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Capítulo XXXI - A Santidade (Assunto de Adoração)

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XXXI
A Santidade
(Assunto de Adoração)
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ADORAÇÃO. Encontro-me neste momento em presença do Senhor e Deus dos santos, da própria santidade. Que honra para o meu nada!... Jesus a santidade... Eu a miséria e a culpa!... Contudo, não me fulmina com o seu rigor; antes, tolera-me com a sua misericórdia, chama-me com o seu amor, para que me resolva finalmente a adorar o que até agora desprezei.

Capítulo XXX - Os outros

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XXX
Os outros
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SERIA necessário que eu nunca os tivesse visto na igreja. Mostram um tal respeito, oram com tal recolhimento, que eu fico humilhada, e requer-se um grande esforço de boa-vontade para eu não deixar ali as minhas devoções e ir-me embora. Vede com que fervor aquela alma boa se põe a orar! Está toda fixa na Hóstia... Quase que nem move as pálpebras, nem parece respirar... Toda a sua vida parece concentrada sobre os lábios... Estes só têm um ligeiro movimento... Todo o resto da pessoa se imobiliza. Parece a estátua da oração.

Capítulo XXIX - Pelos outros

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XXIX
Pelos outros
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NÃO se poderia, ó Jesus, fazer um pouco de bem a tantas almas que andam no caminho da perdição? Algumas há, que me estão mesmo a caráter de salvá-las; mas é preciso que elas o não saibam; desejaria ao menos melhorá-las, mas sem lhes dizer sequer uma palavra, mesmo porque seria inútil. Será isto possível?

Capítulo XXVIII - À boa noite a Jesus

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XXVIII
À boa noite a Jesus
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QUANTO sinto dever deixar-te, ó Jesus! Ah! Se não fosse a necessidade que me obriga ao repouso, ficaria aqui contigo até amanhã, sempre a falar-te, sempre a olhar-te, sempre a amar-te; parece-me que te diria coisas novas... Parece-me que o meu coração se inflamaria de novas chamas... Que mais depressa me tornaria santa... Mas vejo-me constrangida a ir-me embora, a deixar-te, a condensar todas as efusões do meu coração nesta mesquinha saudação — boa noite!

Capítulo XXVII - Os bons dias a Jesus

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XXVII
Os bons dias a Jesus
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EIS a alba dum novo dia, ó Jesus? Mas, de que te será ele portador? Será este um dia de novas culpas ou de amores mais veementes? Quantos sacrilégios, quantas blasfêmias, quantas abominações não virão dilacerar-te o coração? E quantas orações, quantos heroísmos de virtude não to virão consolar? Eu não o sei, e certamente não é a força mesquinha do meu braço que poderá impedir a obra dos crucifixores e fazer cair-lhes das mãos o martelo e os cravos. Mas tu podes receber o meu melhor augúrio e transformá-lo em mil chamas de amor, que do coração de tantos adoradores sobem a confortar o teu.

Capítulo XXVI - A palavra mais difícil

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XXVI
A palavra mais difícil
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FALEI já tantas e tantas vezes a Jesus, falo-lhe todos os dias, digo-lhe um mundo de coisas, as mais belas e as mais suaves que o coração me pode sugerir; mas há uma palavra mais bela que qualquer outra, uma palavra aprendida desde criança, repetida cada dia e quase a cada hora, uma palavra sem a qual toda a oração perde a beleza e o valor, e que eu lhe não digo jamais... Ela aflora-me espontânea aos lábios nos momentos de angústia, mas eu não a ouso pronunciar, porque o coração recusa-se a acompanhá-la... E porque havia de dizer uma palavra que será uma ficção? Jesus disse-a no Getsêmani, ordenou a todos que a repetissem, porque é a mais bela que podem pronunciar os lábios cristãos: fiat voluntas Tua — faça-se a Tua vontade.

Capítulo XXV - Morrer bem

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XXV
Morrer bem
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É um dos sonhos mais belos da minha alma; é um sonho que se torna cada vez mais vivo, à medida que os anos passam e as forças me vão faltando. Principalmente quando me encontro com Jesus sorri-me a idéia de uma santa morte. Figuro-me, então, estar estendida sobre o leito da agonia, a poucos minutos de distância da eternidade, com todos os adeuses já feitos aos meus parentes, com o coração desapegado já das coisas mundanas, com o Paraíso aberto aos meus olhos, e os anjos que me sorriem do alto, e Maria que me convida, e Jesus que me estende a mão para tomar-me e conduzir-me lá cima... Pensando em tudo isto eu choro um pouco, mas o meu pranto deixa-me a alma contente.

Capítulo XXIV - A hora bela

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XXIV
A hora bela
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JESUS no Tabernáculo, e uma alma trasbordante de culpas genuflexa diante do altar... Que contraste! Quem não conhece a Jesus, ao vê-lo defronte de uma alma pecadora, desejaria pôr-se no meio deles e separá-los para sempre... Ah! Como Jesus é mal compreendido! E pensar que as horas mais belas são aquelas que Jesus passa a trabalhar com a graça sobre as almas extraviadas!

Capítulo XXIII - Esperando a graça

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XXIII
Esperando a graça
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DERRAMEI todo o meu coração perante ti, ó Jesus! Chorei a minha dor, cantei as minhas esperanças, desafoguei todo o meu amor; pedi-te, exorei-te... Agora sinto-me extenuada... Mas, não saio daqui, sem me fazeres a graça implorada.
Orei com toda a confiança nos méritos da tua Paixão e Morte; apresentei à tua misericórdia as tuas próprias dores; recordei-te o teu batei, procurai, pedi... Mas até agora não obtive coisa alguma... Contudo, não me quero ir embora, e fico aqui esperando a graça.

Capítulo XXII - Jesus!... Jesus!...

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XXII
Jesus!... Jesus!... 
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EIS a oração que eu te farei tantas e tantas vezes, ó meu amável Jesus. O teu nome adorável será a súmula de todas as minhas aspirações, será o grito angustioso do meu coração dilacerado, e te recordará todas as minhas dores e todas as minhas esperanças. Na hora do pranto tu me verás genuflexa diante do altar com o olhar fixo na Hóstia, com os lábios incapazes de pronunciar outra palavra, fora do teu nome — Jesus!... 

Capítulo XXI - Fogos de palha

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XXI
Fogos de palha
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 SE dissesse que tenho sempre tratado bem a Jesus, com delicadeza, com verdadeiro amor filial, diria uma mentira. Tenho começado muitas vezes, mas não tenho prosseguido, e o edifício da minha piedade cristã está agora como estava há muitos anos!
Recordo-me de que, quando menina, sentia uma grande vontade de dar-me toda a Jesus, mas senti-me também dominada por uma grande vaidade e inconstância; e assim me tenho arrastado até hoje, alternando práticas de devoção com atos de preguiça e langor espiritual.

Capítulo XX - Pelos sacerdotes defuntos

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XX
Pelos sacerdotes defuntos
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ACOLHE, ó Jesus, a oração que se eleva do meu coração ao trono da tua misericórdia. É uma oração toda impregnada de amor, de piedade, de veneração.. Ó Jesus, eu te peço pelos teus sacerdotes defuntos! — Recorda, ó grande Deus, quanto trabalharam por ti neste mesmo templo, junto deste mesmo altar, no tribunal da penitência, no púlpito, com a voz, com o exemplo, e talvez entre prantos e dores. 

Capítulo XIX - Dentro em breve

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XIX
Dentro em breve
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PARECE, realmente, que eu tenho encontrado o modo de amargurar todas as minhas alegrias, ainda as mais legítimas e santas. Poderia gozar em paz horas tranquilas, dias inteiros mesmo; e, afinal, vou-me angustiando com temores verdadeiramente estranhos.

Capítulo XVIII - Recordações

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XVIII
Recordações
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SE não tivesse mil razões para fazer companhia a Jesus, bastar-me-ia só esta — a das recordações que me desperta o lugar em que Ele está.

Capítulo XVII - Tenho medo

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XVII
Tenho medo
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TENHO visto mais de um a morrer... Às vezes encontram-se motivos de consolação; mas quantas vezes o nosso espírito fica aterrado! Ao ver a resignação, que em muitos acompanha os espasmos da agonia, o coração enternece-se e sente-se inveja daqueles moribundos; ao assistir aos últimos arrancos da morte, sente-se o peito oprimido de terror. Como suportar sem um lamento e uma impaciência os tormentos da última hora?

Capítulo XVI - O Coração de Jesus

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XVI
O Coração de Jesus
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TODAS as almas cristãs o conhecem... Ao menos de nome; mas quantas o conhecem como ele é em si mesmo? Se fosse bem conhecido, seria mais vivo e potente, e desapareceriam de vez certos receios que, de cristãos, só têm uma leve aparência.
Jesus, ao apresentá-lo à Beata Margarida, disse estas palavras: — «eis o Coração que tanto amou os homens.» — Palavras que deviam ser recordadas por todos, quando se lê o Evangelho, quando se meditam os novíssimos, quando se teme a justiça divina, sempre e em toda a parte.

Capítulo XV - Alma distraída

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XV
Alma distraída
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QUANDO oro, desejaria estar toda recolhida em Jesus, como que encarcerada no Tabernáculo e encadeada à píxide... Mas, ao contrário, sou flagelada pelas distrações contínuas, e não consigo estar atenta um minuto sequer.
Como seria belo ter a mente toda ocupada em Jesus, a imaginação toda impregnada de Jesus, o coração todo palpitante por Jesus, a alma toda absorvida em Jesus! Seria belo, mas essa beleza não é para mim.

Capítulo XIV - Fala, ó Jesus

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XIV
Fala, ó Jesus

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tanto tempo que não me dizes nada! Na comunhão emudeces, calas-te na visita, e o mesmo fazes durante a Missa... Porque me tratas assim? Bem sei que eu só mereço castigos, por ser muito má; mas afinal, uma pequena palavra jamais a negaste, mesmo aos teus inimigos; falaste até aos endemoninhados... E a mim porque não me dizes nada?

Capítulo XIII - A hora avizinha-se

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XIII
A hora avizinha-se 
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O tempo que passo vizinho a Jesus voa rápido como qualquer outro; à medida que eu oro, avanço para a morte. A morte! Quem sabe quando soará a hora tremenda! Sabe-o Jesus, mas não mo diz. Tantas outras coisas me revela claramente ao coração, mas esta não... Devo, portanto, caminhar às cegas, sempre preparada para baixar à sepultura. Paciência! Também eu irei para debaixo da terra; mas, antes disso, quero pensar um pouco, prever o meu caso.

Capítulo XII - O meu posto

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XII
O meu posto
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SOU peregrina do Céu. Sobre a terra estou só de passagem... Mas o meu posto, o lugar onde estou melhor e onde estou certa de não errar o caminho, é nas vizinhanças do Tabernáculo.
Com Jesus vizinho, a via do exílio já não é tão longa, a do Céu é mais segura, e a do inferno desaparece... Ah! Como se está bem aqui! Afinal Jesus está na Hóstia para mim, eu fui criada para Ele... Portanto, é natural que vivamos sempre perto um do outro.

Capítulo XI - Não ouso

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XI
Não ouso
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QUISERA dizer tantas coisas a Jesus: sobretudo quisera dizer-lhe que o amo... Mas não ouso. Parece-me que, se lho dissesse, sairia do Tabernáculo uma voz indignada a dizer-me que minto. E, contudo, sinto que, com Jesus, não sei usar de ficções.
Esforço-me por dizer-lhe que o amo, mas penso logo que, aquela migalha de amor, que sinto no coração, poderei oferecê-la às criaturas, às quais se contentam com pouco; dá-la, porém, a Jesus... Parece-me que é fazer-lhe um ultraje.

Capítulo X - Semelhanças

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X
Semelhanças 
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EM certas horas encontro-me tão triste, que até a própria vida me pesa. Mas, refletindo um pouco, vejo que é tudo questão do amor próprio ofendido, ou d'alguma paixão contrariada.
Disseram-me alguma palavra humilhante, mimosearam-me com exprobrações injustas ou palavras injuriosas, fui malsinada por aqueles mesmos cuja estima me é tão cara e preciosa... E por tudo isto me deixo dominar da melancolia? Que cabeça pequenina não é a minha! Não foi Jesus tratado pior do que eu? Não lhe chegaram a dizer que era dado ao vinho, que era um furibundo, um possesso do demônio? Portanto, porque hei de entristecer-me? Reparando bem, toda esta aparente desonra que me aflige, não representa senão um traço de semelhança entre mim e Jesus... E será isto um mal?

Capítulo IX - Aquele dia

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IX
Aquele dia
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RECORDÁ-lo-ei sempre: enquanto sobre a terra houver um Tabernáculo, hei de levar-lhe sempre a homenagem da minha gratidão para com Jesus.
Que alvor de graça não foi aquele! Jesus olhava-me enquanto eu dirigia os meus passos não sei para onde... Invocava o lume do Céu, e o Céu estava escuro como uma noite de tempestade; volvia-me para a terra, e a terra estava envolta em trevas densas, impenetráveis... Devia decidir-me... Resolver sobre o meu futuro... E estava só... Desamparada...

Capítulo VIII - Que mal há nisso?

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VIII
Que mal há nisso?
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SE uma alma prova alguma ternura na oração, se chora de suavidade diante do Santíssimo Sacramento, se experimenta doçuras sensíveis em muitos atos de piedade, e se até deseja estas coisas... que mal há nisso?