NEWSLETTER POR EMAIL

23 de Março - Mês Dedicado a São José

Retira-se São José do Egito com a Virgem e o Menino, e voltam para Nazaré

FONTE

               Havendo-se completado aquele misterioso desterro da Sagrada Família no Egito pelo espaço de sete anos e tendo fim as crueldades de Herodes na perseguição do Filho de Deus com a morte infame de Rei tão ímpio, apareceu o Anjo a São José, estando ainda no Egito, e lhe disse que, levando consigo ao Menino e sua Mãe, voltasse outra vez para as terras de Israel, porque já eram mortos os que o perseguiam.
            Determinou logo São José partir com a sua amada Família, e nesta disposição de jornada se descobre uma grande excelência do nosso Santo, pois, sendo o Menino Jesus verdadeiro Deus e sua Santíssima Mãe tão superior em santidade a São José, não quis o Altíssimo que a disposição desta jornada para a Galileia viesse do Filho nem da Mãe, e sim da sábia providência de São José, como cabeça de família.
            Preparou-se, pois, São José para a viagem. Mas antes que prossigamos, é para ponderar as saudades que causaria esta ausência aos egípcios, seus vizinhos e conhecidos, que, por tantos anos, gozaram da amável presença e companhia de Jesus, Maria e José, e a quem o Santo havia alumiado com os raios da sua doutrina, declarando-lhes, no seu próprio idioma, como quem tinha o dom das línguas, muitas coisas da verdadeira Religião, e dispondo-os para receber a Fé de Cristo com o seu exemplo, como é provável!
            Despedidos, finalmente, os Divinos Forasteiros, começaram a experimentar nesta nova jornada novos trabalhos e tribulações. Oh! Quantas vezes conhecia São José, por aqueles ermos da Palestina, que o Menino Jesus ia com fome, e ele, desprovido de pão, atravessava o bosque para tirar de suas árvores algum fruto silvestre, com que pudesse alimentá-lo! Quantas vezes, entre os ardores e durezas de tão inclemente clima, ia o Menino estalando à sede, e, achando-se distante dos rios, corria ao cimo dos montes para ver se achava nos cálices das plantas alguma água com que o pudesse saciar!
            Muitas vezes ia o Menino tão fatigado, que não podia dar um passo; então São José, tomando-o nos braços ou sobre seus ombros, qual outro Atlante, o levava grande espaço de caminho, parecendo-lhe que só ia descansado, quando lograva o excessivo gosto de que não penasse o Menino; e, quando ele assim caminhava nos braços de São José, iam ambos mais seguros, pois, à vista de tanta piedade, até o irracional e o insensível lhe dariam passo obsequioso, e, reverentes, se apartariam os perigos.
            Algumas vezes, apanhou-os a noite em solitária charneca, e São José, cuidadoso aio de Jesus e de Maria, compunha com sua roupa um pequeno pavilhão para os cobrir e abrigar do rígido sereno. Este era o desvelo, com que São José, verdadeiro Anjo da guarda de Jesus, guiava e guardava aquelas duas preciosíssimas prendas celestes, que Deus lhe confiara.
            Chegando os Celestes Peregrinos ao Reino de Israel, que estava dividido em várias Províncias e Governos, encaminhava São José a sua derrota para Jerusalém, ou por entender ser mais conveniente ao Filho de Deus, que vinha comunicar-se aos homens, o habitar na principal e mais populosa cidade, ou porque, estando próxima a Festa da Páscoa, quisesse ir assistir a ela no Templo e render a Deus as graças pela mercê que lhe fizera de o aliviar daquele degredo do Egito.
            Ouvindo, porém, dizer que, tanto que morrera Herodes, fora logo aclamado Rei da Judéia seu filho Arquelau, e que herdara do pai o mesmo gênio tirano, receou São José, como varão prudente, continuar a jornada para Jerusalém, que era a capital de Judéia, por se lhe não ir meter nas mãos. Nesta dúvida, admoestou-o em sonhos o Anjo, dizendo-lhe que fosse para Galileia, a cujo aviso obedeceu o Santo, mudando de caminho e retirando-se para Nazaré, que era Cidade sujeita a Herodes Antipas, que governava a Galileia pacificamente, onde podia viver seguro, por ser ali mais conhecido; e para que também se cumprisse, como diz São Mateus, o que tinham dito os Profetas – que Cristo se havia de chamar Nazareno.
            Nesta Cidade felicíssima se estabeleceu para viver a Família mais augusta e venerável, que havia no mundo como compêndio de toda a santidade. Ali se via a verdadeira Arca do Testamento representada na pessoa da Virgem, e ali descansava Deus sobre os querubins, que eram os braços de São José. Glorie-se muito embora a Sinagoga de lhe ter Salomão edificado um Templo, em que aparecia a glória de Deus, porque, nesta casa, ainda que pobre, mas melhor Templo que o de Salomão rico, onde habitava a insigne Família de José, se viam, com a presença de Jesus e de Maria, vivas e verdadeiras espécies de tudo, que os hebreus lograram somente em figura. Era esta casa de Nazaré um céu místico, onde resplandeciam os melhores três astros, Cristo como Sol, a Virgem Maria como Lua e São José como Estrela.
            Do Menino se não lê coisa alguma até a idade de doze anos. Conta-se, porém, e é verossímil, que o Menino Jesus ia buscar água a uma fonte, que ainda existe, e, humilde, o Senhor do Universo ajudava a seus pais, porque não tinham outrem que os servisse.
            Sem embargo do Evangelho não declarar também coisa algum da vida que fez o bem-aventurado Santo neste tempo, pode-se bem inferir quão edificante seria ele nos exercícios de piedade, principalmente dizendo-nos São João Crisóstomo que o Santo com a Virgem se erguiam pela meia noite, a louvar a Deus religiosamente, e que esse era o seu costume. Consta mais por tradição que ele subia de Nazaré ao Monte Carmelo, que lhe ficava na distância de duas léguas, não só para visitar os seus Religiosos habitantes, como os devotos lugares do Santo Monte, o que fazia principalmente aos sábados e nos princípios dos meses, em que os povos circunvizinhos costumavam concorrer ao Carmelo, levando o Santo consigo, como piamente se crê, ao Menino Jesus e sua querida Esposa.
            A estes pios e devotos exercícios acrescentava São José outros de excelentes virtudes, que o constituíam em uma perene contemplação do céu, concorrendo juntamente com o suor do seu rosto para alimentar ao mesmo Filho de Deus e a sua Mãe Santíssima, a qual tomava também por sua conta servi-lo e cuidar da sua pobre comida com incomparável atenção e benevolência.

- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves, 1927.

22 de Março - Mês Dedicado a São José

Da estada do glorioso São José no Egito com a Virgem e o Menino Deus




            Depois que os Celestes Forasteiros passaram por várias povoações no Egito, chegaram finalmente ao lugar denominado Mathuréa, distante dez mil passos de Heliópolis, hoje, Cairo, e ali fixaram sua residência, acomodando-se em uma pobre casinha, hoje reduzida a Igreja, que os Cristãos Gofitos possuem, e os devotos peregrinos, que por ali passam, muito veneram. Os Mouros têm este sítio em grande estimação, não só pela horta de bálsamo, que ali há, mas pela fonte deliciosa, que a fertiliza, sendo entre eles tradição antiquíssima ter ela nascido milagrosamente para saciar a sede à Virgem e seu Santo Esposo.

            Aqui se estabeleceu o Santo e Peregrino Esposo, com a sua Santíssima Esposa e Deus Menino, desterrados da sua pátria para serem moradores em um país não só estranho, mas inimigo dos israelitas. Que desejo não teria São José de sair desta terra pelos contínuos temores que lhe podia causar esta gente má e perversa? O pesar de não saber quando sairia daquele desterro sem dúvida afligia e atormentava grandemente seu coração; mas não obstante se conservou sempre o mesmo, sempre afável, e sujeito ao beneplácito divino, do qual se deixou totalmente governar, porque, como era Justo, tinha sempre sua vontade unida e conforme a de Deus.
            Durante os três primeiros dias, não teve a Rainha do Céu para si e seu Unigênito mais alimento, que o que pedia de esmola seu Esposo fidelíssimo José, até que com o seu trabalho começou a granjear algum sustento, e pôde também fazer uma cama, em que se reclinava a Mãe de Deus, e o berço do Menino, porque o Santo Esposo não tinha outra cama mais que a terra dura. Logo no dia seguinte ao da sua chegada, fora o solícito São José comprar instrumentos do seu ofício para uso fabril do seu trabalho, e a Virgem Maria também buscou cuidadosa em que pudesse ajudá-lo com o labor das suas preciosas mãos.
            Ao Santo se lhe originara uma grande perseguição da vizinhança pela manobra da sua arte, porque mal acostumados aqueles moradores egípcios a sentir o áspero ruído da serra, do martelo e da enxó, com que o Santo trabalhava, o criminaram de perturbador; porém a humildade e a modéstia de São José o defendeu e livrou de tal sorte da impostura, convertendo a acusação em benevolência, que o Juiz o fez conservar na própria casa.
            Mas verdadeiro trabalho foi o que padeceu São José, quando via que os egípcios adoravam os ídolos infames, e deixava de conhecer ao verdadeiro Deus, que tinham entre si, lastimando também não pouco os opróbrios e maus tratamentos, que daquela gente perversa padecia a Virgem Sacratíssima; porém recompensava o glorioso Patriarca São José estes e outros contratempos com a incomparável dita, que recebia, quando tomava em seus braços ao Divino Infante; quando, com profunda submissão, lhe fazia aquelas afetuosas carícias, de que a inocente infância se deleita. A Virgem Maria, para fazer os ofícios domésticos, entregava o Menino ao Esposo Santo, para que o entretivesse, e o Esposo para isto suspendia o seu trabalho. É de considerar que regalos receberia, quando o tomava e tratava! Quão suaves seriam seus abraços! A graça, que acharia nos inocentes atos peculiares à infância!
            Que júbilo e alegrias não experimentaria seu coração, quando ouvia ao Menino Jesus pronunciar ainda com a língua balbuciante a primeira palavra, que foi chamar-lhe Pai! Esta primeira palavra do Menino Deus, como cheia de eficácia Divina, infundia no coração de São José novo amor e reverência. Pôs-se de joelhos aos pés do Infante Jesus com humildade profunda, e deu-lhe graças, porque a primeira voz, que lhe tinha ouvido, fora a denominação de Pai.
            Não era São José pai natural de Cristo, mas só adotivo; porém o singular amor, que lhe tinha, excedia, incomparavelmente, a todo o afeto, com que os pais naturais amam a seus filhos, e por este amor incomparável e recíproco na relação de pai a filho se há de inserir o excesso de alegria, em que se viu a sua alma, ouvindo-se chamar repetidas vezes pai do mesmo Filho do Pai Eterno. Já São José era nas excelências grande antes que o Menino Deus lhe pudesse chamar pai e a Sacratíssima Virgem esposo; mas, depois que o amor social o juntou a ambos e o uniu com o amor de um e outro, a que eminente grandeza não subiu? Não há vozes humanas, que possam explicar, devidamente, esta prerrogativa de São José.
            Como o nosso glorioso Santo foi ab aeterno constituído por Deus para a alta dignidade de vigilante pedagogo e nutrício de seu unigênito Filho, é naturalmente crível que o Santo o ensinaria a andar, e para isso o tomaria pela mão, alternando o Menino os lugares, ora da esquerda, ora da direita, com os passos dúbios, e ainda trêmulos e titubeantes. Estas e outras ações, ainda que pueris, a que o sumo Deus e Verbo Eterno se quis sujeitar por nosso amor, eram de grande ponderação e júbilo para São José.
            Algumas vezes o Menino se entretinha com as ferramentas na oficina de São José, pedindo que lhas pusesse ao ombro para as levar, por graça misteriosa, de uma para outra parte, até que, cansadinho, se lançaria aos braços de pai, onde recostado adormeceria, e o Santo, com afetuosa ternura acalentando-o, lhe cantaria novos e doces hinos.
            Não seria de pequeno contentamento para o glorioso São José, quando visse também que as egípcias atraídas pela singular beleza do Menino e da amável forasteira sua Esposa, iam fazer-lhe companhia alguns espaços de tempo, levando-lhe suas galantarias e mimos, e tendo por boa dita beijaram-lhe os pés e as mãos de branca neve. Desta sorte, suavizava São José ditosíssimo os trabalhos do seu desterro, ganhando o sustento para si e para aquele soberano Aluno, que todas as coisas sustenta, o qual, para maior excelência do Santo, é crível que algumas vezes lhe pediria pão como faz o filho ao pai, e dele o receberia com reverência. Oh! Que graciosa alternativa! O pai com a sua educação conservava ao Filho, e o Filho servia ao pai; mas como Senhor de tudo alimentava ao mesmo, que lhe dava o alimento.
            Que gozo, finalmente, não encheria o coração de São José ver a Mãe de Deus ao seu lado entretida também em tecer a lã, ou o linho, para coser, ajudando assim a sustentação de sua casa; e ao Filho querido sentado junto a ela, dando a seu coração alívio com seus divinos colóquios? Desta forma se ia criando o Verbo Eterno, alimentado entre os dois lírios, ou cândidas açucenas da pureza de São José e da Virgem Maria no penoso desterro da sua pátria.

- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves, 1927.

21 de Março - Mês Dedicado a São José

São José com a Virgem Santíssima e o Menino Deus fogem para o Egito da perseguição de Herodes


            Satisfeito os misteriosos atos da Apresentação do Infante Jesus e Purificação de Maria Virgem, voltou a Sagrada Família para Nazaré. Desde logo se começou a divulgar e crescer a fama das maravilhas, que, em Belém e no Templo, haviam sucedido, até que, chegando o seu rumor aos ouvidos do cruel Herodes, se excitou neste a indignação contra Jesus, mandando, furiosamente, com lei bárbara e desumana, matar todos os meninos que havia em Belém e seus contornos até a idade de dois anos. Achava-se o fidelíssimo José dormindo, quando, aparecendo-lhe em sonhos o Arcanjo São Gabriel, lhe declarou o ímpio projeto e a iminente perseguição de Herodes, e lhe disse: Levanta-te e com o Menino e sua Mãe foge para o Egito, onde estarás até que eu outra vez te avise, porque Herodes há de buscar o Menino para lhe tirar a vida.
            Era o Egito província cômoda e oportuna para aquele refúgio, por ficar nos confins da Palestina e estar sujeita ao domínio de outro Príncipe. E, como não era ainda tempo do Senhor padecer, mas sim de se cumprir a profecia de Oséias no capítulo 2, foi aquela fuga mistério e não temor. Frustrar-se-ia em Cristo Senhor Nosso toda a causa da redenção do mundo, se permitisse que, em idade tão tenra, executassem nele os seus inimigos todo o ódio e crueldade.
            Despertou e levantou-se São José cheio de cuidado com a admoestação do Anjo e, dando logo parte à Virgem Maria daquele aviso, se sujeitou obediente e humilde aos ocultos decretos da Providência.
            Sem perda de tempo e sem socorro nem provisão alguma para tão longa jornada mais que a viva fé na mesma providência do Altíssimo, partiram. “Olhai, diz São Francisco de Salles, falando de São José, como parte logo sem dizer palavra: não se inquieta, nem pergunta ao Anjo que caminho tomará. Quem nos há de sustentar? Quem nos receberá? Ele sai à ventura carregado das suas ferramentas para ganhar sua pobre vida e a de sua família com o suor do seu rosto”. Tomaram os divinos Peregrinos a derrota do Egito pelo caminho menos trilhado, por ser mais oculto e, por isso, mais penoso. Partiram de Nazaré até Jerusalém percorrendo vinte e sete léguas, de Jerusalém à cidade de Hebron oito, passando por junto de Belém, onde diz a tradição pia que entrara São José para fazer algum provimento para jornada tão dilatada; de Hebron à Gaza é jornada de um dia; de Gaza até o Cairo há setenta léguas das quais cinquenta são desertas, e por este cálculo vieram a caminhar muito mais de cem léguas, indo sempre São José a pé e a Virgem Maria com o Menino ao colo, montada em jumenta na Palestina e em camelo nos desertos.
            Este caminho tão dilatado foi muito penoso para os perseguidos caminhantes, por ser a maior parte dele deserto e cheio de areias ardentes, sem água e infestado de animais ferozes. Que sustos não passariam a Virgem Santíssima e seu solícito Esposo com o receio de que podia cair nas mãos dos verdugos e assassinos de Herodes o divino Infante! Quantas vezes as pulsações mais apressadas de seus corações não lhes pareceriam ser o tropel dos seus perseguidores!
            Sendo esta jornada nos princípios de Fevereiro, a todos os incômodos da viagem acrescia o frio intenso, com falta de casas em que pudessem agasalhar-se.
            Oh! Quanto neste cuidado servia a Cristo o ditoso São José! São José não morreu por Cristo, mas defendeu a Cristo, e nesta defesa, conservando-o, deu-lhe nova vida. Dar a vida pelo Senhor não parece que seria tanto, como foi conservar ao Senhor a vida; porque quanto mais valia a vida de Cristo, que a de José, tanto parece que fez mais em conservar aquela vida preciosa, do que fizera em desamparar por seu amor a própria; e ainda, se bem reparamos, tudo fez São José, porque não defendeu a vida de Jesus Cristo sem expor a própria a evidentes perigos.
            Foi São José nesta fuga o verdadeiro Anjo Rafael para com Cristo, pois o livrou das garras e astúcias do tirano Herodes, guiando-o pelos caminhos mais seguros e menos arriscados.
            Em tudo parece que, para defesa de Cristo nesta perseguição, não quis o Céu auxiliá-lo, para que tudo se devesse á cuidadosa proteção de São José.
            Não tinha o tenro Menino mais abrigo e comodidade nesta longa jornada, que os braços da Virgem e os de seu Santíssimo Esposo, cumprindo-se assim o que profetizara Isaias, que entraria o Senhor pelas terras do Egito em uma nuvem ligeira, a qual era Maria Santíssima e o glorioso São José.
            Prosseguindo os celestes Peregrinos a sua dilatada jornada, chegaram, enfim, às terras do Egito, e, assim que passavam, os ídolos caiam de seus pedestais, quebrados em pedaços, realizando-se o que havia profetizado Isaias, quando disse que entraria o Senhor no Egito e seriam comovidos seus simulacros, com particularidade no templo de Hermopolis, edificado nas margens do Nilo, no qual, entrando a Virgem e seu santo Esposo com o Menino, caíram por terra seus malditos ídolos. Teve São José a gloriosa felicidade de presenciar estes prodigiosos efeitos na ruína da idolatria, um dos fins para que mandou o Anjo que fosse com o Menino ao Egito.

- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves, 1927.

20 de Março - Mês Dedicado a São José

Adoração dos pastores.
Circuncisão do Menino Deus e o
Santíssimo Nome de Jesus que São José lhe pôs.
Adoração dos Magos.
Apresentação no templo

FONTE 

            Diz o Evangelista São Lucas que naquela hora, em que Jesus nascera, que foi à meia noite de 25 de Dezembro, estavam os pastores vigiando o seu gado, em um lugar distante de Belém, mil passos para o Oriente, recolhidos da chuva em um edifício abandonado, chamado Torre Ader ou de Rebanho, e, chegando a eles o Anjo Gabriel, cercando-os de claridade extraordinária, lhes anunciou o Mistério do nascimento de Cristo. Eles, admirados da novidade, partiram a toda pressa para verem aquele prodígio e, entrando na gruta onde estava o Menino, se prostraram por terra, com grande humildade e reverência, e adoraram o Salvador, o Messias prometido, oferecendo-lhe seus rústicos holocaustos, louvando a Sagrada Virgem e a seu Santíssimo Esposo pelo que acabavam de presenciar e voltaram para seus campos, glorificando a Deus pelo que tinham visto.
            No oitavo dia depois de nascido Cristo, diz São Lucas que chegara o tempo de ser circuncidado o Menino. Quis o divino Verbo conformar-se com os mais homens, sujeitando-se a este preceito da Lei, que o não obrigava, não só por ser Deus, e como tal superior a todas as leis, mas por não ser concebido segundo os demais homens; porém sujeitou-se a ela para começar logo a derramar sangue pelos homens; para que não tivesse escusa a incredulidade dos judeus; para provar que era da descendência de Abraão; para não se singularizar; e por outras causas.
            Para a operação deste Sacramento da lei antiga não havia Ministro determinado; o mesmo pai e mãe podiam ser os executores. Assim foi São José que praticou a circuncisão do Menino Deus, dando-lhe o nome de Jesus.
            Daqui se deduzem três excelências de São José: ser substituto do Pai Eterno em tudo, que não é geração; ter dado o nome a Jesus; e ser o primeiro que o nomeou juntamente com a Virgem Maria.
            Verdadeiramente, se tanta consolação e tanto alívio sente a nossa alma cada vez que proferimos com a boca este suavíssimo e dulcíssimo Nome, que suavidade e júbilo experimentaria São José a primeira vez que o pronunciou?
            Oh! Como se arrebataria em doce contemplação, penetrando as altíssimas maravilhas do Nome sobre todo nome onipotente, amável e virtuosíssimo! Oh! Como o repetiria mil vezes prostrado com reverência por terra, e com ele sua Santíssima Esposa!
            Louvado seja eternamente o admirável nome de Jesus, que, com tanta glória de São José, e com tanta utilidade para o mundo, quis o Altíssimo que fosse o nosso Santo quem nos ensinasse a pronunciar, invocar e suplicar Nome tão soberano em cuja doce pronunciação está virtualmente depositada toda a nossa luz, medicina e salvação; e assim como o abecedário, que só tem 25 letras, encerra em si todos os livros, que se tem escrito, e hão de escrever-se até o fim do mundo, assim, nestas cinco letras de Jesus, se compreendem todos os mistérios dos outros nomes de Deus.
            O lugar em que se fez esta cerimônia da lei foi na Gruta do nascimento e não no Templo de Jerusalém, como indicam alguns pintores, pois a Santíssima Virgem não saiu de Belém antes do dia da sua Purificação.
            Três Régulos ou Potentados gentílicos, a que a Escritura dá o título de Magos, dedicados ao estudo da astronomia, em que eram insignes, habitando na parte da Arábia, que fica entre a Mesopotâmia e a Palestina, admirados de uma nova estrela, que observaram no Oriente, e entendendo, ou porque Deus lho revelou, ou pela profecia de Balaão, ser aquele o sinal de haver nascido o verdadeiro Rei dos judeus, se dispuseram a vir adorá-lo com grande aparato e trem de camelos e dromedários. Partiram de suas terras, levando sempre diante dos olhos, como farol, o resplendor da estrela, que os guiava, e, chegando a Jerusalém, ali souberam dos Sacerdotes que em Belém havia de nascer o Messias segundo profetizara Miquéias; e, continuando logo a sua derrota por direção luminosa da mesma estrela, deixando assustado Herodes e toda a sua corte, chegaram finalmente ao lugar, onde estava o Salvador do Mundo, que era na gruta o Presépio onde havia nascido, e ali, com profunda humildade, mais prostrados que de joelhos, adoraram a Deus Menino, treze dias depois do seu nascimento.
            Como o Evangelista São Mateus diz que os Magos entraram na casa, e não na gruta, pensam alguns que São José, depois do desafogo da cidade pela retirada dos que vieram inscrever seus nomes em obediência ao Edito, melhorara de habitação, porém os historiadores eclesiásticos dizem que todos aqueles quarenta dias, entre o Santíssimo Parto e a Purificação, não se afastara a Virgem e seu Santíssimo Esposo da gruta, onde o Menino nascera, por entender que aquele humilde tugúrio, que Deus havia escolhido e consagrado com o seu nascimento, se avantajara incomparavelmente aos maiores palácios dos reis.
            Não diz o Evangelho se assistira São José a esta adoração dos Magos, antes do seu silêncio se deve supor a ausência, talvez motivada para que os Magos, que sabiam que o Messias nasceria de uma Virgem, não se escandalizassem com a presença de seu suposto Esposo, sem poder aprofundar no mistério da concepção da Virgem.
            Depois dos felicíssimos Santos Magos adorarem reverentemente ao Filho de Deus, ofereceram-lhe seus tesouros que tinham mística significação: incenso, por ser Deus, ouro por ser Rei e mirra por ser homem. São José dera ao Menino o incenso, à Virgem o ouro e para si escolhera a mirra.
            É de crer que os Magos tivessem recebido em recompensa da Virgem Maria maravilhosas coisas do céu.
            Passados quarenta dias depois do nascimento de Cristo, levaram os Santíssimos Esposos o Menino Jesus ao Templo de Jerusalém, para o oferecer ao Senhor, segundo mandava a lei da Purificação do Levítico, e nesta jornada é crível que iriam sumamente alegres José e Maria não só por ser a primeira vez que levavam em público ao Rei da Glória para ser no mundo conhecido por suas criaturas, mas por irem oferecer ao Pai Eterno a Hóstia viva de seu Unigênito humanado. E como levariam alternadamente em seus braços São José e a Virgem aquela doce prenda, de valor inestimável! Que suave se lhes faria aquela carga amorosa, que sustenta todo o peso do universo! Em que altíssimas contemplações se empregariam por todo o espaço de duas léguas, que distava Jerusalém da cidade de Belém!
            Assim que entraram no Templo, ofereceu Maria Santíssima o Menino ao Sacerdote, e o glorioso São José, acomodando-se à lei dos pobres, ofereceu um par de pombinhos ou de rolas.
            A lei de Moisés mandava também que os ricos, quando se tratasse de menino, sacrificasse a Deus um cordeiro manso e, como os Santos Esposos tinham repartido pelos pobres o ouro, que os Magos lhes deram, é possível que não tivessem os meios de comprar o cordeiro; mas de qualquer modo era oferecido o Cordeiro místico e o verdadeiro que foi o mesmo Cristo.
            Também era lei particular que os primogênitos, não sendo filhos de Levitas, fossem redimidos por cinco ciclos e, posto que o Evangelho guarde nisto silêncio, é sem dúvida que os Santíssimos Pais resgataram com os cinco ciclos a seu Filho Jesus Cristo, como dizem os Expositores, do que resulta uma grande glória a Maria e a São José, Esposos puríssimos, pois mereceram deste modo redimir a seu mesmo Redentor, em cuja ação não só se viu verificada a significação do glorioso nome de José, que na língua hebraica significa Salvador, mas nobremente desempenhado na oferta dos cinco ciclos, que o nosso Santo satisfez no Templo para remir ao Redentor do mundo, que depois o resgatou com as suas preciosíssimas cinco chagas.
            O Sumo Sacerdote, que era o velho Simeão, inspirado pelo Espírito Santo, ao receber o Menino em seus braços, foi-lhe revelado ser aquele o Redentor de Israel, a quem esperava ver antes de sua morte. Devotamente o beijou e abençoou, entoando o misterioso cântico: “Nunc dimittes...”; e, entregando aquela estimadíssima prenda do Pai Eterno a Virgem Puríssima, sua Mãe, lhe profetizou a dor tão penetrante, como de espada aguda, que havia de transpassar sua alma na Paixão de seu Filho, anunciando-lhe também o remédio, que ele vinha trazer com a redenção do mundo.
            Destes afetos participou igualmente São José; ele e a Virgem, recebendo do Sacerdote a benção, e ficando reconhecidos por pais de Jesus Cristo, se retiraram do Templo.

- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves. 1927

‎19 de março - Solenidade de São José


     "Porque a sua fé era tão forte, a mente e o coração de José curvaram-se em perfeita adoração. Imitai a sua fé enquanto vos ajoelhais diante do Cristo humilde e aniquilado na Eucaristia. Rasgai o véu que cobre esta fornalha de amor e adorai o Deus escondido. Ao mesmo tempo respeitai o véu do amor e fazei a imolação da vossa mente e do vosso coração, porque esta é a mais bela homenagem de fé"
 São Pedro Julião Eymard

“Como é doce, calmo, sereno, suave o pensamento de São José, meu primeiro e predileto protetor”
João XIII

“Alguns santos receberam o privilégio de nos proteger em casos particulares. A São José foi conferido o encargo de nos socorrer em toda a necessidade e em qualquer negócio: de defender, proteger e amparar com perene benevolência todos os que a ele recorrem”

São Tomás de Aquino

“Não me lembro de ter pedido alguma graça a São José que ele não me tenha alcançado”

Santa Teresa d´Ávila


“Os homens ignoram os privilégios que o Senhor concedeu a São José, e quanto pode sua intercessão junto a Deus. Somente no dia do juízo os homens conhecerão sua eminente santidade, e chorando amargamente por não haverem conhecido e se aproveitado deste meio tão poderoso e eficaz para sua salvação e alcançar as graças de que necessitam.”

Nossa Senhora à Irmã Maria de Jesus de Agreda 




Depois de Nossa Senhora, o Santo mais privilegiado por Deus é São José. Era a ele que o Filho de Deus chamava de “pai” nesta terra.

O Santo Esposo da Mãe de Deus é invocado como... 


protetor da Igreja – pois foi o pai nutrício de Jesus;
protetor das famílias – pois teve a seu cuidado a Família de Nazaré;
padroeiro dos trabalhadores – pois trabalhando como carpinteiro que conseguia o sustento de sua Família;
padroeiro da boa morte – pois morreu nos braços de Jesus e Maria!
  

Em nosso dia-a-dia na família e no trabalho, recorramos a São José, lembremo-nos de Seu exemplo como esposo, pai, trabalhador. Peçamos Sua intercessão nas dificuldades cotidianas, pois ele conheceu as aflições de um pai que precisa manter uma família com seu trabalho.

Sendo o Pai adotivo de Jesus, São José é também Pai adotivo do Seu Corpo Místico, que são os cristãos; o Cristo total é Ele - cabeça - e nós - os Seus membros. São José ama-nos, pois, como ama a Jesus. As nossas aflições, angústias e necessidades, são as de Jesus. São José é o Padroeiro da Igreja Universal; nenhum problema nosso, portanto, pode lhe ser indiferente. Invoquemo-lo, pois, cheios de confiança.

Não haverá morte eterna para o pecador, ainda o mais inveterado, que pedir a São José com frequência a graça de não morrer em pecado. Sejamos, pois, fiéis às práticas em honra de São José e obteremos sua proteção. Tenhamos na nossa casa uma imagem ou um quadro de São José.



São José, fazei que eu morra, como vós, nos braços de Jesus e Maria