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6o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Anunciação
(Luc. T. 26 e seg..)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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   I. Ao meditarmos as circunstâncias do mistério da Anunciação, descobrimos em Maria as mais sublimes qualidades.
Que glória para Maria ter sido chamada a tomar parte nessa obra da Encarnação do Verbo, a mais grandiosa das obras divinas! Que sublimes virtudes nos ensina com seu exemplo!
   Um arcanjo é enviado por Deus: o arcanjo da força divina, e vem trazer da parte de Deus uma mensagem a uma criatura. Foi esta a missão mais importante que a um mensageiro celeste coube desempenhar. E esse anjo baixa dos céus cheio de glória, belo como um astro, resplandecente dos raios da divindade.
   A quem se dirige ele? Ah! se o mundo tivesse sido informado da partida desse mensageiro celeste, sem dúvida teria procurado entre os ricos e poderosos do século o feliz mortal a quem era destinada a grande mensagem, porque o mundo julga de boa mente que a perfeição se encontra na grandeza. Mas o Anjo se dirige a uma virgem humilde, desconhecida, de quinze anos de idade, legalmente desposada com um modesto operário, e habitando uma casinha pobre, em cidade pouco conhecida e mesmo desprezada. Dirige-se a Maria! — Como é possível?! Tanto aparato para uma jovem de condição tão modesta?! — Sim. — O prestígio social desaparece bem depressa, não é? Isto serve de confusão para o orgulhoso espírito humano, que dá valor somente ao que tem, brilho, e apreço ao ouro e aos diamantes; mas, que é tudo isso?  No dia do juízo final serão estas coisas calcadas aos pés como o lodo da terra, servindo de pavimento ao inferno. O Anjo se dirige, pois a uma virgem. Deus não estabelece intimidade senão com as almas puras; perdoa o pecador, mas se une tão somente às almas em que reina uma pureza extrema.
   O Anjo se apressa em saudar Maria, porque, efetivamente, é inferior a Ela. Maria, nesse momento, é soberana, e desde que se tornou objeto dos desígnios divinos, tem nas suas mãos a sorte do mundo. Quão poderosa é, então, esta humilde virgem!
Ave, cheia de graça! É Maria a única cheia de graça entre as filhas de Eva. Quanto a nós, somos cheios de misérias do pecado original; Maria é pura como o sol; Deus plasmou-A de uma argila especial, moldando-A com particular esmero.
   O Senhor é convosco. — Sim, porque Ele habita na pureza de vosso coração como num paraíso de delícias, e vossas virtudes são flores que exalam em sua presença os mais suaves perfumes. A que hora apareceu o Anjo? O Evangelho não diz; pensam os comentadores que foi à meia noite, no instante em que termina um dia e começa o outro. Maria é a aurora
mística que separa as trevas da luz. A chegada do Anjo, estava em oração, suspirando pela vinda do Messias, o que se pode presumir, sem receio de errar, baseado em que Deus concede geralmente às almas um dom de oração em conformidade com a graça que lhes deseja comunicar, preparando-as para isto. Orai também vós com Maria, nessa hora solene da Encarnação, e, mais tarde, no Nascimento do Filho de Deus feito homem, e adorai em união com Ela o Deus que se encarna por vosso amor.
   Maria se perturba. É próprio das virgens, diz Santo Ambrósio, perturbar-se à aproximação de um homem e recear suas palavras. Maria se perturba também com os elogios que lhe são dirigidos, se bem que os merecesse; a verdadeira virtude, porém, não se reconhece.
   O Anjo tranquiliza Maria. Eis o característico das visões divinas; a princípio, perturbam; depois, infundem a paz. Ao contrário, as visões diabólicas começam pela paz e acabam pela guerra.
   Concebereis um filho a quem chamareis Jesus. Nome celeste, nome divino, que nenhum homem podia inventar, mas que devia ser trazido do céu por um Anjo. Este filho será poderoso, e chamado o Anjo do grande Conselho, o Forte, o Admirável.
   A Santíssima Virgem porém dedicava um tal amor à virgindade que consagrara a Deus, que não acede logo. "Como se cumprirá esse mistério?" pergunta Ela. "Sou virgem, e virgem quero permanecer". — Que momento! Maria tem, por assim dizer, os céus e a terra suspensos! Deus espera o consentimento dessa humilde donzela! Não podia dispensá-lo, e Maria, nesse instante, é mais poderosa que o próprio Deus. Como pode o Senhor submeter-se a essa espécie de inferioridade diante de Maria? Ah! porque a tudo mais Ele preferia a virgindade de sua Mãe!
   O Anjo cede, pois, em nome de Deus. Maria triunfa e ouve estas palavras: "A virtude do Altíssimo vos cobrirá com sua sombra, e, vos tornando Mãe, permanecereis virgem."
   E Maria responde: Esse ancilla Domini — Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra. — Oh! palavra profunda, palavra admirável e cheia de humildade! Quantas coisas se encerra nesse Ecce! Quando a Igreja vos apresenta a sagrada Hóstia antes da Comunhão, vos diz: Ecce agnus Dei; quando São João quis mostrar Nosso Senhor a seus discípulos, também lhe disse: Ecce.
   É porque esta palavra encerra o dom completo de si mesmo Eis-me aqui inteiramente à disposição do Senhor.  É um ato de fé perfeito.
   Maria não diz: "Eis aqui a Mãe do Senhor, se bem que assim fosse no mesmo instante; quanto mais Deus eleva os santos, tanto mais se tornam humildes. Com muita razão pode São Bernardo dizer de Maria: Virginitate placuit, humilitate concepit. Tornou-se agradável ao Senhor por sua virgindade, e O concebeu por sua humildade.
   Notai a sobriedade das palavras de Maria; apenas diz o estritamente necessário; o silêncio e a modéstia são a salvaguarda da pureza.
   O Espírito Santo opera então em Maria sua obra divina. O consentimento dessa pobre donzela transformou a face da terra. Deus reassume o seu domínio: vai recomeçar suas relações com os homens de um modo mais perfeito e mais duradouro do que no paraíso terrestre.
   Este mistério nos enobrece, trazendo Deus à terra. É no mesmo tempo um mistério todo interior, um mistério de comunhão. Na Santa Comunhão, Jesus Eucaristia se encarna em nós de uma certa maneira, e a Comunhão é o fim de sua Encarnarão. Ao comungarmos dignamente, entramos no plano divino e o completamos. A Encarnação prepara e anuncia a
Transubstanciação.
   Maria não recebe o Verbo somente para si; compraz-se em que participemos de sua felicidade. Una-mo-nos pois, à Virgem quando recebemos Jesus, entoemos seu Magnificat; grandes coisas operou n’Ela o Senhor, nesse mistério, e vindo a nós também realiza grandes coisas.
   Oxalá possamos imitar suas virtudes, afim de que Jesus Cristo encontre em nós, como em sua santa Mãe, uma digna e agradável morada!

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A Santíssima Virgem recompensa Santo André Corsini por sua devoção para com a Santa Eucaristia

   Santo André Corsini, já ilustre por suas virtudes e santidade, foi, por insistentes pedidos de seu povo, e não obstante as resistências de sua humildade, elevado às sagradas Ordens. Apesar dos desejos de seu pai de que a sua primeira Missa fosse celebrada na Matriz da cidade, com toda a pompa possível, o Santo obteve de seu Superior licença para oferecer seu primeiro Sacrifício em um convento solitário e perdido no meio do bosque, onde pôde então se abismar no amor da Hóstia Santa que imolava. A atitude corajosa do Santo foi tão agradável a Maria que, lhe aparecendo logo depois da Comunhão, lhe disse: "És meu servo, eu te escolhi e me glorificarei em ti, André."
   Esta boa Mãe nos manifesta, por esta graça, o prazer que lhe causam o nosso respeito e amor para com seu divino Filho presente no Santíssimo Sacramento.
(Bolland. 5 fevereiro).

PRÁTICA — Evitar toda palavra, movimento brusco e dissipação na presença do Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — O fruto de meu seio. Jesus-Hóstia, é mais precioso do que todo o ouro e prata do mundo. Et fructus meus pretiosior auro et argento. (Eccles.)

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

5o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A apresentação de Maria no templo



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.

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I. Maria não teve infância, no sentido rigoroso da palavra; não se entregou a folguedos pueris, nem conheceu a volubilidade, a inconstância e ignorância das crianças. Desde sua conceição teve o conhecimento de Deus, e começou a merecer; todas as suas faculdades se elevavam para o seu Deus e n'Ele se fixavam; Deus era sua vida. Somente o seu corpo foi submetido à debilidade e à pequenez da infância. Logo que pode caminhar sozinha, pediu a seus pais que lhe permitissem recolher-se ao Templo: contava apenas três anos de idade. Recebida entre as donzelas consagradas ao Senhor, ali permaneceu doze anos. Nada sabemos acerca de sua vida nesse lugar, a não ser que vivia oculta aos olhos dos homens e que praticava todas as virtudes. Piedosos escritores e santos Doutores, tais como Cedreno e São João Damasceno, dizem que Maria procurava, de preferência, conviver com as crianças que sofriam, dispensando-lhes cuidados nas enfermidades e consolando-as em suas pequenas tristezas. Quando surgia qualquer desavença, a pequenina Maria era logo chamada pura conciliar as partes e restabelecer a paz, que sabia difundir onde se encontrava. A sua vida, de grande simplicidade, não chamava a atenção, fazendo-se Ela a serva e a última de todas, de nada se desgostando, e acorrendo ao encontro dos desejos de suas pequeninas companheiras. Os anjos A protegiam estava sempre rodeada pelos espíritos celestiais; o demônio não podia se aproximar d’Ela, assim protegida por tão fiéis guardas; Maria, portanto, era esse jardim fechado que ninguém pôde abrir a não ser o Esposo dileto.

II. É justamente nessa vida oculta no Templo que Maria deve ser nosso modelo. Deus preparava Maria, no segredo, no silêncio, e sem que Ela percebesse, para a grandiosa missão que deveria desempenhar. Mais tarde, Nosso Senhor há de se preparar também para sua missão evangélica por trinta anos de silêncio em Nazaré; e. depois, preparou os seus discípulos durante três anos para a manifestação do mistério da Eucaristia, revelando-lhes somente na véspera de sua morte todo o seu amor.
O retiro e o silêncio são a alma das grandes coisas. Nosso Senhor não permitiu que Satanás conhecesse que Ele era o Filho de Deus; se o demônio tivesse disto a certeza, jamais teria instigado os judeus a darem a morte a Jesus. Satanás ignorava, do mesmo modo, que esta donzela seria mais tarde a Mãe de Deus. Enquanto uma obra permanece em segredo, desconhecida do mundo, está garantido o seu desenvolvimento; porém, apenas o demônio a descobre e a revela ao mundo, este investe contra ela, combatendo-a com todas as forças. Se o grão lançado na terra for muitas vezes revolvido não poderá germinar; importa deixá-lo em repouso, enterrado. O mesmo sucederá convosco; se quiserdes crescer, escondei-vos e permanecei ignorados do mundo; do contrário, o demônio há de vos suscitar muitas contrariedades, e o sopro do amor próprio vos perderá.

III. Nosso Senhor vem nos preparando há muito tempo; desde a infância nos rodeou de graças, afim de nos introduzir mais tarde no Cenáculo de Sua Eucaristia; agradeçamos pois, muito, a Deus. Apesar de não nos termos dado a Ele em tão tenra idade como Maria, estamos, contudo, na infância da vida eucarística, cuja manifestação apenas se inicia. E Nosso Senhor nos escolheu como os primeiros a quem seria concedida esta graça.
A Santíssima Virgem no Templo adorava a Deus em espírito e em verdade: apressava, por suas orações e ardentes desejos, a vinda do Messias Salvador.
Quanto a nós, O adoramos realmente presente em nossos altares, sem precisarmos clamar por Ele, de longe, como Maria. Está conosco, no meio de nós, possuímo-lO sempre. Imitemos este silêncio, este retiro, esta vida oculta na Eucaristia.
Hoje em dia só se pensa em galgar posições e gozar imediatamente as suas vantagens; ninguém sabe esperar: força-se a planta; esta, ao princípio, produz muito, mas no fim de algum tempo se esgota e morre.
Abraçai, portanto, a vida simples e oculta, os empregos modestos de vossa posição; alegrai-vos por não serdes conhecidos, escondei debaixo do alqueire a pequenina chama de vossa lâmpada, pois o menor sopro poderia apagá-la.
Maria se consagra a Deus prontamente, inteiramente, e para sempre. Faz a doação total de si mesma: seu espírito, seu coração, sua liberdade; nada se reserva. Oh! entreguemo-nos inteiramente a Jesus Sacramentado, que, por sua vez, se dá todo a nós! É fácil dizer: "Meu Deus, consagro-me totalmente a vós" porém é difícil realizar plenamente esta resolução. Contemos com a sua graça e o auxilio de nossa Mãe, e quando se apresentarem as ocasiões, lembremo-nos de sua perfeita consagração a Deus; seu exemplo será o nosso estímulo e a nossa força.

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Jamais separemos Jesus de sua Mãe Santíssima

São Jacinto, da Ordem dos Irmãos Pregadores, tendo notícia de que os Tártaros iam atacar a cidade de Kiew, onde ele morava, correu à Igreja do Convento e retirou o santo Cibório, afim de subtrair seu divino Mestre à impiedade desse bárbaros infiéis. Ao sair da Igreja, levando seu tesouro, uma estátua de Maria, grande e pesada, que se achava perto da porta, chama-o por três vezes. Jacinto, admirado, pergunta à Santíssima Virgem o que deseja e Maria lhe responde: '"Meu querido Jacinto, como queres tu subtrair o Filho aos ultrajes dos bárbaros e lhes deixas sua Mãe?" E ante a excusa do Santo alegando não lhe ser possível carregar uma estátua tão pesada, a Virgem replicou: "Oh! se me tivesses um pouco de amor, seria fácil carregar-me; pede a meu Filho e Ele tornará leve esse fardo." O Santo, sem hesitar, toma a imagem e a transporta tão facilmente como se fora uma flor.
E assim, com o Santíssimo Sacramento sobre o peito, e a imagem de Maria entre os braços, atravessou, sem ser importunado, as linhas inimigas, e se dirigiu para Cracóvia, onde chegou sem incidente desagradável. (Rossignoli).

PRÁTICA — Repetir continuamente: Maria o Jesus! Jesus e Maria!

JACULATÓRIA — Encontraram o Menino com sua Mãe e prostrando-se O adoraram.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

4o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Natividade da Santíssima Virgem
ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Alegremo-nos e saudemos jubilosos o berço de Maria. O nascimento de nossa Mãe e Soberana faz a alegria do Céu, a consolação da terra, e o terror do inferno. Eis que aparece a mulher forte, a Mãe predestinada do Messias.
O lugar e as circunstâncias de seu nascimento são desconhecidos, mas é de crer que tenha nascido na pobreza, como seu divino Filho, e em Jerusalém. Sant’Ana e São Joaquim eram pobres, e viviam do dízimo do Templo, como pertencentes à família levítica. Maria porém, nasce com a auréola de grandezas que ultrapassam todas as riquezas das filhas deste
mundo.

II. Maria possui todas as dignidades humanas; nasce filha, irmã e herdeira dos Reis de Judá. O Verbo quer que sua Mãe pertença à estirpe real; quer, segundo a carne, ser irmão de reis, afim de mostrar sensivelmente que d'Ele procede toda a realeza; por isso, os próprios reis virão adorá-LO como a seu Senhor e soberano dominador. Sua Mãe é portanto, rainha. É verdade que, assim como seu Filho será um rei sem domínio terrestre, sem riquezas, nem exércitos, Ela também será pobre e desconhecida; tudo isto não constitui a realeza, mas somente o seu esplendor; o direito subsiste ainda mesmo quando não é reconhecido. Aliás, dia virá em que a realeza de Maria, bem como a de seu Filho, há de ser proclamada e honrada: a Igreja a saudará como sua Rainha, a Rainha do céu e da terra. Salve Regina! O anjo anunciara: "Dabit illi sedem David patris ejus". — (Luc. I, 32). O Senhor restituirá a vosso Filho, ó Maria, o trono de David seu pai. Mas será preciso reconquistá-lo por meio do combate da humildade, da pobreza e do sofrimento.

III. Maria possui todas as grandezas sobrenaturais. A grandeza sobrenatural é o reflexo de Deus sobre uma criatura que Ele associa ao seu poder e à sua glória. Ora, o que faz Deus por Maria? Quis associá-la ao seu grandioso e divino mistério; o Pai lhe dá o nome de filha, o Filho A venera como sua Mãe, e o Espírito Santo A protege como sua Esposa. Maria foi chamada a cooperar nas grandes obras da omnipotência divina, e foi associada ao império do próprio Deus. Contemplai-A, pois, nesse belo dia do seu nascimento! Vede-A, com São João, revestida de sol — "amicta sole", provinda de Deus e resplandecente dos fulgores divinos; está, por assim dizer, invadida pelos raios da Divindade, semelhante a um cristal puríssimo penetrado completamente pelo sol. E a lua, sob os seus pés, significa que o seu poder é inabalável, que a Virgem Santíssima desafia a inconstância, tendo vencido, para sempre, o dragão infernal. Sua fronte está cingida por um diadema de doze estrelas que representam as graças e virtudes de todos ou eleitos. Maria é como que o centro da criação; Jesus colocou em suas mãos todos os meios da Redenção; e os santos formam a sua coroa, porque todos são obras de seu amor e de seu patrocínio.

IV.   Maria nasce com todas as grandezas pessoais. Fora enobrecida com os dons de Deus. mas isso não basta; ao nascer, ostenta a riqueza de méritos pessoais; possui tesouros infinitos de merecimentos adquiridos durante os nove meses de adoração silenciosa e ininterrupta no seio materno, onde, penetrada pela luz divina, se entregou inteiramente a Deus, consagrando-Lhe um amor de que não podemos fazer a menor ideia.   Nasce, pois, com os tesouros que conquistou, e com as riquezas que agenciou.  Oh! se tivéssemos podido presenciar espiritualmente o nascimento de Maria, contemplar este sol no momento em que surgiu no oceano do amor de Deus!  Em sua inteligência, a mais pura luz; em seu coração, o mais ardente amor; em sua vontade, a mais completa dedicação; jamais criatura alguma teve igual nascimento.
Assim, no seu pequenino berço, é objeto das complacências da Santíssima Trindade e da admiração dos anjos! Quem é esta criatura privilegiada, perguntam eles entre si, rica de tantas virtudes e cumulada de tamanha glória desde o alvorecer da vida? Quae est ista?
E os demônios estremecem; veem-na adiantar-se para eles, forte como um exército em ordem de batalha; pressentem a humilhação da derrota de seu chefe, antevendo a guerra implacável que lhes fará essa recém-nascida: Sicut acies ordinata...
O mundo, porém, rejubila.  Vemos chegar nossa libertadora; seu nascimento nos anuncia o nascimento de nosso Salvador.  Oh! sim, alegremo-nos: "Nativitas tua gaudium annuntiavit universo mundo." (Sacr. Liturg. in fest.).
E nós, adoradores, devemos nos regozijar porque Maria nos traz o nosso Pão de vida, e, desde esse dia, cumpre-nos saudá-lA como a aurora da Eucaristia, porque sabemos que é d'Ela que o Senhor há de tomar a substância do corpo e do sangue, que nos será dada em alimento no Mistério de Seu amor.

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São Pedro de Verona e os maniqueus

   Um rico e fervoroso católico do território de Milão costumava oferecer hospitalidade a São Pedro de Verona em suas viagens apostólicas. Certa noite, Pedro chega exausto de fadiga; seu amigo, sempre tão respeitoso e solícito, limita-se apenas a lhe abrir a porta. Como explicar semelhante transformação?... No correr da palestra, se desvenda o segredo. Um herege maniqueu, em visita ao bom hospedeiro, lhe exprobara a hospitalidade que oferecia ao "inimigo da verdade", dizendo-lhe ainda: "Vem, e te mostrarei a Santa Virgem, que há de te falar melhor". Vencido pela curiosidade, acompanhou o seu interlocutor à assembleia dos maniqueus. Uma senhora, refulgente de luz, apareceu sobre o altar, com o seu filho nos braços: "Meu filho, disse ela, estás vivendo no erro, a verdade está aqui e não com os católicos; é a própria Mãe de Jesus que assim te fala". Convencido, o infeliz se tornara maniqueu.
   "Ide avisar ao homem que vos falou, que eu também me tornarei maniqueu se ele me mostrar a Santa Virgem", disse Pedro. O hoteleiro se apressou em dar a notícia ao seu novo amigo, que o recebeu com alegria. Pedro passou a noite em oração. Pela manhã, ao celebrar a Santa Missa, encerrou uma hóstia consagrada em um pequeno cibório portátil, que colocou respeitosamente sobre o peito. Assim limado, dirigiu-se à assembleia dos maniqueus. O sectário que desempenhava o papel de médium fez aparecer sobre o altar a refulgente senhora, que lançou em rosto do visitante sua ignorância da verdade. Pedro, então, elevando a Hóstia santa, exclamou: "Se és verdadeiramente a Mãe de Deus, adora o teu Filho!" A estas palavras, o fantasma se desfez em nuvem de fumaça negra, deixando a sala impregnada de um mau cheiro horrível. O demônio fugira à vista do seu Senhor.
(Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento).

PRÁTICA — Oferecer a Deus pelas Mãos do Maria os frutos do Santo Sacrifício da Missa.

JACULATÓRIA — Nós vos saudamos, ó Maria, que nos trazeis, de tão longe, o nosso Pão de vida, a Divina Hóstia!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962


3o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

O dote de Maria Imaculada


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. No dia da sua Imaculada Conceição. Maria recebeu um dote magnífico, proporcionado aos seus deveres sublimes e a sua incomparável dignidade de Mãe de Deus; recebeu, nesse momento, o tesouro de graças que faria d'Ela a co-redentora do gênero humano, associando-A a obra de nossa salvação.
Não duvido que o privilégio da Imaculada Conceição supere todas as graças concedidas a Maria, mesmo a graça da sua maternidade divina. É, sim, menor que esta quanto à dignidade; porém, aos olhos de Deus e para Maria, é mais importante; é o fundamento e a origem de todas as dignidades e de todos os privilégios que lhe serão conferidos mais tarde.
Valeria pouco ser Mãe de Deus e ao mesmo tempo pecadora. O que constitui a grandeza diante de Deus não é a dignidade que Ele confere, porém a santidade e a pureza com que a sustentamos. Lançai sobre os ombros de um mendigo um manto de púrpura, não deixará de ser um mendigo. A Imaculada Conceição, tendo sido a causa da pureza e da santidade de Maria, é, pois, a mais sublime de suas graças; por isso, desde o momento de sua criação, foi a Santíssima Virgem mais agradável a Deus do que todos os seres reunidos, e um só ato de amor dessa débil criatura, ainda oculta no seio materno, mais meritório e de maior glória para Deus do que todo o amor dos santos e dos anjos em conjunto. Os juros são sempre proporcionados ao capital; Maria possui um fundo de graças ilimitado, que produz o cêntuplo.

II. A Imaculada Conceição é o ponto de partida de todas as virtudes de Maria; é a sua virtude soberana, no sentido de que Ela trabalhou sempre, e fez render o cabedal de graças então recebido. É princípio aceito que Maria jamais foi infiel à menor inspiração do Espírito Santo, e fez frutificar, em toda a sua extensão, as graças que lhe foram concedidas. Nenhum santo atingiu esse ponto; fica-se, de ordinário, muito aquém da correspondência às graças.
Por isso, o Anjo A saúda "cheia de graça" — O Senhor é convosco, lhe diz ele, convosco sempre, em toda parte; em vós não se encontra vácuo que não seja preenchido pela graça.
Ah! Maria foi fiel a todos os seus deveres, fiel a todos os desejos do Senhor! Jamais se descuidou da menor parcela do bem a praticar; recebeu sempre os raios da santidade de Deus, absorvendo-os inteiramente sem desperdiçar nenhum.
E esta fidelidade a todas as graças fê-la progredir continuamente nas virtudes. Maria velava sobre o seu tesouro como se o pudesse perder. Grande lição para nós! Quaisquer que sejam as graças que recebermos, sejamos atentos em conservá-las! Maria, confirmada em graça, não por natureza, mas em consequência de sua união com Deus, Ela, de quem jamais tentação alguma ousou se aproximar, vela sobre si mesma, trabalhando incessantemente na obra de sua santificação; caminha e se eleva sempre. Recolhe-se ao Templo na idade de três anos, para fugir do mundo; treme diante da presença de um anjo, puro espírito, a lhe falar exclusivamente de Deus! Contudo, não julga fazer bastante. Mais tarde, sofrerá um verdadeiro martírio, e sem conforto; vai assim bordando a veste de sua Imaculada Conceição, enriquecendo-a e adornando-a das mais belas flores de virtudes. É sempre esta graça inicial que Ela desenvolve e embeleza por suas virtudes e sacrifícios.

III. A Imaculada Conceição é ainda a medida de seu poder e de sua glória. Somente a pureza e a santidade nos tornam poderosos junto de Deus, que opera as grandes coisas por meio das almas puras; só atende Ele às vozes inocentes ou purificadas. E a pureza de Maria jamais foi empanada pela menor mancha. Qual será, pois, o seu poder? Diz-se que a mãe é omnipotente sobre o coração do filho; mas, quando perde a sua dignidade, não tem mais poder.
Que se poderá recusar, porém, se Ela for pura? Salomão disse a sua mãe, depois que ela fez penitência: "Nada vos posso recusar". Que diremos então de Maria, visto que todas as graças passam por suas mãos e que é Ela o reservatório dessas graças? Na ordem da salvação, Jesus lhe entregou todos os poderes.
E a glória de Maria? Sua pureza lhe mereceu tornar-se Mãe do Rei, e hoje está sentada num trono à direita do seu Filho; exceto a adoração, recebe todas as honras e homenagens; é tão bela e tão gloriosa, que por si só faria a felicidade do paraíso!

IV. Assim, pois, todas as graças, as virtudes, o poder e a glória de Maria derivam de sua Imaculada Conceição e formam seu magnífico dote. O Batismo nos purifica, nos tornando imaculados, sem mancha; logo que a criança o recebe, se transforma em templo de Deus, num paraíso; com que vigilância devemos conservar essa pureza batismal! E se a tivermos perdido podemos nos purificar por meio da Penitência; é necessário ser puro. Não falo somente da pureza dos sentidos; é mister, além disso, uma grande pureza em todas as nossas ações, em nossa vontade, em todas as nossas intenções: em resumo, a pureza da vida; nisto se encerra tudo. Sem a pureza não podemos agradar ao Deus da Eucaristia, que é todo pureza; somente os corações puros conseguem vê-LO, atravessando os véus que O encobrem. Manifesta-se Ele unicamente ao coração puro porque a pureza é o amor, a delicadeza da amizade que não quer desagradar. Por isso é que a finalidade de Nosso Senhor vindo às nossas almas, é purifcar-nos cada vez mais; purificando-nos, nos santifica; santificando-nos, nos une mais intimamente a Ele, e quando estivermos bem puros nos atrairá a Si e nos coroará no céu.

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A Santa Virgem vela sobre as Santas Hóstias
Paterno (Itália) — 1772

Em 28 de janeiro de 1772, a aldeia de São Pedra de Paterno, situada a cerca de duas milhas de Nápoles, foi teatro de horrível sacrilégio: uns ladrões roubaram do tabernáculo dois cibórios contendo uma centena de hóstias consagradas, que foram depois encontradas graças a uma intervenção milagrosa: apareceram luzes nos dois lugares onde haviam sido escondidas. A primeira vez, na manhã de 26 de fevereiro desse mesmo ano, um Sacerdote de Nápoles, cavando a terra ao pé de um álamo que se tornara resplandecente, teve a consolação de recolher quarenta: apesar de um rigoroso inverno e chuvas torrenciais, estavam brancas, intactas, em perfeito estado de conservação, tendo apenas as bordas levemente salpicadas de lama. Além disso, a terra que estivera em contacto com o Corpo de Jesus Cristo, e que se recolhera absolutamente seca em uma toalha muito limpa, começou a destilar uma água puríssima. Na tarde da quinta feira seguinte as outras hóstias foram encontradas da mesma maneira milagrosa: como as primeiras, estavam perfeitamente conservadas.
Apraz-nos citar aqui o testemunho do Cura de Paterno, Matias d'Anna, e que constitui o eco de uma tradição corrente no lugar. Durante o tempo decorrido entre o roubo sacrílego e a aparição das luzes, um arrieiro chamado Francisco Jodice, de 27 anos de idade, ao voltar de Nápoles à tarde, via sempre, no lugar onde as hóstias haviam sido enterradas, uma senhora que se apoiava numa árvore. Uma tarde, atreveu-se a perguntar-lhe o que fazia tão sozinha nesse lugar: "Estou aqui, lhe responde Ela, fazendo companhia a meu Filho!" Quando as hóstias consagradas foram descobertas, todos compreenderam que esta senhora devia ser a augusta Virgem Maria.
O Vigário Geral de Nápoles fez o reconhecimento canônico das santas Espécies, objeto de tantas maravilhas, e encerrou-as em dois cilindros de cristal fechados com aros de prata, afim de que pudessem elas ser expostas a veneração dos fiéis. (Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento, pelo Padre Eugênio Couet).

PRATICA — Em todas as comunhões pedir, por intercessão de Maria, a pureza de uma vida perfeita.

JACULATÓRIA — Cantaremos vossos louvores, ó Maria, gloriosa cidade do Deus Eucarístico!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

2o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Imaculada Conceição e a Comunhão



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. A Imaculada Conceição de Maria foi predita desde o paraíso terrestre. A Santíssima Virgem é aquela mulher privilegiada que com o seu calcanhar esmagou a cabeça da serpente infernal. Deus, criando Maria Imaculada, alcançou a maior vitória sobre o demônio, restabeleceu o Seu império sobre a terra e assumiu, na sua criação, o seu papel de senhor absoluto. Foi acima de tudo para a Sua glória que Ele preservou Maria da culpa original, porque, em todas as suas obras, Deus considera, em primeiro lugar, os interesses desta mesma glória.
A criatura pela culpa e mancha de seu nascimento não podia ser inteiramente possessão de Deus; Satanás se apoderava da alma logo ao ser criada. Deus criava e Satanás se apossava da obra de Deus. A glória de Deus era humilhada em suas criaturas, e quando o Senhor expulsou Adão e Eva do paraíso terrestre, Satanás triunfou de Deus; foi esta a sua vitória.
Eis que aparece Maria; Deus A protege e preserva por um privilégio todo particular; Ela passa pela concepção natural como todos os homens descendentes de Adão, porém Deus, para sua honra, quer conservá-lA pura. Eva, a primeira mãe, foi manchada; Maria, a verdadeira mãe dos vivos, será imaculada. Deus A encobre com sua sombra; Ela é seu jardim fechado, sua fonte selada; somente o Rei há de beber de suas águas. Satanás não ousará se aproximar de Maria; ela nasce entre os braços do amor de Deus: "Dominus possedit me in initio viarum suarum" (Prov. VIII, 22); é a verdadeira filha de Deus: Primogenita ante omnem creaturam. (Eccli. XXIV, 5.) O Verbo não devia se envergonhar de sua Mãe. Por isso, dotou-A com a plenitude de seus dons, de tal modo que, em Maria, Deus contemplava sua honra e sua glória!
As três pessoas da Santíssima Trindade concorreram para a Imaculada Conceição da Virgem, como exigia a glória de Deus. Quando Satanás precede a Deus, é vencedor; quem nasce escravo, por mais que se reabilite, conserva sempre alguma coisa de sua ignomínia. E, desta maneira, foi restabelecida a glória de Deus na humanidade; a imagem de Deus foi restaurada e reconstituída; o Senhor poderá descer e habitar em Maria sem receio; Ela é um tabernáculo mais puro do que o sol, e, por sua pureza é o paraíso de Deus que, com Ela, renovará o mundo. Vede o que nos deu a Imaculada Conceição; em primeiro lugar, Jesus Cristo, este belo sol de justiça de que é a aurora; em seguida, os santos, astros refulgentes do firmamento da Igreja, pois que foram todos formados por Maria; tudo nos vem deste paraíso do Senhor. A Imaculada
Conceição é o gérmen de todas as graças que nos têm sido concedidas; semelhante à nuvenzinha que o profeta Elias avistou, é, em si mesma, apenas um ponto, que vai então se estendendo, se dilatando, e suas divinas influências atingem a terra inteira.


II. Devemos nós, adoradores, considerar outra coisa ainda no mistério da Imaculada Conceição. Se Deus preserva Maria deste modo, é porque deseja habitar n’EIa, o quer encontrar um santuário puro e perfeito. O Pai Celeste e o Espírito Santo purificam Maria unicamente para fazerem d'Ela o digno tabernáculo do Verbo de Deus, um novo céu; afim de
receber em si o Verbo Divino era indispensável que Maria não tivesse mancha. A Imaculada Conceição, portanto, é a preparação para a Comunhão. Oh! com que prazer o Verbo contemplava esta morada, cujos adornos eram feitos por Ele mesmo, e à qual se precipitou em passos de gigante. Exultavit ut gigans. (Ps. XVIII. 6.)
Seria preciso que para a Santa Comunhão Jesus fizesse outro tanto em relação a nós, é que suspirasse pelo momento em que O fizéssemos sair do seu Tabernáculo e descesse às nossas almas com o mesmo prazer, como fez para com Maria. Assim sucederá se formos puros. Jesus espera de nós esta preparação de pureza, e é isso unicamente o que nos pede. Uma grande pureza, para a Comunhão, eis o fruto que devemos retirar da Conceição Imaculada de Maria; sem a pureza, de nada nos valeriam as demais virtudes. Nosso Senhor sentiria repugnância em descer ao nosso coração, que ser-lhe-ia como uma prisão: "Ah! deveria Ele dizer ao Sacerdote, seu ministro, onde me levas? a um coração que não me pertence, que está ocupado por meu inimigo! Deixa-me, deixa-me, no meu Tabernáculo!"
Ó Maria, emprestai-nos vosso manto de pureza, revesti-nos da candura e do esplendor de vossa Imaculada Conceição, pois compete à mãe adornar seu filho para os dias solenes. Revestido por vós, ó Maria, serei bem acolhido por Jesus, que virá a mim com prazer, e, vendo-vos em mim, fará suas delícias em habitar no meu coração.

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Maria pede que se prestem honras ao Santíssimo Sacramento

Em um mosteiro de Beneditinas, em Florença, no mês de dezembro de 1230, uma gota de vinho consagrado, deixada no cálice por um venerando Sacerdote, cuja vista estava enfraquecida pela idade avançada, foi subitamente, no momento das abluções, transformada em vermelho sangue. Três dias depois, registrava-se um outro milagre: esta gota de vinho consagrado transformada em sangue, e que fora guardada com a ablução em uma ampola de cristal, tomou o aspecto de carne humana e ficou suspensa dentro desse receptáculo, sem tocar as superfícies internas do cristal; ao mesmo tempo, o vinho não consagrado, que servira às abluções e enchia quase a metade da ampola, tomou uma cor rósea e se evaporou instantaneamente, sem deixar vestígio de humildade.
Foi para esta Santa Espécie miraculosa que, por duas vezes, o céu pediu homenagens. Em primeiro lugar, ao próprio Bispo de Florença. Durante o sono, certa vez, uma voz estranha lhe murmurou por três vezes: "Ó Bispo, me recebeste nu, e nu me fizeste voltar!" exprobrando-lhe assim a dureza e irreverência para com a santa relíquia de que por um momento tinha sido possuidor, e que devolvera ao mosteiro, que a reclamava, sem lhe prestar as devidas honras. Em reparação de sua falta, o referido Bispo mandou fazer um magnífico tabernáculo de marfim, ornado de lâminas de ouro e revestido de púrpura, para servir de morada ao Corpo do Salvador.
Um outro apelo do céu se fez ouvir, pedindo novas homenagens para o milagroso Sacramento. A Santíssima Virgem, que, hoje em dia, tal como outrora para com o presépio de seu Divino Filho em Belém, vela o seu berço eucarístico, apareceu em sonho a uma jovem do mosteiro, em que se dera o milagre, e pediu: "Vai dizer ã Irmã Margarida (sacristã do mosteiro e mais tarde Abadessa de Ripoli) que bem perto desta Igreja se encontra sem abrigo o objeto sagrado da Omnipotência de meu Filho". Ildebandesca, como se chamava a moça, obedeceu à Virgem desempenhando logo de manhã a sua missão. Irmã Margarida, esclarecida pelo céu, compreendeu o misterioso aviso; um rico cibório foi encomendado a artistas de renome e o Bispo veio colocar nele, solenemente, a Santa Espécie milagrosa. (Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento, pelo Padre Eugênio Couet).

PRÁTICA — Preparar-se à Santa Comunhão com grande desvelo e em união a Maria.

JACULATÓRIA — O seio puríssimo de Maria é para Jesus Sacramentado uma habitação mais querida do que todos os Tabernáculos de Jacob.



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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962