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10o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Modéstia, Característico da Vida de Maria


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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A vida oculta de Maria apresenta um característico que a distingue da vida de Jesus. Nela não se observa esta humildade que assombra e confunde, esse misto de poder e fraqueza, de grandeza e de obediência que se admira na vida de seu Filho. A vida de Maria é sempre igual, sempre simples e oculta; é o reinado da modéstia humilde e suave, modéstia que forma o distintivo de sua piedade, de suas virtudes e de todos os seus atos.

1º.Maria é modesta em seu exterior. — Não se faz notar pela severidade do porte nem por uma negligência afetada. Humilde e mansa como Jesus, tudo quanto é de seu uso traz o sinal de sua posição medíocre e a confunde com as de sua condição. Assim devemos nós ostentar as insígnias da mediocridade: nem muito, nem pouco, se queremos imitar a vida de nossa Divina Mãe.

2º.Modesta nas relações com o mundo. — Maria sacrifica generosamente o seu retiro, a suavidade da contemplação, e vencendo grande distância vai visitar sua prima Isabel, a fim de felicitá-la e serví-la. Torna-se, durante três meses, sua companheira, sua humilde serva, e faz a felicidade desse lar privilegiado. Somente quando a glória de seu Filho exigir, Maria aparecerá em público. Há de assistir as bodas de Caná, porém sem dizer uma só palavra que possa reverter em seu próprio louvor, não se prevalecendo de seu título de Mãe do Messias, nem do poder e da glória de seu Filho para se elevar aos olhos dos homens. Sua modéstia faz com que pratique a caridade, e saiba deter-se, de acordo com as ocasiões.

3º.Modesta no cumprimento de seus deveres. — Maria os desempenha com suavidade, sem precipitação, sempre contente com o que lhe acontece e disposta a abraçar um novo dever. Desempenha todos com essa igualdade de humor que não deixa transparecer as contrariedades e não procura consolação, que não atrai os olhares de pessoa alguma porque tudo faz com naturalidade e de um modo comum. Belo modelo para quem deseja viver da vida de Jesus Eucarístico e com mais razão, para um adorador consagrado ao seu serviço, cuja vida se compõe de pequeninos atos, de pequenos sacrifícios que somente Deus deve conhecer e recompensar, e cuja glória e conforto consistem na filial dedicação, na humildade dos seus deveres, ambicionando unicamente agradar a seu Mestre pela contínua imolação de si mesmo.

4º.Modesta em sua piedade. — Maria, elevada ao mais alto grau de oração que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima de todos os anjos, e constituindo, por sua dignidade de Mãe de Deus, uma ordem à parte entre as maravilhas divinas, serve ao Senhor, apesar dessas prerrogativas, na forma comum da piedade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas legais, reza entre os demais fiéis; em nada se faz notar, nem sequer por sua modéstia, que sabe esconder habilmente; nenhum indício exterior denota a perfeição de sua piedade, nem mesmo um fervor extraordinário!
Tal deve ser a nossa piedade: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesta no agir, evitando com cuidado a singularidade, fruto sutil do amor próprio, fugindo mesmo de tudo quanto é extraordinário como sujeito à vaidade e à ilusão.

5º.Modesta em suas virtudes. — Maria possui todas em grau eminente, praticando-as com suma perfeição, embora sob uma forma simples e usual. Sua humildade vê somente a bondade de Deus, e por todos os favores recebidos, nada mais transparece que uma gratidão humilde, a gratidão do pobre, obscura e sem glória, que o mundo não percebe. "Poderá vir alguma coisa boa de Nazaré?" E ninguém presta atenção a Maria.
Eis o grande segredo da perfeição: saber encontrá-lA no que há de mais simples, saber alimentá-lA do que é mais trivial, saber conservá-la em meio do esquecimento e da indiferença. Uma virtude saliente está muito exposta, uma virtude louvada o preconizada está próxima da ruína; a flor que todos querem admirar, murcha depressa.
Afeiçoemo-nos, pois às pequeninas virtudes de Nazaré, àquelas que germinam ao pé da cruz, à sombra de Jesus e de Maria; e, assim, não se temem as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo das montanhas.

6º.Modesta nos seus sacrifícios. — Maria aceita em silêncio e com suave conformidade, o exílio; não murmura; não se desvanece por ter sido chamada a fazer grandes sacrifícios, não se queixa e nem pede que lhe seja suavizado o rigor.
É modesta em face da grande mágoa de seu santo esposo; prefere suportar as suas dúvidas a revelar-lhe o grande mistério que A exaltaria aos seus olhos deixa a Deus esse cuidado, e permanece tranquila nas mãos da Providência.
Traspassada de dor, Maria acompanha seu Filho carregando a cruz, mas não atordoa Jerusalém com seus gritos e lamentos. No Calvário, se nos apresenta mergulhada num oceano de dores, tão profundo quanto seu amor; sofre em silêncio, e depois de ter dado a seu Filho um último adeus, mudo mas eloquente, se retira, mãe desolada mas cheia de resignação.

7º.Maria é, finalmente, modesta em sua glória. — É este o mais belo triunfo da modéstia de Maria. Como Mãe de Deus, quais não eram os seus direitos a receber as homenagens do universo inteiro? Entretanto, Maria somente abraça a provação e o sacrifício; jamais se deixa ver quando o seu Filho triunfa; está, porém ao seu lado quando se apresenta uma humilhação ou uma cruz a partilhar com Ele.
Se quisermos, pois ser filhos dessa Mãe amável, devemos nos revestir de sua modéstia, tomando-a por tema habitual de nossas meditações. Maria nô-la deixa como herança; que ela seja, portanto a regra de nossas virtudes, e que a simplicidade que a faz esquecer-se de si própria para ver somente Deus, preferir o dever ao prazer, e que A impele a procurar o seu Deus e não as suas consolações, a se dedicar ao amor pelo amor, seja a nossa partilha, o fim de nossos esforços e o selo de nossa vida.
A modéstia é a virtude régia de um adorador, porque é a virtude e a libré dos servidores dos reis, e a virtude dos anjos perante a majestade divina; ela nos dá a compostura exterior na presença de Deus, nos faz tributar-Lhe a homenagem de todos os nossos sentidos e faculdades; numa palavra, é a etiqueta de seu serviço real. Sejamos, pois, no serviço de Jesus, modestos como Maria!

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O Anjo da Eucaristia

Sabemos que pelo seu devotado amor e terna devoção para com a santa Eucaristia, uma pobre operária chamada Maria Eustela mereceu este belo nome de Anjo da Eucaristia.
Encarregada, pelo Vigário, da sacristia de sua paróquia, é impossível dizer-se com que respeito e dedicação ela desempenhou esse augusto mister, infelizmente exercido em algumas paróquias por mercenários a que falta o necessário devotamente.
Nas primeiras vezes em que teve a felicidade de preparar a matéria para o oblação do Santo Sacrifício, à alegria de sua alma juntou-se um profundo sentimento de sua indignidade. A esse respeito escreveu: "Gosto de pensar que, como a Santíssima Virgem, me dedico ao serviço do Templo tanto quanto minha vocação permite, e este pensamento excita a minha gratidão. E, para ser digna deste santo emprego, era preciso que eu tivesse a pureza de Maria, o que estou bem longe de possuir. Ó meu Deus! quão pouco resultado tiro de tantos meios de salvação! Muito mais me ocupo em gozar da felicidade que este santo ofício me proporciona. Digne-se o Senhor me adornar de uma pureza semelhante à dos anjos a fim de que eu me possa aproximar do Deus dos anjos e recebe-lO tantas vezes!"
(Vida de Maria Eustela).

PRÁTICA — Reproduzir em nossa vida a modéstia de Jesus e de sua Mãe Santíssima.

JACULATÓRIA — Nós vos bendizemos, ó Virgem Maria, que nos trazeis o ramo de oliveira e nos anunciais Jesus-Hóstia, que nos salvará do dilúvio universal!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

9o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Vida Interior de Maria


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria, ornada de todos os dons, enriquecida com todas as virtudes, perfeita em todas as suas graças, aparece no entanto ao mundo sob um exterior vulgar. Seus atos nada têm de extraordinário; suas virtudes parecem comuns; sua vida transcorre no silêncio, na obscuridade, e o próprio Evangelho não a menciona. É porque Maria deve ser o modelo da vida oculta em Deus com Jesus Cristo que nós devemos honrar e retraçar fielmente em nossa conduta, pois desejo vos mostrar como a lei da santidade que Deus segue em nossas almas é a mesma que seguiu em Maria.
Ora, a Igreja canta de Maria: "Toda a glória da filha do rei está no seu interior." Tal é o caráter da santidade de Nossa Senhora: nada de exterior nem de ostensivo; tudo para Deus e somente d'Ele conhecido. E, entretanto foi Ela a mais santa e a mais perfeita das criaturas, e amada por Deus acima de todas, deve ter recebido de sua bondade as graças mais abundantes e inestimáveis, e os mais excelentes dons. O Pai Eterno lhe concedeu todas as virtudes de mãe; o Filho, todas as graças da Redenção; o Espírito Santo, todas as graças do amor. Contudo, Maria levou uma vida comum, oculta e desconhecida. Que concluir disto senão que este estado de vida retirada e interior é o mais perfeito? A vida exterior, mesmo quando dedicada a Deus é menos perfeita. Foi por isso também que Nosso Senhor se ocultou mais do que se manifestou, e os santos todos são formados por esse molde, porquanto, para ser amigo de Deus é preciso ser pulverizado e reduzido a nada, é preciso aniquilar-se como Jesus e Maria.

II. Donde, concluindo, vos digo: — Quereis ser santos? Tornai-vos interiores. Sois a isto obrigados por vossa vocação adoradora; como pretendeis orar sem este espírito interior? Se não podeis passar um instante sem livro na presença de Nosso Senhor, se nada Lhe sabeis dizer de vosso coração, que vindes fazer aos seus pés? Que tristeza, nunca falar por si mesmo e andar sempre pedindo emprestado pensamentos e palavras dos outros!
Oh! trabalhai para vos tornardes interiores. Não é possível, de certo, ser tanto quanto Jesus e Maria, porém cada qual poderá conseguir o grau que lhe proporcionam sua graça e sua virtude. Sem isto jamais recebereis consolações nem incentivo, e vos sentireis infelizes na adoração.
Para ser adorador é necessário ser interior, saber conversar no genuflexório, consultar Nosso Senhor e esperar sua resposta; é preciso, em resumo, gozar de Deus. Devemos nos sentir felizes em sua companhia, felizes em seu serviço; precisamos gozar de sua intimidade tão suave e tão animadora! Mas, para atingir o Coração e o amor de Jesus, é mister que a alma seja interior. E o que é isto, afinal? É amar bastante, de modo a poder conversar e viver com Jesus; porém não se faz Ele ouvir pelos nossos ouvidos naturais, nem se deixa ver pelos nossos olhos do corpo; fala somente à alma recolhida. Jesus no Santíssimo Sacramento é todo interior; não penetra mais os corações com o seu olhar como durante sua vida mortal, vai diretamente à alma para lhe falar em segredo. Quando vossa alma não se expande em sua presença é porque Ele não atua sobre ela; existe algum obstáculo entre ela e Jesus.
Ah! que não deixe de ser verdadeira a palavra de Nosso Senhor. Disse Ele que seu jugo é suave e o seu fardo leve; mas isto somente para quem vive de oração e de vida interior; do contrário, tornar-se-á pesado e enfadonho. Quando não somos interiores, tudo se ressente em nossa vida. Oh! como eu desejaria que se cumprisse em vós esta sentença tão perfeitamente realizada na Santíssima Virgem: "O reino de Deus está dentro de vós", reino de virtudes, de amor e de graças interiores, pelo qual começareis a ser adoradores e santos!
A erva dos campos morre todos os anos porque não tem raízes profundas, mas o carvalho, a oliveira e o cedro não morrem, porque as suas raízes penetram o seio da terra. Para perseverar, para ser forte, é mister descer até o fundo de si mesmo, cavar até atingir o próprio nada; é aí que se encontra Jesus, que também se aniquilou: exinanivit. E foi também aí que Maria O encontrou. Oh! que esta perfeita mãe da vida interior vos faça viver, a seu exemplo, em Jesus, e n'Ele permanecer eternamente.

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Maria Medianeira junto a Jesus Eucaristia

Um piedoso frade da Ordem de São Francisco foi assaltado, na época em que devia pronunciar os votos, por uma violenta tentação de voltar ao século. Temia se tornar infiel a esse compromisso solene e, portanto, decidiu-se a deixar o hábito na véspera da profissão. Antes de sair, entrou na Igreja do Convento, e ajoelhando-se diante do Tabernáculo encimado por uma estátua da Santíssima Virgem, pediu ingenuamente a Jesus e Maria que lhe dessem a permissão de partir. Ó prodígio! Maria desce do seu trono e abre o santo Cibório, de onde sai um belo e encantador menino! E a Virgem se lançando aos pés de seu divino Filho, diz numa voz suplicante: "Meu querido Filho, tem piedade de nosso pobre servo!" E o Senhor pergunta: "Que desejais que eu faça, minha Mãe, se ele não quer ficar comigo?!" E a Mãe Santíssima, cheia de misericórdia responde: "Meu Filho, tem piedade dele concedendo-lhe a graça de ficar conosco." O Menino Jesus levantando então o braço, abençoa o frade e promete a Maria que, em atenção aos seus rogos, jamais abandonará esse pobre religioso.
Mal terminou de falar, Jesus voltou ao seu Cibório e, desaparecendo, deixou o bom frade cheio de força e de consolação.
(Nicolau Laghi da Lugano, Miracoli del Santissimo Sagramento, trat. I, c. LXXI.)

PRÁTICA — À Imitação de Maria, viver do recolhimento e união a Jesus presente em nós.

JACULATÓRIA — Ó Maria, verdadeira filha do Grande Rei, toda a vossa glória está no vosso interior, porque aí reside Jesus!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

8o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Grandeza da Maternidade de Maria




ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.

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Maria, Mãe de Jesus, Filho de Deus! Maria de qua natus est Jesus, eis o sublime elogio que o Evangelho faz da Santíssima Virgem. O Espírito Santo não louva os seus dons nem as suas virtudes; contenta-se em apontar o princípio divino, a lei de conveniência desses dons e virtudes, isto é, a maternidade divina. Maria recebeu todas as graças e todas as honras porque devia ser Mãe de Deus, e esse título diz tudo de Maria, narra-lhe todas as grandezas.

I. Veio Ela reerguer o gênero humano, restituindo à mãe a coroa de glória e de nobreza que Eva perdera pelo pecado. Satanás destronara nossa primeira mãe, Maria a reabilita.   Representada pelas nobres figuras da antiga lei, Judite, Ester, Débora, Maria se apresenta como Rainha e libertadora. Por esta razão, o Anjo A saúda com profundo respeito, sem se atrever a pronunciar seu nome: Ave gratia plena. Notai a diferença entre a linguagem do anjo à verdadeira mãe dos viventes, e a do serafim decaído à nossa infeliz Eva.
Maria é habitação de Deus: traz consigo o Salvador do mundo, o foco do amor, Aquele que vem trazer a paz aos homens, enquanto Caim, o primogênito de Eva, é um pecador, um fratricida.
Maria recebe as homenagens dos pastores e dos reis dos pobres e dos ricos; sua qualidade de Mãe do Messias a constitui soberana do universo e o próprio Filho de Deus A reconhece como sua verdadeira Mãe, tributando-lhe todos os deveres de um bom filho; e nos dá, assim, o exemplo perfeito da observância deste mandamento: "Honrar pai e mãe".

II. Eva, por culpa própria, perdeu a liberdade e o poder, sub potestate viri eris; "Ficarás, diz-lhe o Senhor, sob o domínio do homem"; e desde então a mulher se tornou escrava ou tutelada do homem.
Eis, porém a mulher forte, a mãe por excelência! A mãe deve ter direito sobre seu filho, seja ele rei, ou seja, Deus, e por isso Maria manda em Jesus. E Aquele diante de quem as potestades celestes tremem, obedece a Maria. Somente Ela O governa, Lhe fala em público, reivindica seus direitos de mãe: Fili, quid fecisti nobis sic? (Luc. II, 48.) Compreendeis agora o poder de Maria? Foi Ela que, em Caná, desligou a omnipotência de Jesus e Lhe deu, de algum modo, o gozo da maioridade. Coroa de soberania é, portanto, o segundo privilégio da maternidade divina.

III. Esta graça ainda confere a Maria uma coroa de glória. Eva, por sua ambição, perdeu toda a glória; foi expulsa vergonhosamente do paraíso e condenada a conceber na dor e na ignomínia.
Maria Santíssima concebe o Salvador na alegria, sem conhecer as dores da maternidade. Ao passar em seu bendito seio, o Salvador deixa nele os vestígios de sua glória, e Maria se torna então Rainha, por ter dado ao mundo Jesus Rei.
Rainha dos Anjos e Rainha da Igreja verá os soberanos depositarem a seus pés os seus impérios, os povos lhe confiarem a própria salvação, e em todo o lugar em que se oferecer um trono a Jesus, terá, igualmente, o seu. O altar de Maria estará sempre ao lado do de Jesus!
Eis a honra, o poder e a glória da maternidade divina: Maria é venerada, é poderosa e gloriosa em Jesus e por Jesus; é sua divina Mãe!

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O Concílio de Éfeso

Houve um Bispo de Constantinopla, chamado Nestorius, que ousou dizer que a Santíssima Virgem não era Mãe de Deus.
“É a Mãe de Cristo, dizia ele, isto é, de um homem a quem o Filho de Deus se uniu.” E atreveu-se a pregar este seu erro do alto do púlpito, aos fiéis de Constantinopla; mas o povo protestou indignado, exclamando que Jesus Cristo era Deus e não um homem
simplesmente, e que a Santíssima Virgem sendo sua verdadeira mãe, era, portanto, Mãe de Deus. O caso foi submetido ao Papa, chefe dos Bispos e juiz infalível nas questões de fé.
São Celestino I, o Papa reinante, convocou então na cidade de Éfeso, na Ásia Menor, um grande Concílio geral de todos os Bispos, a fim de condenar a heresia de Nestorius.
No ano de 431, iniciou-se o Concílio, com grande solenidade. Desde manhã cedo o povo cercava a Igreja de Santa Maria, onde se deviam reunir os membros do Concílio. Os fiéis pediam em altas vozes que fosse vingada a honra da Santíssima Virgem. Nestorius, intimado três vezes a comparecer diante do Concílio, não se apresentou. A casa em que ele se refugiara estava guardada por uma tropa de soldados que um certo conde, chamado Candídio, embaixador do Imperador, pusera à sua disposição.
Finalmente, à tarde, as portas da Igreja se abriram e São Cirilo, patriarca de Alexandria, legado do Santo Padre, proclamou o decreto do Concílio que declarava ser a Santa Virgem verdadeiramente Mãe de Deus, e que Nestorius, culpado de blasfêmia por ter afirmado o contrário, estava destituído de seu múnus pastoral, deixando assim de ser Bispo e Patriarca
de Constantinopla.
No mesmo momento toda a cidade de Éfeso vibrou em cânticos de júbilo; por toda a parte se ouvia clamar: "Viva Maria, Mãe de Deus!" Ao saírem da Igreja, os Bispos foram levados às suas residências em triunfo, ao clarão de mil tochas. O ar se embalsamara com os perfumes que as senhoras, em honra dos Padres do Concílio, queimavam em caçoulas. A cidade foi iluminada de modo extraordinário, e a alegria dos filhos de Deus se estendeu em breve por todo o universo.
Nestorius ainda tentou resistir ao Papa e ao Concílio, porém o imperador, informado da verdade, o abandonou e condenou ao exílio; e o infeliz nunca se submeteu ao dogma e à autoridade da Igreja. Viveu ainda oito anos, com o rancor no coração e a blasfêmia sobre os lábios, morrendo miseravelmente, o corpo todo estragado e a língua, que blasfemara contra
a Santíssima Virgem, dizendo e repetindo: “Seja anátema quem disser que Maria é Mãe de Deus”, foi devorada pelos vermes antes que ele exalasse o último suspiro. (Mgr. de Ségur).

PRÁTICA — Receber frequentemente o Deus da Eucaristia como remédio à concupiscência e salvaguarda da pureza.

ASPIRAÇÃO — Salve, ó Maria, paraíso espiritual de Deus, onde floresceu o lírio perfumoso e imaculado. Jesus Eucaristia.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

7o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Primeira Adoradora do Verbo Encarnado (1)



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.

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Eis aqui o meu modelo, minha Mãe: Maria, a primeira adoradora do Verbo Encarnado, em seu próprio seio! Oh! quão perfeita em si mesma e quão bem aceita por Deus e rica de graças deve ter sido essa primeira adoração da Virgem Mãe!
Meditemos essa perfeita adoração de Maria no primeiro instante da Encarnação.

1º. — Foi uma adoração de humildade, de aniquilamento ante a soberana majestade do Verbo pela escolha que fez de sua pobre serva, impelido por um excesso de bondade e de amor para com Ela e para com a humanidade. Tal deve ser o primeiro ato, o primeiro sentimento de minha adoração, ao comungar. Foi este o sentimento de Isabel ao receber a visita da Mãe de Deus, levando-lhe o Salvador, ainda oculto no seio. Unde hoc mihi? — Donde me vem esta honra que eu tão pouco mereço?" Foi também esta a palavra do centurião, em cuja casa se dispunha Jesus a entrar: "Senhor, eu não sou digno!"

2º. — O segundo ato de adoração de Maria foi, naturalmente, de gratidão jubilosa pela inefável e infinita bondade de Deus para com os homens; um ato de humilde reconhecimento por ter escolhido sua indigna mas feliz serva para uma graça tão insigne. O reconhecimento da Santíssima Virgem se exprime em atos de amor, de louvor e de ações de graças; Ela exalta a bondade divina, pois a gratidão abrange tudo isto. É a expansão da alma para com a pessoa do benfeitor; expansão magnânima e amorosa: a gratidão é o coração do amor.

3º. — O terceiro ato da adoração da Virgem Santíssima deve ter sido um ato de homenagem: a oferta, o dom de si mesma, de toda a sua vida ao serviço de Deus: Ecce ancilla Domini; um ato de pesar por se reconhecer tão pequena e tão pobre, não podendo servi-lO dignamente.
Maria se oferece para servi-lO como Ele quiser, disposta a todos os sacrifícios que Ele se dignar pedir-lhe, julgando-se ditosa de poder agradar a Deus por tal preço, e de assim corresponder ao amor que Ele patenteou aos homens na Encarnação.

4º. — O último ato da adoração de Maria foi indubitavelmente um ato de compaixão pelos pobres pecadores, por cuja salvação o Verbo se encarnara. Soube interessar a divina misericórdia em favor deles, oferecer-se para reparar e fazer penitência em lugar deles, afim de lhes alcançar o perdão e a volta para Deus. Procurou obter que lhes fosse concedida a graça de conhecer seu Criador e Salvador, de amá-lO e servi-lO, tributando assim à Santíssima Trindade a honra e a glória que lhe são devidas por toda a criatura, mas especialmente pelo homem, terno objeto das misericórdias e do amor de Deus, tão grande e tão bom! Oh! eu desejaria adorar a Nosso Senhor como O adorava essa boa Mãe, pois que, na Santa Comunhão, eu O possuo do mesmo modo que Ela!
Oh! meu Deus, faço-vos um pedido importante e grandioso: dai-me a Santíssima Virgem adoradora por minha verdadeira Mãe; fazei-me participar de sua graça, desse estado de adoração contínua em que se manteve durante todo o tempo em que vos trouxe em seu puríssimo seio, este céu de virtudes e de amor.
Sinto, ó meu Deus, que seria esta uma das maiores graças de minha vida; quero, doravante, fazer todas as minhas adorações em união com esta Mãe dos adoradores, a Rainha do Cenáculo.

(1) Esta meditação foi publicada, em parte, na segunda série dos escritos do Bem-aventurado Pedro Julião Eymard.É aqui, porém, o seu lugar competente; por isto a reproduzimos, completando-a.

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A casula da Maria

São Bonnet, bispo de Clermont, devoto servo de Jesus e Maria, se recolhera, na véspera da Assunção, à Igreja de São Miguel, afim de passar a noite era oração e se preparar melhor para a grande festa de sua querida Soberana. Enquanto se expandia em suspiros e ardentes desejos, chegaram-lhe do céu aos ouvidos acordes de uma doce melodia; o templo se ilumina de repente, e suas abóbadas ressoam como nos dias solenes em que regurgita de fiéis. Admirado e como que fora de si, vê o santo a Virgem Mãe, cercada de uma multidão de anjos e de virgens, dirigir-se em procissão para o altar. As virgens e os anjos cantavam louvores à sua Rainha e ao seu divino Filho. Então os anjos perguntaram quem celebraria os santos Mistérios, e Maria lhes responde: “Será meu servo Bonnet, que reza em segredo nesta Igreja.” Os Anjos vão chamar o santo, que amedrontado se escondera num recanto da Igreja. Revestem-no de magníficos ornamentos e lhe servem de acólitos na celebração da Santa Missa, a que assiste Maria.
Terminado o Santo Sacrifício, a Santíssima Virgem abençoa o seu devoto servo, e, como lembrança de sua visita cheia de amor, deixa-lhe a bela casula que trouxera do céu. Este belo ornamento milagroso estava guardado em Clermont, antes da Revolução. Jamais se pode saber de que material era feito, tão fino e tão delicado era, além de macio e tão habilmente bordado que somente os dedos de um anjo, ou antes, da Rainha dos anjos, poderiam tê-lo feito.
(Bolland, 15 de janeiro).

PRÁTICA — Fazer, com a maior fidelidade, a ação de graças da Comunhão em união a Maria.

JACULATÓRIA — Ó Maria, recebi vosso querido Filho; não O deixarei afastar-se de mim.


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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

6o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Anunciação
(Luc. T. 26 e seg..)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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   I. Ao meditarmos as circunstâncias do mistério da Anunciação, descobrimos em Maria as mais sublimes qualidades.
Que glória para Maria ter sido chamada a tomar parte nessa obra da Encarnação do Verbo, a mais grandiosa das obras divinas! Que sublimes virtudes nos ensina com seu exemplo!
   Um arcanjo é enviado por Deus: o arcanjo da força divina, e vem trazer da parte de Deus uma mensagem a uma criatura. Foi esta a missão mais importante que a um mensageiro celeste coube desempenhar. E esse anjo baixa dos céus cheio de glória, belo como um astro, resplandecente dos raios da divindade.
   A quem se dirige ele? Ah! se o mundo tivesse sido informado da partida desse mensageiro celeste, sem dúvida teria procurado entre os ricos e poderosos do século o feliz mortal a quem era destinada a grande mensagem, porque o mundo julga de boa mente que a perfeição se encontra na grandeza. Mas o Anjo se dirige a uma virgem humilde, desconhecida, de quinze anos de idade, legalmente desposada com um modesto operário, e habitando uma casinha pobre, em cidade pouco conhecida e mesmo desprezada. Dirige-se a Maria! — Como é possível?! Tanto aparato para uma jovem de condição tão modesta?! — Sim. — O prestígio social desaparece bem depressa, não é? Isto serve de confusão para o orgulhoso espírito humano, que dá valor somente ao que tem, brilho, e apreço ao ouro e aos diamantes; mas, que é tudo isso?  No dia do juízo final serão estas coisas calcadas aos pés como o lodo da terra, servindo de pavimento ao inferno. O Anjo se dirige, pois a uma virgem. Deus não estabelece intimidade senão com as almas puras; perdoa o pecador, mas se une tão somente às almas em que reina uma pureza extrema.
   O Anjo se apressa em saudar Maria, porque, efetivamente, é inferior a Ela. Maria, nesse momento, é soberana, e desde que se tornou objeto dos desígnios divinos, tem nas suas mãos a sorte do mundo. Quão poderosa é, então, esta humilde virgem!
Ave, cheia de graça! É Maria a única cheia de graça entre as filhas de Eva. Quanto a nós, somos cheios de misérias do pecado original; Maria é pura como o sol; Deus plasmou-A de uma argila especial, moldando-A com particular esmero.
   O Senhor é convosco. — Sim, porque Ele habita na pureza de vosso coração como num paraíso de delícias, e vossas virtudes são flores que exalam em sua presença os mais suaves perfumes. A que hora apareceu o Anjo? O Evangelho não diz; pensam os comentadores que foi à meia noite, no instante em que termina um dia e começa o outro. Maria é a aurora
mística que separa as trevas da luz. A chegada do Anjo, estava em oração, suspirando pela vinda do Messias, o que se pode presumir, sem receio de errar, baseado em que Deus concede geralmente às almas um dom de oração em conformidade com a graça que lhes deseja comunicar, preparando-as para isto. Orai também vós com Maria, nessa hora solene da Encarnação, e, mais tarde, no Nascimento do Filho de Deus feito homem, e adorai em união com Ela o Deus que se encarna por vosso amor.
   Maria se perturba. É próprio das virgens, diz Santo Ambrósio, perturbar-se à aproximação de um homem e recear suas palavras. Maria se perturba também com os elogios que lhe são dirigidos, se bem que os merecesse; a verdadeira virtude, porém, não se reconhece.
   O Anjo tranquiliza Maria. Eis o característico das visões divinas; a princípio, perturbam; depois, infundem a paz. Ao contrário, as visões diabólicas começam pela paz e acabam pela guerra.
   Concebereis um filho a quem chamareis Jesus. Nome celeste, nome divino, que nenhum homem podia inventar, mas que devia ser trazido do céu por um Anjo. Este filho será poderoso, e chamado o Anjo do grande Conselho, o Forte, o Admirável.
   A Santíssima Virgem porém dedicava um tal amor à virgindade que consagrara a Deus, que não acede logo. "Como se cumprirá esse mistério?" pergunta Ela. "Sou virgem, e virgem quero permanecer". — Que momento! Maria tem, por assim dizer, os céus e a terra suspensos! Deus espera o consentimento dessa humilde donzela! Não podia dispensá-lo, e Maria, nesse instante, é mais poderosa que o próprio Deus. Como pode o Senhor submeter-se a essa espécie de inferioridade diante de Maria? Ah! porque a tudo mais Ele preferia a virgindade de sua Mãe!
   O Anjo cede, pois, em nome de Deus. Maria triunfa e ouve estas palavras: "A virtude do Altíssimo vos cobrirá com sua sombra, e, vos tornando Mãe, permanecereis virgem."
   E Maria responde: Esse ancilla Domini — Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra. — Oh! palavra profunda, palavra admirável e cheia de humildade! Quantas coisas se encerra nesse Ecce! Quando a Igreja vos apresenta a sagrada Hóstia antes da Comunhão, vos diz: Ecce agnus Dei; quando São João quis mostrar Nosso Senhor a seus discípulos, também lhe disse: Ecce.
   É porque esta palavra encerra o dom completo de si mesmo Eis-me aqui inteiramente à disposição do Senhor.  É um ato de fé perfeito.
   Maria não diz: "Eis aqui a Mãe do Senhor, se bem que assim fosse no mesmo instante; quanto mais Deus eleva os santos, tanto mais se tornam humildes. Com muita razão pode São Bernardo dizer de Maria: Virginitate placuit, humilitate concepit. Tornou-se agradável ao Senhor por sua virgindade, e O concebeu por sua humildade.
   Notai a sobriedade das palavras de Maria; apenas diz o estritamente necessário; o silêncio e a modéstia são a salvaguarda da pureza.
   O Espírito Santo opera então em Maria sua obra divina. O consentimento dessa pobre donzela transformou a face da terra. Deus reassume o seu domínio: vai recomeçar suas relações com os homens de um modo mais perfeito e mais duradouro do que no paraíso terrestre.
   Este mistério nos enobrece, trazendo Deus à terra. É no mesmo tempo um mistério todo interior, um mistério de comunhão. Na Santa Comunhão, Jesus Eucaristia se encarna em nós de uma certa maneira, e a Comunhão é o fim de sua Encarnarão. Ao comungarmos dignamente, entramos no plano divino e o completamos. A Encarnação prepara e anuncia a
Transubstanciação.
   Maria não recebe o Verbo somente para si; compraz-se em que participemos de sua felicidade. Una-mo-nos pois, à Virgem quando recebemos Jesus, entoemos seu Magnificat; grandes coisas operou n’Ela o Senhor, nesse mistério, e vindo a nós também realiza grandes coisas.
   Oxalá possamos imitar suas virtudes, afim de que Jesus Cristo encontre em nós, como em sua santa Mãe, uma digna e agradável morada!

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A Santíssima Virgem recompensa Santo André Corsini por sua devoção para com a Santa Eucaristia

   Santo André Corsini, já ilustre por suas virtudes e santidade, foi, por insistentes pedidos de seu povo, e não obstante as resistências de sua humildade, elevado às sagradas Ordens. Apesar dos desejos de seu pai de que a sua primeira Missa fosse celebrada na Matriz da cidade, com toda a pompa possível, o Santo obteve de seu Superior licença para oferecer seu primeiro Sacrifício em um convento solitário e perdido no meio do bosque, onde pôde então se abismar no amor da Hóstia Santa que imolava. A atitude corajosa do Santo foi tão agradável a Maria que, lhe aparecendo logo depois da Comunhão, lhe disse: "És meu servo, eu te escolhi e me glorificarei em ti, André."
   Esta boa Mãe nos manifesta, por esta graça, o prazer que lhe causam o nosso respeito e amor para com seu divino Filho presente no Santíssimo Sacramento.
(Bolland. 5 fevereiro).

PRÁTICA — Evitar toda palavra, movimento brusco e dissipação na presença do Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — O fruto de meu seio. Jesus-Hóstia, é mais precioso do que todo o ouro e prata do mundo. Et fructus meus pretiosior auro et argento. (Eccles.)

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962