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4o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Natividade da Santíssima Virgem
ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Alegremo-nos e saudemos jubilosos o berço de Maria. O nascimento de nossa Mãe e Soberana faz a alegria do Céu, a consolação da terra, e o terror do inferno. Eis que aparece a mulher forte, a Mãe predestinada do Messias.
O lugar e as circunstâncias de seu nascimento são desconhecidos, mas é de crer que tenha nascido na pobreza, como seu divino Filho, e em Jerusalém. Sant’Ana e São Joaquim eram pobres, e viviam do dízimo do Templo, como pertencentes à família levítica. Maria porém, nasce com a auréola de grandezas que ultrapassam todas as riquezas das filhas deste
mundo.

II. Maria possui todas as dignidades humanas; nasce filha, irmã e herdeira dos Reis de Judá. O Verbo quer que sua Mãe pertença à estirpe real; quer, segundo a carne, ser irmão de reis, afim de mostrar sensivelmente que d'Ele procede toda a realeza; por isso, os próprios reis virão adorá-LO como a seu Senhor e soberano dominador. Sua Mãe é portanto, rainha. É verdade que, assim como seu Filho será um rei sem domínio terrestre, sem riquezas, nem exércitos, Ela também será pobre e desconhecida; tudo isto não constitui a realeza, mas somente o seu esplendor; o direito subsiste ainda mesmo quando não é reconhecido. Aliás, dia virá em que a realeza de Maria, bem como a de seu Filho, há de ser proclamada e honrada: a Igreja a saudará como sua Rainha, a Rainha do céu e da terra. Salve Regina! O anjo anunciara: "Dabit illi sedem David patris ejus". — (Luc. I, 32). O Senhor restituirá a vosso Filho, ó Maria, o trono de David seu pai. Mas será preciso reconquistá-lo por meio do combate da humildade, da pobreza e do sofrimento.

III. Maria possui todas as grandezas sobrenaturais. A grandeza sobrenatural é o reflexo de Deus sobre uma criatura que Ele associa ao seu poder e à sua glória. Ora, o que faz Deus por Maria? Quis associá-la ao seu grandioso e divino mistério; o Pai lhe dá o nome de filha, o Filho A venera como sua Mãe, e o Espírito Santo A protege como sua Esposa. Maria foi chamada a cooperar nas grandes obras da omnipotência divina, e foi associada ao império do próprio Deus. Contemplai-A, pois, nesse belo dia do seu nascimento! Vede-A, com São João, revestida de sol — "amicta sole", provinda de Deus e resplandecente dos fulgores divinos; está, por assim dizer, invadida pelos raios da Divindade, semelhante a um cristal puríssimo penetrado completamente pelo sol. E a lua, sob os seus pés, significa que o seu poder é inabalável, que a Virgem Santíssima desafia a inconstância, tendo vencido, para sempre, o dragão infernal. Sua fronte está cingida por um diadema de doze estrelas que representam as graças e virtudes de todos ou eleitos. Maria é como que o centro da criação; Jesus colocou em suas mãos todos os meios da Redenção; e os santos formam a sua coroa, porque todos são obras de seu amor e de seu patrocínio.

IV.   Maria nasce com todas as grandezas pessoais. Fora enobrecida com os dons de Deus. mas isso não basta; ao nascer, ostenta a riqueza de méritos pessoais; possui tesouros infinitos de merecimentos adquiridos durante os nove meses de adoração silenciosa e ininterrupta no seio materno, onde, penetrada pela luz divina, se entregou inteiramente a Deus, consagrando-Lhe um amor de que não podemos fazer a menor ideia.   Nasce, pois, com os tesouros que conquistou, e com as riquezas que agenciou.  Oh! se tivéssemos podido presenciar espiritualmente o nascimento de Maria, contemplar este sol no momento em que surgiu no oceano do amor de Deus!  Em sua inteligência, a mais pura luz; em seu coração, o mais ardente amor; em sua vontade, a mais completa dedicação; jamais criatura alguma teve igual nascimento.
Assim, no seu pequenino berço, é objeto das complacências da Santíssima Trindade e da admiração dos anjos! Quem é esta criatura privilegiada, perguntam eles entre si, rica de tantas virtudes e cumulada de tamanha glória desde o alvorecer da vida? Quae est ista?
E os demônios estremecem; veem-na adiantar-se para eles, forte como um exército em ordem de batalha; pressentem a humilhação da derrota de seu chefe, antevendo a guerra implacável que lhes fará essa recém-nascida: Sicut acies ordinata...
O mundo, porém, rejubila.  Vemos chegar nossa libertadora; seu nascimento nos anuncia o nascimento de nosso Salvador.  Oh! sim, alegremo-nos: "Nativitas tua gaudium annuntiavit universo mundo." (Sacr. Liturg. in fest.).
E nós, adoradores, devemos nos regozijar porque Maria nos traz o nosso Pão de vida, e, desde esse dia, cumpre-nos saudá-lA como a aurora da Eucaristia, porque sabemos que é d'Ela que o Senhor há de tomar a substância do corpo e do sangue, que nos será dada em alimento no Mistério de Seu amor.

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São Pedro de Verona e os maniqueus

   Um rico e fervoroso católico do território de Milão costumava oferecer hospitalidade a São Pedro de Verona em suas viagens apostólicas. Certa noite, Pedro chega exausto de fadiga; seu amigo, sempre tão respeitoso e solícito, limita-se apenas a lhe abrir a porta. Como explicar semelhante transformação?... No correr da palestra, se desvenda o segredo. Um herege maniqueu, em visita ao bom hospedeiro, lhe exprobara a hospitalidade que oferecia ao "inimigo da verdade", dizendo-lhe ainda: "Vem, e te mostrarei a Santa Virgem, que há de te falar melhor". Vencido pela curiosidade, acompanhou o seu interlocutor à assembleia dos maniqueus. Uma senhora, refulgente de luz, apareceu sobre o altar, com o seu filho nos braços: "Meu filho, disse ela, estás vivendo no erro, a verdade está aqui e não com os católicos; é a própria Mãe de Jesus que assim te fala". Convencido, o infeliz se tornara maniqueu.
   "Ide avisar ao homem que vos falou, que eu também me tornarei maniqueu se ele me mostrar a Santa Virgem", disse Pedro. O hoteleiro se apressou em dar a notícia ao seu novo amigo, que o recebeu com alegria. Pedro passou a noite em oração. Pela manhã, ao celebrar a Santa Missa, encerrou uma hóstia consagrada em um pequeno cibório portátil, que colocou respeitosamente sobre o peito. Assim limado, dirigiu-se à assembleia dos maniqueus. O sectário que desempenhava o papel de médium fez aparecer sobre o altar a refulgente senhora, que lançou em rosto do visitante sua ignorância da verdade. Pedro, então, elevando a Hóstia santa, exclamou: "Se és verdadeiramente a Mãe de Deus, adora o teu Filho!" A estas palavras, o fantasma se desfez em nuvem de fumaça negra, deixando a sala impregnada de um mau cheiro horrível. O demônio fugira à vista do seu Senhor.
(Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento).

PRÁTICA — Oferecer a Deus pelas Mãos do Maria os frutos do Santo Sacrifício da Missa.

JACULATÓRIA — Nós vos saudamos, ó Maria, que nos trazeis, de tão longe, o nosso Pão de vida, a Divina Hóstia!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962


3o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

O dote de Maria Imaculada


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. No dia da sua Imaculada Conceição. Maria recebeu um dote magnífico, proporcionado aos seus deveres sublimes e a sua incomparável dignidade de Mãe de Deus; recebeu, nesse momento, o tesouro de graças que faria d'Ela a co-redentora do gênero humano, associando-A a obra de nossa salvação.
Não duvido que o privilégio da Imaculada Conceição supere todas as graças concedidas a Maria, mesmo a graça da sua maternidade divina. É, sim, menor que esta quanto à dignidade; porém, aos olhos de Deus e para Maria, é mais importante; é o fundamento e a origem de todas as dignidades e de todos os privilégios que lhe serão conferidos mais tarde.
Valeria pouco ser Mãe de Deus e ao mesmo tempo pecadora. O que constitui a grandeza diante de Deus não é a dignidade que Ele confere, porém a santidade e a pureza com que a sustentamos. Lançai sobre os ombros de um mendigo um manto de púrpura, não deixará de ser um mendigo. A Imaculada Conceição, tendo sido a causa da pureza e da santidade de Maria, é, pois, a mais sublime de suas graças; por isso, desde o momento de sua criação, foi a Santíssima Virgem mais agradável a Deus do que todos os seres reunidos, e um só ato de amor dessa débil criatura, ainda oculta no seio materno, mais meritório e de maior glória para Deus do que todo o amor dos santos e dos anjos em conjunto. Os juros são sempre proporcionados ao capital; Maria possui um fundo de graças ilimitado, que produz o cêntuplo.

II. A Imaculada Conceição é o ponto de partida de todas as virtudes de Maria; é a sua virtude soberana, no sentido de que Ela trabalhou sempre, e fez render o cabedal de graças então recebido. É princípio aceito que Maria jamais foi infiel à menor inspiração do Espírito Santo, e fez frutificar, em toda a sua extensão, as graças que lhe foram concedidas. Nenhum santo atingiu esse ponto; fica-se, de ordinário, muito aquém da correspondência às graças.
Por isso, o Anjo A saúda "cheia de graça" — O Senhor é convosco, lhe diz ele, convosco sempre, em toda parte; em vós não se encontra vácuo que não seja preenchido pela graça.
Ah! Maria foi fiel a todos os seus deveres, fiel a todos os desejos do Senhor! Jamais se descuidou da menor parcela do bem a praticar; recebeu sempre os raios da santidade de Deus, absorvendo-os inteiramente sem desperdiçar nenhum.
E esta fidelidade a todas as graças fê-la progredir continuamente nas virtudes. Maria velava sobre o seu tesouro como se o pudesse perder. Grande lição para nós! Quaisquer que sejam as graças que recebermos, sejamos atentos em conservá-las! Maria, confirmada em graça, não por natureza, mas em consequência de sua união com Deus, Ela, de quem jamais tentação alguma ousou se aproximar, vela sobre si mesma, trabalhando incessantemente na obra de sua santificação; caminha e se eleva sempre. Recolhe-se ao Templo na idade de três anos, para fugir do mundo; treme diante da presença de um anjo, puro espírito, a lhe falar exclusivamente de Deus! Contudo, não julga fazer bastante. Mais tarde, sofrerá um verdadeiro martírio, e sem conforto; vai assim bordando a veste de sua Imaculada Conceição, enriquecendo-a e adornando-a das mais belas flores de virtudes. É sempre esta graça inicial que Ela desenvolve e embeleza por suas virtudes e sacrifícios.

III. A Imaculada Conceição é ainda a medida de seu poder e de sua glória. Somente a pureza e a santidade nos tornam poderosos junto de Deus, que opera as grandes coisas por meio das almas puras; só atende Ele às vozes inocentes ou purificadas. E a pureza de Maria jamais foi empanada pela menor mancha. Qual será, pois, o seu poder? Diz-se que a mãe é omnipotente sobre o coração do filho; mas, quando perde a sua dignidade, não tem mais poder.
Que se poderá recusar, porém, se Ela for pura? Salomão disse a sua mãe, depois que ela fez penitência: "Nada vos posso recusar". Que diremos então de Maria, visto que todas as graças passam por suas mãos e que é Ela o reservatório dessas graças? Na ordem da salvação, Jesus lhe entregou todos os poderes.
E a glória de Maria? Sua pureza lhe mereceu tornar-se Mãe do Rei, e hoje está sentada num trono à direita do seu Filho; exceto a adoração, recebe todas as honras e homenagens; é tão bela e tão gloriosa, que por si só faria a felicidade do paraíso!

IV. Assim, pois, todas as graças, as virtudes, o poder e a glória de Maria derivam de sua Imaculada Conceição e formam seu magnífico dote. O Batismo nos purifica, nos tornando imaculados, sem mancha; logo que a criança o recebe, se transforma em templo de Deus, num paraíso; com que vigilância devemos conservar essa pureza batismal! E se a tivermos perdido podemos nos purificar por meio da Penitência; é necessário ser puro. Não falo somente da pureza dos sentidos; é mister, além disso, uma grande pureza em todas as nossas ações, em nossa vontade, em todas as nossas intenções: em resumo, a pureza da vida; nisto se encerra tudo. Sem a pureza não podemos agradar ao Deus da Eucaristia, que é todo pureza; somente os corações puros conseguem vê-LO, atravessando os véus que O encobrem. Manifesta-se Ele unicamente ao coração puro porque a pureza é o amor, a delicadeza da amizade que não quer desagradar. Por isso é que a finalidade de Nosso Senhor vindo às nossas almas, é purifcar-nos cada vez mais; purificando-nos, nos santifica; santificando-nos, nos une mais intimamente a Ele, e quando estivermos bem puros nos atrairá a Si e nos coroará no céu.

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A Santa Virgem vela sobre as Santas Hóstias
Paterno (Itália) — 1772

Em 28 de janeiro de 1772, a aldeia de São Pedra de Paterno, situada a cerca de duas milhas de Nápoles, foi teatro de horrível sacrilégio: uns ladrões roubaram do tabernáculo dois cibórios contendo uma centena de hóstias consagradas, que foram depois encontradas graças a uma intervenção milagrosa: apareceram luzes nos dois lugares onde haviam sido escondidas. A primeira vez, na manhã de 26 de fevereiro desse mesmo ano, um Sacerdote de Nápoles, cavando a terra ao pé de um álamo que se tornara resplandecente, teve a consolação de recolher quarenta: apesar de um rigoroso inverno e chuvas torrenciais, estavam brancas, intactas, em perfeito estado de conservação, tendo apenas as bordas levemente salpicadas de lama. Além disso, a terra que estivera em contacto com o Corpo de Jesus Cristo, e que se recolhera absolutamente seca em uma toalha muito limpa, começou a destilar uma água puríssima. Na tarde da quinta feira seguinte as outras hóstias foram encontradas da mesma maneira milagrosa: como as primeiras, estavam perfeitamente conservadas.
Apraz-nos citar aqui o testemunho do Cura de Paterno, Matias d'Anna, e que constitui o eco de uma tradição corrente no lugar. Durante o tempo decorrido entre o roubo sacrílego e a aparição das luzes, um arrieiro chamado Francisco Jodice, de 27 anos de idade, ao voltar de Nápoles à tarde, via sempre, no lugar onde as hóstias haviam sido enterradas, uma senhora que se apoiava numa árvore. Uma tarde, atreveu-se a perguntar-lhe o que fazia tão sozinha nesse lugar: "Estou aqui, lhe responde Ela, fazendo companhia a meu Filho!" Quando as hóstias consagradas foram descobertas, todos compreenderam que esta senhora devia ser a augusta Virgem Maria.
O Vigário Geral de Nápoles fez o reconhecimento canônico das santas Espécies, objeto de tantas maravilhas, e encerrou-as em dois cilindros de cristal fechados com aros de prata, afim de que pudessem elas ser expostas a veneração dos fiéis. (Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento, pelo Padre Eugênio Couet).

PRATICA — Em todas as comunhões pedir, por intercessão de Maria, a pureza de uma vida perfeita.

JACULATÓRIA — Cantaremos vossos louvores, ó Maria, gloriosa cidade do Deus Eucarístico!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

2o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Imaculada Conceição e a Comunhão



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. A Imaculada Conceição de Maria foi predita desde o paraíso terrestre. A Santíssima Virgem é aquela mulher privilegiada que com o seu calcanhar esmagou a cabeça da serpente infernal. Deus, criando Maria Imaculada, alcançou a maior vitória sobre o demônio, restabeleceu o Seu império sobre a terra e assumiu, na sua criação, o seu papel de senhor absoluto. Foi acima de tudo para a Sua glória que Ele preservou Maria da culpa original, porque, em todas as suas obras, Deus considera, em primeiro lugar, os interesses desta mesma glória.
A criatura pela culpa e mancha de seu nascimento não podia ser inteiramente possessão de Deus; Satanás se apoderava da alma logo ao ser criada. Deus criava e Satanás se apossava da obra de Deus. A glória de Deus era humilhada em suas criaturas, e quando o Senhor expulsou Adão e Eva do paraíso terrestre, Satanás triunfou de Deus; foi esta a sua vitória.
Eis que aparece Maria; Deus A protege e preserva por um privilégio todo particular; Ela passa pela concepção natural como todos os homens descendentes de Adão, porém Deus, para sua honra, quer conservá-lA pura. Eva, a primeira mãe, foi manchada; Maria, a verdadeira mãe dos vivos, será imaculada. Deus A encobre com sua sombra; Ela é seu jardim fechado, sua fonte selada; somente o Rei há de beber de suas águas. Satanás não ousará se aproximar de Maria; ela nasce entre os braços do amor de Deus: "Dominus possedit me in initio viarum suarum" (Prov. VIII, 22); é a verdadeira filha de Deus: Primogenita ante omnem creaturam. (Eccli. XXIV, 5.) O Verbo não devia se envergonhar de sua Mãe. Por isso, dotou-A com a plenitude de seus dons, de tal modo que, em Maria, Deus contemplava sua honra e sua glória!
As três pessoas da Santíssima Trindade concorreram para a Imaculada Conceição da Virgem, como exigia a glória de Deus. Quando Satanás precede a Deus, é vencedor; quem nasce escravo, por mais que se reabilite, conserva sempre alguma coisa de sua ignomínia. E, desta maneira, foi restabelecida a glória de Deus na humanidade; a imagem de Deus foi restaurada e reconstituída; o Senhor poderá descer e habitar em Maria sem receio; Ela é um tabernáculo mais puro do que o sol, e, por sua pureza é o paraíso de Deus que, com Ela, renovará o mundo. Vede o que nos deu a Imaculada Conceição; em primeiro lugar, Jesus Cristo, este belo sol de justiça de que é a aurora; em seguida, os santos, astros refulgentes do firmamento da Igreja, pois que foram todos formados por Maria; tudo nos vem deste paraíso do Senhor. A Imaculada
Conceição é o gérmen de todas as graças que nos têm sido concedidas; semelhante à nuvenzinha que o profeta Elias avistou, é, em si mesma, apenas um ponto, que vai então se estendendo, se dilatando, e suas divinas influências atingem a terra inteira.


II. Devemos nós, adoradores, considerar outra coisa ainda no mistério da Imaculada Conceição. Se Deus preserva Maria deste modo, é porque deseja habitar n’EIa, o quer encontrar um santuário puro e perfeito. O Pai Celeste e o Espírito Santo purificam Maria unicamente para fazerem d'Ela o digno tabernáculo do Verbo de Deus, um novo céu; afim de
receber em si o Verbo Divino era indispensável que Maria não tivesse mancha. A Imaculada Conceição, portanto, é a preparação para a Comunhão. Oh! com que prazer o Verbo contemplava esta morada, cujos adornos eram feitos por Ele mesmo, e à qual se precipitou em passos de gigante. Exultavit ut gigans. (Ps. XVIII. 6.)
Seria preciso que para a Santa Comunhão Jesus fizesse outro tanto em relação a nós, é que suspirasse pelo momento em que O fizéssemos sair do seu Tabernáculo e descesse às nossas almas com o mesmo prazer, como fez para com Maria. Assim sucederá se formos puros. Jesus espera de nós esta preparação de pureza, e é isso unicamente o que nos pede. Uma grande pureza, para a Comunhão, eis o fruto que devemos retirar da Conceição Imaculada de Maria; sem a pureza, de nada nos valeriam as demais virtudes. Nosso Senhor sentiria repugnância em descer ao nosso coração, que ser-lhe-ia como uma prisão: "Ah! deveria Ele dizer ao Sacerdote, seu ministro, onde me levas? a um coração que não me pertence, que está ocupado por meu inimigo! Deixa-me, deixa-me, no meu Tabernáculo!"
Ó Maria, emprestai-nos vosso manto de pureza, revesti-nos da candura e do esplendor de vossa Imaculada Conceição, pois compete à mãe adornar seu filho para os dias solenes. Revestido por vós, ó Maria, serei bem acolhido por Jesus, que virá a mim com prazer, e, vendo-vos em mim, fará suas delícias em habitar no meu coração.

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Maria pede que se prestem honras ao Santíssimo Sacramento

Em um mosteiro de Beneditinas, em Florença, no mês de dezembro de 1230, uma gota de vinho consagrado, deixada no cálice por um venerando Sacerdote, cuja vista estava enfraquecida pela idade avançada, foi subitamente, no momento das abluções, transformada em vermelho sangue. Três dias depois, registrava-se um outro milagre: esta gota de vinho consagrado transformada em sangue, e que fora guardada com a ablução em uma ampola de cristal, tomou o aspecto de carne humana e ficou suspensa dentro desse receptáculo, sem tocar as superfícies internas do cristal; ao mesmo tempo, o vinho não consagrado, que servira às abluções e enchia quase a metade da ampola, tomou uma cor rósea e se evaporou instantaneamente, sem deixar vestígio de humildade.
Foi para esta Santa Espécie miraculosa que, por duas vezes, o céu pediu homenagens. Em primeiro lugar, ao próprio Bispo de Florença. Durante o sono, certa vez, uma voz estranha lhe murmurou por três vezes: "Ó Bispo, me recebeste nu, e nu me fizeste voltar!" exprobrando-lhe assim a dureza e irreverência para com a santa relíquia de que por um momento tinha sido possuidor, e que devolvera ao mosteiro, que a reclamava, sem lhe prestar as devidas honras. Em reparação de sua falta, o referido Bispo mandou fazer um magnífico tabernáculo de marfim, ornado de lâminas de ouro e revestido de púrpura, para servir de morada ao Corpo do Salvador.
Um outro apelo do céu se fez ouvir, pedindo novas homenagens para o milagroso Sacramento. A Santíssima Virgem, que, hoje em dia, tal como outrora para com o presépio de seu Divino Filho em Belém, vela o seu berço eucarístico, apareceu em sonho a uma jovem do mosteiro, em que se dera o milagre, e pediu: "Vai dizer ã Irmã Margarida (sacristã do mosteiro e mais tarde Abadessa de Ripoli) que bem perto desta Igreja se encontra sem abrigo o objeto sagrado da Omnipotência de meu Filho". Ildebandesca, como se chamava a moça, obedeceu à Virgem desempenhando logo de manhã a sua missão. Irmã Margarida, esclarecida pelo céu, compreendeu o misterioso aviso; um rico cibório foi encomendado a artistas de renome e o Bispo veio colocar nele, solenemente, a Santa Espécie milagrosa. (Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento, pelo Padre Eugênio Couet).

PRÁTICA — Preparar-se à Santa Comunhão com grande desvelo e em união a Maria.

JACULATÓRIA — O seio puríssimo de Maria é para Jesus Sacramentado uma habitação mais querida do que todos os Tabernáculos de Jacob.



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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962


1o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Maria — Mãe dos Adoradores da Eucaristia


V).   Louvores e graças se deem a todo momento.
R).   Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
(300 dias de ind. Plenária ao mês P. et P. O. 110).

V).   Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.
R).   Da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus.
(300 dias de ind. Plenária ao mês P. et P. O. 324).

ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I.   Se nossa vida não estivesse sob o patrocínio de Nossa Senhora, poderia haver dúvidas quanto à nossa perseverança e salvação. Nossa vocação, que de modo especial nos liga ao serviço do divino Rei dos reis, exige terminantemente que recorramos a Maria. No Santíssimo Sacramento Jesus é Rei, e quer a seu serviço servos adestrados e que tenham feito o seu tirocínio; antes de alguém se apresentar ao rei, aprende a servir. Jesus nos deixou sua divina Mãe para ser a Mãe e o Modelo dos adoradores. Segundo a opinião mais aceita, deixou-A vinte e cinco anos na terra para que nos ensinasse a adorá-lO perfeitamente. Quão sublime foi esta vida de vinte e cinco anos passados na adoração! Quando se considera o amor que Jesus dedicava a sua Mãe, fica-se admirado de que tenha consentido separar-se d'Ela. Acaso não atingira o seu termo a santidade de Maria? Não tinha sofrido bastante no Calvário, onde padeceu mais do que todas as criaturas? Sem dúvida; porém os interesses da Eucaristia reclamavam sua presença; Jesus não queria ficar no Santíssimo Sacramento sem a companhia de sua Mãe; não desejava que a primeira hora da adoração eucarística fosse confiada a pobres adoradores, incapazes de adorá-lO dignamente. Os Apóstolos, obrigados a se dedicar à salvação das almas, não dispunham do tempo necessário à adoração eucarística; apesar do amor que os teria retido aos pés do Tabernáculo, a sua missão de apóstolos chamava-os a outros lugares. Aos cristãos, semelhantes a criancinhas ainda no berço, era necessário uma boa mãe que os educasse e um modelo que pudessem copiar; e foi a Sua Mãe Santíssima que Jesus Cristo lhes deixou.

II. Se bem a considerarmos, a vida de Maria se resume nesta palavra: adoração, porque a adoração é o serviço de Deus em toda a sua perfeição, abrangendo os deveres da criatura para com o seu Criador.
Nossa Senhora foi a primeira adoradora do Verbo Encarnado, pois Ele já estava em seu seio e ninguém sabia na terra. Oh! como Nosso Senhor foi bem servido no seio de Maria! Jamais encontrou Ele um cibório ou vaso de ouro mais precioso e mais puro do que o seio de sua Mãe. Esta sua adoração lhe era mais agradável do que a de todos os anjos. “O Senhor colocou o seu Tabernáculo no sol”, diz o Salmista, e este é o coração de Maria.
Em Belém, é a primeira a adorar seu divino Filho, reclinado no presépio. Adora-O com o perfeito amor de Virgem Mãe, um amor de dileção, segundo a palavra do Espírito Santo; depois d'Ela, adoram-nO São José, os pastores e os Magos; foi Maria quem abriu este sulco de fogo que se estenderá pelo mundo.
Que coisas sublimes, que palavras divinas não diria Ela, vivendo num estado de amor que não podemos avaliar nem medir!
Maria continua a adorar Nosso Senhor em sua vida oculta de Nazaré; depois, em sua vida pública, e enfim no Calvário, onde sua adoração foi o sofrimento. Considerai a natureza da adoração da Santíssima Virgem; adora Nosso Senhor conforme os seus diversos estados, adaptando sua adoração ao estado de Jesus; mais: o estado de Jesus determina o cará ter
de sua adoração. Maria não permaneceu numa adoração invariável; adorou o Deus aniquilado em seu seio, depois pobre em Belém, trabalhando em Nazaré, e mais tarde evangelizando e convertendo os pecadores; adorou Jesus nos sofrimentos do Calvário, padecendo com Ele; sua adoração acompanhava todos os sentimentos de seu divino Filho, que lhe eram conhecidos e manifestos, e seu amor A fazia entrar em perfeita conformidade de pensamentos e de vida com Ele.


III. A vós, adoradores, também se recomenda: Adorai sempre Jesus Eucaristia, mas a exemplo da Santíssima Virgem, variai as vossas adorações. Relacionai todos os mistérios com a Eucaristia, fazendo-o reviver nela. Sem isto, caireis na rotina. Se o espírito, de vosso amor não for alimentado de uma forma, de um pensamento novo. haveis de vos sentir lânguidos e áridos na oração. Ê necessário, pois, celebrar todos os mistérios na Eucaristia, como fazia a Santíssima Virgem no Cenáculo.
Nos aniversários dos grandes mistérios que se haviam realizado sob os seus olhos, pensais por acaso que Ela não renovava em si as circunstâncias, as palavras e as graças desses mistérios? Na festa do Natal, por exemplo, julgais que Maria não recordava a seu Filho, então oculto sob os véus eucarísticos, o amor de seu nascimento, seu sorriso, suas adorações, bem como as de São José, dos pastores e dos Magos? Procurava, neste como nos demais mistérios, regozijar o Coração de Jesus, relembrando-Lhe o seu amor.
Que fazemos nós com um amigo? Acaso lhe falamos sempre do presente? Não, de certo; evocamos o passado, fazendo-o reviver. E quando queremos cumprimentar o nosso pai ou a nossa mãe, não lhes recordamos o imenso amor, a dedicação constante e generosa que nos prodigalizaram em nossa infância? Pois bem; da mesma forma, em suas adorações no Cenáculo, a Santíssima Virgem repetia a Jesus tudo o que Ele havia feito para a glória de seu Pai; lembrava-Lhe seus grandes sacrifícios, e assim penetrava na graça da Eucaristia. O Santíssimo Sacramento é o memorial de todos os mistérios e renova-lhes o amor e a graça. Deveis à imitação de Maria, corresponder a esta graça, reavivando as ações de Nosso
Senhor, adorando todos os seus estados, e unindo-vos a eles.
A Santíssima Virgem tinha uma atração tão forte pela Eucaristia, que não lhe era possível separar-se do Santíssimo Sacramento; vivendo, portanto, n'Ele e por Ele. Passava os dias e as noites aos pés de seu divino Filho; porém, sem deixar de se entreter com os Apóstolos e os fiéis que A procuravam; seu ardente amor para com o Deus oculto transluzia então em seu semblante, e comunicava seus ardores a todos que A cercavam.
Ó Maria, ensinai-nos a vida de adoração! Fazei-nos encontrar, como vós, todos os mistérios e todas as graças na Eucaristia; reviver o Evangelho, e ler as suas páginas na vida eucarística de Jesus. Lembrai-vos, ó Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que sois a Mãe dos adoradores da Eucaristia.

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Nossos Modelos

Entre os santos personagens que ilustraram o século XVII, muitos nos mostram como podemos unir o culto da Eucaristia à devoção para com a Santíssima Virgem, fazendo-os se auxiliarem mutuamente.
O venerável Cardeal de Bérulle, que mereceu do Papa Urbano VIII o título de Apóstolo do Verbo Encarnado, e cuja predileção por Maria era mais angélica do que humana, e o Padre de Condren, que recebeu, conforme atestam os mais ilustres doutores de seu tempo, luzes sublimes sobre os mistérios, tinham o costume de oferecer a Santa Missa, aos sábados, em
honra da Santíssima Virgem. Mons. Olier, o santo fundador de São Sulpício e o reformador do clero na mesma época, imitou-lhes esta piedosa prática; fazia celebrar diariamente três missas, cujos frutos colocava entre as mãos da Santa Virgem, afim de que, oferecendo-os a seu Filho, obtivesse para a Igreja tesouros infinitos de graças.
Houve também um piedoso missionário jesuíta, em Québec, que propôs a São João Eudes, fundador da Congregação que tem o seu nome, um projeto de associação de padres, que se chamariam os Capelães de Nossa Senhora, e que se deveriam unir para oferecer o Santo Sacrifício segundo as intenções desta augusta Rainha do Céu, afim, dizia ele, de que o Filho de Deus se apresentasse ao seu Pai, no estado de Hóstia, pelas mãos puríssimas d'Aquela de quem se servira para descer até nós em se fazendo homem.
(Vida de m. Olier, t. II, passim,).

PRÁTICA — Oferecer nossas adorações a Jesus Sacramento pelas mãos de Maria.

JACULATÓRIA — Bendita sois entre as mulheres, ó Maria, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus Eucaristia!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

Meditações Preparatórias - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento


MEDITAÇÕES EXTRAÍDAS DOS ESCRITOS DO BEM-AVENTURADO
PEDRO JULIÃO EYMARD

 

Meditação preparatória

O mês de Maria é o mês das bênçãos e das graças, porque, como assegura São Bernardo, e com ele muitos santos, todas as graças nos vêm por Maria. É uma festa de trinta e um dias em honra da Mãe de Deus e uma preparação ao belo mês do Santíssimo Sacramento.

I. A profissão especial que fazemos de honrar a Eucaristia não deve diminuir a nossa devoção para com a Santíssima Virgem. Longe disso! Proferiria uma blasfêmia quem dissesse; Basta-me o Santíssimo Sacramento; não preciso de Maria! — Mas, onde encontraremos Jesus na terra senão em seus braços?
Não foi Ela que nos deu a Eucaristia? Foi o seu consentimento à Encarnação do Verbo no seu seio que iniciou o grande mistério de reparação para com Deus e de união conosco que Jesus realizou durante sua vida mortal e continua agora no Santíssimo Sacramento.
Sem Maria não poderíamos ir a Jesus, porque Ela O possui em seu coração: aí encontra Ele as suas delícias, e todos que quiserem conhecer as virtudes íntimas de Jesus, seu amor recôndito e privilegiado, devem procurá-los no Coração de Maria; os que amam esta boa Mãe encontram Jesus em seu coração tão puro.
Oh! jamais separemos Jesus de Maria; não poderíamos ir a Ele sem passar por Ela. Ouso mesmo afirmar que quanto mais amarmos a Eucaristia, tanto maior será nosso amor para com a Santíssima Virgem; amamos tudo quanto ama um nosso amigo; ora, existe por ventura uma criatura mais amada de Deus, mãe que tenha sido mais ternamente querida por seu filho do que foi Maria por Jesus?
Oh! sim, Nosso Senhor teria grande pesar se nós, servos de sua Eucaristia, não honrássemos deveras a Maria, porque Ela é sua Mãe; Nosso Senhor tudo lhe deve na ordem de sua Encarnação e de sua natureza humana; foi pela carne que d'Ela recebeu que Ele tanto glorificou a seu Pai, que nos salvou e que continua a alimentar e salvar o mundo no Santíssimo Sacramento.
Nosso Senhor quer que A honremos tanto mais agora quanto em sua vida mortal Ele pareceu ter se descuidado de fazer. Sem dúvida Ele A honrou em sua vida particular; porém, em público, deixou-A na sombra; antes de tudo tinha que afirmar e sustentar a sua dignidade de Filho de Deus.
   Mas hoje Nosso Senhor quer que de algum modo indenizemos à Santíssima Virgem de tudo quanto Ele não pôde fazer exteriormente por Ela; e somos obrigados, no interesse de nossa salvação, a honrá-l'A como Mãe de Deus e como nossa própria Mãe.

II. Visto que somos consagrados de uma maneira especial ao serviço da Eucaristia, e que somos adoradores, é nessa qualidade que devemos um culto particular a Maria.
Religiosos do Santíssimo Sacramento, Servas do Santíssimo Sacramento. Agregados do Santíssimo Sacramento, somos, pelo nosso estado, adoradores da Eucaristia; é o nosso belo título, abençoado por Pio IX. Que quer dizer adoradores? Quer dizer que somos ligados à Pessoa adorável de Nosso Senhor vivendo na Eucaristia. Mas, se pertencemos ao Filho, também pertencemos à Mãe; se adoramos o Filho, devemos honrar a Mãe, e somos obrigados, para entrar plenamente na graça de nossa vocação, e nela permanecer, a prestar um culto especial à Santíssima Virgem como Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.
Esta devoção não está muito espalhada, e este culto ainda não foi explicitamente adotado pela Igreja. É que o culto de Maria segue o de Jesus; segue-lhe as fases e o desenvolvimento. Quando honramos Nosso Senhor na Cruz, oramos a Nossa Senhora das Dores; quando meditamos a vida submissa e retirada de Nazaré, tomamos por modelo Nossa Senhora da vida oculta; a Santíssima Virgem acompanha todos os estados de seu Filho.
Maria ainda não tinha sido saudada com esse belo título de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Eis que o culto da Eucaristia se propaga; jamais, como em nossos dias, foi êle tão grande, tão universal; espalha-se por toda parte.
É a graça trazida ao mundo pela Imaculada Conceição. Sem dúvida, a devoção ao Santíssimo Sacramento não é nova; mas, presentemente, há uma outra manifestação da Eucaristia: o Deus oculto sai de seu Tabernáculo; por toda parte, dia e noite, faz-se a Exposição do Santíssimo Sacramento; a Eucaristia vai se tornar uma fonte de salvação para este século; o culto da Eucaristia será a sua glória e grandeza. Pois bem; a devoção a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento crescerá com o culto da Eucaristia.
Ainda não encontrei esta devoção explicada em livro algum; jamais ouvi falar nela, a não ser nas revelações da Madre Maria de Jesus, onde li alguma coisa da Comunhão de Maria, e nos Atos dos Apóstolos, em que vemos Maria no Cenáculo.

III. Que fez a Santíssima Virgem no Cenáculo? Adorou; foi a Rainha e a Mãe dos adoradores; foi, numa palavra, Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Vossa ocupação durante este mês será honrá-lA sob este belo título, meditar o que Ela fazia, e procurar compreender como Nosso Senhor aceitava as Suas adorações; descobrireis a perfeita união desses dois corações: o de Jesus e o de Maria, perdidos num só amor, em uma única e mesma vida. É necessário que a vossa piedade levante o misterioso véu que esconde a vida adoradora de Maria.
Ficamos admirados de que os Atos dos Apóstolos nada nos digam a respeito, e se contentem em deixar Maria no Cenáculo. Ah! é que toda a sua vida aí foi unicamente uma vida de amor e de adoração.
Como descrever o amor e a adoração? Como exprimir esse reinado de Deus na alma, e esta vida da alma em Deus? Não se pôde explicar; a linguagem não tem expressões para interpretar as delícias do céu, e assim acontece com a vida de Maria no Cenáculo.
São Lucas apenas nos diz que ali Nossa Senhora vivia e orava. Compete à meditação e ao amor estudar o interior desta vida. Tudo o que nos for possível avaliar de potência no amor, e de santidade e perfeição nas virtudes, podemos atribuir a Maria; mas, porque Ela viveu ali de união ao Santíssimo Sacramento, durante mais de vinte anos, todas as suas virtudes se revestiam do caráter eucarístico, alimentadas que foram pela comunhão, pela adoração, por uma constante união a Jesus Eucaristia. As virtudes da Santíssima Virgem atingiram no Cenáculo o apogeu de sua perfeição, uma perfeição ilimitada, por assim dizer, e somente ultrapassada pela perfeição das virtudes de Jesus Cristo.
Pedi a Nosso Senhor que vos revele o que se passava no Cenáculo entre Ele e sua Mãe; Ele vos dirá, certamente, algumas dessas maravilhas; não todas, porque não poderíeis entendê-las, porém uma parte, e isso fará a vossa felicidade.
Quanto me sentiria feliz se pudesse compor um mês de Maria adoradora! Para isto é necessário rezar e meditar muito; é preciso compreender a ação de graças do amor de Maria. Eis o que eu desejo ardentemente; mas, para consegui-lo, é mister maior preparação. (1)

IV. Efetivamente, todos os mistérios da vida de Nossa Senhora revivem no Cenáculo. Se meditardes o nascimento de seu Filho em Belém, completai o Evangelho, e vereis o nascimento eucarístico deste mesmo Filho no altar. A fuga para o Egito? Não vedes que Nosso Senhor ainda está no meio de bárbaros e de estranhos em tantas cidades e aldeias nas quais se fecham as Igrejas e onde ninguém vai visitá-lO? E sua vida oculta em Nazaré? Não está Ele ainda mais escondido aqui? Completai pela Eucaristia todos os mistérios e meditai a parte que Nossa Senhora tem neles.
O essencial é procurar praticar uma das virtudes da Santíssima Virgem; escolhei, de preferência, as mais humildes, as mais pequeninas; já as conheceis; depois, gradualmente, chegareis até as suas virtudes interiores, até o seu amor.
Ademais, oferecei todo dia um sacrifício; vede o que mais vos há de custar; há sacrifícios que podemos prever, como tal pessoa a visitar, certa coisa a fazer. Oferecei, pois, esse sacrifício, que há de contentar a Santíssima Virgem e será mais uma flor acrescentada na coroa que Ela deseja oferecer em vosso nome a seu Filho no dia de sua festa, a bela festa do Corpo de Deus.
Se não puderdes prever sacrifícios particulares, conservai-vos pelo menos no propósito firme e generoso de aceitar todos os que Deus vos enviar; cuidai em apanhar em pleno voo esse pássaro do céu. Há mensageiros de Deus que nos trazem graças ocultas em uma coroa de espinhos. Deveis recebê-los bem. Um sacrifício pressentido dá lugar à reflexão, e o raciocínio diminui-lhe o valor; ao passo que os sacrifícios imprevistos, feitos generosamente, sem exame, são mais meritórios. Deus nos quer surpreender, e nos diz apenas: "Estai preparados!" E a alma fiel está disposta para tudo que Deus quiser. O amor gosta de surpresas. Não deixeis passar tais ocasiões. Para isso, é bastante ser generoso.
Oh! quanto é bela a alma generosa! Deus é por ela glorificado; e referindo-se a esta alma, o Senhor repete, com um sentimento de júbilo e admiração, o que dissera de Job: "Viste meu servo Job?..." Quem ama não deixa passar esses sacrifícios; está sempre alerta, e ao sentir que se aproxima uma cruz, prepara-se para recebê-la bem.
Vamos, honrai a Santíssima Virgem por um sacrifício cotidiano; ide a Jesus por Maria; segui-lhe os passos, abrigai-vos sob seu manto; revesti-vos de suas virtudes; sede apenas uma sombra de vossa Mãe; oferecei a Nosso Senhor todas as suas virtudes, seus méritos e ações; para isto, nada mais tendes a fazer do que tomá-los de Maria e dizer a Jesus: "A vós ofereço as riquezas adquiridas por minha boa Mãe." E Nosso Senhor ficará contente convosco.

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(1) 0 Bem-aventurado pôs mãos à obra; deixou-nos algumas meditações sobre a vida adoradora de Maria. Penetrou no íntimo da vida de Nossa Senhora e procurou nos revelar os sentimentos de seu coração, a intensidade do seu amor. São estas as meditações que se encontram no presente volume.   Afim de apresentar diariamente, no mês de maio, uma delas, reunimos todas as instruções do Bem-aventurado sobre a SSmn. Virgem, nas quais, sem excepção, ele nos apresenta Maria unida a Jesus Cristo e d'Ele recebendo ou a Ele referindo todas as suas graças e perfeições; e visto que a Eucaristia é o próprio Jesus Cristo, a Santa Virgem é, consequentemente, nestas meditações, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento.

  
O capelão de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Nossa Senhora recebe a Santa Comunhão de São João Evangelista

Sentimos necessidade de um modelo, um patrono, um guia, em nossa devoção a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Escolheremos São João Evangelista. Jesus lhe confiou sua Mãe, e São João celebrava diariamente a Santa Missa em presença de Maria; era ele que, tomando de sobre o altar o Pão divino, o depunha nos lábios da Santíssima Virgem: "Mãe, eis vosso filho!" Ecce filius Tuus! ó meu Deus! que palavra e que momento! São João foi testemunha das adorações de Maria; foi o confidente de seu amor; e se ele conseguiu falar tão divinamente da Eucaristia, se entoou esse belo cântico de ação de graças que o seu Evangelho encerra, foi porque, além de o haver recolhido dos próprios lábios de Jesus, escutou a Santa Virgem repeti-lo. "O Salvador deu São João à Maria, diz M. Olier, não somente para que ele ficasse em seu lugar de filho, mas ainda para que proporcionasse a sua Mãe Santíssima, pelos santos mistérios que celebrava para Ela, e segundo suas intenções, o meio de lhe satisfazer os anelos ardentes do coração quanto ao estabelecimento da Igreja; e também o meio de se consolar da ausência de seu Filho, que era a felicidade de se nutrir diariamente de seu divino Corpo." (Vida de M. Olier, tomo II, 3ª. parte, p. 207).
Haveis de nos ensinar, ó glorioso Capelão do Cenáculo, a conhecer os mistérios da vida de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento; fazei que possamos partilhar as suas disposições, todas às vezes, que, a seu exemplo, recebermos ou adorarmos o Deus da Eucaristia.

PRÁTICA — Cumprir todos os deveres eucarísticos em união a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.
JACULATÓRIA — Salve, ó Maria, de quem nasceu Jesus-Hóstia!
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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962