximar de Maria; ela nasce entre os braços do amor de Deus: "Dominus possedit me in initio viarum suarum" (Prov. VIII, 22); é a verdadeira filha de Deus: Primogenita ante omnem creaturam. (Eccli. XXIV, 5.) O Verbo não devia se envergonhar de sua Mãe. Por isso, dotou-A com a plenitude de seus dons, de tal modo que, em Maria, Deus contemplava sua honra e sua glória!
As três pessoas da Santíssima Trindade concorreram para a Imaculada Conceição da Virgem, como exigia a glória de Deus. Quando Satanás precede a Deus, é vencedor; quem nasce escravo, por mais que se reabilite, conserva sempre alguma coisa de sua ignomínia. E, desta maneira, foi restabelecida a glória de Deus na humanidade; a imagem de Deus foi restaurada e reconstituída; o Senhor poderá descer e habitar em Maria sem receio; Ela é um tabernáculo mais puro do que o sol, e, por sua pureza é o paraíso de Deus que, com Ela, renovará o mundo. Vede o que nos deu a Imaculada Conceição; em primeiro lugar, Jesus Cristo, este belo sol de justiça de que é a aurora; em seguida, os santos, astros refulgentes do firmamento da Igreja, pois que foram todos formados por Maria; tudo nos vem deste paraíso do Senhor. A Imaculada
Conceição é o gérmen de todas as graças que nos têm sido concedidas; semelhante à nuvenzinha que o profeta Elias avistou, é, em si mesma, apenas um ponto, que vai então se estendendo, se dilatando, e suas divinas influências atingem a terra inteira.


II. Devemos nós, adoradores, considerar outra coisa ainda no mistério da Imaculada Conceição. Se Deus preserva Maria deste modo, é porque deseja habitar n’EIa, o quer encontrar um santuário puro e perfeito. O Pai Celeste e o Espírito Santo purificam Maria unicamente para fazerem d'Ela o digno tabernáculo do Verbo de Deus, um novo céu; afim de
receber em si o Verbo Divino era indispensável que Maria não tivesse mancha. A Imaculada Conceição, portanto, é a preparação para a Comunhão. Oh! com que prazer o Verbo contemplava esta morada, cujos adornos eram feitos por Ele mesmo, e à qual se precipitou em passos de gigante. Exultavit ut gigans. (Ps. XVIII. 6.)
Seria preciso que para a Santa Comunhão Jesus fizesse outro tanto em relação a nós, é que suspirasse pelo momento em que O fizéssemos sair do seu Tabernáculo e descesse às nossas almas com o mesmo prazer, como fez para com Maria. Assim sucederá se formos puros. Jesus espera de nós esta preparação de pureza, e é isso unicamente o que nos pede. Uma grande pureza, para a Comunhão, eis o fruto que devemos retirar da Conceição Imaculada de Maria; sem a pureza, de nada nos valeriam as demais virtudes. Nosso Senhor sentiria repugnância em descer ao nosso coração, que ser-lhe-ia como uma prisão: "Ah! deveria Ele dizer ao Sacerdote, seu ministro, onde me levas? a um coração que não me pertence, que está ocupado por meu inimigo! Deixa-me, deixa-me, no meu Tabernáculo!"
Ó Maria, emprestai-nos vosso manto de pureza, revesti-nos da candura e do esplendor de vossa Imaculada Conceição, pois compete à mãe adornar seu filho para os dias solenes. Revestido por vós, ó Maria, serei bem acolhido por Jesus, que virá a mim com prazer, e, vendo-vos em mim, fará suas delícias em habitar no meu coração.

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Maria pede que se prestem honras ao Santíssimo Sacramento

Em um mosteiro de Beneditinas, em Florença, no mês de dezembro de 1230, uma gota de vinho consagrado, deixada no cálice por um venerando Sacerdote, cuja vista estava enfraquecida pela idade avançada, foi subitamente, no momento das abluções, transformada em vermelho sangue. Três dias depois, registrava-se um outro milagre: esta gota de vinho consagrado transformada em sangue, e que fora guardada com a ablução em uma ampola de cristal, tomou o aspecto de carne humana e ficou suspensa dentro desse receptáculo, sem tocar as superfícies internas do cristal; ao mesmo tempo, o vinho não consagrado, que servira às abluções e enchia quase a metade da ampola, tomou uma cor rósea e se evaporou instantaneamente, sem deixar vestígio de humildade.
Foi para esta Santa Espécie miraculosa que, por duas vezes, o céu pediu homenagens. Em primeiro lugar, ao próprio Bispo de Florença. Durante o sono, certa vez, uma voz estranha lhe murmurou por três vezes: "Ó Bispo, me recebeste nu, e nu me fizeste voltar!" exprobrando-lhe assim a dureza e irreverência para com a santa relíquia de que por um momento tinha sido possuidor, e que devolvera ao mosteiro, que a reclamava, sem lhe prestar as devidas honras. Em reparação de sua falta, o referido Bispo mandou fazer um magnífico tabernáculo de marfim, ornado de lâminas de ouro e revestido de púrpura, para servir de morada ao Corpo do Salvador.
Um outro apelo do céu se fez ouvir, pedindo novas homenagens para o milagroso Sacramento. A Santíssima Virgem, que, hoje em dia, tal como outrora para com o presépio de seu Divino Filho em Belém, vela o seu berço eucarístico, apareceu em sonho a uma jovem do mosteiro, em que se dera o milagre, e pediu: "Vai dizer ã Irmã Margarida (sacristã do mosteiro e mais tarde Abadessa de Ripoli) que bem perto desta Igreja se encontra sem abrigo o objeto sagrado da Omnipotência de meu Filho". Ildebandesca, como se chamava a moça, obedeceu à Virgem desempenhando logo de manhã a sua missão. Irmã Margarida, esclarecida pelo céu, compreendeu o misterioso aviso; um rico cibório foi encomendado a artistas de renome e o Bispo veio colocar nele, solenemente, a Santa Espécie milagrosa. (Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento, pelo Padre Eugênio Couet).

PRÁTICA — Preparar-se à Santa Comunhão com grande desvelo e em união a Maria.

JACULATÓRIA — O seio puríssimo de Maria é para Jesus Sacramentado uma habitação mais querida do que todos os Tabernáculos de Jacob.



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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962


1o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Maria — Mãe dos Adoradores da Eucaristia


V).   Louvores e graças se deem a todo momento.
R).   Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
(300 dias de ind. Plenária ao mês P. et P. O. 110).

V).   Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.
R).   Da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus.
(300 dias de ind. Plenária ao mês P. et P. O. 324).

ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I.   Se nossa vida não estivesse sob o patrocínio de Nossa Senhora, poderia haver dúvidas quanto à nossa perseverança e salvação. Nossa vocação, que de modo especial nos liga ao serviço do divino Rei dos reis, exige terminantemente que recorramos a Maria. No Santíssimo Sacramento Jesus é Rei, e quer a seu serviço servos adestrados e que tenham feito o seu tirocínio; antes de alguém se apresentar ao rei, aprende a servir. Jesus nos deixou sua divina Mãe para ser a Mãe e o Modelo dos adoradores. Segundo a opinião mais aceita, deixou-A vinte e cinco anos na terra para que nos ensinasse a adorá-lO perfeitamente. Quão sublime foi esta vida de vinte e cinco anos passados na adoração! Quando se considera o amor que Jesus dedicava a sua Mãe, fica-se admirado de que tenha consentido separar-se d'Ela. Acaso não atingira o seu termo a santidade de Maria? Não tinha sofrido bastante no Calvário, onde padeceu mais do que todas as criaturas? Sem dúvida; porém os interesses da Eucaristia reclamavam sua presença; Jesus não queria ficar no Santíssimo Sacramento sem a companhia de sua Mãe; não desejava que a primeira hora da adoração eucarística fosse confiada a pobres adoradores, incapazes de adorá-lO dignamente. Os Apóstolos, obrigados a se dedicar à salvação das almas, não dispunham do tempo necessário à adoração eucarística; apesar do amor que os teria retido aos pés do Tabernáculo, a sua missão de apóstolos chamava-os a outros lugares. Aos cristãos, semelhantes a criancinhas ainda no berço, era necessário uma boa mãe que os educasse e um modelo que pudessem copiar; e foi a Sua Mãe Santíssima que Jesus Cristo lhes deixou.

II. Se bem a considerarmos, a vida de Maria se resume nesta palavra: adoração, porque a adoração é o serviço de Deus em toda a sua perfeição, abrangendo os deveres da criatura para com o seu Criador.
Nossa Senhora foi a primeira adoradora do Verbo Encarnado, pois Ele já estava em seu seio e ninguém sabia na terra. Oh! como Nosso Senhor foi bem servido no seio de Maria! Jamais encontrou Ele um cibório ou vaso de ouro mais precioso e mais puro do que o seio de sua Mãe. Esta sua adoração lhe era mais agradável do que a de todos os anjos. “O Senhor colocou o seu Tabernáculo no sol”, diz o Salmista, e este é o coração de Maria.
Em Belém, é a primeira a adorar seu divino Filho, reclinado no presépio. Adora-O com o perfeito amor de Virgem Mãe, um amor de dileção, segundo a palavra do Espírito Santo; depois d'Ela, adoram-nO São José, os pastores e os Magos; foi Maria quem abriu este sulco de fogo que se estenderá pelo mundo.
Que coisas sublimes, que palavras divinas não diria Ela, vivendo num estado de amor que não podemos avaliar nem medir!
Maria continua a adorar Nosso Senhor em sua vida oculta de Nazaré; depois, em sua vida pública, e enfim no Calvário, onde sua adoração foi o sofrimento. Considerai a natureza da adoração da Santíssima Virgem; adora Nosso Senhor conforme os seus diversos estados, adaptando sua adoração ao estado de Jesus; mais: o estado de Jesus determina o cará ter
de sua adoração. Maria não permaneceu numa adoração invariável; adorou o Deus aniquilado em seu seio, depois pobre em Belém, trabalhando em Nazaré, e mais tarde evangelizando e convertendo os pecadores; adorou Jesus nos sofrimentos do Calvário, padecendo com Ele; sua adoração acompanhava todos os sentimentos de seu divino Filho, que lhe eram conhecidos e manifestos, e seu amor A fazia entrar em perfeita conformidade de pensamentos e de vida com Ele.


III. A vós, adoradores, também se recomenda: Adorai sempre Jesus Eucaristia, mas a exemplo da Santíssima Virgem, variai as vossas adorações. Relacionai todos os mistérios com a Eucaristia, fazendo-o reviver nela. Sem isto, caireis na rotina. Se o espírito, de vosso amor não for alimentado de uma forma, de um pensamento novo. haveis de vos sentir lânguidos e áridos na oração. Ê necessário, pois, celebrar todos os mistérios na Eucaristia, como fazia a Santíssima Virgem no Cenáculo.
Nos aniversários dos grandes mistérios que se haviam realizado sob os seus olhos, pensais por acaso que Ela não renovava em si as circunstâncias, as palavras e as graças desses mistérios? Na festa do Natal, por exemplo, julgais que Maria não recordava a seu Filho, então oculto sob os véus eucarísticos, o amor de seu nascimento, seu sorriso, suas adorações, bem como as de São José, dos pastores e dos Magos? Procurava, neste como nos demais mistérios, regozijar o Coração de Jesus, relembrando-Lhe o seu amor.
Que fazemos nós com um amigo? Acaso lhe falamos sempre do presente? Não, de certo; evocamos o passado, fazendo-o reviver. E quando queremos cumprimentar o nosso pai ou a nossa mãe, não lhes recordamos o imenso amor, a dedicação constante e generosa que nos prodigalizaram em nossa infância? Pois bem; da mesma forma, em suas adorações no Cenáculo, a Santíssima Virgem repetia a Jesus tudo o que Ele havia feito para a glória de seu Pai; lembrava-Lhe seus grandes sacrifícios, e assim penetrava na graça da Eucaristia. O Santíssimo Sacramento é o memorial de todos os mistérios e renova-lhes o amor e a graça. Deveis à imitação de Maria, corresponder a esta graça, reavivando as ações de Nosso
Senhor, adorando todos os seus estados, e unindo-vos a eles.
A Santíssima Virgem tinha uma atração tão forte pela Eucaristia, que não lhe era possível separar-se do Santíssimo Sacramento; vivendo, portanto, n'Ele e por Ele. Passava os dias e as noites aos pés de seu divino Filho; porém, sem deixar de se entreter com os Apóstolos e os fiéis que A procuravam; seu ardente amor para com o Deus oculto transluzia então em seu semblante, e comunicava seus ardores a todos que A cercavam.
Ó Maria, ensinai-nos a vida de adoração! Fazei-nos encontrar, como vós, todos os mistérios e todas as graças na Eucaristia; reviver o Evangelho, e ler as suas páginas na vida eucarística de Jesus. Lembrai-vos, ó Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que sois a Mãe dos adoradores da Eucaristia.

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Nossos Modelos

Entre os santos personagens que ilustraram o século XVII, muitos nos mostram como podemos unir o culto da Eucaristia à devoção para com a Santíssima Virgem, fazendo-os se auxiliarem mutuamente.
O venerável Cardeal de Bérulle, que mereceu do Papa Urbano VIII o título de Apóstolo do Verbo Encarnado, e cuja predileção por Maria era mais angélica do que humana, e o Padre de Condren, que recebeu, conforme atestam os mais ilustres doutores de seu tempo, luzes sublimes sobre os mistérios, tinham o costume de oferecer a Santa Missa, aos sábados, em
honra da Santíssima Virgem. Mons. Olier, o santo fundador de São Sulpício e o reformador do clero na mesma época, imitou-lhes esta piedosa prática; fazia celebrar diariamente três missas, cujos frutos colocava entre as mãos da Santa Virgem, afim de que, oferecendo-os a seu Filho, obtivesse para a Igreja tesouros infinitos de graças.
Houve também um piedoso missionário jesuíta, em Québec, que propôs a São João Eudes, fundador da Congregação que tem o seu nome, um projeto de associação de padres, que se chamariam os Capelães de Nossa Senhora, e que se deveriam unir para oferecer o Santo Sacrifício segundo as intenções desta augusta Rainha do Céu, afim, dizia ele, de que o Filho de Deus se apresentasse ao seu Pai, no estado de Hóstia, pelas mãos puríssimas d'Aquela de quem se servira para descer até nós em se fazendo homem.
(Vida de m. Olier, t. II, passim,).

PRÁTICA — Oferecer nossas adorações a Jesus Sacramento pelas mãos de Maria.

JACULATÓRIA — Bendita sois entre as mulheres, ó Maria, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus Eucaristia!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

Meditações Preparatórias - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento


MEDITAÇÕES EXTRAÍDAS DOS ESCRITOS DO BEM-AVENTURADO
PEDRO JULIÃO EYMARD

 

Meditação preparatória

O mês de Maria é o mês das bênçãos e das graças, porque, como assegura São Bernardo, e com ele muitos santos, todas as graças nos vêm por Maria. É uma festa de trinta e um dias em honra da Mãe de Deus e uma preparação ao belo mês do Santíssimo Sacramento.

I. A profissão especial que fazemos de honrar a Eucaristia não deve diminuir a nossa devoção para com a Santíssima Virgem. Longe disso! Proferiria uma blasfêmia quem dissesse; Basta-me o Santíssimo Sacramento; não preciso de Maria! — Mas, onde encontraremos Jesus na terra senão em seus braços?
Não foi Ela que nos deu a Eucaristia? Foi o seu consentimento à Encarnação do Verbo no seu seio que iniciou o grande mistério de reparação para com Deus e de união conosco que Jesus realizou durante sua vida mortal e continua agora no Santíssimo Sacramento.
Sem Maria não poderíamos ir a Jesus, porque Ela O possui em seu coração: aí encontra Ele as suas delícias, e todos que quiserem conhecer as virtudes íntimas de Jesus, seu amor recôndito e privilegiado, devem procurá-los no Coração de Maria; os que amam esta boa Mãe encontram Jesus em seu coração tão puro.
Oh! jamais separemos Jesus de Maria; não poderíamos ir a Ele sem passar por Ela. Ouso mesmo afirmar que quanto mais amarmos a Eucaristia, tanto maior será nosso amor para com a Santíssima Virgem; amamos tudo quanto ama um nosso amigo; ora, existe por ventura uma criatura mais amada de Deus, mãe que tenha sido mais ternamente querida por seu filho do que foi Maria por Jesus?
Oh! sim, Nosso Senhor teria grande pesar se nós, servos de sua Eucaristia, não honrássemos deveras a Maria, porque Ela é sua Mãe; Nosso Senhor tudo lhe deve na ordem de sua Encarnação e de sua natureza humana; foi pela carne que d'Ela recebeu que Ele tanto glorificou a seu Pai, que nos salvou e que continua a alimentar e salvar o mundo no Santíssimo Sacramento.
Nosso Senhor quer que A honremos tanto mais agora quanto em sua vida mortal Ele pareceu ter se descuidado de fazer. Sem dúvida Ele A honrou em sua vida particular; porém, em público, deixou-A na sombra; antes de tudo tinha que afirmar e sustentar a sua dignidade de Filho de Deus.
   Mas hoje Nosso Senhor quer que de algum modo indenizemos à Santíssima Virgem de tudo quanto Ele não pôde fazer exteriormente por Ela; e somos obrigados, no interesse de nossa salvação, a honrá-l'A como Mãe de Deus e como nossa própria Mãe.

II. Visto que somos consagrados de uma maneira especial ao serviço da Eucaristia, e que somos adoradores, é nessa qualidade que devemos um culto particular a Maria.
Religiosos do Santíssimo Sacramento, Servas do Santíssimo Sacramento. Agregados do Santíssimo Sacramento, somos, pelo nosso estado, adoradores da Eucaristia; é o nosso belo título, abençoado por Pio IX. Que quer dizer adoradores? Quer dizer que somos ligados à Pessoa adorável de Nosso Senhor vivendo na Eucaristia. Mas, se pertencemos ao Filho, também pertencemos à Mãe; se adoramos o Filho, devemos honrar a Mãe, e somos obrigados, para entrar plenamente na graça de nossa vocação, e nela permanecer, a prestar um culto especial à Santíssima Virgem como Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.
Esta devoção não está muito espalhada, e este culto ainda não foi explicitamente adotado pela Igreja. É que o culto de Maria segue o de Jesus; segue-lhe as fases e o desenvolvimento. Quando honramos Nosso Senhor na Cruz, oramos a Nossa Senhora das Dores; quando meditamos a vida submissa e retirada de Nazaré, tomamos por modelo Nossa Senhora da vida oculta; a Santíssima Virgem acompanha todos os estados de seu Filho.
Maria ainda não tinha sido saudada com esse belo título de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Eis que o culto da Eucaristia se propaga; jamais, como em nossos dias, foi êle tão grande, tão universal; espalha-se por toda parte.
É a graça trazida ao mundo pela Imaculada Conceição. Sem dúvida, a devoção ao Santíssimo Sacramento não é nova; mas, presentemente, há uma outra manifestação da Eucaristia: o Deus oculto sai de seu Tabernáculo; por toda parte, dia e noite, faz-se a Exposição do Santíssimo Sacramento; a Eucaristia vai se tornar uma fonte de salvação para este século; o culto da Eucaristia será a sua glória e grandeza. Pois bem; a devoção a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento crescerá com o culto da Eucaristia.
Ainda não encontrei esta devoção explicada em livro algum; jamais ouvi falar nela, a não ser nas revelações da Madre Maria de Jesus, onde li alguma coisa da Comunhão de Maria, e nos Atos dos Apóstolos, em que vemos Maria no Cenáculo.

III. Que fez a Santíssima Virgem no Cenáculo? Adorou; foi a Rainha e a Mãe dos adoradores; foi, numa palavra, Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Vossa ocupação durante este mês será honrá-lA sob este belo título, meditar o que Ela fazia, e procurar compreender como Nosso Senhor aceitava as Suas adorações; descobrireis a perfeita união desses dois corações: o de Jesus e o de Maria, perdidos num só amor, em uma única e mesma vida. É necessário que a vossa piedade levante o misterioso véu que esconde a vida adoradora de Maria.
Ficamos admirados de que os Atos dos Apóstolos nada nos digam a respeito, e se contentem em deixar Maria no Cenáculo. Ah! é que toda a sua vida aí foi unicamente uma vida de amor e de adoração.
Como descrever o amor e a adoração? Como exprimir esse reinado de Deus na alma, e esta vida da alma em Deus? Não se pôde explicar; a linguagem não tem expressões para interpretar as delícias do céu, e assim acontece com a vida de Maria no Cenáculo.
São Lucas apenas nos diz que ali Nossa Senhora vivia e orava. Compete à meditação e ao amor estudar o interior desta vida. Tudo o que nos for possível avaliar de potência no amor, e de santidade e perfeição nas virtudes, podemos atribuir a Maria; mas, porque Ela viveu ali de união ao Santíssimo Sacramento, durante mais de vinte anos, todas as suas virtudes se revestiam do caráter eucarístico, alimentadas que foram pela comunhão, pela adoração, por uma constante união a Jesus Eucaristia. As virtudes da Santíssima Virgem atingiram no Cenáculo o apogeu de sua perfeição, uma perfeição ilimitada, por assim dizer, e somente ultrapassada pela perfeição das virtudes de Jesus Cristo.
Pedi a Nosso Senhor que vos revele o que se passava no Cenáculo entre Ele e sua Mãe; Ele vos dirá, certamente, algumas dessas maravilhas; não todas, porque não poderíeis entendê-las, porém uma parte, e isso fará a vossa felicidade.
Quanto me sentiria feliz se pudesse compor um mês de Maria adoradora! Para isto é necessário rezar e meditar muito; é preciso compreender a ação de graças do amor de Maria. Eis o que eu desejo ardentemente; mas, para consegui-lo, é mister maior preparação. (1)

IV. Efetivamente, todos os mistérios da vida de Nossa Senhora revivem no Cenáculo. Se meditardes o nascimento de seu Filho em Belém, completai o Evangelho, e vereis o nascimento eucarístico deste mesmo Filho no altar. A fuga para o Egito? Não vedes que Nosso Senhor ainda está no meio de bárbaros e de estranhos em tantas cidades e aldeias nas quais se fecham as Igrejas e onde ninguém vai visitá-lO? E sua vida oculta em Nazaré? Não está Ele ainda mais escondido aqui? Completai pela Eucaristia todos os mistérios e meditai a parte que Nossa Senhora tem neles.
O essencial é procurar praticar uma das virtudes da Santíssima Virgem; escolhei, de preferência, as mais humildes, as mais pequeninas; já as conheceis; depois, gradualmente, chegareis até as suas virtudes interiores, até o seu amor.
Ademais, oferecei todo dia um sacrifício; vede o que mais vos há de custar; há sacrifícios que podemos prever, como tal pessoa a visitar, certa coisa a fazer. Oferecei, pois, esse sacrifício, que há de contentar a Santíssima Virgem e será mais uma flor acrescentada na coroa que Ela deseja oferecer em vosso nome a seu Filho no dia de sua festa, a bela festa do Corpo de Deus.
Se não puderdes prever sacrifícios particulares, conservai-vos pelo menos no propósito firme e generoso de aceitar todos os que Deus vos enviar; cuidai em apanhar em pleno voo esse pássaro do céu. Há mensageiros de Deus que nos trazem graças ocultas em uma coroa de espinhos. Deveis recebê-los bem. Um sacrifício pressentido dá lugar à reflexão, e o raciocínio diminui-lhe o valor; ao passo que os sacrifícios imprevistos, feitos generosamente, sem exame, são mais meritórios. Deus nos quer surpreender, e nos diz apenas: "Estai preparados!" E a alma fiel está disposta para tudo que Deus quiser. O amor gosta de surpresas. Não deixeis passar tais ocasiões. Para isso, é bastante ser generoso.
Oh! quanto é bela a alma generosa! Deus é por ela glorificado; e referindo-se a esta alma, o Senhor repete, com um sentimento de júbilo e admiração, o que dissera de Job: "Viste meu servo Job?..." Quem ama não deixa passar esses sacrifícios; está sempre alerta, e ao sentir que se aproxima uma cruz, prepara-se para recebê-la bem.
Vamos, honrai a Santíssima Virgem por um sacrifício cotidiano; ide a Jesus por Maria; segui-lhe os passos, abrigai-vos sob seu manto; revesti-vos de suas virtudes; sede apenas uma sombra de vossa Mãe; oferecei a Nosso Senhor todas as suas virtudes, seus méritos e ações; para isto, nada mais tendes a fazer do que tomá-los de Maria e dizer a Jesus: "A vós ofereço as riquezas adquiridas por minha boa Mãe." E Nosso Senhor ficará contente convosco.

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(1) 0 Bem-aventurado pôs mãos à obra; deixou-nos algumas meditações sobre a vida adoradora de Maria. Penetrou no íntimo da vida de Nossa Senhora e procurou nos revelar os sentimentos de seu coração, a intensidade do seu amor. São estas as meditações que se encontram no presente volume.   Afim de apresentar diariamente, no mês de maio, uma delas, reunimos todas as instruções do Bem-aventurado sobre a SSmn. Virgem, nas quais, sem excepção, ele nos apresenta Maria unida a Jesus Cristo e d'Ele recebendo ou a Ele referindo todas as suas graças e perfeições; e visto que a Eucaristia é o próprio Jesus Cristo, a Santa Virgem é, consequentemente, nestas meditações, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento.

  
O capelão de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Nossa Senhora recebe a Santa Comunhão de São João Evangelista

Sentimos necessidade de um modelo, um patrono, um guia, em nossa devoção a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Escolheremos São João Evangelista. Jesus lhe confiou sua Mãe, e São João celebrava diariamente a Santa Missa em presença de Maria; era ele que, tomando de sobre o altar o Pão divino, o depunha nos lábios da Santíssima Virgem: "Mãe, eis vosso filho!" Ecce filius Tuus! ó meu Deus! que palavra e que momento! São João foi testemunha das adorações de Maria; foi o confidente de seu amor; e se ele conseguiu falar tão divinamente da Eucaristia, se entoou esse belo cântico de ação de graças que o seu Evangelho encerra, foi porque, além de o haver recolhido dos próprios lábios de Jesus, escutou a Santa Virgem repeti-lo. "O Salvador deu São João à Maria, diz M. Olier, não somente para que ele ficasse em seu lugar de filho, mas ainda para que proporcionasse a sua Mãe Santíssima, pelos santos mistérios que celebrava para Ela, e segundo suas intenções, o meio de lhe satisfazer os anelos ardentes do coração quanto ao estabelecimento da Igreja; e também o meio de se consolar da ausência de seu Filho, que era a felicidade de se nutrir diariamente de seu divino Corpo." (Vida de M. Olier, tomo II, 3ª. parte, p. 207).
Haveis de nos ensinar, ó glorioso Capelão do Cenáculo, a conhecer os mistérios da vida de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento; fazei que possamos partilhar as suas disposições, todas às vezes, que, a seu exemplo, recebermos ou adorarmos o Deus da Eucaristia.

PRÁTICA — Cumprir todos os deveres eucarísticos em união a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.
JACULATÓRIA — Salve, ó Maria, de quem nasceu Jesus-Hóstia!
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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

Preparação para o Mês de Maio



MÊS DE NOSSA SENHORA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
MEDITAÇÕES EXTRAÍDAS DOS ESCRITOS
do
BEM-AVENTURADO PEDRO JULIAO EYMARD(*)
Fundador
DA CONGREGAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
pelo
Revmo. Pe. ALBERTO TESNIÈRE
DA MESMA CONGREGAÇÃO
Com um exemplo, uma prática e uma jaculatória
para cada dia.
 Tradução do Francês
por uma adoradora
Livro de 1946 - 160 págs

(*) Nota do blog: Bem-Aventurado pois o livro é de 1946, 
sua canonização foi realizada em dezembro de 1962
pelo então Papa João XXIII




PREFÁCIO
da Sétima Edição Francesa

Transcrevemos, como prefácio desta nova edição, um artigo publicado na revista "O Santíssimo Sacramento" em janeiro de 1906; mostrar-nos-á ele que poderoso incentivo à devoção para com Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento recebeu do Soberano Pontífice, e a preciosa sanção concedida à iniciativa do Bem-aventurado Pedro Julião Eymard, de conferir este novo título à Santíssima Virgem.
"É conhecido de nossos leitores o culto piedoso com que a família eucarística do venerando Padre Eymard honra este nome bendito de NOSSA SENHORA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, que ele conferiu à Santíssima Virgem para exprimir, numa palavra característica, todos os laços que unem Maria a seu Filho Sacramentado, e todos os motivos que nos impelem a recorrer-lhe como medianeira necessária entre nossa indigência e a admirável santidade de seu Filho. Aprovado por um certo número de Bispos e enriquecido de indulgência para suas respectivas dioceses, aclamado no Congresso Eucarístico de Lourdes, este novo nome de uma coisa muito antiga começou a se propagar entre as almas devotas da Eucaristia, que sentem a necessidade de não separar o Filho de sua Mãe, tanto no culto que lhes prestam como em seus corações. Faltava porém a este título, afim de que pudesse desferir seu voo além dos limites diocesanos e se propagar livremente no universo católico, a bênção do Pastor da Igreja universal.
E esta bênção ele recebe agora: autêntica, como no-lo prova o Rescrito que temos em nossas mãos e que vamos transcrever; espontaneamente concedida, como nos informa uma carta bem noticiosa chegada de Roma.
Eis o Rescrito, do próprio punho de Sua Santidade Pio X:

"Cunctis qui coram SSmo. Sacramento publicae adorationi exposito, recitaverint hanc jaculatoriam:
"Domina nostra Sanctissimi Sacramenti, ora pro nobis". Indulgentiam tercentorum dierum concedimus".

Die 30 Mensis Decembris an. 1905. PIUS P. P. X.

"A todos que diante do Santíssimo Sacramento exposto recitarem a oração jaculatória seguinte:
"Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento rogai por nós”, concedemos uma indulgência de 300 dias".

30 de Dezembro de 1905, PIO X, PAPA.

As circunstâncias que acompanharam a redação e a concessão, pelo Santo Padre, desse precioso Rescrito, têm alguma coisa de gracioso e de tocante como uma página de lenda, alguma coisa também de espontâneo e de decisivo como um motu próprio.
Um arcebispo do Canadá, cuja piedade para com a Eucaristia é tão grande quanto a sua cordialidade, Mons. Gauthier, arcebispo de Kingston, visitando, há pouco tempo, Roma, foi solicitado pelo Revmo. Padre Estévenon, Superior geral da Congregação do Santíssimo Sacramento, cuja residência, na Igreja de São Cláudio, é bem conhecida dos peregrinos da Cidade Eterna, a pedir ao Soberano Pontífice, em favor dos fiéis de sua diocese, uma Indulgência para a recitação desta fórmula: NOSSA SENHORA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, Mãe o Modelo dos adoradores, rogai por nós. Sua Excelência, acolhendo favoravelmente este desejo, redigiu uma súplica para submeter ao Santo Padre numa audiência fixada para 30 de dezembro último. No decorrer da audiência, tendo recebido o consentimento para fazer a leitura da referida súplica, em vão a procura nos seus bolsos e manda procurá-la, com igual resultado, em seu sobretudo, deixado na antecâmara. Grande embaraço para o bondoso Prelado, que expõe então de viva voz o objeto da súplica extraviada; e Pio X, sorridente e solicito, com a espontaneidade atenciosa e amável que lhe é peculiar, toma da pena e escreve, sem um instante de hesitação, o texto acima transcrito, entregando-o a Mons. Gauthier, que se sentiu duplamente sensibilizado: pela graça que acabava de receber e pela boa vontade com que lhe era a mesma concedida.
O mui caro correspondente que nos relatou este acontecimento, acrescenta: "Bem avaliais a imensa alegria que esta noticia causou a todos nós. Exultantes de emoção, fomos imediatamente nos lançar aos pés da Santíssima Virgem (diante da mesma imagem da capela de São Mauricio (1) onde nosso venerando Pai aclamou Maria pela primeira vez.
Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento), e entoamos o Magnificat, e repetimos com ardor a invocação abençoada".
Nossos leitores partilharão conosco estes sentimentos de ação de graças. Temos, de ora avante, na linguagem da Igreja, uma fórmula autêntica e definitiva do título de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento que o Padre Eymard exprimiu em francês.
Várias vezes havíamos desejado traduzi-lo em latim, não somente para apresentá-lo à aprovação de Bispos estrangeiros, mas tendo ainda em vista obter dos Soberanos Pontífices indulgências para a sua recitação. E hesitávamos em fazer a tradução litoral diante da objeção de que a palavra "Domina" parecia dar a Maria, sobre o Cristo Eucarístico, uma autoridade
ou superioridade que ela não possui. A objeção, entretanto, apesar de não ser destituída inteiramente de fundamento, não se apresentava irrefutável. A fé, simples e terna, do Soberano Pontífice, a generosa e ardente piedade que ele manifesta em todos os seus atos pontificais, não o detiveram a discutir as diversas opiniões; com sua mão que somente assina palavras de verdade e de vida, escreveu com simplicidade: "Domina nostra Sanctissimi Sacramenti, ora pro nobis.'" E a tradução literal da invocação inspirada pela fé e pelo amor de nosso Pai por Maria: "Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, rogai por nós!"

__________
(1) Casa do primeiro Noviciado da Congregação, na diocese de Versailles, fundada e habitado pelo Beato Padre Eymard e extinta em consequência dos decretos de 1880 contra as Congregações religiosas.


Coroinha de Nossa Senhora

Retirada do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem de
São Luís Maria Grignion de Montfort
(Livro de 1943 - segunda edição)


234. Segunda prática. Rezarão todos os dias de sua vida, mas sem a isso se obrigarem, a coroinha da Santíssima Virgem. Esta compõe-se de três Pai-Nossos e doze Ave-Mariasem honra dos doze privilégios e grandezas da Santíssima Virgem. Esta prática é muito antiga e fundamenta-se na Sagrada Escritura. São João viu uma mulher coroada de doze estrelas, vestida de Sol e tendo a Lua debaixo dos pés (Ap 12, 1). Segundo os intérpretes, essa mulher é a Santíssima Virgem.

235. Há várias maneiras de recitar bem esta coroinha, e seria demasiado longo mencioná-las. O Espírito Santo as ensinará aos que forem mais fiéis a esta Devoção. Entretanto, para rezá-la em sua forma mais simples dir-se-á ao começar: Dignai-Vos conceder-me que Vos louve, ó Virgem Sagrada, dai-me virtude contra os Vossos inimigos!” Em seguida reza-se o Credo, depois um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai; e novamente um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai, e assim por diante. No fim se dirá: Sob a Vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossa súplicas em nossa necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e Bendita!”


Coroinha de Nossa Senhora



. Concedei-me que Vos louve, Virgem Sagrada,
. Dai-me valor contra os vossos inimigos.

CREDO

I - Coroa de Excelência

Pai Nosso ...
Ave Maria ...
Sois Bem-aventurada, Virgem Maria, que levastes em vosso seio o Senhor, Criador do mundo; destes à luz a Quem Vos formou, e Sois Virgem perpétua.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.

Ave Maria…
Ó Santa e imaculada virgindade, não sei com que louvores Vos possa exaltar; pois quem os céus não podem conter, Vós O levastes em vosso seio.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.

 Ave Maria…
 Sois toda formosa, Virgem Maria, e não há mancha em vós.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.

Ave Maria…
Possuís, ó Virgem Santíssima, tantos privilégios, quantas são as estrelas no céu.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

Glória ao Pai...


II - Coroa de Poder

Pai Nosso...
Ave Maria...
Glória a Vós, imperatriz do céu, conduzi-nos convosco aos gozos do paraíso.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

Ave Maria…
Glória a Vós, tesoureira das graças do Senhor, dai-nos parte em vosso tesouro.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

Ave Maria…
Glória a Vós, medianeira entre Deus e os homens, tornai-nos propício o Todo-poderoso.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

Ave Maria…
Glória a Vós, que esmagais as heresias e o demônio: sede nossa bondosa guia.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

Glória ao Pai...


III - Coroa de Bondade

Pai Nosso...
 Ave Maria...
 Glória a Vós, refúgio dos pecadores; intercedei por nós junto ao Senhor.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

 Ave Maria…
 Glória a Vós, Mãe dos órfãos; fazei que nos seja propício o Pai Todo-Poderoso.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

 Ave Maria…
Glória a Vós, alegria dos justos; conduzí-nos convosco às alegrias do céu.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.

Ave Maria…
 Glória a Vós, nossa auxiliadora mui prestimosa na vida e na morte; conduzí-nos convosco para o reino do céu.
. Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.

Glória ao Pai...

Oremos:
Ave, Maria, Filha de Deus Padre; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria, Esposa do Espírito Santo; Ave, Maria, templo da Santíssima Trindade; Ave, Maria, Senhora minha, meu bem, meu amor, Rainha do meu coração, Mãe, vida, doçura e esperança minha mui querida, meu coração e minha alma. Sou todo vosso, e tudo o que possuo é vosso, ó Virgem sobre todos bendita. Esteja, pois, a mim a vossa alma para engrandecer o Senhor; esteja em mim vosso espírito para rejubilar em Deus. Colocai-Vos, ó Virgem fiel, como selo sobre o meu coração, para que, em Vós e por Vós, seja eu achado fiel a Deus. Concedei, ó Mãe de misericórdia, que me encontre no número dos que amais, ensinais, guiais, sustentais e protegeis como filhos. Fazei que, por vosso amor, despreze todas as consolações da terra e aspire só as celestes; até que, para glória do Pai, Jesus Cristo, Vosso Filho, seja formado em mim, pelo Espírito Santo, vosso Esposo fidelíssimo, e por Vós, sua Esposa mui fiel.
Assim seja.



SUB TUUM

À vossa proteção recorremos, santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.