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15o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

— II —
Desejos do Sagrado Coração
DÉCIMO QUINTO DIA
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

O primeiro desejo do Coração de Jesus é a glória de seu Pai
Amamos aos nossos pais como a nós mesmos: queríamos que todos dissessem como nós, que não os há mais nobres, nem mais virtuosos, nem mais ilustres, nem me­lhores; revolta-nos uma injúria feita a eles. — Oh! Como estes sentimentos eram ar­dentes, justos, no Coração de Jesus! Nada mais quer do que a glória do seu Pai; o zelo de sua honra devora-o, tem fome e sede de o fazer amar… Oh! ajudemos Jesus, fa­lemos daquele Deus de bondade, dirijam-se nossas ações para Deus, façamos recitar al­gumas vezes as criancinhas alguns atos de amor de Deus.
“Hoje farei todas as minhas orações para que Deus seja conhecido e amado”.
EXEMPLO
O relatório do Apostolado da Oração, apresentado no Congresso Eucarístico de Liège em 1883, consigna o se­guinte fato, referido por um dos zeladores: “Havia nessa cidade um homem que desde muito não ia à Missa nem procurava os sacramentos; dera-se à em­briaguez, blasfemava; em suma, tinha uma péssima conduta. Em casa, eram contínuas as rixas com a família. A mulher, encontrando-se um dia comigo fez-me chorosas queixas e eu, consolando-a como pude, acon­selhei que com os filhos recitasse todos os dias um “Pai Nosso” e uma “Ave Maria” em honra do Coração de Jesus; e ela o prometeu. Tempos depois, uma zeladora da Liga fala ao marido transviado para que se aliste no Apostolado, e ele anui, recebe o escapulário e obriga-se a recitar as orações. Desde logo opera-se nele mudança total: começou a ir à Missa e, cada vez que lhe vai escapar uma blasfêmia, refreia-se humilha­do. Indo uma vez significar-lhe o meu prazer pela boa transformação, vi a seu lado um livre pensador que, oferecendo até dinheiro, procurava persuadi-lo a dei­xar os filhos na escola municipal onde se não dava o ensino religioso. Em oposição, eu mostrei-lhe o que há de precário e falso nos gozos deste mundo e que só é feliz quem serve a Deus. Ele me ouviu com aten­ção, e mostrou-se resolutamente de acordo, o livre pensador retirou-se desconcertado e não voltou. En­contrando, mais tarde, o convertido, perguntei-lhe se era fiel ao seu compromisso com o Sagrado Coração, e respondeu: “Sim, e me sinto feliz; falta-me, porém, uma coisa; é fazer uma boa confissão e comungar”. Ajudei-o a preparar-se, e fez com todo o recolhimento a sua Comunhão pascoal. Esse homem hoje é um modelo: colocou os filhos numa escola católica, leva a filha a comungar em cada lª sexta-feira do mês, e, à força de exortações e conselhos, reconduziu também à vida cristã um de seus cunhados. É ocioso dizer que a paz voltou a essa casa, e que toda a família vive tranquila e feliz, depois de tal conversão, operada toda pelo Coração de Jesus, que mais uma vez realizou a sua promessa: “Os pecadores se converterão por esta devoção; eu estabelecerei a paz nas famílias”.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

14o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

antes desta meditação



DÉCIMO QUARTO DIA
Oremos pelos pobres pecadores endurecidos.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e o Bom Ladrão
Toda a vida mortal de Jesus pode reduzir-se a uma só palavra: “misericórdia”. Não é também isto o que resume a sua vida eucarística? Nunca repelia ninguém. —Ia sempre ao encontro dos pecadores. — In­tercedia sempre por aqueles mesmos que o magoavam: e, desde que via numa alma a menor vontade de voltar ao bom caminho, usava para ela de tais cuidados e carinhos, que, diz um Santo, quase faz inveja o ser pe­cador. —O ladrão, pendente de uma cruz, reconhece o seu crime e, restando-lhe apenas alguns momentos de vida, ouve estas consoladoras palavras: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Oh! dizei-me também estas pala­vras, meu Jesus!
“Confessar-me-ei com mais cuidado”.
EXEMPLO
O “Mensageiro do Coração de Jesus” de setembro de 1880 menciona a seguinte conversão sucedida na Bélgica: “Um médico rico e conhecido, que casara com uma senhora piedosa, de há muito desprezara os seus deveres religiosos, e, às exortações da consorte para que voltasse a Deus, respondia ser mais católico que muitos outros, fiel a seus deveres de família e generoso com os pobres. Na guerra de 1870, ele sustentara, às suas custas, uma das principais ambulâncias belgas, enviara socorros a Metz e Sedan, sem querer por isso nenhuma indenização; tratava e fornecia remédios gratuitamente aos pobres da aldeia em que estava situada a sua quinta. Depois de passados assim 20 anos, sobrevieram- lhe repetidos reveses que o arruinaram: mas com eles, em vez de se voltar para Deus, mais infenso à religião se mostrava. Aos desgostos pelo abandono em que os amigos de outrora o deixavam, associou-se uma grave enfermidade. A família então juntou-se toda a trabalhar por convertê-lo, e nessa intenção se fizeram orações e promessas, celebraram-se missas, e começou uma no­vena de primeiras sextas-feiras. Em outubro piorou muito; alguns Padres o visitaram, a quem recebeu com polidez, mas recusando o socorro de seu ministério. Aceitou., afinal, um belo Cristo, que mandou colocar perto de si, mas declarando que, munido deste sinal da Redenção, não precisava de intermediários entre Deus e sua alma. A moléstia progrediu, e o assistente a dizia já no termo; nesse tempo, uma sua tia, Reli­giosa do Sagrado Coração, mandou-lhe uma imagem, abaixo da qual estava escrita uma fórmula de consa­gração, e pediu que com a esposa a recitasse durante uma novena das primeiras sextas-feiras.
Deu-se isto numa quinta-feira à tarde, e no dia se­guinte o doente anuiu ao pedido, e recitou, com sua mulher, a pequena oração. A noite que se seguiu foi má, e a boa cristã, ao amanhecer, estando só com o marido, lembrou-lhe o dever de pensar seriamente na eternidade: ele calou-se por instantes e, perguntando o que julgavam do seu estado os médicos, à resposta de que o consideravam gravíssimo, disse: “Mande cha­mar o Padre, porque eu quero morrer como perfeito cristão”. Devidamente preparado, recebeu com devoção os últimos sacramentos; ao chegarem os médicos e amigos, contrários às práticas religiosas, perguntando-lhe surpreendidos, se não se impressionara, respondeu: “Sinto-me feliz, só quero agora ocupar-me das coisas celestes”. Quando o cercavam as pessoas piedosas da família, queria que lhe recitassem jaculatórias e pedia perdão a todos, dizendo: “Logo que estiver no céu, farei por vós o que não pude na terra, onde tudo me saiu mal”. Os próprios criados exclamavam admira­dos: “É um milagre! O amo a pedir perdão! Morre como um santo! Não foi em vão que tanto se rezou por ele!” Falava da morte com alegria, e fez suas dis­posições querendo um enterro pobre, e sepultura no cemitério da aldeia, que era sagrado. E morreu, excla­mando: “Eis o caminho do céu! como é belo!”
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

13o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

DÉCIMO TERCEIRO DIA
Oremos a fim de obter uma grande e terna devoção para com a SS. Virgem.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus negado por S. Pedro
Pobre Apóstolo, que remorsos em sua alma culpada e que temor ao pensar que devia tornar a ver Jesus! Procurava, talvez trêmulo e confuso, ver, sem ser visto, seu bom Mestre, a quem tinha negado… O di­vino Mestre também o buscava… Que se lia então, ó Jesus, no vosso divino olhar? não era a “cólera”, nem a “queixa” nem a “exprobração”; cólera, queixa, exprobração, te­riam morto o Apóstolo… Em vosso olhar só se havia de ler o “amor”…! Como sois bom, ó Jesus meu! Por isso, quaisquer que sejam as minhas faltas, jamais me apartarei de vós!
“Farei hoje um fervoroso ato de espe­rança”.
EXEMPLO
Quando, em 1883, rompeu a guerra de França com os malgaches, os missionários católicos, estabelecidos entre estes, houveram de retirar-se do país para não serem perseguidos pela população pagã, mas o Cora­ção de Jesus os protegeu e o seu rebanho. No dia 1º de junho, festa do Sagrado Coração, enquanto os missionários, na primeira estação do caminho do exílio invocam o seu celeste patrono, o rebanho sem pastor era congregado na catedral por uma piedosa pastora diante do tabernáculo vazio, e aos pés da imagem do Coração de Jesus ereta no altar mor. A Genoveva de Tananarive, cujo nome é Vitória, escrevia nesse mesmo dia ao Diretor das missões: “Padre, esta manhã, con­forme vossas recomendações, nos reunimos na igreja; recitamos o terço e entoamos os dois cânticos; e assim continuaremos todos os dias, com o auxílio de Deus”.
De fato, as reuniões continuaram em Tananarive e na Imerina. Os antigos alunos dos Padres organizavam o serviço do culto, distribuindo entre si os papéis em que poderiam substituir os missionários, e Vitória percorria as igrejas, a animar e exortar os fiéis. O triunfo maior, porém, foi o seguinte: o bispo anglicano quis aproveitar-se da situação e, dirigindo-a ao grupo mais importante dos convertidos, lhes disse: “Os Padres não estão mais aqui; vós não tendes dinheiro, eu vo-lo posso dar; ides ser forçados ao serviço militar, mas eu vos livrarei. Como católicos romanos, sereis considerados cúmplices dos franceses: comigo, sereis tratados como amigos do Estado, sem deixar de ser católicos, pois que nós somos católicos anglicanos. Vinde para a minha igreja!’ Todos responderam : “Senhor, nós somos filhos da Igreja Católica, não vos podemos acompanhar”. E cumpriram a palavra: feita a paz, ao voltarem os mis­sionários em 1886, o rebanho os cercou de novo, fiel ao Sagrado Coração de Jesus.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

12o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus


DUODÉCIMO DIA
Oremos por todos os membros de nossa família.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

S. João repousando sobre o Peito do Salvador
Que amável familiaridade! Apenas me parece compreensível e, contudo, meu Deus, não tenho eu esta dita de S. João cada vez que comungo? Se eu tivesse a pureza que ele tinha, se eu amasse a Jesus como ele o amava, ah! que deliciosos momentos pas­saria ao pé do altar, guardando Jesus comigo, e em mim! Agora explico estas palavras de uma adolescente: “O céu é uma primeira comunhão contínua”. Pois não está em mim o céu depois da comunhão? O Evan­gelho não diz que S. João falasse muito com Jesus, mas diz que foi o único Apóstolo que se achou no Calvário… oh! também aí me achareis, meu Jesus! nada me separará de vós, nada.
“Farei hoje um ato de reparação a Jesus no SS. Sacramento”.
EXEMPLO
Otávio de Ravinel, noviço da Companhia de Jesus, revelara desde a infância um coração angélico: ainda criança, abraçando sua mãezinha, dizia, às vezes, muito sério: “Eu quero ser um apóstolo”; e ao voltar da igreja, onde na bênção do SS. Sacramento segurava a naveta do incenso de que ainda rescendia, notava contente: “Trago o perfume de Nosso Senhor!’ Num dia da festa dos Santos Inocentes, escrevia: “Tenho inveja desses milhares de meninos que se festejam hoje e que derramaram o sangue para salvar o Menino Jesus”. Na escola apostólica de Amiens, acometido de uma afecção que o prendeu por muito tempo ao leito ou a uma cadeira, sem nunca se impacientar, dizia: “Se o bom Jesus padeceu tanto, um de seus filhos não pode sofrer um pouco?” Entrando para o noviciado, ele se ofereceu ao Coração de Jesus como vítima pela salvação das almas, propondo-se a trabalhar sempre em favor delas, e aplicando às do Purgatório, pelo voto heroico, todos os méritos satisfatórios e indulgências que lucrasse du­rante a vida, e os sufrágios que tivesse por morte. Ficava-lhe por fazer só o sacrifício da vida; esse ofere­ceu-o ele também, mais tarde. Uma alma em perigo de perder-se lhe foi recomendada: “Eu me considero par­ticularmente encarregado por Nosso Senhor da salvação desta alma. Peço a Jesus que me faça sofrer o preciso para alcançar a sua conversão completa”. E o sofrimento veio, chegando ao extremo. Porém na manhã mesma de sua morte, ao acabar a ação de graças da Comunhão, recebia esta carta: “Oh! como te hás de sentir feliz de que teu último sacrifício tenha sido para reconduzir uma alma ao bom caminho! Que poderei eu fazer em retribuição? pedira Deus a tua saúde? Eu o fiz, mas parece que Deus não quer escutar as minhas súplicas. Porém não partirás sem ter de mim uma consolação; aquele por quem te ofereceste, vem, de joelhos, ante o teu leito de sofrimentos, prometer-te ser um bom cris­tão durante o resto da vida. Tu me enviarás as forças, do alto do céu, para que eu mereça reunir-me a ti um dia”.
Otávio rendeu graças, comovido, e exclamou: “Agora, só me resta morrer”. — “Por que? lhe perguntaram”. “Pois não ofereci eu minha vida por essa conversão? Deus ma concedeu: cumpre-me pagar”, pouco depois, expirava, na flor da juventude, em transportes de fer­vor, como se tivesse já o céu diante dos olhos.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

11o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

antes desta meditação


UNDÉCIMO DIA
Oremos para alcançar de Deus um grande horror a todo pecado.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e os Apóstolos pedindo a Punição dos Samaritanos
Os habitantes de Samaria não quiseram receber a Jesus: expulsaram-no dentre os seus muros… os apóstolos indignados, lhe dizem: “Senhor, quereis que digamos que desça o fogo do céu e os consuma?”— “Não sabeis de que espírito sois! lhes diz Jesus. O filho de Deus não veio perder as almas, mas salvá-las…”
Ah! quão grande é a vossa bondade, ó meu Jesus! Agora sei porque, depois de tantos pecados, já me não tem vindo surpre­ender a morte! O demônio a enviava; vós porém, Senhor, a detínheis. Jesus, fazei-me agradecido.
“No dia de hoje procurarei dizer alguma coisa da bondade de Deus”.
EXEMPLO
Quando, em 1881, os Padres Jesuítas se estabeleceram na aldeia de Onha, em Burgos, reinavam ali, por di­versas causas, costumes repreensíveis, e a mocidade tinha o hábito de blasfemar; nos dias de festa, se en­tregava a danças indecorosas; nem o cura, com sua prédica, nem o alcaide, com intimações e penas, tinham podido até aí pôr cobro ao escândalo. Tentaram-no os recém-chegados por este modo: encontrando-se um deles com um jovem em passeio, trava conversação e, depois de falar sobre vários assuntos, pergunta porque se não formam na aldeia coros de canto, como há na Espanha. Respondendo o jovem que não faltam boas vozes, mas não têm quem ensine e exercite, o Padre oferece-lhe o mestre e um local para aprenderem o canto e quaisquer outras coisas de utilidade que per­tençam à boa educação.
Uma semana depois, os moços na quase totalidade inauguram suas reuniões literárias e musicais numa sala dos Padres sob a sua direção, tomando a agremia­ção o título de “Academia do Sagrado Coração de Je­sus”. O ensino religioso e moral não poderia, em tais circunstâncias, ficar esquecido; e o Diretor, na primeira oportunidade, fez ver que era absolutamente preciso, dentro de um mês, corrigirem-se do mau vezo da blasfêmia. Respondem ser impossível, porque estava muito enraizado o hábito. O Padre replica sem se perturbar: “Confiando em vosso divino patrono, fazei o que vos digo. Formai cada manhã, o propósito de não blasfemar nem uma só vez durante o dia, e quando, por acaso, o fizerdes, apanhai uma pedrinha e metei-a no vosso bolso, renovando logo a resolução tomada”. Concordaram todos, e a reforma começou. À noite, à hora da classe, chegavam todos os jovens com a sua coleção de pedras.
Mas, para abrandar o corretivo e poupar o amor próprio, foi providenciado a que não pudessem conhe­cer as faltas uns dos outros. O Padre percorria as fi­leiras, levando um saco no qual todos metiam a mão, depondo lá as pedrinhas os que as tinham, sem que se soubesse quais eram e em que número. Fazia-se depois a soma total e era então imposta uma penitência comum, por exemplo, a recitação de uma “Ave Maria”. E só com isto as blasfêmias, sem muito tardar, cessavam. Em relação às danças escandalosas, os jovens agremiados fizeram também entre si um pacto de honra, e as substituíram resolutos por diversões honestas e agradá­veis. Por esta forma, quando em Onha celebrou-se em 1882 a festa do Sagrado Coração, a aldeia se regene­rara já dos seus dois mais graves escândalos, e por obras de sua piedosa Academia, cujo coro de cantores nesse dia mesmo a abrilhantava.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.