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SERMÃO DO DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA



Fontes Franciscanas
III
SANTO ANTÔNIO DE LISBOA
Volume I
Biografia e Sermões
Livro de 1998
Tradução: Frei Henrique Pinto Rema, OFM


Sermão do Domingo da Quinquagésima

SUMÁRIO
Terceiro Evangelho, na Quinquagésima: Estava sentado à borda da estrada um cego.
Em primeiro lugar, um sermão aos pregadores: Tomou Samuel.
Um sermão contra o soberbo: Estava sentado um cego; e acerca da propriedade do vinho e do sangue menstrual.
Um sermão contra os tíbios e os luxuriosos: Aconteceu que um dia.
Um sermão sobre a Paixão de Cristo: Tira as entranhas ao peixe, etc.
Um sermão aos prelados da Igreja: Os lábios do sacerdote.
Um sermão sobre a Paixão de Cristo:: Porque será entregue aos gentios, etc.

Exórdio. Sermão aos pregadores.

1. Estava sentado à borda da estrada um cego. E clamava: Filho de David, tem piedade de mim!1
Diz-se no primeiro livro dos Reis2: Samuel tomou uma lentícula de óleo e derramou-o sobre a cabeça de Saul.Samuel interpreta-se postulado3, e significa o pregador, postulado com as preces da Igreja por Jesus Cristo, que diz no Evangelho4: Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe. Este deve tomar uma lentícula5 de óleo, que é um vaso quadrangular6 como o é a doutrina evangélica. Diz-se quadrangular, por causa dos quatro evangelistas7. E dela deve derramar o óleo da pregação sobre a cabeça de Saul, isto é, sobre o entendimento do pecador. Saul interpreta-se o que abusa8, e significa bem o pecador, que abusa dos dons da graça e da natureza.
E nota que o óleo unge e ilumina. Assim o pecador unge a pele inveterada dos dias maus9 e endurecida pelos pecados, a saber, unge a consciência do pecador e torna-a suave ao tato; ou então, unge o atleta de Cristo e envia-o para a batalha a vencer as potestades aéreas. Esta é a razão por que se diz no terceiro livro dos Reis10que Sadoc ungiu Salomão em Gion. Sadoc interpreta-se justo11 e significa o pregador, que, à semelhança do sacerdote, oferece um sacrifício de justiça na ara da Paixão do Senhor. Ele ungiu Salomão, que se interpreta pacífico12, em Gion, que se interpreta luta13; o pregador, de fato, com o óleo da pregação deve ungir o pecador convertido na luta, para que não consinta na sugestão do diabo, esmague a carne sedutora, despreze o mundo enganador. O óleo também ilumina, porque a pregação ilumina o olho da razão, a fim de poder ver o raio do verdadeiro sol. Em nome, portanto, de Jesus Cristo, receberei a lentícula desde santo Evangelho, e dele derramarei o óleo da pregação, com que serão iluminados os olhos deste cego, do qual se escreve: Um cego estava sentado etc.

2. Neste domingo diz-se o Evangelho da cura do cego, e nele se menciona a Paixão de Cristo; e lê-se e canta-se a história da viagem de Abrãao e da imolação do seu filho Isaac. E lê-se no Intróito da missa: Sê para mim um Deus protetor14. Reza-se a Epístola de S. Paulo aos Coríntios15: Se falar a língua dos homens e dos anjos, etc. Portanto, para honra de Deus e iluminação da vossa alma, concordemos tudo isso.


I – A cegueira das almas.
3. Um cego estava sentado etc. Omitidos todos os outros cegos curados, só queremos mencionar três: o primeiro é o cego de nascença do Evangelho16, curado com lodo e saliva; o segundo é Tobias17 que cegou com excremento de andorinhas, e se curou com fel de peixe; o terceiro é o bispo de Laodicéia, ao qual diz o Senhor no Apocalipse18: Não sabes que és um infeliz e miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que me compres ouro provado no fogo, para te fazeres rico, e te vestires com roupas brancas, e não se descubra a verginha da tua nudez, e unge os teus olhos com um colírio, para que vejas. Vejamos o que significa cada uma destas coisas.
O cego de nascença significa, no sentido alegórico19, o gênero humano, tornado cego nos protoparentes. Jesus restituiu-lhe a vista, quando cuspiu em terra e lhe esfregou os olhos com lodo. A saliva, descendo da cabeça, significa a divindade, a terra, a humanidade; a união da saliva e da terra é a união da natureza humana e divina, com que foi curado o gênero humano20 E estas duas coisas significam as palavras do cego sentado à borda do caminho e a clamar: Tem piedade de mim (o que diz respeito à divindade), Filho de David (o que se refere à humanidade).

4. No sentido moral, o cego significa o soberbo. A este respeito lemos no profeta Abdias21: Ainda que te eleves como a águia e ponhas o teu ninho entre os astros, eu te arrancarei de lá, diz o Senhor. A águia, voando mais alto que todas as aves, significa o soberbo, que deseja a todos parecer mais alto com as duas asas da arrogância e da vanglória. É a ele que se diz: Se entre os astros, isto é, entre os santos, que neste lugar tenebroso22 brilham como astros no firmamento, puseres o teu ninho, isto é, a tua vida, dali te arrancarei, diz o Senhor. O soberbo, pois, esforça-se por colocar o ninho da sua vida na companhia dos santos. Donde a palavra de Job23: A pena do avestruz, isto é, do hipócrita24, é semelhantes às penas da cegonha e do falcão, isto é, do homem justo25. E nota que o ninho em si tem três caracteres: No interior é forrado de matérias brandas; externamente é construído de matérias duras e ásperas; é colocado em lugar incerto, exposto ao vento. Assim a vida do soberbo tem interiormente a brandura do deleite carnal, mas é rodeada no exterior por espinhos e lenhas secas, isto é, por obras mortas; também está colocada em lugar incerto, exposta ao vento da vaidade, porque não sabe se de tarde, se de manhã desaparecerá. E isto é o que se conclui: De lá eu te arrancarei, ou seja, arrancar-te-ei para te lançar no fundo do inferno, diz o Senhor. Por isso, escreve-se no Apocalipse26:Quanto ela se glorificou e viveu em delícias, tanto lhe daí de tormentos.

5. E nota que este cego soberbo é curado com saliva e lodo. Saliva é o sêmen do pai derramado na lodosa matriz da mãe, onde se gera o homem miserável. A soberba não o cegaria se atendesse ao modo tão triste da sua concepção. Daí a fala de Isaías27: Considerai a rocha donde fostes tirados. A rocha é o nosso pai carnal; a caverna do lago é a matriz da nossa mãe. Daquele fomos cortados no fétido derrame do sêmen; desta fomos tirados no doloroso parto.
Por que te ensoberbeces, portanto, ó mísero homem, gerado de tão vil saliva, criado em tão horrível lago e ali mesmo nutrido durante nove meses pelo sangue menstrual? 28 Se os cereais forem tocados por esse sangue não germinarão, o vinho novo azedará, as erva morrerão, as árvores perderão os frutos, a ferrugem corroerá o ferro, enegrecerão os bronzes e se dele comerem os cães, tornar-se-ão raivosos, e com as suas mordeduras farão enlouquecer as pessoas. Além disso, as próprias mulheres, que têm menos necessidade quando se encontram nas suas regras, não observam os homens com olhares inocentes. Sujam os espelhos com o demasiado uso, ao ponto de enfraquecer o fulgor da vista e o esplendor apagado do rosto perder o ciúme natural, e a face, duma esplendência baça, cobrir-se duma espécie de caligem29. Ó homem infeliz, ó soberbo cego, se observares, de espírito atento, estas coisas e te considerares nascido de lodo e de saliva, verdadeiramente, verdadeiramente serás curado, verdadeiramente te humilharás.
E que a sobredita sentença de Isaías se entenda da geração carnal, mui abertamente se mostra quando se ajunta: Lançai os olhos para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz30. A este soberbo cego manda o Senhor: Saí da tua terra e da tua parentela e da casa de teu pai31 etc. Nota aqui três gêneros de soberba: contra o inferior, contra o igual e contra o superior. O soberbo conculca, despreza e ultraja. Conculca o inferior, como se fosse terra – que vem de tero, teris32, esmagar; despreza o igual, como se fosse da parentela, pois o soberbo despreza e escandaliza facilmente os parentes e afins; ultraja também o superior, como se fosse a casa do pai. O superior chama-se casa do pai, porque debaixo dele o súdito, como filho em casa paterna, deve esconder-se da chuva da concupiscência carnal, da tempestade da perseguição demoníaca, do ardor da prosperidade mundana. Mas o cego soberbo, com o insulto feito de nariz enrugado33, ultraja o superior. Diz, portanto, o Senhor: Sai, ó soberbo cego, da tua terra, para não conculcares o inferior, sai da tua parentela, para não desprezares o igual; sai da casa do teu pai, para não ultrajares o superior.

6. Segue: E vai para a terra que eu te mostrar34. A terra é a humanidade de Jesus Cristo, de que diz o Senhor a Moisés no Êxodo35: Tira o calçado dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa. O calçado são as obras mortas36, que deves tirar dos pés, isto é, dos afetos37 da tua alma; porque a terra, ou seja, a humanidade de Jesus Cristo, em que estás pela fé, é santa e te santifica a ti, pecador. Vai, portanto, ó soberbo, para esta terra, considera a humanidade de Cristo, atende à sua humildade, espreme o tumor do teu coração. Caminha, sim, com os passos do amor38, aproxima-te com a humildade do coração, dizendo com o Profeta39: Na tua verdade me humilhaste. Ó Pai, na tua verdade, isto é, no teu Filho, humilhado, pobre e peregrino, me humilhaste; humilhado, sim, no ventre da Virgem; pobre, no curral de gado; peregrino, no patíbulo da cruz. De fato, nada humilha tanto o pecador soberbo como a humilhação da humanidade de Jesus Cristo. Donde Isaías40: Oxalá romperas tu os céus e desceras de lá! Os montes se derreteriam diante da tua face. Diante da sua face, quer dizer, da presença da humanidade de Jesus Cristo, os montes, ou seja, os soberbos41, desaparecem e desfalecem, quando consideram a divina cabeça inclinada no ventre da Virgem Mãe.
Vai, portanto, para a terra que te mostrei a dedo no rio Jordão, dizendo: Este é o meu Filho amado, em que pus as minhas complacências42. Serás também tu filho amado, em que pus as minhas complacências, filho adotivo pela graça, se, com o exemplo do meu Filho, igual a mim, fores humilhado; mostrei-to, para que do modelo da sua vida regules o modo do teu viver, e assim formado recebas luz e assim posas ouvir: Olha, a tua fé te salvou43, te curou.

7. O segundo cego, feito tal pelo excremento de andorinhas, mas curado com fel de peixe, é Tobias44, de que se diz no livro do mesmo: Sucedeu um dia que, cansado da sepultura45, indo para sua casa, deitou-se junto duma parede e adormeceu, e enquanto dormia caiu-lhe dum ninho de andorinhas um pouco de esterco46sobre os olhos, e ficou cego. Vejamos brevemente o que significam Tobias, a sepultura, a casa, a parede, o dormir, o ninho, as andorinhas e o seu esterco. Tobias é o justo tíbio; a sepultura, a penitência; a casa, a satisfação da carne; a parede, a sua voluptuosidade; o dormir, o torpor da negligência; as andorinhas, os demônios; o ninho, o consentimento do espírito efeminado; o esterco, a gula e a luxúria. Digamos, portanto: Tobias, fatigado da sepultura, etc.
Tobias significa o justo tíbio47, do qual diz o Senhor no Apocalipse48: Porque não és frio pelo temor da pena, nem quente pelo amor da graça, mas porque és tíbio, por isso te começarei a vomitar da minha boca. Assim como a água morna49 provoca o vômito, assim a tibieza e a negligência expulsam do ventre da divina misericórdia o ocioso e o tíbio. Maldito, diz Jeremias50, o que fizer a obra do Senhor com negligência.
Este homem fatigado de enterrar mortos vem para casa, quando se aborrece do trabalho da penitência, na qual e debaixo da qual deve esconder os defuntos, isto é, os pecados mortais, para deles se dizer: Felizes aqueles cujos pecados são encobertos51. E então volta-se, abrasado em desejos, para a satisfação do corpo, contra a advertência do Apóstolo52.
Por isso, ajunta-se: Deitou-se junto da parede. A parede é o prazer carnal. Assim como na construção duma parede se põe pedra sobre pedra e se ajusta com argamassa, também no prazer carnal, o pecado de vista se junta ao pecado do ouvido, e o pecado do ouvido ao pecado do gosto, e assim por diante, e se liga fortemente à argamassa do mau hábito. E assim dorme profundamente, alquebrado pelo torpor da negligência. E então cai o esterco das andorinhas sobre os olhos do adormecido.
As andorinhas, por causa do seu voo rapidíssimo, significam os demônios, cuja soberba quis sobrevoar os astros do céu, a altura das nuvens, até se igualar com o Pai e assemelhar-se com o Filho53.
O ninho dos demônios é o consentimento do espírito efeminado, construído com as plumas da vanglória e o lodo da lascívia. De tal ninho cai esterco de gula e luxúria sobre os olhos do adormecido Tobias, e desta maneira se cegam os olhos, ou seja, a razão e a inteligência da infeliz alma.

8. Atendei, caríssimos, e acautelai-vos de tão infeliz procedimento, pois do tédio de enterrar mortos, isto é, do tédio da penitência, se chega à casa da satisfação carnal, colocada, a pretexto de necessidade, junto da parede do prazer, no qual, ao mesmo tempo que se abate com o sono da negligência, se cega com o esterco da luxúria. Donde o Poeta54: Pergunta-se por que é que Egisto cometeu adultério. A causa é evidente: vivia ocioso. Clama, portanto, ó Tobias tíbio, ó cego luxurioso, que estás deitado junto da parede: Tem piedade de mim, Filho de David. 
Eis a razão porque este cego pede no Intróito da missa de hoje seja iluminado, dizendo: Sê para mim um Deus protetor55 etc. Nota que pede quatro coisas: Primeira, quando diz: Sê para mim um Deus protetor, para que, de braços estendidos na cruz, me protejas e defendas, como a galinha protege e defende os pintainhos debaixo das asas; a segunda, quando diz: E um lugar de refúgio, para que no teu lado, traspassado pela lança, encontre lugar de refúgio, onde possa esconder-me da face do inimigo; a terceira, quando diz: Porque tu és o meu firmamento, para não cair, e o meu refúgio, a fim de que, se cair, me abrigue junto de ti e não junto de outrem; a quarta, quando diz: E por causa do teu nome, Que e Filho de David, serás para mim, que sou cego,guia, porque me darás a mão da misericórdia, e me alimentarás com o leite da tua graça. Tem, portanto, piedade de mim, Filho de David.

II – A Paixão de Cristo.
9. O Filho de Deus e de David, Anjo do grande conselho, medicina e médico do gênero humano, no mesmo livro56 aconselha-te com as palavras: Tira as entranhas ao peixe e extrai o fel, unge os olhos e desta forma poderás recuperar a vista. O peixe, no sentido alegórico, é Cristo, por nós assado na grelha da cruz57. O seu fel é a amargura da Paixão. Com ela recuperarás a vista, se forem ungidos os olhos da tua alma. Com efeito, a amargura da Paixão do Senhor afasta a cegueira da luxúria e todo o esterco da concupiscência carnal. Daí a afirmação de um sábio58: A memória do Crucificado crucifica os vícios. Lê-se no livro de Rute59: Molha o teu bocado no vinagre. O bocado é o deleitezinho momentâneo da mísera carne, que deves molhar no vinagre, isto é, na amargura da Paixão de Jesus Cristo.
Eis porque o Senhor te manda o que mandou a Abrãao na história do presente domingo: Toma Isaac, teu filho único, a quem amas, e vai à terra da visão, e aí oferece-mo em holocausto60. Isaac interpreta-se riso ou gozo61, e significa, no sentido moral, a nossa carne que ri, quando realiza seus desejos. Destas duas coisas diz Salomão no Eclesiastes62: Considerai o riso, isto é, as coisas temporais, um erro, porque fazem errar do caminho da verdade; e o gozo da carne disse: Porque te enganas assim vãmente? 
Toma, portanto, o teu filho, a tua carne, que amas, que tão afetuosamente nutre, e, ó miserável, ignoras que não há peste mais prejudicial do que o inimigo que vive dentro de ti? Quem desde a meninice, diz Salomão63, alimenta delicadamente o seu servo, experimentá-lo-á contumaz. Tira-o, portanto, tira-o, crucifica-o, crucifica-o64. É réu de morte65. Responde Pilatos, isto é, o afeto carnal: Que mal fez ele66? Oh, quantos males provocou o teu riso, provocou o teu filho! Desprezou a Deus, escandalizou o próximo, deu morte à própria alma. E tu dizes: Que mal fez ele? Toma-o, portanto, e vai para a terra da visão.

10. Jerusalém foi chamada terra de visão. Dela se diz no Evangelho de hoje: Jesus tomou os seus doze discípulos em segredo e disse-lhes: Eis que vamos a Jerusalém67. Toma também tu o teu filho e sobe com Jesus e os Apóstolos a Jerusalém e aí, sobre o altar, isto é, meditando na Paixão do Senhor e na cruz da penitência, oferece em holocausto o teu corpo. E nota que diz em holocausto. Holocausto vem de holon (todo) e cauma (abrasamento). Holocausto, portanto, quer dizer queimado todo inteiro68 Oferece, pois, todo o teu filho, todo o teu corpo a Jesus Cristo, que todo se ofereceu a Deus Pai, a fim de destruir todo o corpo do pecado69.
 Nota que assim como o corpo humano consta de quatro elementos, fogo, ar, água e terra: fogo nos olhos, ar na boca, água nos rins, terra nas mãos e pés70, também no corpo do pecador, que serve o pecado, há fogo nos olhos pela curiosidade, ar na boca pela loquacidade, água nos rins pela luxúria, terra nas mãos e nos pés pela crueldade71. Mas o Filho de Deus teve velada a face, para a qual desejam os anjos olhar72, a fim de reprimir a tua curiosidade. E calou-se, não digo diante de quem o tosquiava, mas de quem o matava; e ao ser maltratado, não abriu a boca73, para refrear a tua loquacidade. Uma lança abriu-lhe o lado, para te tirar o humor da luxúria. Prenderam-no de mãos e pés com pregos, para tirar das tuas mãos e pés a crueldade. Toma, portanto, o teu filho, o teu riso, a tua carne, e oferece-o inteiro em holocausto, para que inteiro ardas em caridade. Ela cobre uma multidão de pecados74.
Dela diz o Apóstolo75 na Epístola de hoje: Se falar a língua dos homens e dos anjos, mas não tiver caridade, sou como bronze que soa ou como címbalo que tine. Diz S. Agostinho76: “Chamo caridade ao movimento que o ânimo possui para fruir Deus por causa de si mesmo, e fruir-se a si mesmo e ao próximo por causa de Deus”.
Quem não a possui, ainda que faça muito bem, bem verdadeiro, trabalha em vão; e, por isso, diz o Apóstolo: Se falar a língua dos homens etc. A caridade de Deus conduziu seu Filho ao patíbulo da cruz; donde o dizer-se nos Cânticos77: O amor é forte como a morte. Comentário de S. Bernardo78: Ó caridade, quão forte é o teu vínculo! Com ela até o Senhor se pôde ligar! Toma, portanto, o teu filho e oferece-o no altar da Paixão de Jesus Cristo. Com o seu fel, ou amargura, serás curado e merecerás ouvir: Olha, a tua fé te salvou79, te curou.

11. Por outras palavras: Tobias foi curado com fel de peixe. A carne de peixe é doce; o fel é amargo. Se a carne de peixe dele se embebe, toda se transforma em amargura. A carne de peixe é o deleite da luxúria; o fel, escondido dentro, é a amargura da morte eterna. Por isso, em sentido semelhante, ainda que usando outras palavras, diz Job80: O seu alimento é a raiz de juníperos. Nota que a raiz do junípero é doce e comestível, mas por folhas tem espinhos; também o deleite da luxúria, que é alimento dos carnais, no momento presente parece doce, mas no fim dará à luz picadelas de morte eterna81.
Tira, portanto, as entranhas ao peixe, isto é, considera quão vil é o deleite do pecado. Extrai o fel, isto é, atende como é interminável e cheia de miséria a pena devida ao pecado, e desta forma poderás converter em amargura toda a doçura da tua carne.

12. O terceiro cego foi o anjo de Laodicéia, curado com o colírio. Laodicéia interpreta-se tribo amável ao Senhor82, e significa a Santa Igreja, por amor da qual derramou o seu sangue. E dela, como da tribo de Judá, escolheu um sacerdócio real83. O anjo, portanto, de Laodicéia, é o bispo ou prelado da Santa Igreja, que se chama com razão Anjo, por causa da dignidade do seu ofício. A seu respeito escreve o profeta Malaquias84: Os lábios do sacerdote guardam a ciência, e da sua boca se aprende a lei, porque ele é o anjo do Senhor dos exércitos.
Nota que nesta sentença se verificam cinco coisas muito necessárias ao bispo ou prelado da Igreja: a vida, a fama, a ciência, a abundância da caridade, a túnica talar da pureza. Os lábios do sacerdote são a vida e a fama, que devem guardar a ciência, para que a vida em relação a si e a ciência em relação ao próximo guarde o que sabe e prega. Destes dois lábios, de fato, procede a ciência da pregação frutuosa. E se estas três coisas existirem antes no prelado, da sua boca os súditos aprenderão a lei, isto é, a caridade, a respeito da qual escreve o Apóstolo85: Levai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo, isto é, a caridade, que só por caridade carregou em seu corpo, sobre o madeiro, os fardos dos nossos pecados86. A lei é a caridade que os súditos87 aprendem, primeiro na prática, a fim de que eles mesmos a recebam depois mais suave e frutuosamente da boca do prelado, pois Jesus começou a fazer e ensinar88. Efetivamente, era poderoso em obras e em palavras89.

13. Segue: Porque ele é o anjo do Senhor dos exércitos. Eis a estola da pureza interior. Viver na carne para além da carne, como diz S. Jerônimo90, é próprio não de natureza humana mas celeste. O Senhor, porém, impropera o anjo de Laodicéia, ou seja, o prelado da Igreja, precisado destas cinco virtudes, quando ajunta: És um infeliz e miserável, pobre, cego e nu91. És infeliz na vida, miserável na fama, cego na ciência, pobre na caridade, nu na túnica talar da pureza. Mas porque o Senhor sabe curar os contrários com os contrários92, e ao corrigir ensina, e ao ferir põe unguento, por isso, aconselha ao cego bispo de Laodicéia, ajuntando: Aconselho-te a que me compres ouro provado no fogo, para te fazeres rico e te vestires de roupas brancas e não se descubra a vergonha da tua nudez, e unge os teus olhos com um colírio, para que vejas93. Aconselho-te, diz, a comprar a mim, não ao mundo, com o preço da boa vontade94, o ouro da vida preciosa, contra a escória da tua vida infeliz; ouro provado no fogo pela caridade, contra a miséria da tua pobreza; ouro provado no fole da boa fama, contra o fedor da tua infâmia; e a te vestires de roupas brancas, contra a nudez da tua fealdade; e com um colírio unge os teus olhos, contra a cegueira da tua insensatez.

14. E nota que este colírio, que dá luz aos olhos da alma, se compõe das cinco palavras da Paixão do Senhor, como de cinco ervas. Dela diz o Evangelho de hoje95: Porque ele será entregue aos gentios e será escarnecido e açoitado e cuspido; e depois de o açoitarem o matarão. Ai! Ai! A liberdade dos cativos é entregue; a glória dos Anjos é escarnecida; o Deus do universo é flagelado; o espelho sem mancha e o brilho da luz eterna96 é escarrado; a vida dos que morrem é posta à morte. E que mais nos resta a nós, infelizes, senão ir morrer com ele97? Tira-nos, ó Senhor Jesus, do lodo profundo98 com o gancho da tua cruz, para que possamos correr, não digo ao perfume99, mas à amargura da tua Paixão. Ó alma minha, arranja este colírio, chora amargamente sobre a morte do Unigênito100, sobre a Paixão do Crucificado! O Senhor inocente é entregue por um discípulo, escarnecido por Herodes, flagelado por um Governador, cuspido pela plebe dos judeus, crucificado por uma coorte de soldados. Tratemos brevemente de cada uma destas coisas.

15. É entregue por um Seu discípulo: Que me quereis dar, exclama, e ei vo-lo entregarei101? Que horror! Põe-se em leilão um objeto sem preço! Ai! Ai! Deus é entregue, vendido por pouco dinheiro102! Que me quereis dar? Ó Judas, pretendes vender o Senhor, o Filho de Deus, como se fora vil escravo, cão morto; e tu procuras saber, não a tua vontade, mas a vontade dos compradores103. Que me quereis dar? E que te podem eles dar? Se te dessem Jerusalém, a Galileia e a Samaria, porventura poderiam comprar Jesus? Se te pudessem dar o céu e os anjos, a terra e os homens, o mar e tudo o que nele existe, acaso poderiam comprar o Filho de Deus, no qual existem todos os tesouros escondidos de sabedoria e ciência104? Certamente que não.
O Criador pode, acaso, ser comprado ou vendido por uma criatura? E tu dizes: Que me quereis dar e eu vo-lo entregarei? Diz-me em que te prejudicou e que mal te fez, porque tu dizes: e eu vo-lo entregarei? Esqueceste aquela incomparável humildade do Filho de Deus e a sua pobreza voluntária? A sua benignidade e afabilidade? A sua doce pregação e prodigiosos milagres? Aquelas terníssimas lágrimas, derramadas sobre Jerusalém e a morte de Lázaro?  E o privilégio de te ter escolhido para Apóstolo e feito seu familiar e amigo? Estas e coisas semelhantes haveriam de te abrandar o coração e provocar à piedade, para que não dissesses: e eu vo-lo entregarei. Oh, quantos são hoje os Judas Iscariotes (que se interpreta mercadoria) 105, que vendem a verdade em troca de alguma vantagem temporal106, entregam o próximo com o ósculo da adulação, e desta forma acabam por se enforcar no laço da condenação eterna!

16. Foi ainda escarnecido por Herodes. Daí a frase em S. Lucas107: Herodes, com os seus guardas, desprezou-o e fez escárnio dele, mandando-o vestir com uma vestidura branca. O Filho de Deus é desprezado por Herodes, a raposa: – Ide dizer àquela raposa108 –, e pelos seus guardas, a quem o exército dos anjos proclama com voz incansável: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos109; a quem, como diz Daniel110, servem milhares de milhares e assistem dez centenas de milhares. E fez escárnio dele, mandando-o vestir com uma vestidura branca. O Pai vestiu o seu Filho Jesus com uma vestidura branca, isto é, de carne limpa de toda a mancha do pecado111, tomada duma Virgem Imaculada. Deis Pai glorificou o Filho desprezado por Herodes. O Pai vestiu-o com uma vestidura branca e Herodes fez escárnio dele assim vestido. Infelizmente, o mesmo se passa em nossos dias! Herodes interpreta-se glória da pele112 e significa o hipócrita, que se gloria numa vida exterior, como em pele, quanto toda a glória da filha, isto é, da alma, do Rei celeste está no interior113. Ele despreza e escarnece Jesus: despreza-o aquele que prega o Crucificado e não traz os estigmas do Crucificado114; escarnece-o aquele que se esconde sob a glória da pele ou brilho do vestido, a fim de poder enganar115 os fiéis, membros de Cristo. A flauta executa uma ária encantadora enquanto o passarinheiro apanha a ave116. Quantos hoje se deixam apanhar pela glória da pele herodiana!117

17. Foi ainda flagelado por Pôncio Pilatos. Daí o dizer-se em S. João118: Então Pilatos prendeu Jesus e flagelou-o. Escreve Isaías119: Quando passar o flagelo da inundação, ele vos espezinhará; no momento em que ele for passando, vos arrebatará. Para que aquele flagelo, pelo qual se entende a morte eterna ou o poder do diabo, não nos espezinhasse, o Senhor de todas as coisas, o Filho de Deus, foi atado à coluna como um bandido e flagelado de maneira tão atroz que o sangue manava de toda a parte.
Ó mansidão da piedade divina! Ó paciência da benignidade paterna! Ó profundo e imperscrutável mistério do eterno desígnio! Vias, Pai, o teu Unigênito, igual a ti, ser ligado à coluna como um bandido e flagelado como um homicida; e como te pudeste conter? Nós te agradecemos, Pai Santo, por termos sido libertados das cadeias do pecado e dos flagelos do diabo por meio das suas próprias cadeias e flagelos. Mas, infelizmente, Pôncio Pilatos de novo flagela a Jesus Cristo. Pôncio interpreta-se o que se afasta, Pilatos o que trabalha com o martelo ou o que esmaga com a boca120; significa aquele que se afasta do bom propósito e aquele que depois da promessa volta ao vômito. Este, com a sua boca, blasfema e com o martelo da língua fere e flagela a Cristo nos seus membros. Tendo saído, pois, com Satanás, de diante do Senhor121, murmura da Ordem122, chama a este soberbo, acusa aquele de guloso, e para que ele mesmo pareça inocente, julga os outros culpados, a fim de, encoberto pela ignomínia de muitos, conseguir paliar a própria iniquidade.

18. Foi ainda manchado com os escarros dos judeus. Então, diz S. Mateus 123, cuspiram-lhe no rosto e feriram-no a punhadas; e outros deram-lhe bofetadas no rosto. Ó Pai, cabeça do teu Filho Jesus, que faz tremer os Arcanjos, recebe golpes de cana; a face, para a qual os Anjos desejam olhar124, conspurcam-na os judeus com escarros, ferem-na a punhadas, arrancam-lhe a barba, esbofeteiam-na, puxam-lhe os cabelos. E tu, ó clementíssimo, calas-te e dissimulas e preferes que Um, o teu Único, seja assim cuspido e esbofeteado, antes que toda a nação pereça125, Louvor e glória te sejam dados, porque dos escarros, das punhadas e das bofetadas que o teu Filho Jesus recebeu, nos preparaste uma teriaga para expulsar o veneno da nossa alma.
Por outras palavras, a face de Jesus Cristo são os prelados da Igreja126, através dos quais conhecemos a Deus como se fora pela face. Nesta face cospem os pérfidos judeus, isto é, os súditos perversos, que detraem e maldizem dos seus prelados, atitude proibida pelo Senhor ao dizer: Não amaldiçoes o príncipe do teu povo127.

19. Igualmente foi crucificado pelos soldados. Os soldados, diz S. João128, depois de o terem crucificado, tomaram os seus vestidos, etc. E Jeremias129: Ó vós todos os que passais pelo caminho, parai, atendei e vede se há dor semelhante à minha dor! Os discípulos fogem, os conhecidos e os amigos130 afastam-se, Pedro nega, a Sinagoga coroa de espinhos, os soldados crucificam; os judeus zombeteiros blasfemam, dão a beber fel e vinagre. E que dor pode igualar a minha dor? Porque as suas mãos, diz a Esposa nos Cânticos131, feitas ao torno, de ouro e cheias de jacinto, foram traspassadas por cravos. Os pés, a que o mar se mostrou como solo resistente132, foram pregados à Cruz. A face, que brilha como o sol quando está na plenitude133, transformou-se em palidez mortal. Os olhos amados, para os quais não há criatura alguma invisível, estão fechados pelo sono da morte. E que dor poderá igualar a minha dor? No meio de tudo isto, só o Pai prestou auxílio. Nas suas mãos encomendou o espírito, dizendo: Pai, nas tuas mãos encomendo o meu espírito134. E ao dizer isto, inclinada a cabeça – Ele noutra parte disse não ter onde recliná-la - expirou135.
Mas ai! ai! De novo todo o corpo místico de Cristo, a Igreja136 é crucificado e posto à morte. Nele, uns são cabeça, outros mãos, outros pés, outros corpo. A cabeça são os contemplativos; as mãos, os ativos; os pés, os pregadores santos; o corpo, todos os verdadeiros cristãos. Todos os dias os soldados, isto é, os demônios, crucificam o corpo inteiro de Cristo com as suas sugestões, como se foram cravos. Os judeus, os pagãos, os hereges blasfemam, dão-lhe a beber o fel e o vinagre da dor e da perseguição. E não há que admirar, porque todos os que querem viver piamente em Cristo, padecem perseguição137.
Com razão se diz portanto: Será entregue, escarnecido, flagelado, cuspido e crucificado. E destas cinco palavras, como de cinco preciosíssimas ervas, arranja um colírio, ó anjo de Laodicéia, e unge os olhos da tua alma, a fim de recobrares a luz e poderes dizer: Olha, a tua fé te salvou138.
Roguemos, pois, e instantemente, ó caríssimos, e de espírito devoto, peçamos ao Senhor Jesus Cristo, que restituiu a vista ao cego de nascença, a Tobias e ao anjo de Laodicéia, se digne iluminar os olhos da nossa alma com a fé da sua Encarnação, com o fel e o colírio da sua Paixão, para que nos esplendores dos santos, na claridade dos anjos, mereçamos ver o mesmo Filho de Deus, luz de luz. Auxilie-nos ele mesmo, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo por séculos de séculos. Assim seja. 
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1.Cf. Lc 18, 35-38. O Evangelho da Quinquagésima da reforma litúrgica tridentina abrangia os vv.31-43.
2.Cf. 1Reis 10, 1.
3.Glo. Ord e Int., 1Reis 1, 20.
4.Mt 9, 38 (Vg. Rorate ergo...).
5.Lentícula é pequeno vaso, de forma quadrangular, como explica St. Antônio no texto. Tira o nome, segundo informa CELLINI no seu Lexicon totius latinutatis, da sua semelhança com a figura da lente.
6.Glo. Ord., 1Reis 10, 1.
7.Glo. Ord., 3Reis 6, 33.
8.JERON., De nominibus hebraicis, PL 23, 834.
9.Cf.Dan 13, 52.
10.Cf. 3Reis, 1, 45.
11.Glo. Int., 3Reis 1, 32.
12.Glo. Int., 3Reis 1, 32.
13.Glo. Ord., 3Reis, 1, 5.
14.Sl 30, 3.
15.1Cor 13, 1.
16.Cf. Jo 9, 1-7.
17.Cf. Tob, 2, 11; 11, 13-15.
18.Ap 3, 17-18.
19.Cf. Glo. Ord., Jo 9, 1.
20.Cf. Glo. Ord., Jo 9, 6.
21.Ab 1, 4 (Vg... et si inter...).
22.Cf. Glo. Ord., ibidem.
23.Job 39, 13.
24.Cf. Glo. Ord., ibidem.
25.Cf. Glo. Ord., ibidem.
26.Ap 18, 7 (Vg. muda).
27.Is 51, 1.
28.Cf. Meditationes piissimae, 3, 8, PL 184, 490.
29.C. JÚLIO SOLINO, Polyhistor toto orbe memorabilium, 4; cf. PLÍNIO, Historia naturalis, VII (13) II, p. 341, 181 e ISID., Etym. XI, PL 82, 414, 141.
30.Is 51, 12.
31.Gen 12, 1.
32.Cf. ISID., Etym. XIV, 1, 1, PL 82, 495.
33.Cf. JERÓN., Comentarioli in Psalmos, Sl 2, 4, CCh SL 72, 182.
34.Gen 1. c. (Vg. Et veni.... monstrabo...).
35.Ex 3, 5. (Vg. Solve calcamenta... locus enim...).
36.Glo. Int., ibidem.
37.Glo. Int., ibidem.
38.Cf. GREG., In Evang. Homilia 29, 11, PL 76, 1219.
39.Sl 118, 75.
40.Is 64, 1.
41.Cf. Glo. Int., ibidem.
42.Mt 3, 17.
43.Lc 18, 42.
44.Cf. Tob 2, 10-11.
45.Sepultura, aqui, quer dizer cansado de enterrar mortos.
46.A Vulgata ajunta: calida (quente).
47.Cf. Glo. Ord., Tob 2, 10.
48.Apoc 3, 15, 16.
49.O original latino é aqui mais expressivo, por usar a mesma palavra tepidus, para significar tíbio.
50.Cf. Jer 48, 10. St. Antônio segue aqui a tradução grega dos LXX.
51.Sl 31, 1.
52.Cf. Rom 13, 14.
53.Cf. Is 14, 13-14.
54.OVÍDIO, Remedia amoris, 161-162. ALANO DE LILLE, em Summa de arte praedicatoria, c. VII, PL 210, 126, leu: Quaeritis, Aegistus...
55.Sl 30, 3-4 (Vg. muda).
56.Cf. Tob 6, 5.9.
57.Cf. Glo. Ord., Jo 21, 12.
58.Abade GUERRICO, In Dominica palmarum sermo 2, 1, PL 185, 130.
59.Rute 2, 14.
60.Gen 22, 2 (Vg. omite, muda).
61.Glo. Int., Gen 21, 3.
62.Ecle 2, 2.
63.Prov 29, 21.
64.Jo 19, 15 (Vg. om.).
65.Mt 26, 66.
66.Mt 27, 23; Lc 3, 22.
67.Mt 20, 17-18 (Vg. om.).
68.Cf. ISID. Etym. VI, 19, 35, PL 82, 255.
69.Cf. Rom 6, 6.
70.Cf. BERN., De diversis, sermo 74, PL 183, 695.
71.Cf. BERN., ibidem.
72.Cf. 1Pd 1, 12.
73.Cf. Is 53, 7; Atos 8, 32; Breviário Romano, 1º responsório de Matinas.
74.1Pd 4, 8.
75.1Cor 13, 1.
76.Cf. AGOST., De doctrina christiana, III, 10, 16, PL 34, 72; cf. P. LOMB., Sent. I, dist. 17, 6, p. 115.
77.Cant 8, 6.
78.Cf. Tractadus de charitate, 1, 2-4, PL 184, 585-586. St. Antônio atribuiu-o a S. Bernardo.
79.Lc 18, 42.
80.Job 30, 4.
81.Cf. GREG., Moralium XX, 10, 21, PL 76, 150; XX, 14, 32, PL 76, 156.
82.Glo. Int., Ap 3, 14.
83.1Pd 2, 9.
84.Mal 2, 7 (Vg... custodient... requirent...).
85.Gal 6, 2 e Glo. Int., ibi.
86.Cf. Glo. Ord e Int., ibidem; cf. 1Pd 2, 24.
87.Glo. Int., Mal 1. c.
88.Atos 1, 1.
89.Lc 24, 19.
90.Pseudo-JERÓN., De Assumptione B. M. V., 6, PL 30, 126.
91.Ap 3, 17.
92.Cf. GREG., Moralium XXIV, 2, 2, PL 76, 287.
93.Ap 3, 18.
94.Cf. BERN., In die Paschae sermo 2, 8, PL 183, 286. Aqui a referência é muito longínqua, apenas com assonância de termos. Segundo verificou ANNA BURLINI CALAPAJ, Le citazioni da S. Bernardo, in Actas 1981, p. 221.
95.Lc 18, 32-33.
96.Cf. Sab 7, 26.
97.Cf. Jo 11, 16.
98.Cf. Sl 39, 3.
99.Cf. Cant 1, 3.
100.Cf. Jer 6, 26 e Zac 12, 10.
101.Mt 26, 15.
102.Verso de autor desconhecido
103.Cf. Glo. Ord., Mt 1. c.
104.Col 2, 3.
105.JERÓN., De nom. hebr.., PL 23, 886.
106.Cf. Glo. Ord., Mt 26, 16.
107.Lc 23, 11.
108.Lc 13, 32 (Vg. Ite et...).
109.Cf. Breviário Romano, hino ambrosiano (mais conhecido por Te Deum).
110.Cf. Dan 7, 10.
111.Cf. Glo. Ord., Lc 23, 11.
112.JERÓN., Lexicon origerianum, PL 23, 1279.
113.Sl 44, 14.
114.St. Antônio estará porventura a pensar no Estigmatizado do Alverne, o seu Pai Seráfico São Francisco de Assis.
115.Nesta passagem são visados os hereges.
116.CATÃO, Disticha, I, 27.
117.Isto é, dos hipócritas. Herodes Antipas é o tipo do hipócrita, qualificado raposa por Jesus Cristo (cf. Lc 13, 32.)
118.Jo 19, 1 (Vg. Tunc ergo...).
119.Is 28, 18-19.
120.JERÓN., De nom. hebr., PL 23, 889; cf. ISID., Etym. em PL 82, 289.
121.Cf. Job 2, 7.
122.Isto é, calunia os irmãos que deixou no convento, no claustro. Trata-se de pecado que se vai repetindo ao longo dos séculos.
123.Mt 26, 67.
124.Cf. 1Pd , 12.
125.Cf. Jo 11, 50.
126.Prelados da Igreja, na boca de St. Antônio, são todos os sacerdotes constituídos em dignidade, principalmente Bispos, superiores de conventos, abades e priores de casas religiosas.
127.Atos 23, 5; cf. Ex 22, 28.
128.Jo 19, 23 (Vg. Milites ergo...).
129.Lam 1, 12.
130.Cf. Job 6, 13.
131.Cant 5, 14 (Vg. Manus illius...).
132.Cf. GREG., In Evangelia homilia 10, 2, PL 76, 1111.
133.Cf. Apoc 1, 16.
134.Lc 23, 46.
135.Jo 19,3 30.
136.Cf. Col 1, 24.
137.2Tim 3, 12 (Vg. muda, omite).
138.Lc 18, 32.

O Carnaval por Santa Margarida Maria Alacoque


"Era dos últimos dias de carnaval; toda a galharda juventude da aldeia entregava-se a alegres folguedos. Enquanto reboavam na praça publica o canto e a música, propôs-lhe o irmão que se permutassem as roupas e se mascarassem. Margarida, que ainda não tinha completado cinco anos, opôs-se terminantemente e afastou-se do irmão, dizendo que aquilo podia ofender a Deus.
A esta delicadeza de consciência unia um amor ardente pela oração e pela solidão, e precoces instintos de penitencia, tais que enchiam de maravilha a quantos a rodeavam. Rezar e sofrer eram as supremas aspirações da sua alma virgem." (A Esposa do Sagrado Coração de Jesus - História da sua Vida - P. Beltrami - 2ª ed. brasileira)
Numa noite de carnaval vestiu-se luxuosamente para tomar parte num festim, ao qual muitas das suas companheiras a haviam convidado. De volta, quando estava para se deitar, apareceu-lhe Jesus no mistério doloroso da sua flagelação, todo desfigurado pelos açoites, com o corpo ensanguentado, o semblante pálido e macilento, os lábios crestados pela sede e os divinos olhos cheios de lágrimas; e, depois de a haver fitado com olhar severo: «Filha cruel, disse-lhe, vê a que estado me reduziram as tuas vaidades! Tu estás perdendo um tempo infinitamente precioso de que deve-verás prestar rigorosas contas; atraiçoas-me e me persegues, depois de eu te haver dado tantas provas do meu amor»(A Esposa do Sagrado Coração de Jesus - História da sua Vida - P. Beltrami - 2ª ed. brasileira)
"Certa vez, em tempo de Carnaval... Ele (Jesus) se me apresentou na figura de um ECCE HOMO (“Eis aqui o homem” Jo 19,5), carregando sua Cruz, todo coberto de chagas e contusões e brotando, de todo o seu corpo, seu Sangue adorável. Com uma voz dolorosamente triste, dizia:"Não haverá ninguém que tenha piedade de Mim e queira compadecer-se e tomar parte em minha dor vendo o lastimoso estado em que Me põem os pecadores, sobretudo neste tempo de Carnaval?" Prostrando-me aos seus sagrados pés, ofereci-me a Ele, com lágrimas e suspiros. Colocou sobre os meus ombros aquela pesada Cruz , toda eriçada de pontas de pregos, e sentindo-me sucumbida sob o seu peso, comecei a compreender melhor a gravidade e malícia do pecado, a qual sentia tão vivamente no meu coração, que teria preferido mil vezes precipitar-me no Inferno a cometer voluntariamente um único pecado. “Maldito pecado disse que detestável és, pela injúria que fazes a meu soberano Bem!” (Santa Margarida Maria, Autobiografia, capítulo 9)
 “Parecia-me que me cravavam em uma cruz dolorosíssima, na qual sofri tanto que dificilmente poderia explicar e nem conhecia a mim mesma, sobretudo nos três últimos dias de Carnaval, nos quais acreditei que estava próximo o meu fim.” (Carta de Santa Margarida Maria à Madre Saumaise – n° 62 – em Março de 1687)
“Meus sofrimentos são tais que acreditava que ia morrer em cada momento, embora já tivessem sido anunciados por este caritativo Coração. Creio que me fez o seguinte pedido: ‘Se queria acompanhá-Lo na Cruz durante este tempo (de Carnaval) em que está tão abandonado pelo empenho que todos tem de divertir-se, e pelas amarguras que me faria sentir, poderia eu, em algum modo, suavizar as que os pecadores derramam sem cessar em seu Sagrado Coração; que devia, sem cessar, gemer com Ele para alcançar misericórdia, a fim de que os pecados não chegassem ao cúmulo, e Deus perdoasse os pecadores pelo amor que tem a este amável Coração, que não cessa de consumir-Se pelo amor que tem aos homens.” (Carta 97 de Santa Margarida Maria à Madre Saumaise)
“Durante os três dias de Carnaval, queria fazer-me em pedaços para reparar os ultrajes que fazem sofrer os pecadores à Sua Divina Majestade; e enquanto me era possível, os passava jejuando a pão e água, dando aos pobres o que recebia para meu alimento.” (Santa Margarida Maria, Escritos Autobiográficos – Tejada SJ – 2ª Edição, p.99).
“Meu Reverendo Padre: Nosso soberano Dono Se dignou infundir-me muito consolo com a leitura de vossa carta, depois de ter-me proibido de lê-la por muito tempo, por causa de certo impulso demasiado impetuoso que me tinha vindo de buscar nela consolo no sensível e doloroso estado de sofrimento em que Ele me havia colocado durante o Carnaval. Ofendem-No e O abandonam tantos pecadores! Parece-me que de tal modo é este o meu tempo de dor e amargura que não posso ver nem gostar de outra coisa do que ao meu Jesus sofredor e abandonado. Compadeço-me de Suas dores e penetra-me tão vivamente com elas o Seu Coração adorável que não conheço mais a mim mesma.” (Carta 135. de 17/1/1690, o.cit. pg. 471).

CARNAVAL x CRISTÃO ... Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis (Rm 8.13)



“A primeira pessoa neste mundo a mascarar-se foi Satanás, quando se disfarçou sob a forma de serpente, para arruinar Eva e todos nós que viemos depois”
(Pe. João Colombo)


“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós”. (I Pedro 5, 8-9)
“Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares”. (Efésios 6,11-12)

“Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever”. (Efésios 6, 13).
São Pedro Claver e o Carnaval





Um oficial espanhol viu um dia São Pedro Claver com um grande saco às costas.

— Padre, aonde vai com esse saco?
— Vou fazer carnaval; pois não é tempo de folgança?
O oficial quer ver o que acontece: acompanha-o.
O Santo entra num hospital. Os doentes alvoroçam-se e fazem-lhe festa; muitos o rodeiam, porque o Santo, passando com eles uma hora alegre, lhes reparte presentes e regalos até esvaziar completamente o saco.
— E agora? – pergunta o oficial.
— Agora venha comigo; vamos à igreja rezar por esses infelizes que, lá fora, julgam que têm o direito de ofender a Deus livremente por ser tempo de carnaval.


São Francisco de Sales

“O carnaval: tempo de minhas dores e aflições”.
Naqueles dias, esse santo fazia o retiro espiritual para reparar as graves desordens e o procedimento licencioso de tantos cristãos.



Santa Faustina Kowalska





“Nestes dois últimos dias de carnaval, conheci um grande acúmulo de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer num instante os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista” (Diário, 926).


São Vicente Ferrer




“O carnaval é um tempo infelicíssimo, no qual os cristãos cometem pecados sobre pecados, e correm à rédea solta para a perdição”.


Santa Margarida Maria Alacoque




“Numa outra vez, no tempo de carnaval, apresentou-me, após a santa comunhão, sob a forma de Ecce Homo, carregando a cruz, todo coberto de chagas e ferimentos. O Sangue adorável corria de toda parte, dizendo com voz dolorosamente triste: Não haverá ninguém que tenha piedade de mim e queira compadecer-se e tomar parte na minha dor no lastimoso estado em que me põem os pecadores, sobretudo, agora?” (Escritos Espirituais).


O Servo de Deus, João de Foligno dava ao carnaval o nome de: “Colheita do diabo”.


Santa Catarina de Sena referindo-se ao carnaval, exclamava entre soluços: “Oh! Que tempo diabólico!”


São Carlos Borromeu jamais podia compreender como os cristãos podiam conservar este perniciosíssimo costume do paganismo.


Santa Teresa dos Andes




“Nestes três dias de carnaval tivemos o Santíssimo exposto desde a uma, mais ou menos, até pouco antes das 6 h. São dias de festa e ao mesmo tempo de tristeza. Podemos fazer tão pouco para reparar tanto pecado...” (Carta 162).


Santo Afonso Maria de Ligório




     “Não é sem razão mística que a Igreja propõe hoje à nossa meditação, Jesus Cristo predizendo a sua dolorosa Paixão. Deseja a nossa boa Mãe que nós, seus filhos, nos unamos a ela na compaixão de seu divino Esposo, e o consolemos com os nossos obséquios; porquanto, os pecadores, nestes dias mais do que em outros tempos, lhe renovam os ultrajes descritos no Evangelho. Nestes tristes dias os cristãos, e quiçá entre eles alguns dos mais favorecidos, trairão, como Judas, o seu divino Mestre e o entregarão nas mãos do demônio. Eles o trairão, já não às ocultas, senão nas praças e vias públicas, fazendo ostentação de sua traição! Eles o trairão, não por trinta dinheiros, mas por coisas mais vis ainda: pela satisfação de uma paixão, por um torpe prazer e por um divertimento momentâneo. Uma das baixezas mais infames que Jesus Cristo sofreu em sua Paixão, foi que os soldados lhe vendaram os olhos e, como se ele nada visse, o cobriram de escarros, e lhe deram bofetadas, dizendo: Profetiza agora, Cristo, quem te bateu? Ah, meu Senhor! Quantas vezes esses mesmos ignominiosos tormentos não Vos são de novo infligidos nestes dias de extravagância diabólica? Pessoas que se cobrem o rosto com uma máscara, como se Deus assim não pudesse reconhecê-las, não têm vergonha de vomitar em qualquer parte palavras obscenas, cantigas licenciosas, até blasfêmias execráveis contra o Santo Nome de Deus. Sim, pois se, segundo a palavra do Apóstolo, cada pecado é uma renovação da crucifixão do Filho de Deus. Nestes dias Jesus será crucificado centenas e milhares de vezes” (Meditações).

Ele ainda complementa...

“Por este amigo, a quem o Espírito Santo nos exorta a sermos fiéis no tempo da sua pobreza, podemos entender que é Jesus Cristo, que especialmente nestes dias de carnaval é deixado sozinho pelos homens ingratos e como que reduzido à extrema penúria. Se um só pecado, como dizem as Escrituras, já desonra a Deus, o injuria e o despreza, imagina quanto o divino Redentor deve ficar aflito neste tempo em que são cometidos milhares de pecados de toda a espécie, por toda a condição de pessoas, e quiçá por pessoas que lhe estão consagradas. Jesus Cristo não é mais suscetível de dor; mas, se ainda pudesse sofrer, havia de morrer nestes dias desgraçados e havia de morrer tantas vezes quantas são as ofensas que lhe são feitas.
É por isso que os santos, a fim de desagravarem o Senhor de tantos ultrajes, aplicavam-se no tempo de carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à penitência, à oração, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com o seu Bem-Amado. No tempo do carnaval, Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores. O Bem-aventurado Henrique Suso guardava um jejum rigoroso a fim de expiar as intemperanças cometidas. São Carlos Borromeu castigava o seu corpo com disciplinas e penitências extraordinárias. São Filipe Néri convocava o povo para visitar com ele os santuários e realizar exercícios de devoção. O mesmo praticava São Francisco de Sales, que, não contente com a vida mais recolhida que então levava, pregava ainda na igreja diante de um auditório numerosíssimo. Tendo conhecimento que algumas pessoas por ele dirigidas, que se relaxavam um pouco nos dias de carnaval, repreendia-as com brandura e exortava-as à comunhão frequente.
Numa palavra, todos os santos, porque amaram a Jesus Cristo, esforçaram-se por santificar o mais possível o tempo de carnaval. Meu irmão, se amas também este Redentor amabilíssimo, imita os santos. Se não podes fazer mais, procura ao menos ficar, mais do que em outros tempos, na presença de Jesus Sacramentado ou bem recolhido em tua casa, aos pés de Jesus crucificado, para chorar as muitas ofensas que lhe são feitas.
O meio para adquirires um tesouro imenso de méritos e obteres do céu as graças mais assinaladas, é seres fiel a Jesus Cristo em sua pobreza e fazer-lhe companhia neste tempo em que é mais abandonado pelo mundo. Como Jesus agradece e retribui as orações e os obséquios que nestes dias de carnaval lhe são oferecidos pelas suas almas prediletas!” (Meditações)


~ * ~ * ~ * ~

Portanto....

Prepare-se para a Quaresma ao invés de se entregar à Colheita do Diabo!


“Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos”. (Efésios 6,18).


Conselhos para o Carnaval...

Nada é exagero se considerarmos o Grande Mal deste tempo diabólico!
A custa de sacrifícios alcançaremos as graças de Deus.

  1. Mortificar a língua, isto é, conversar moderadamente.
  2. Jejuar. Evitar comer carne, frutas, doces e refrigerantes.
  3. Usar o cilício uma hora por dia.
  4. Não olhar programas televisivos.
  5. Meditar a Sagrada Paixão de Nosso Senhor em São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
  6. Participar da Santa Missa todos os dias e oferecer a Comunhão reparadora.
  7. Visitar a Jesus Sacramentado aos menos 5 vezes ao dia.
  8. Rezar o Santo Terço diante do crucifixo.
  9. Confessar-se.
10. Não participar da maldita “Cristoteca” nem do “Carnaval de Jesus”. Quem promove essas COISAS, usa do MANTO e do NOME SANTÍSSIMO de JESUS para esconder as suas paixões vergonhosas. 

Pe. Divino Antônio Lopes FP
Anápolis, 01 de janeiro de 2009







Fonte: Livros e Textos da Internet

Abstinência

“Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3)




 Pede-nos a Santa Madre Igreja a mortificação de não comer carne às sextas-feiras, o ano todo, de modo a honrar e adorar a Santa Morte de Nosso Senhor. (ficam excluídas as sextas-feiras das grandes festas, segundo a orientação do padre). A abstinência ainda é praticada e, diferente do jejum, começa desde a adolescência, a partir dos quatorze anos. Nas sextas-feiras do ano, e mais ainda durante os tempos de penitência, saibamos oferecer esse pequeno sacrifício a Nosso Senhor. 


Conforme o


Abstinência: deixar de comer carnes de animais de sangue quente (bovina, ovina, aviária, bubalina etc), bem como seus caldos de carne. Permite-se o uso de ovos, laticínios e gordura. Estão obrigados à abstinência os que tiverem completado quatorze anos, e tal obrigação se prolonga por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.

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Quarta-feira de Cinzas: abstinência obrigatório.
Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor: abstinência obrigatório.
Demais dias da Quaresma, exceto os Domingos: abstinência parcial (carne permitida só na refeição principal/completa) recomendado.
Dias assinalados pelo calendário antigo como Sextas-feiras das Têmporas: abstinência recomendado.
Dias assinalados pelo calendário antigo como Quartas-feiras das Têmporas e Sábados das Têmporas: abstinência parcial recomendado.
Demais sextas-feiras do ano, exceto se forem Solenidades: abstinência obrigatória, mas não o jejum. Essa abstinência pode ser trocada, a juízo do próprio fiel, por outra penitência, conforme estabelecer a conferência episcopal (no Brasil, a CNBB estabeleceu qualquer outro tipo de penitência, como orações piedosas, prática de caridade, exercícios de devoção etc).

a partir de texto base de Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo emérito do Rio de Janeiro

O Jejum, a Abstinência e o Confessionário



Como o jejum e a abstinência fazem parte dos mandamentos da Igreja, devemos nos empenhar para praticá-los por amor de Deus. Caso haja alguma negligência ou fraqueza da nossa vontade que nos leve a quebrar o santo jejum ou a abstinência, devemos nos arrepender por não termos obedecido ao que nos ordena nossa Santa Madre Igreja, confessando-nos por termos assim ofendido a Deus.


Nos casos de esquecimento, devemos substituir essa obra por outra equivalente, como fazer o jejum em outro dia, rezar um terço, etc. É sempre bom lembrar que a água pura não quebra o jejum. 

As pessoas inclinadas à mortificação e ao jejum não devem nunca determinar um aumento de penitência sem o consentimento explícito do sacerdote responsável. O demônio usa muito o excesso de penitência corporal para enfraquecer a alma. Tudo fazer na obediência.

Iniciemos portanto, na próxima Quarta-Feira de Cinzas e continuemos por toda a Quaresma estes excelentes métodos, jejum e a abstinênciaque nos vêm das Sagradas Escrituras, e nos ajudam a combater, em nós mesmos, a influência do demônio, do mundo e da carne.

  
   É aconselhável também praticar o jejum à qualquer tempo e com aconselhamento de um sacerdote.