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8o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Grandeza da Maternidade de Maria




ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.

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Maria, Mãe de Jesus, Filho de Deus! Maria de qua natus est Jesus, eis o sublime elogio que o Evangelho faz da Santíssima Virgem. O Espírito Santo não louva os seus dons nem as suas virtudes; contenta-se em apontar o princípio divino, a lei de conveniência desses dons e virtudes, isto é, a maternidade divina. Maria recebeu todas as graças e todas as honras porque devia ser Mãe de Deus, e esse título diz tudo de Maria, narra-lhe todas as grandezas.

I. Veio Ela reerguer o gênero humano, restituindo à mãe a coroa de glória e de nobreza que Eva perdera pelo pecado. Satanás destronara nossa primeira mãe, Maria a reabilita.   Representada pelas nobres figuras da antiga lei, Judite, Ester, Débora, Maria se apresenta como Rainha e libertadora. Por esta razão, o Anjo A saúda com profundo respeito, sem se atrever a pronunciar seu nome: Ave gratia plena. Notai a diferença entre a linguagem do anjo à verdadeira mãe dos viventes, e a do serafim decaído à nossa infeliz Eva.
Maria é habitação de Deus: traz consigo o Salvador do mundo, o foco do amor, Aquele que vem trazer a paz aos homens, enquanto Caim, o primogênito de Eva, é um pecador, um fratricida.
Maria recebe as homenagens dos pastores e dos reis dos pobres e dos ricos; sua qualidade de Mãe do Messias a constitui soberana do universo e o próprio Filho de Deus A reconhece como sua verdadeira Mãe, tributando-lhe todos os deveres de um bom filho; e nos dá, assim, o exemplo perfeito da observância deste mandamento: "Honrar pai e mãe".

II. Eva, por culpa própria, perdeu a liberdade e o poder, sub potestate viri eris; "Ficarás, diz-lhe o Senhor, sob o domínio do homem"; e desde então a mulher se tornou escrava ou tutelada do homem.
Eis, porém a mulher forte, a mãe por excelência! A mãe deve ter direito sobre seu filho, seja ele rei, ou seja, Deus, e por isso Maria manda em Jesus. E Aquele diante de quem as potestades celestes tremem, obedece a Maria. Somente Ela O governa, Lhe fala em público, reivindica seus direitos de mãe: Fili, quid fecisti nobis sic? (Luc. II, 48.) Compreendeis agora o poder de Maria? Foi Ela que, em Caná, desligou a omnipotência de Jesus e Lhe deu, de algum modo, o gozo da maioridade. Coroa de soberania é, portanto, o segundo privilégio da maternidade divina.

III. Esta graça ainda confere a Maria uma coroa de glória. Eva, por sua ambição, perdeu toda a glória; foi expulsa vergonhosamente do paraíso e condenada a conceber na dor e na ignomínia.
Maria Santíssima concebe o Salvador na alegria, sem conhecer as dores da maternidade. Ao passar em seu bendito seio, o Salvador deixa nele os vestígios de sua glória, e Maria se torna então Rainha, por ter dado ao mundo Jesus Rei.
Rainha dos Anjos e Rainha da Igreja verá os soberanos depositarem a seus pés os seus impérios, os povos lhe confiarem a própria salvação, e em todo o lugar em que se oferecer um trono a Jesus, terá, igualmente, o seu. O altar de Maria estará sempre ao lado do de Jesus!
Eis a honra, o poder e a glória da maternidade divina: Maria é venerada, é poderosa e gloriosa em Jesus e por Jesus; é sua divina Mãe!

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O Concílio de Éfeso

Houve um Bispo de Constantinopla, chamado Nestorius, que ousou dizer que a Santíssima Virgem não era Mãe de Deus.
“É a Mãe de Cristo, dizia ele, isto é, de um homem a quem o Filho de Deus se uniu.” E atreveu-se a pregar este seu erro do alto do púlpito, aos fiéis de Constantinopla; mas o povo protestou indignado, exclamando que Jesus Cristo era Deus e não um homem
simplesmente, e que a Santíssima Virgem sendo sua verdadeira mãe, era, portanto, Mãe de Deus. O caso foi submetido ao Papa, chefe dos Bispos e juiz infalível nas questões de fé.
São Celestino I, o Papa reinante, convocou então na cidade de Éfeso, na Ásia Menor, um grande Concílio geral de todos os Bispos, a fim de condenar a heresia de Nestorius.
No ano de 431, iniciou-se o Concílio, com grande solenidade. Desde manhã cedo o povo cercava a Igreja de Santa Maria, onde se deviam reunir os membros do Concílio. Os fiéis pediam em altas vozes que fosse vingada a honra da Santíssima Virgem. Nestorius, intimado três vezes a comparecer diante do Concílio, não se apresentou. A casa em que ele se refugiara estava guardada por uma tropa de soldados que um certo conde, chamado Candídio, embaixador do Imperador, pusera à sua disposição.
Finalmente, à tarde, as portas da Igreja se abriram e São Cirilo, patriarca de Alexandria, legado do Santo Padre, proclamou o decreto do Concílio que declarava ser a Santa Virgem verdadeiramente Mãe de Deus, e que Nestorius, culpado de blasfêmia por ter afirmado o contrário, estava destituído de seu múnus pastoral, deixando assim de ser Bispo e Patriarca
de Constantinopla.
No mesmo momento toda a cidade de Éfeso vibrou em cânticos de júbilo; por toda a parte se ouvia clamar: "Viva Maria, Mãe de Deus!" Ao saírem da Igreja, os Bispos foram levados às suas residências em triunfo, ao clarão de mil tochas. O ar se embalsamara com os perfumes que as senhoras, em honra dos Padres do Concílio, queimavam em caçoulas. A cidade foi iluminada de modo extraordinário, e a alegria dos filhos de Deus se estendeu em breve por todo o universo.
Nestorius ainda tentou resistir ao Papa e ao Concílio, porém o imperador, informado da verdade, o abandonou e condenou ao exílio; e o infeliz nunca se submeteu ao dogma e à autoridade da Igreja. Viveu ainda oito anos, com o rancor no coração e a blasfêmia sobre os lábios, morrendo miseravelmente, o corpo todo estragado e a língua, que blasfemara contra
a Santíssima Virgem, dizendo e repetindo: “Seja anátema quem disser que Maria é Mãe de Deus”, foi devorada pelos vermes antes que ele exalasse o último suspiro. (Mgr. de Ségur).

PRÁTICA — Receber frequentemente o Deus da Eucaristia como remédio à concupiscência e salvaguarda da pureza.

ASPIRAÇÃO — Salve, ó Maria, paraíso espiritual de Deus, onde floresceu o lírio perfumoso e imaculado. Jesus Eucaristia.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

7o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Primeira Adoradora do Verbo Encarnado (1)



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.

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Eis aqui o meu modelo, minha Mãe: Maria, a primeira adoradora do Verbo Encarnado, em seu próprio seio! Oh! quão perfeita em si mesma e quão bem aceita por Deus e rica de graças deve ter sido essa primeira adoração da Virgem Mãe!
Meditemos essa perfeita adoração de Maria no primeiro instante da Encarnação.

1º. — Foi uma adoração de humildade, de aniquilamento ante a soberana majestade do Verbo pela escolha que fez de sua pobre serva, impelido por um excesso de bondade e de amor para com Ela e para com a humanidade. Tal deve ser o primeiro ato, o primeiro sentimento de minha adoração, ao comungar. Foi este o sentimento de Isabel ao receber a visita da Mãe de Deus, levando-lhe o Salvador, ainda oculto no seio. Unde hoc mihi? — Donde me vem esta honra que eu tão pouco mereço?" Foi também esta a palavra do centurião, em cuja casa se dispunha Jesus a entrar: "Senhor, eu não sou digno!"

2º. — O segundo ato de adoração de Maria foi, naturalmente, de gratidão jubilosa pela inefável e infinita bondade de Deus para com os homens; um ato de humilde reconhecimento por ter escolhido sua indigna mas feliz serva para uma graça tão insigne. O reconhecimento da Santíssima Virgem se exprime em atos de amor, de louvor e de ações de graças; Ela exalta a bondade divina, pois a gratidão abrange tudo isto. É a expansão da alma para com a pessoa do benfeitor; expansão magnânima e amorosa: a gratidão é o coração do amor.

3º. — O terceiro ato da adoração da Virgem Santíssima deve ter sido um ato de homenagem: a oferta, o dom de si mesma, de toda a sua vida ao serviço de Deus: Ecce ancilla Domini; um ato de pesar por se reconhecer tão pequena e tão pobre, não podendo servi-lO dignamente.
Maria se oferece para servi-lO como Ele quiser, disposta a todos os sacrifícios que Ele se dignar pedir-lhe, julgando-se ditosa de poder agradar a Deus por tal preço, e de assim corresponder ao amor que Ele patenteou aos homens na Encarnação.

4º. — O último ato da adoração de Maria foi indubitavelmente um ato de compaixão pelos pobres pecadores, por cuja salvação o Verbo se encarnara. Soube interessar a divina misericórdia em favor deles, oferecer-se para reparar e fazer penitência em lugar deles, afim de lhes alcançar o perdão e a volta para Deus. Procurou obter que lhes fosse concedida a graça de conhecer seu Criador e Salvador, de amá-lO e servi-lO, tributando assim à Santíssima Trindade a honra e a glória que lhe são devidas por toda a criatura, mas especialmente pelo homem, terno objeto das misericórdias e do amor de Deus, tão grande e tão bom! Oh! eu desejaria adorar a Nosso Senhor como O adorava essa boa Mãe, pois que, na Santa Comunhão, eu O possuo do mesmo modo que Ela!
Oh! meu Deus, faço-vos um pedido importante e grandioso: dai-me a Santíssima Virgem adoradora por minha verdadeira Mãe; fazei-me participar de sua graça, desse estado de adoração contínua em que se manteve durante todo o tempo em que vos trouxe em seu puríssimo seio, este céu de virtudes e de amor.
Sinto, ó meu Deus, que seria esta uma das maiores graças de minha vida; quero, doravante, fazer todas as minhas adorações em união com esta Mãe dos adoradores, a Rainha do Cenáculo.

(1) Esta meditação foi publicada, em parte, na segunda série dos escritos do Bem-aventurado Pedro Julião Eymard.É aqui, porém, o seu lugar competente; por isto a reproduzimos, completando-a.

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A casula da Maria

São Bonnet, bispo de Clermont, devoto servo de Jesus e Maria, se recolhera, na véspera da Assunção, à Igreja de São Miguel, afim de passar a noite era oração e se preparar melhor para a grande festa de sua querida Soberana. Enquanto se expandia em suspiros e ardentes desejos, chegaram-lhe do céu aos ouvidos acordes de uma doce melodia; o templo se ilumina de repente, e suas abóbadas ressoam como nos dias solenes em que regurgita de fiéis. Admirado e como que fora de si, vê o santo a Virgem Mãe, cercada de uma multidão de anjos e de virgens, dirigir-se em procissão para o altar. As virgens e os anjos cantavam louvores à sua Rainha e ao seu divino Filho. Então os anjos perguntaram quem celebraria os santos Mistérios, e Maria lhes responde: “Será meu servo Bonnet, que reza em segredo nesta Igreja.” Os Anjos vão chamar o santo, que amedrontado se escondera num recanto da Igreja. Revestem-no de magníficos ornamentos e lhe servem de acólitos na celebração da Santa Missa, a que assiste Maria.
Terminado o Santo Sacrifício, a Santíssima Virgem abençoa o seu devoto servo, e, como lembrança de sua visita cheia de amor, deixa-lhe a bela casula que trouxera do céu. Este belo ornamento milagroso estava guardado em Clermont, antes da Revolução. Jamais se pode saber de que material era feito, tão fino e tão delicado era, além de macio e tão habilmente bordado que somente os dedos de um anjo, ou antes, da Rainha dos anjos, poderiam tê-lo feito.
(Bolland, 15 de janeiro).

PRÁTICA — Fazer, com a maior fidelidade, a ação de graças da Comunhão em união a Maria.

JACULATÓRIA — Ó Maria, recebi vosso querido Filho; não O deixarei afastar-se de mim.


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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

6o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Anunciação
(Luc. T. 26 e seg..)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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   I. Ao meditarmos as circunstâncias do mistério da Anunciação, descobrimos em Maria as mais sublimes qualidades.
Que glória para Maria ter sido chamada a tomar parte nessa obra da Encarnação do Verbo, a mais grandiosa das obras divinas! Que sublimes virtudes nos ensina com seu exemplo!
   Um arcanjo é enviado por Deus: o arcanjo da força divina, e vem trazer da parte de Deus uma mensagem a uma criatura. Foi esta a missão mais importante que a um mensageiro celeste coube desempenhar. E esse anjo baixa dos céus cheio de glória, belo como um astro, resplandecente dos raios da divindade.
   A quem se dirige ele? Ah! se o mundo tivesse sido informado da partida desse mensageiro celeste, sem dúvida teria procurado entre os ricos e poderosos do século o feliz mortal a quem era destinada a grande mensagem, porque o mundo julga de boa mente que a perfeição se encontra na grandeza. Mas o Anjo se dirige a uma virgem humilde, desconhecida, de quinze anos de idade, legalmente desposada com um modesto operário, e habitando uma casinha pobre, em cidade pouco conhecida e mesmo desprezada. Dirige-se a Maria! — Como é possível?! Tanto aparato para uma jovem de condição tão modesta?! — Sim. — O prestígio social desaparece bem depressa, não é? Isto serve de confusão para o orgulhoso espírito humano, que dá valor somente ao que tem, brilho, e apreço ao ouro e aos diamantes; mas, que é tudo isso?  No dia do juízo final serão estas coisas calcadas aos pés como o lodo da terra, servindo de pavimento ao inferno. O Anjo se dirige, pois a uma virgem. Deus não estabelece intimidade senão com as almas puras; perdoa o pecador, mas se une tão somente às almas em que reina uma pureza extrema.
   O Anjo se apressa em saudar Maria, porque, efetivamente, é inferior a Ela. Maria, nesse momento, é soberana, e desde que se tornou objeto dos desígnios divinos, tem nas suas mãos a sorte do mundo. Quão poderosa é, então, esta humilde virgem!
Ave, cheia de graça! É Maria a única cheia de graça entre as filhas de Eva. Quanto a nós, somos cheios de misérias do pecado original; Maria é pura como o sol; Deus plasmou-A de uma argila especial, moldando-A com particular esmero.
   O Senhor é convosco. — Sim, porque Ele habita na pureza de vosso coração como num paraíso de delícias, e vossas virtudes são flores que exalam em sua presença os mais suaves perfumes. A que hora apareceu o Anjo? O Evangelho não diz; pensam os comentadores que foi à meia noite, no instante em que termina um dia e começa o outro. Maria é a aurora
mística que separa as trevas da luz. A chegada do Anjo, estava em oração, suspirando pela vinda do Messias, o que se pode presumir, sem receio de errar, baseado em que Deus concede geralmente às almas um dom de oração em conformidade com a graça que lhes deseja comunicar, preparando-as para isto. Orai também vós com Maria, nessa hora solene da Encarnação, e, mais tarde, no Nascimento do Filho de Deus feito homem, e adorai em união com Ela o Deus que se encarna por vosso amor.
   Maria se perturba. É próprio das virgens, diz Santo Ambrósio, perturbar-se à aproximação de um homem e recear suas palavras. Maria se perturba também com os elogios que lhe são dirigidos, se bem que os merecesse; a verdadeira virtude, porém, não se reconhece.
   O Anjo tranquiliza Maria. Eis o característico das visões divinas; a princípio, perturbam; depois, infundem a paz. Ao contrário, as visões diabólicas começam pela paz e acabam pela guerra.
   Concebereis um filho a quem chamareis Jesus. Nome celeste, nome divino, que nenhum homem podia inventar, mas que devia ser trazido do céu por um Anjo. Este filho será poderoso, e chamado o Anjo do grande Conselho, o Forte, o Admirável.
   A Santíssima Virgem porém dedicava um tal amor à virgindade que consagrara a Deus, que não acede logo. "Como se cumprirá esse mistério?" pergunta Ela. "Sou virgem, e virgem quero permanecer". — Que momento! Maria tem, por assim dizer, os céus e a terra suspensos! Deus espera o consentimento dessa humilde donzela! Não podia dispensá-lo, e Maria, nesse instante, é mais poderosa que o próprio Deus. Como pode o Senhor submeter-se a essa espécie de inferioridade diante de Maria? Ah! porque a tudo mais Ele preferia a virgindade de sua Mãe!
   O Anjo cede, pois, em nome de Deus. Maria triunfa e ouve estas palavras: "A virtude do Altíssimo vos cobrirá com sua sombra, e, vos tornando Mãe, permanecereis virgem."
   E Maria responde: Esse ancilla Domini — Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra. — Oh! palavra profunda, palavra admirável e cheia de humildade! Quantas coisas se encerra nesse Ecce! Quando a Igreja vos apresenta a sagrada Hóstia antes da Comunhão, vos diz: Ecce agnus Dei; quando São João quis mostrar Nosso Senhor a seus discípulos, também lhe disse: Ecce.
   É porque esta palavra encerra o dom completo de si mesmo Eis-me aqui inteiramente à disposição do Senhor.  É um ato de fé perfeito.
   Maria não diz: "Eis aqui a Mãe do Senhor, se bem que assim fosse no mesmo instante; quanto mais Deus eleva os santos, tanto mais se tornam humildes. Com muita razão pode São Bernardo dizer de Maria: Virginitate placuit, humilitate concepit. Tornou-se agradável ao Senhor por sua virgindade, e O concebeu por sua humildade.
   Notai a sobriedade das palavras de Maria; apenas diz o estritamente necessário; o silêncio e a modéstia são a salvaguarda da pureza.
   O Espírito Santo opera então em Maria sua obra divina. O consentimento dessa pobre donzela transformou a face da terra. Deus reassume o seu domínio: vai recomeçar suas relações com os homens de um modo mais perfeito e mais duradouro do que no paraíso terrestre.
   Este mistério nos enobrece, trazendo Deus à terra. É no mesmo tempo um mistério todo interior, um mistério de comunhão. Na Santa Comunhão, Jesus Eucaristia se encarna em nós de uma certa maneira, e a Comunhão é o fim de sua Encarnarão. Ao comungarmos dignamente, entramos no plano divino e o completamos. A Encarnação prepara e anuncia a
Transubstanciação.
   Maria não recebe o Verbo somente para si; compraz-se em que participemos de sua felicidade. Una-mo-nos pois, à Virgem quando recebemos Jesus, entoemos seu Magnificat; grandes coisas operou n’Ela o Senhor, nesse mistério, e vindo a nós também realiza grandes coisas.
   Oxalá possamos imitar suas virtudes, afim de que Jesus Cristo encontre em nós, como em sua santa Mãe, uma digna e agradável morada!

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A Santíssima Virgem recompensa Santo André Corsini por sua devoção para com a Santa Eucaristia

   Santo André Corsini, já ilustre por suas virtudes e santidade, foi, por insistentes pedidos de seu povo, e não obstante as resistências de sua humildade, elevado às sagradas Ordens. Apesar dos desejos de seu pai de que a sua primeira Missa fosse celebrada na Matriz da cidade, com toda a pompa possível, o Santo obteve de seu Superior licença para oferecer seu primeiro Sacrifício em um convento solitário e perdido no meio do bosque, onde pôde então se abismar no amor da Hóstia Santa que imolava. A atitude corajosa do Santo foi tão agradável a Maria que, lhe aparecendo logo depois da Comunhão, lhe disse: "És meu servo, eu te escolhi e me glorificarei em ti, André."
   Esta boa Mãe nos manifesta, por esta graça, o prazer que lhe causam o nosso respeito e amor para com seu divino Filho presente no Santíssimo Sacramento.
(Bolland. 5 fevereiro).

PRÁTICA — Evitar toda palavra, movimento brusco e dissipação na presença do Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — O fruto de meu seio. Jesus-Hóstia, é mais precioso do que todo o ouro e prata do mundo. Et fructus meus pretiosior auro et argento. (Eccles.)

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

5o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A apresentação de Maria no templo



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.

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I. Maria não teve infância, no sentido rigoroso da palavra; não se entregou a folguedos pueris, nem conheceu a volubilidade, a inconstância e ignorância das crianças. Desde sua conceição teve o conhecimento de Deus, e começou a merecer; todas as suas faculdades se elevavam para o seu Deus e n'Ele se fixavam; Deus era sua vida. Somente o seu corpo foi submetido à debilidade e à pequenez da infância. Logo que pode caminhar sozinha, pediu a seus pais que lhe permitissem recolher-se ao Templo: contava apenas três anos de idade. Recebida entre as donzelas consagradas ao Senhor, ali permaneceu doze anos. Nada sabemos acerca de sua vida nesse lugar, a não ser que vivia oculta aos olhos dos homens e que praticava todas as virtudes. Piedosos escritores e santos Doutores, tais como Cedreno e São João Damasceno, dizem que Maria procurava, de preferência, conviver com as crianças que sofriam, dispensando-lhes cuidados nas enfermidades e consolando-as em suas pequenas tristezas. Quando surgia qualquer desavença, a pequenina Maria era logo chamada pura conciliar as partes e restabelecer a paz, que sabia difundir onde se encontrava. A sua vida, de grande simplicidade, não chamava a atenção, fazendo-se Ela a serva e a última de todas, de nada se desgostando, e acorrendo ao encontro dos desejos de suas pequeninas companheiras. Os anjos A protegiam estava sempre rodeada pelos espíritos celestiais; o demônio não podia se aproximar d’Ela, assim protegida por tão fiéis guardas; Maria, portanto, era esse jardim fechado que ninguém pôde abrir a não ser o Esposo dileto.

II. É justamente nessa vida oculta no Templo que Maria deve ser nosso modelo. Deus preparava Maria, no segredo, no silêncio, e sem que Ela percebesse, para a grandiosa missão que deveria desempenhar. Mais tarde, Nosso Senhor há de se preparar também para sua missão evangélica por trinta anos de silêncio em Nazaré; e. depois, preparou os seus discípulos durante três anos para a manifestação do mistério da Eucaristia, revelando-lhes somente na véspera de sua morte todo o seu amor.
O retiro e o silêncio são a alma das grandes coisas. Nosso Senhor não permitiu que Satanás conhecesse que Ele era o Filho de Deus; se o demônio tivesse disto a certeza, jamais teria instigado os judeus a darem a morte a Jesus. Satanás ignorava, do mesmo modo, que esta donzela seria mais tarde a Mãe de Deus. Enquanto uma obra permanece em segredo, desconhecida do mundo, está garantido o seu desenvolvimento; porém, apenas o demônio a descobre e a revela ao mundo, este investe contra ela, combatendo-a com todas as forças. Se o grão lançado na terra for muitas vezes revolvido não poderá germinar; importa deixá-lo em repouso, enterrado. O mesmo sucederá convosco; se quiserdes crescer, escondei-vos e permanecei ignorados do mundo; do contrário, o demônio há de vos suscitar muitas contrariedades, e o sopro do amor próprio vos perderá.

III. Nosso Senhor vem nos preparando há muito tempo; desde a infância nos rodeou de graças, afim de nos introduzir mais tarde no Cenáculo de Sua Eucaristia; agradeçamos pois, muito, a Deus. Apesar de não nos termos dado a Ele em tão tenra idade como Maria, estamos, contudo, na infância da vida eucarística, cuja manifestação apenas se inicia. E Nosso Senhor nos escolheu como os primeiros a quem seria concedida esta graça.
A Santíssima Virgem no Templo adorava a Deus em espírito e em verdade: apressava, por suas orações e ardentes desejos, a vinda do Messias Salvador.
Quanto a nós, O adoramos realmente presente em nossos altares, sem precisarmos clamar por Ele, de longe, como Maria. Está conosco, no meio de nós, possuímo-lO sempre. Imitemos este silêncio, este retiro, esta vida oculta na Eucaristia.
Hoje em dia só se pensa em galgar posições e gozar imediatamente as suas vantagens; ninguém sabe esperar: força-se a planta; esta, ao princípio, produz muito, mas no fim de algum tempo se esgota e morre.
Abraçai, portanto, a vida simples e oculta, os empregos modestos de vossa posição; alegrai-vos por não serdes conhecidos, escondei debaixo do alqueire a pequenina chama de vossa lâmpada, pois o menor sopro poderia apagá-la.
Maria se consagra a Deus prontamente, inteiramente, e para sempre. Faz a doação total de si mesma: seu espírito, seu coração, sua liberdade; nada se reserva. Oh! entreguemo-nos inteiramente a Jesus Sacramentado, que, por sua vez, se dá todo a nós! É fácil dizer: "Meu Deus, consagro-me totalmente a vós" porém é difícil realizar plenamente esta resolução. Contemos com a sua graça e o auxilio de nossa Mãe, e quando se apresentarem as ocasiões, lembremo-nos de sua perfeita consagração a Deus; seu exemplo será o nosso estímulo e a nossa força.

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Jamais separemos Jesus de sua Mãe Santíssima

São Jacinto, da Ordem dos Irmãos Pregadores, tendo notícia de que os Tártaros iam atacar a cidade de Kiew, onde ele morava, correu à Igreja do Convento e retirou o santo Cibório, afim de subtrair seu divino Mestre à impiedade desse bárbaros infiéis. Ao sair da Igreja, levando seu tesouro, uma estátua de Maria, grande e pesada, que se achava perto da porta, chama-o por três vezes. Jacinto, admirado, pergunta à Santíssima Virgem o que deseja e Maria lhe responde: '"Meu querido Jacinto, como queres tu subtrair o Filho aos ultrajes dos bárbaros e lhes deixas sua Mãe?" E ante a excusa do Santo alegando não lhe ser possível carregar uma estátua tão pesada, a Virgem replicou: "Oh! se me tivesses um pouco de amor, seria fácil carregar-me; pede a meu Filho e Ele tornará leve esse fardo." O Santo, sem hesitar, toma a imagem e a transporta tão facilmente como se fora uma flor.
E assim, com o Santíssimo Sacramento sobre o peito, e a imagem de Maria entre os braços, atravessou, sem ser importunado, as linhas inimigas, e se dirigiu para Cracóvia, onde chegou sem incidente desagradável. (Rossignoli).

PRÁTICA — Repetir continuamente: Maria o Jesus! Jesus e Maria!

JACULATÓRIA — Encontraram o Menino com sua Mãe e prostrando-se O adoraram.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

4o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Natividade da Santíssima Virgem
ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Alegremo-nos e saudemos jubilosos o berço de Maria. O nascimento de nossa Mãe e Soberana faz a alegria do Céu, a consolação da terra, e o terror do inferno. Eis que aparece a mulher forte, a Mãe predestinada do Messias.
O lugar e as circunstâncias de seu nascimento são desconhecidos, mas é de crer que tenha nascido na pobreza, como seu divino Filho, e em Jerusalém. Sant’Ana e São Joaquim eram pobres, e viviam do dízimo do Templo, como pertencentes à família levítica. Maria porém, nasce com a auréola de grandezas que ultrapassam todas as riquezas das filhas deste
mundo.

II. Maria possui todas as dignidades humanas; nasce filha, irmã e herdeira dos Reis de Judá. O Verbo quer que sua Mãe pertença à estirpe real; quer, segundo a carne, ser irmão de reis, afim de mostrar sensivelmente que d'Ele procede toda a realeza; por isso, os próprios reis virão adorá-LO como a seu Senhor e soberano dominador. Sua Mãe é portanto, rainha. É verdade que, assim como seu Filho será um rei sem domínio terrestre, sem riquezas, nem exércitos, Ela também será pobre e desconhecida; tudo isto não constitui a realeza, mas somente o seu esplendor; o direito subsiste ainda mesmo quando não é reconhecido. Aliás, dia virá em que a realeza de Maria, bem como a de seu Filho, há de ser proclamada e honrada: a Igreja a saudará como sua Rainha, a Rainha do céu e da terra. Salve Regina! O anjo anunciara: "Dabit illi sedem David patris ejus". — (Luc. I, 32). O Senhor restituirá a vosso Filho, ó Maria, o trono de David seu pai. Mas será preciso reconquistá-lo por meio do combate da humildade, da pobreza e do sofrimento.

III. Maria possui todas as grandezas sobrenaturais. A grandeza sobrenatural é o reflexo de Deus sobre uma criatura que Ele associa ao seu poder e à sua glória. Ora, o que faz Deus por Maria? Quis associá-la ao seu grandioso e divino mistério; o Pai lhe dá o nome de filha, o Filho A venera como sua Mãe, e o Espírito Santo A protege como sua Esposa. Maria foi chamada a cooperar nas grandes obras da omnipotência divina, e foi associada ao império do próprio Deus. Contemplai-A, pois, nesse belo dia do seu nascimento! Vede-A, com São João, revestida de sol — "amicta sole", provinda de Deus e resplandecente dos fulgores divinos; está, por assim dizer, invadida pelos raios da Divindade, semelhante a um cristal puríssimo penetrado completamente pelo sol. E a lua, sob os seus pés, significa que o seu poder é inabalável, que a Virgem Santíssima desafia a inconstância, tendo vencido, para sempre, o dragão infernal. Sua fronte está cingida por um diadema de doze estrelas que representam as graças e virtudes de todos ou eleitos. Maria é como que o centro da criação; Jesus colocou em suas mãos todos os meios da Redenção; e os santos formam a sua coroa, porque todos são obras de seu amor e de seu patrocínio.

IV.   Maria nasce com todas as grandezas pessoais. Fora enobrecida com os dons de Deus. mas isso não basta; ao nascer, ostenta a riqueza de méritos pessoais; possui tesouros infinitos de merecimentos adquiridos durante os nove meses de adoração silenciosa e ininterrupta no seio materno, onde, penetrada pela luz divina, se entregou inteiramente a Deus, consagrando-Lhe um amor de que não podemos fazer a menor ideia.   Nasce, pois, com os tesouros que conquistou, e com as riquezas que agenciou.  Oh! se tivéssemos podido presenciar espiritualmente o nascimento de Maria, contemplar este sol no momento em que surgiu no oceano do amor de Deus!  Em sua inteligência, a mais pura luz; em seu coração, o mais ardente amor; em sua vontade, a mais completa dedicação; jamais criatura alguma teve igual nascimento.
Assim, no seu pequenino berço, é objeto das complacências da Santíssima Trindade e da admiração dos anjos! Quem é esta criatura privilegiada, perguntam eles entre si, rica de tantas virtudes e cumulada de tamanha glória desde o alvorecer da vida? Quae est ista?
E os demônios estremecem; veem-na adiantar-se para eles, forte como um exército em ordem de batalha; pressentem a humilhação da derrota de seu chefe, antevendo a guerra implacável que lhes fará essa recém-nascida: Sicut acies ordinata...
O mundo, porém, rejubila.  Vemos chegar nossa libertadora; seu nascimento nos anuncia o nascimento de nosso Salvador.  Oh! sim, alegremo-nos: "Nativitas tua gaudium annuntiavit universo mundo." (Sacr. Liturg. in fest.).
E nós, adoradores, devemos nos regozijar porque Maria nos traz o nosso Pão de vida, e, desde esse dia, cumpre-nos saudá-lA como a aurora da Eucaristia, porque sabemos que é d'Ela que o Senhor há de tomar a substância do corpo e do sangue, que nos será dada em alimento no Mistério de Seu amor.

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São Pedro de Verona e os maniqueus

   Um rico e fervoroso católico do território de Milão costumava oferecer hospitalidade a São Pedro de Verona em suas viagens apostólicas. Certa noite, Pedro chega exausto de fadiga; seu amigo, sempre tão respeitoso e solícito, limita-se apenas a lhe abrir a porta. Como explicar semelhante transformação?... No correr da palestra, se desvenda o segredo. Um herege maniqueu, em visita ao bom hospedeiro, lhe exprobara a hospitalidade que oferecia ao "inimigo da verdade", dizendo-lhe ainda: "Vem, e te mostrarei a Santa Virgem, que há de te falar melhor". Vencido pela curiosidade, acompanhou o seu interlocutor à assembleia dos maniqueus. Uma senhora, refulgente de luz, apareceu sobre o altar, com o seu filho nos braços: "Meu filho, disse ela, estás vivendo no erro, a verdade está aqui e não com os católicos; é a própria Mãe de Jesus que assim te fala". Convencido, o infeliz se tornara maniqueu.
   "Ide avisar ao homem que vos falou, que eu também me tornarei maniqueu se ele me mostrar a Santa Virgem", disse Pedro. O hoteleiro se apressou em dar a notícia ao seu novo amigo, que o recebeu com alegria. Pedro passou a noite em oração. Pela manhã, ao celebrar a Santa Missa, encerrou uma hóstia consagrada em um pequeno cibório portátil, que colocou respeitosamente sobre o peito. Assim limado, dirigiu-se à assembleia dos maniqueus. O sectário que desempenhava o papel de médium fez aparecer sobre o altar a refulgente senhora, que lançou em rosto do visitante sua ignorância da verdade. Pedro, então, elevando a Hóstia santa, exclamou: "Se és verdadeiramente a Mãe de Deus, adora o teu Filho!" A estas palavras, o fantasma se desfez em nuvem de fumaça negra, deixando a sala impregnada de um mau cheiro horrível. O demônio fugira à vista do seu Senhor.
(Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento).

PRÁTICA — Oferecer a Deus pelas Mãos do Maria os frutos do Santo Sacrifício da Missa.

JACULATÓRIA — Nós vos saudamos, ó Maria, que nos trazeis, de tão longe, o nosso Pão de vida, a Divina Hóstia!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962