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27o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Eucaristia centro da Vida de Maria


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. A Santíssima Virgem vivia da vida eucarística de Jesus porque o amor requer a comunhão de vida.
Em Belém e Nazaré viveu da vida pobre e oculta de Jesus; no Egito, de sua vida perseguida; através das aldeias da Judeia, de sua vida apostólica, e, tendo também compartilhado de sua vida crucificada, devia, por conseguinte, e com maior razão, viver da vida eucarística de seu Divino Filho, que é a coroa de todas as outras.
Por meio da Eucaristia a Santíssima Virgem vivia uma vida totalmente interior, silenciosa e oculta, afastada do mundo, tendo Jesus por única testemunha e confidente. Sua vida transcorre na contemplação, em agradecer a infinita bondade da Eucaristia, e esta visão absorve completamente seu espírito, alimentando-o com a verdade; penetra suavemente seu coração, que não tem outro desejo e necessidade senão amar sempre melhor entregando-se completamente e cada vez mais a Jesus; o próprio corpo de Maria participa dos gozos e da paz celestial dessa vida; está totalmente espiritualizado; "Cor meum et caro mea exsultaverunt in Deum vivum". “Meu coração e minha carne exultaram em Deus meu Salvador”.
                                                  
II. Esta contemplação eucarística é mais ativa que passiva; é a alma que se entrega sem cessar a Deus, sob a impressão sempre nova e sempre mais deliciosa de sua bondade, sob a influência crescente das chamas de seu amor que a purificam dando-lhe a verdadeira liberdade e unindo-a mais intimamente ao seu Amado.
O recolhimento é a primeira condição para atingir esta contemplação; a alma, livre das imagens, dos objetos exteriores, desprendida de todo o afeto desordenado, se dirige diretamente a Deus como a agulha magnética para seu polo. A alma recolhida e fixada em Jesus alimenta-se de sua verdade, de sua bondade e de seu amor; a oração prolongada pouco ou nada lhe custa, pois livre de toda a escravidão pode seguir o Salvador por onde quer que vá sem que coisa alguma a violente ou a atraia para outro objeto; e ademais porque, sempre presente a si mesma, pode estudar e aprofundar os mistérios sobre os quais medita; vê as coisas em Jesus Cristo, em toda a sua realidade; o recolhimento e a contemplação fortificam sua vista tornando-a refletida e penetrante.

III. Quão perfeita devia ser a contemplação de Maria aos pés do Santíssimo Sacramento, dadas as luzes tão extraordinárias de sua fé, a pureza de sua vida e o amor tão perfeito de seu coração! Certamente as distrações, essa febre do espírito e do coração, jamais perturbariam a paz que fruía no seu Dileto. Sua alma, mais intimamente unida a Jesus do que seu próprio corpo, sorvia a largos tragos a água viva da graça e do amor; olvidava-se da terra para ficar só com Jesus, porque o amor se compraz em isolar-se, em simplificar-se e concentrar-se na unidade a fim de aderir sempre mais estreitamente a seu objeto.
O adorador, unindo-se a Maria adoradora, aplique-se com paciência e constância à virtude do recolhimento; exercite-se na contemplação de Jesus Cristo, procurando antes conhece-lO que gozar d’Ele, porque o amor nasce da verdade conhecida e, por isso, uma graça de luz vale muito mais do que a maior graça de consolação ou de doçura; o sentimento passa, mas a verdade permanece.
Oh! feliz a alma que a exemplo de Maria compreende esse mistério de amor, o deseja, clama por ele sem tréguas, e nele se exercita sem cessar; o reinado de Deus estabeleceu-se nela.

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A Primeira Procissão do Santíssimo Sacramento em Lourdes em 1888

As grandes peregrinações de Lourdes, após a que se efetuou em 1888, revestem-se agora de um caráter particular: a procissão eucarística, em que o Divino Sacramento faz refulgir sua glória e seu poder. De certo, o Salvador Jesus não era esquecido, anteriormente, nas piedosas homenagens prestadas à sua Santa Mãe; sem dúvida, igualmente. Maria operava as suas curas admiráveis nos corpos e nas almas, pela virtude omnipotente de seu Filho, cuja Presença real domina o recinto da Gruta bendita, visto que somente Deus é autor de toda maravilha. Mas, naquele ano, conforme refere o Jornal de Lourdes, "aprouve à nossa boa Mãe ocultar-se para fazer manifestar-se com mais esplendor seu divino Filho na Eucaristia."
O dia 21 de agosto de 1888 foi, para a peregrinação nacional, um dia de provação: registraram-se poucos milagres e, à tarde, desabou uma tremenda tempestade que impediu de se realizar a costumada procissão das lanternas. Diante da tristeza dos peregrinos, que, contudo, não haviam perdido a confiança, um pensamento do céu ocorreu de repente a um piedoso Sacerdote. Fazer-se uma aclamação triunfal ao Santíssimo Sacramento e, enquanto o Deus da Eucaristia passasse no meio dos doentes, a multidão prorrompesse em aclamações, repetindo as mesmas súplicas com que se obtiveram milagres do Salvador durante sua vida mortal. O projeto foi acolhido, naturalmente, com entusiasmo.
No dia seguinte, às quatro horas da tarde, Jesus-Hóstia saía da Basílica precedido e acompanhado por inúmeros fiéis empunhando círios. Após a Bênção, na Gruta, começaram as invocações, assinaladas por uma alegria e fervor indescritíveis. Um impulso de entusiasmo divino dominava a assembleia. De todos os catres, de todos os leitos, de todas as carruagens
em que os enfermos se apresentavam, alguma coisa de súplice e tocante se fazia ouvir, e a multidão, num movimento unânime, clamava ao Filho da Imaculada, como outrora o paralítico e o cego de Jericó: "Se quiserdes, Senhor, me podeis curar!"
Eis que, diante da Gruta, oito doentes se levantaram. Como descrever esta cena? Ao ser entoado o Magnificat, foi impossível conter as lágrimas.
E, depois, todos os anos, nas procissões numerosas que passam diante da Gruta milagrosa, constata-se o mesmo entusiasmo de fé, igual ardor de oração por parte dos fiéis, e, da parte de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, iguais prodígios de sua misericordiosa omnipotência. Verdadeiramente, Maria preparou, em Lourdes, o triunfo de seu Filho Sacramentado.
(Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento,
pelo Pe. Eugenio Cout)

PRÁTICA — Pedir a Maria pela fiel perseverança das almas consagradas a Jesus no claustro ou no mundo.

JACULATÓRIA — Ó Maria, quais criancinhas recém-nascidas, nós vos pedimos o leite espiritual de nossas almas, Jesus Eucaristia.


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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

26o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

O Esposo Divino e o Rei dos Corações


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Em sua adoração Maria se aplica em glorificar todos os estados de Jesus, exaltando-O sob os títulos que Lhe são mais caros e que estabelecem mais perfeitamente seu império sobre o coração dos homens.
Maria adorava Jesus na qualidade de Esposo das almas. A união é o fim do amor; dando-se, substancialmente, na Eucaristia, Jesus vem unir-se às nossas almas como a suas Esposas diletas; como verdadeiro Esposo lhes concede todos os bens, seu nome, seu Coração, toda a sua Pessoa, porém, a título de correspondência, a alma sua esposa só para Ele deverá viver; Jesus é um Deus cioso: ai de quem Lhe arrebatar a esposa de seu coração.
Maria celebrava jubilosamente, como sendo sua Mãe, as bodas de seu amantíssimo Filho; como outrora em Caná prevenia a pobreza e a confusão dos esposos, assim adorna a alma fiel com todas as suas virtudes, a fim de que Jesus a encontre digna d’Ele. Oh! sim, a melhor preparação para a Comunhão é a que se faz por intermédio de Maria. Não compete à mãe adornar a filha para os seus esponsais? Para isso, se desfaz de tudo nesse dia. Quem poderá exprimir os cuidados que toma essa bondosa Mãe das esposas do Deus da Eucaristia, principalmente para conservar a pureza de seu coração, a fim de que o celeste Esposo possa encontrar nelas as suas complacências.
Porém Jesus é também Esposo da Igreja, cuja virgindade fecunda o faz Pai da nova geração dos filhos de Deus. Maria adorava pois, igualmente, a Jesus, como Esposo da Igreja, e a esta amava como filha sua, visto que estava unida a seu amado Filho com um vínculo indissolúvel. De bom grado Maria teria dado a vida pela Igreja; Ela a protegia e defendia com suas incessantes preces, acompanhava seus progressos e partilhava de suas angústias, sofrendo com ela e por ela; porém, ao mesmo tempo que Maria era Mãe da Igreja, era também sua carinhosa filha. Como o mais submisso dos fiéis, obedecia a Pedro, a João e aos demais Sacerdotes; Maria honrava as cerimônias sagradas e adorava a Jesus por intermédio da Igreja com seu culto, suas orações litúrgicas, por meio do seu Sacerdócio, e em união com todos os seus filhos. Oh! que bela adoração aquela que reunia Nossa Senhora com os fiéis aos pés do Santíssimo Sacramento. O céu poderia invejá-la, pois Maria era na Igreja como o sol em meio dos astros, e por Ela devia Deus deleitar-se na terra e Jesus em seu Tabernáculo.  Era o céu do amor!

II. Ademais, Maria adorava a Jesus na sua qualidade de Rei; a Santíssima Eucaristia constitui a realeza do Salvador; é por ela que Jesus reina nos corações e nas sociedades. Para conseguir triunfar do homem, a verdade tem que ser insinuada por meio da Eucaristia, a fim de revestir-se de suavidade tornando-se persuasiva e tocante. Quando o homem ainda não comungou, possui somente a fé proveniente da verdade e não a do amor, nem desfruta o gozo e a suavidade da fé; já terá encontrado a Jesus em seu caminho e terá conversado com Ele, porém sem conhecê-lO; somente a Eucaristia será capaz de lhe revelar em toda a sua força e esplendor Jesus Cristo e todos os segredos da fé. Na Eucaristia, portanto, Jesus é o Rei da verdade.
Em relação às virtudes, pode-se dizer o mesmo Precisamos da Eucaristia para que elas reinem definitivamente num coração; necessitamos da comunhão para torná-las amáveis, dulcificá-las e beatificá-las no amor de Jesus. É mister que Jesus se dê a mim, para que seu amor me subjugue, enquanto Ele vai me repetindo: "Meu filho, dá-me teu coração!" Só na Eucaristia o amor de Jesus é regiamente servido porque tem aí um palácio, uma corte e um séquito de adoradores.
Maria adorava pois a Jesus como seu Rei; não já em sua pobre e fugaz realeza de Belém ou do Egito, nem mesmo como a seu Rei crucificado no Calvário, porém em sua realeza perene, no seu trono de glória, embora velado, invulnerável aos golpes de seus inimigos, invencível em sua vitória, glorioso no triunfo do seu amor. A Santíssima Virgem via realizada a palavra do Anjo: "reinará sobre a casa de Jacob e seu reino não terá fim." Nossa Senhora via também multiplicarem-se os tronos eucarísticos, via cada cidade e cada aldeia transformar-se numa corte e oferecer a Jesus um palácio; via que no mundo todas as virtudes haveriam de florescer pelo Santíssimo Sacramento, formando a coroa régia do Deus que as inspira e as sustenta com sua própria substância. Ah! quantos suspiros e preces brotaram do coração de Maria no Cenáculo pela extensão do reinado eucarístico de Jesus! Ela implorou, e foi-lhe dado contemplar no decorrer dos séculos a difusão da Eucaristia por toda a parte bem como o triunfo do amor de Jesus.
Enfim, Jesus seria amado, a Eucaristia cativaria o amor dos corações e esta divina chama envolveria a terra, renovando sua face.
Oh! sim, divino Rei! reinai soberanamente sobre meu coração e sobre minha vida como reinastes sobre vossa Mãe Santíssima. Vossa verdade será meu estandarte de honra, vossas virtudes minhas armas, vosso amor minha palavra de ordem, e o fruto de minha vitória, vossa maior glória eucarística.
É a ardente súplica que meu coração formula por meio de Maria, a Rainha do Cenáculo e a Mãe dos adoradores.

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A Rainha Misericordiosa do Purgatório

O mais poderoso meio de socorrer as pobres almas que sofrem no Purgatório é mandar celebrar a Santa Missa em sua intenção. Quando, porém, se depositam os frutos infinitos do Sangue de Jesus nas mãos de Maria para que Ela os aplique no alívio desses caros irmãos padecentes, tem-se quase por certa a sua libertação.
Um bom e fervoroso religioso apareceu, depois de sua morte, a um de seus irmãos e lhe disse que estava sofrendo as penas do Purgatório, não tanto a pena dos sentidos, mas a privação de Deus. Pediu-lhe que obtivesse do Prior permissão para dizer, na Santa Missa, uma Oração por sua alma.
Satisfeita sem demora a súplica do religioso, o próprio Prior viu, sob o manto de Maria, a alma do caro irmão, cheia de felicidade, levada ao céu em triunfo por esta boa Mãe, como conquista gloriosa de seu amor.
(Nicolau Laghi, t. III.)

PRÁTICA — Pedir incessantemente a Maria pela extensão do reinado eucarístico de Jesus Cristo em todo o mundo.

JACULATÓRIA — Ó Coração Imaculado de Maria, tálamo nupcial onde o Divino Esposo encontra suas delícias, abrasai-nos do amor que vos consome!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

25o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Apostolado de Maria



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. A alma que vive da Eucaristia deve, antes de tudo, cuidar dos interesses do adorável Sacramento, e entre esses, o primeiro e mais caro a Jesus, que é o Sacerdócio. É por intermédio dos Sacerdotes que o Santíssimo Sacramento nos é dado e vem às nossas almas; por meio deles recebe Jesus a vida sacramental que consagra à glória de seu Pai; por eles Jesus é mais glorificado do que poderiam fazer os fiéis ainda mesmo os mais piedosos; Jesus delegou aos Padres todos os seus direitos, conferindo-lhes seu próprio poder. Rezar pelo Sacerdócio, portanto, rogar que se multipliquem as vocações, conseguir para os povos sacerdotes santos, homens abrasados, era essa a oração de Nossa Senhora e seu apostolado predileto. E agora continua a proteger as santas vocações, pedindo-as a seu Filho; o Sacerdote é o filho predileto de Maria Santíssima.
Nossa Senhora é quem o inicia na piedade desde a infância, e conserva sua virtude; é Ela quem sustenta seu fervor, o conduz pela mão até aos pés do Altar e o apresenta ao Bispo como fez outrora levando Jesus ao Templo. Nossa Senhora infunde-lhes igualmente coragem nos múltiplos sacrifícios dos estudos, das lutas e das responsabilidades do Sacerdócio.
O Sacerdote formado por Maria será certamente um bom e santo Ministro do altar e será bem acolhido por Jesus.

II. Maria, por assim dizer, se revê no Sacerdote, e por meio dele continua sua missão junto às almas e junto a Jesus Cristo. A primeira Encarnação, com efeito, se operou em Maria e por meio de Maria; n'Ela se encarnou o Verbo; nas mãos do Sacerdote e graças à sua palavra, Jesus Cristo se torna nosso Pão. A dignidade da Mãe de Deus é incomparável; Maria é mãe do Rei e, por conseguinte, Rainha dos Anjos e dos homens.
O Sacerdote é o pai de Jesus Sacramentado; é o rei espiritual das almas; um Deus terrestre, terrenus Deus, que recebeu de Deus todos os bens, abrindo e fechando o céu.
Maria educa Jesus, sustenta-O, segue seus diversos estados; ao Sacerdote compete fazer Jesus Cristo crescer nas almas, segui-lO e conservá-lO, até que Ele tenha atingido nelas a idade perfeita, transformando-as em si próprio.
Maria Santíssima, em sua qualidade de mãe, tem sobre Nosso Senhor todos os direitos conferidos pela maternidade; do mesmo modo o Sacerdote tem um poder direto sobre a pessoa de Jesus Cristo. Nossa Senhora só é poderosa por Jesus; o Sacerdote, por sua vez, só é poderoso pelas graças que Jesus coloca em suas mãos; o próprio Jesus se põe ao seu dispor, a fim de conferir-lhe assim maior possibilidade de ação.
Todavia, sob certos pontos, Nossa Senhora pode invejar os privilégios do Sacerdote.
O Verbo Encarnado permaneceu em seu seio tão somente durante nove meses; a fecundidade do Sacerdote é perpétua; cada dia ele encarna Jesus; seu poder consecratório é inerente ao seu Sacerdócio; semelhante ao Padre Eterno, cuja geração jamais se esgota, semelhante ao sol que irradia cada manhã sua luz e calor sem jamais se consumir, Maria dá o Salvador ao mundo no estado mortal, e, portanto, débil e para a cruz; o Sacerdote fá-lO baixar sobre o altar mas em seu estado glorioso e ressuscitado; sua glória não aparece aos nossos olhos carnais, porém os Anjos a contemplam. É um sol radioso do lado do céu, mas velado do lado da terra.

III. A missão e os deveres do Sacerdote e de Maria são idênticos, em relação à Eucaristia e em relação às almas. A missão do Sacerdote é missão de adorador e de apóstolo.
O Padre é, em primeiro lugar, adorador e guarda do Santíssimo Sacramento; é, acima de tudo, homem de oração. Nos autem, diziam os Apóstolos, oratione et ministério verbi instantes erimus. (Act. VI, 4). Quanto a nós, entregar-nos-emos à oração e à pregação. É mister que o Sacerdote se associe à oração da Vítima que ofereço e que prepare e inicie aos pés do altar seu apostolado exterior.
Maria no Cenáculo: eis sua Divina Mãe desempenhando seu principal dever. Nossa Senhora no Cenáculo é adoradora por ofício; adora, cuidando do culto eucarístico; repara a glória de Deus ultrajada pelos pecadores; consola o amor de Jesus desprezado pelos homens.
Ao Pai Ela oferece Jesus; a Jesus apresenta seu materno seio, e ao Espírito Santo, as almas que são sua herança e seus templos, a fim de que Ele as renove e inflame em seu amor.
Eis o que deve a Jesus o Sacerdote fiel que compreende a graça do amor do Salvador para com ele.
O segundo mistério do Sacerdote é o de anunciar Jesus Cristo aos povos. Também aqui Maria é sua dulcíssima protetora. Foi Ela quem educou Jesus e revelou os mistérios de sua vida aos Apóstolos e aos Evangelistas; Maria falava de Jesus sem cessar, fazendo-O amar por todos; era a fervorosa zeladora de Jesus. O mesmo deverá fazer o Sacerdote: pregar, dar a conhecer Jesus Sacramentado, propagar seu culto e seu reinado com zelo infatigável.
Para isso deve recorrer a Maria, que ama os Sacerdotes com amor de predileção; ama-os em Jesus seu Filho, de quem são os ministros, ama-os para a glória de Deus e a salvação das almas das quais são os apóstolos.
O Sacerdote tem deveres a cumprir para com esta Mãe terníssima; não deve ceder a ninguém seu posto em tributar-lhe honras, e nem deixar-se vencer no amor que lhe deve professar.
Ademais, deve trabalhar com zelo para torná-lA conhecida e amada.
Quanto a nós, se amamos a Eucaristia e desejamos vê-la servida, pregada e adorada por todos, imploremos, sem cessar, a Jesus, por intercessão de Maria, que nos dê Sacerdotes santos, obreiros apostólicos, fiéis adoradores; é condição indispensável para a glória do Santíssimo Sacramento e a salvação do mundo.

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Terna proteção de Maria para com um Sacerdote

Dois Sacerdotes, viajando certa vez pelo país dos Albigenses, avistaram uma igreja, e se bem que estivessem em tempo de franca perseguição religiosa, tudo se devendo temer dos selvagens hereges, quiseram eles celebrar a Santa Missa, movidos, sobretudo pelo fato de ser um sábado, para honrar desse modo, a Santíssima Virgem. Quando o primeiro deles celebrava, eis que chegaram os Albigenses que o arrastaram do altar e, depois de lhe infligirem mil ultrajes, cortaram-lhe a língua deixando-o semimorto. Seu companheiro o transporta, embora com dificuldade, para um mosteiro das cercanias, onde ambos são recebidos com verdadeira caridade.
Na véspera da Epifania, o pobre Sacerdote mudo, ouvindo o canto dos religiosos, inflamou-se de um desejo ardente de se unir a eles, e, sobretudo, de poder celebrar a Santa Missa. Dirige-se então a Maria, no fervor destes seus desejos, e esta doce Mãe, lhe aparecendo com o membro de que fora ele privado, diz-lhe: "Eis, meu caro filho, que por terdes perdido esse membro e sofrido tanto porque, sem temor do perigo, quisestes dizer a Santa Missa em honra de Jesus e em minha honra, eu vo-lo restituo, da parte de meu Filho".
O fervoroso Sacerdote sentiu-se curado no mesmo instante e entoou, com voz clara e sonora, um cântico de ação de graças em louvor de Jesus e de sua misericordiosa Mãe.
(Nicolau Laghi, trat. VI, c. XXIV.).

PRÁTICA — Orar incessantemente pelas vocações sacerdotais e exercer a mais piedosa e respeitosa caridade para com os Sacerdotes.

JACULATÓRIA — Ó Rainha do Clero, enviai bons operários para a Messe de vosso Divino Filho.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

24o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Adoração de Súplica de Maria Santíssima



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria dedicava-se totalmente à glória de Jesus na Divina Eucaristia. Sabia que o desejo do Pai Celestial era vê-la conhecida, amada e servida por todos; sabia também que o Coração de Jesus sente, por assim dizer, necessidade de comunicar aos homens todos os seus dons de graça e de glória; que a missão do Espírito Santo é difundir e aperfeiçoar nos corações o reinado de Jesus Cristo; que a Igreja foi expressamente fundada para dar Jesus ao mundo; por isto, todo o desejo de Maria era torná-lO conhecido em seu Sacramento; seu imenso amor para com Jesus tinha necessidade de expandir-se e dilatar-se para, de algum modo, compensá-la da impossibilidade em que se achava de glorificá-lo tanto quanto houvera desejado.
Desde o Calvário, todos os homens se haviam tornado seus filhos; amava-os com ternura de mãe e desejava-lhes tanto bem quanto a si mesma; eis a razão pela qual anhelava ardentemente dar a conhecer a todos Jesus Sacramentado, inflamar em santo amor os corações e prendê-los ao seu amável serviço.
A fim de conseguir tal graça, a Santíssima Virgem desempenhava aos pés da Eucaristia uma missão perene de oração e de penitência; ali tratava da salvação do mundo, e em seu imenso ardor abraçava as necessidades dos fiéis de todos os lugares e de todos os tempos vindouros que haveriam de herdar a devoção à Divina Eucaristia, consagrando-se ao seu ser-vocação à Divina Eucaristia, consagrando-se ao seu serviço.
Entretanto, a missão mais cara ao seu coração, era e trabalhos dos Apóstolos e dos demais membros do Sacerdócio de Jesus Cristo. Não é, pois, de estranhar que estes obreiros apostólicos convertessem tão facilmente nações inteiras, pois que Maria, permanecendo aos pés do trono das misericórdias, implorava para eles a bondade do Senhor. Sua oração convertia as almas e visto que toda a conversão é fruto da prece e que a súplica de Maria não poderia sofrer recusa, é evidente que os Apóstolos possuíam nesta Mãe de bondade sua melhor auxiliar. "Bem-aventurado aquele por quem Nossa Senhora reza."

II. Os adoradores partilham da vida e da missão de súplica de Maria aos pés do Santíssimo Sacramento; é a mais bela das missões e não apresenta perigo. É, também, a mais santa, porque abrange o exercício de todas as virtudes; é mais necessária à Igreja, que tem maior necessidade de oração do que de pregadores, de homens de penitência do que de homens eloquentes.
Em nossos dias, mais do que nunca, necessitamos de homens que, pela própria imolação, desarmem a cólera de Deus, irritado contra os delitos sempre crescentes das nações; temos precisão de almas que, com suas súplicas, reabram os tesouros da graça, fechados pela indiferença geral; são necessários verdadeiros adoradores, quer dizer, homens de fogo e de sacrifício; quando estes forem numerosos em torno de seu Divino Chefe, Deus será glorificado, Jesus será amado, e as sociedades se tornarão cristãs, conquistadas a Jesus Cristo por meio do apostolado da oração eucarística.

III. O apostolado de Maria Santíssima consistia, além disso, na pregação muda, porém persuasiva, do respeito.
Tal pregação convém a todos e, uma alma desejosa de tornar a Eucaristia amada e conhecida, a ela se aplicará com grande empenho, em união com Maria; com que modéstia e reverência essa perfeita adoradora se conservava aos pés do Santíssimo Sacramento! Permanecia na atitude dos anjos perante a Majestade divina, e a ninguém dava atenção, compenetrada e absorta que estava, pela fé, na real Presença de Jesus. Ao se apresentar diante de Nosso Senhor, vinha sempre conveniente e religiosamente vestida, como para uma visita de cerimônia. Um traje negligente e um porte descuidado denotam falta de fé e desordem interior.
Aos pés de seu Deus, Maria permanecia, de joelhos o mais que podia; esta é a posição adotada pela Igreja para a adoração, é a homenagem do corpo, a humildade da fé; de joelhos aos pés de Jesus, é o lugar do amor.
O respeito no lugar santo, mormente diante do Santíssimo Sacramento, deve ser a grande virtude pública dos adoradores. Este respeito é sua profissão solene de fé, e ao mesmo tempo, a graça de sua piedade e fervor, pois Deus sempre castiga as irreverências cometidas no santuário, por meio do enfraquecimento da fé e da privação das graças de piedade. Toda a pessoa que se mostrar irreverente ou pouco respeitosa diante de Nosso Senhor, não deve estranhar a aridez na oração; ainda é pouco, pois mereceria até mesmo ser vergonhosamente expulsa de sua presença, como um insensato.
Sejamos pois muito severos no tocante ao culto de respeito; conservemos a dignidade do porte e uma atitude religiosa, guardando um rigoroso silêncio e um perfeito recolhimento. Na Igreja, só devemos prestar atenção a Jesus Cristo; aí não se conhecem os amigos. Jesus é tudo: a corte não olha senão para o Rei e só a Ele rende vassalagem. À vista do religioso e profundo respeito dos adoradores, os mundanos serão obrigados a exclamar: Aqui deve haver
alguma coisa de grande! Os fracos e tíbios se confundirão por sua tibieza e reconhecerão a Jesus Cristo: o exemplo é a lição régia da sabedoria e o apostolado mais fecundo.

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Nossa Senhora da Primeira Comunhão

Preparar as crianças para este grande ato da vida, ornar-lhes o coração para a primeira visita de Jesus, oh! é sem dúvida a mais doce missão da ternura maternal de Maria.
Uma fervorosa mãe viu certo dia a Santíssima Virgem debruçada sobre o berço de seu filhinho, sorrindo-lhe e cobrindo de flores o seu pequenito leito. E, mais tarde, quando Alexandre Bertius, que era essa criança, pode falar, suas primeiras palavras foram: Jesus e Maria. Cresceu o menino privilegiado à sombra do Crucifixo, e desde cedo a luz do seu batismo lhe fez entrever, no fundo do coração, os terrenos da alma em que poderia germinar a má semente: arma-se então, com a idade de apenas cinco anos, de uma disciplina e castiga em seus membros delicados os instintos que o poderiam induzir ao mal.
Maria o acompanhava preparando-o para a primeira comunhão. Nesse momento solene e por de mais precioso, Alexandre experimentou a impressão sensível de que seu coração se abrira e Jesus tomara posse dele. Esta lembrança o prendeu de tal forma ao Tabernáculo, que a custo se conseguia afastá-lo, tornando-se por isso conhecido em toda a cidade como o menino do santo altar. Nossa Senhora cumulava esse filho de favores excepcionalmente maternais: passava as folhas de seu livro de estudo; amenizava-lhe os ardores da febre cercando o seu leito de flores, quando ele estava doente. Assim protegido pela presença amorosa de Maria, o piedoso estudante jamais tomou parte em qualquer alegria mundana, entretenimento perigoso ou recreação pouco recomendável.
Eis, portanto um exemplo de como a infância e a adolescência colocadas sob o cuidado maternal do olhar da Virgem da Eucaristia, se tornam puras e preparam à Igreja cristãos fiéis e ao céu, cidadãos ornados de todas as virtudes.

PRÁTICA — Rezar pelas crianças que se preparam à Primeira Comunhão e por seus catequistas.

JACULATÓRIA — Salve, ó Maria, que pelo apostolado de vossa oração venceste todas as heresias suscitadas contra a Eucaristia.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

23o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Adoração de propiciação de Maria



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria adorava seu amantíssimo Filho na qualidade de vítima perpétua, sempre imolada em nossos altares, implorando sem cessar, por sua morte, graça e misericórdia para os pecadores. Maria adorava o Salvador nesse novo Calvário, onde O crucificava o seu amor; O presentava a Deus Padre pela salvação de sua nova família, e a vista de Jesus na Cruz com as chagas abertas renovava em sua alma o martírio de sua compaixão.
Na Santa Missa, parecia-lhe ver ainda seu Jesus Crucificado, derramando seu sangue a jorros, em meio das dores e da ignomínia; abandonado dos homens e de seu Pai Celestial, e finalmente expirando no ato supremo de seu amor. Adorando a seu Deus presente no altar pela Consagração, Maria derramava abundantes lágrimas, chorava principalmente vendo que os homens não faziam nenhum caso desse augusto sacrifício, tornando ineficaz para eles esse mistério de Redenção; chorava ainda considerando também aqueles que ousavam ofender e desprezar essa Vítima adorável oferecida sob seus olhos e por sua própria salvação.
Nossa Senhora teria querido morrer mil vezes a fim de reparar tantos ultrajes, porque os desgraçados que disso se tornavam culpados eram seus filhos, aqueles que Jesus, ao morrer, lhe havia confiado. Pobre Mãe! não lhe bastava um Calvário? Para que renovar todos os dias suas dores e traspassar seu coração com novos gládios de impiedade? No entanto, como a melhor das mães, em lugar de repelir e de amaldiçoar os pecadores, Maria tomava sobre si a dívida de seus crimes, fazia-se vítima aos pés do altar, implorando graça e misericórdia para seus filhos culpados.

II. Maria adorava Jesus no estado de prisioneiro a que se sujeitou, unindo-se inseparavelmente às sagradas espécies; contemplava seu Corpo glorioso, seus pés e mãos, ligados por imobilidade material; seus lábios emudecidos, sua alma sem expansão exterior, seu amor sem manifestação sensível, porém ligado e encadeado e só podendo mostrar aos homens sua amáveis cadeias.
Oh! felizes laços que conservais Jesus em nosso meio, exclama Ela, sede benditos. Sois as cadeias abrasadas que me prendeis a esse divino Tabernáculo! Silêncio de meu Deus, como sois eloquente para o meu coração! Membros sagrados de meu Salvador, para mim sois mais caros ainda do que quando os cravos vos fixavam na cruz, ou quando vos envolviam as dobras do sudário: é o amor que aqui vos prende e para sempre, e isso afim de que Eu possa fazer de Jesus meu bem, meu prisioneiro de amor, o companheiro de meu cativeiro na terra, o Deus de meu coração.

III. Maria adorava o estado oculto da divindade e da humanidade de Jesus em seu Sacramento, veladas a fim de que o homem não se apegasse à glória e à beleza de seu corpo, mas fosse diretamente à divindade do Verbo. Com efeito, Jesus velando-se desse modo quer espiritualizar, no homem, a virtude da fé; purificar seu coração, estimular seu amor e atraí-LO para o infinito, a uma beleza sempre crescente e sempre nova.
Maria adorava, pois a Jesus velado, mas transparente pelo amor; através da nuvem contemplava a beleza desse Sol, que manifesta seus ardores pelo fulgor que irradia ao nosso espírito, e faz sentir sua presença por meio de sua doçura.
Maria honrava a vida oculta de Jesus, por meio de uma vida solitária e retirada. Passava a maior parte do seu tempo reparando pelos homens ingratos. À vista dos aniquilamentos eucarísticos de Jesus, também desejaria ser aniquilada, transformada numa espécie sacramental, sem vida própria; e realmente sua vida natural tinha desaparecido e sido transformada em Jesus, assim como o pão se transforma na substância de Jesus Cristo.
Contemplando aos seus pés sua divina Mãe, o Salvador consolava-se do abandono dos homens, se alegrava pelos sacrifícios que tão generosamente havia feito, preferindo à sua glória esse estado de aniquilamento. Maria, sua Mãe e Mãe de todos os adoradores, O compensava de tudo, e o amor de Jesus se deleitava num gozo indizível ao receber a súplica e
as lágrimas que Ela derramou pela salvação do mundo.

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Ensinamento de Maria sobre a infelicidade das comunhões mal feitas

Transcrevemos aqui algumas palavras das instruções que a Santíssima Virgem ministrou à venerável Madre Maria de Jesus sobre a Comunhão. Disse-lhe Maria, certa vez: Se o amor de Deus para com o próximo teve em mim tanta repercussão e força, imaginai, minha filha, a veemência do amor que eu experimentava para com o próprio Deus ao recebê-lO na Comunhão! Quero vos revelar o que me aconteceu quando O recebi pela primeira vez das mãos de São Pedro; o Altíssimo se dignou deixar que o meu amor se dilatasse com tamanha expansão que o meu peito se abriu realmente, permitindo, como Eu desejava, que o meu Filho Sacramentado nele penetrasse e permanecesse como um rei em seu próprio trono. Podeis então compreender, minha filha, que se eu fosse, na glória, susceptível à dor, haveria de sentir profundamente, dentre todas que eu tivesse de suportar, a de ver a temeridade incompreensível dos homens em receberem o Corpo Sagrado de meu Filho, uns manchados por crimes abomináveis, outros sem devoção e respeito, e a maior parte sem considerar a importância e aquilatar o valor desta Hóstia, o próprio Deus, gérmen de vida ou de morte eterna. Temei, ó filha, este perigo; reparai esse desleixo de um tão crescido número de filhos da Igreja; pedi perdão por eles, e, aproveitando os meus conselhos, procurai penetrar profundamente este Mistério de amor. Quando O receberdes, afastai de vosso pensamento todas as preocupações terrestres; abismai-vos na lembrança de que ides receber o vosso Deus em pessoa; empregai todos os vossos esforços para Lhe testemunhar o vosso amor, a vossa humildade e gratidão, convencida, porém, de que, mesmo assim, estais muito longe de
corresponder ao que merece um Sacramento tão venerável.
(Cidade Mística, p. III ( I. VII, c. VII.).

PRÁTICA — Assistir o Santo Sacrifício para reparar, em união com Maria, o pecado daqueles que faltam à Missa.

JACULATÓRIA — Oh! Maria! sois a verdadeira Mesa mística, onde encontramos o delicioso manjar de nossas almas, Jesus Sacramentado.


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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962