CENTELHAS
EUCARÍSTICAS
PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos
e afetos devotos
a
JESUS
SACRAMENTADO
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Tradução
do italiano
pelo
Rev. Dr. Antônio José Gomes
Missionário da diocese de Macau na China
Com
aprovação e recomendação de Suas Ex.as Rev.mas
os Senhores Arcebispo Primás, Bispo
do Porto, Bispo de Macau e Vigário Apostólico de Hong-Kong
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5.a
SÉRIE
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BRAGA
Livraria Cruz — Editora
Rua Nova de Sousa
1924
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PREFÁCIO
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Ao oferecer às almas devotas da S.S. Eucaristia a "quinta
série" das Centelhas, sentimos a necessidade de, em
primeiro lugar, render graças à bondade infinita de Jesus, que quis abençoar e
proteger uma publicação toda dirigida à sua glória; depois, julgamos ser um
dever nosso protestar os nossos cordiais agradecimentos aos numerosos leitores
que acolheram este pequeno trabalho com simpatias sempre crescentes,
concorrendo por tal modo a difundi-lo e a manter-lhe a vida.
Dez anos de existência se passaram já para um folheio mensal, que ao
apresentar-se pela primeira vez aos seus leitores tinha a persuasão de que
viveria um só dia! Continuarão as humildes Centelhas
Eucarísticas a
prosperar por outros anos ainda? Certamente, se os leitores, com as suas
orações, obtiverem da misericórdia de Jesus as forças necessárias para o autor
prosseguir. Orem, portanto, as almas piedosas por esta intenção, e estejam
certas de que serão largamente recompensadas da sua caridade.
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CENTELHAS
EUCARÍSTICAS
I
Horas
lânguidas
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TENHO-as, e não
são poucas. São horas em que não sinto vontade para nada. A terra com todas as
suas flores e o céu com todas as suas estrelas não têm já nenhuma poesia para
mim. O próprio Tabernáculo, esse mesmo, perde o seu encanto e passo-lhe de
perto com indiferença.
Parece um exagero, mas é a verdade. Parece
que Jesus se me tornou indiferente, e sou capaz de estar ao pé d'Ele uma hora
sem lhe dirigir uma palavra... Na igreja, uma criança que chore, um vizinho que
reze um pouco alto, uma pessoa que entre ou saia despertam mais a minha atenção
do que Jesus... Em casa começo a fazer mil coisas, e não levo a cabo uma só;
abro um livro espiritual e não encontro nele nada de belo; começo a rezar o
terço e interrompo-o no segundo mistério... Às vezes faço como as crianças:
ponho-me a revistar todas as imagens que tenho... Tantas recordações da minha
infância, tantas lembranças de pessoas amigas, de mortos queridos, ocupação
esta que noutros tempos me comovia o coração, pelas memórias que despertava, e
me servia de útil meditação... Agora parece-me uma criancice, e depois dum
minuto ou dois, ponho de parte a minha coleção como um brinquedo inútil.
Enojada desta minha languidez, entro
em mim mesma, recolho-me dentro do próprio coração, a ver se encontro por acaso
algum afeto recôndito que possa ainda despertar, e me traga um pouco de vida.
Vejo se ainda tenho alguma esperança, pois de esperanças vive o coração até
morrer... E encontro mais que uma; mas de que serve? São esperanças doentias,
já não têm vigor... Jesus do Tabernáculo vê, por exemplo, que tenho ainda a
esperança de tornar-me santa, a esperança de fazer uma boa morte, a esperança
de alcançar o paraíso; mas vê também que de nada me serve o tê-las, e que se
ainda as tenho é porque Ele as lançou no meu coração... É verdade que, se
alguém tentasse arrebatar-me-las, revoltar-me-ia como contra um homicida; mas,
no entanto, nem ao menos tenho o recurso duma tentação que provoque em mim uma
reação e me desperte da minha languidez.
Que horas dolorosas estas! Quantas
vezes dirijo então o meu pensamento ao Tabernáculo, a Jesus Sacramentado, e quase
me queixo a Ele de me deixar estar assim! Mas que pode fazer Jesus? Talvez para
meu bem Ele permita que eu passe destas horas... Mas, no entanto, eu não vejo
que bem possa haver em tudo isto; e é este o meu maior tormento!
E amanhã, como irão as coisas? Logo
de manhã tenho de fazer a comunhão, ouvir a Missa, rezar as minhas orações, e
depois a minha meditação... As minhas ocupações... Seria para mim um dia de
penitência, se tivesse que passar horas como estas...
Penitência!... Esta palavra é uma
verdadeira revelação! Foi talvez Jesus que ma inspirou. Penitência! Quanta não
devo eu fazer! E fazer penitência não é porventura um modo excelente de amar a
Jesus, de servir a Jesus, de imitar a Jesus? E não se fará talvez penitência
passando horas lânguidas, aborrecidas, pesadas, cheias... De nada?
Oh! Vede como Jesus é bom! Enquanto
eu me queixava d'Ele, pensava Ele em mim, e com uma simples palavra solucionava
todas as minhas dificuldades. Penitência!... A falar a verdade, há muito tempo
que não pensava em semelhante coisa... E agora? Avante, que assim o quer Jesus!
Portanto sossego o meu coração e me
resigno desde este momento
a suportar a minha languidez com paciência. Resigno-me a não ser boa para nada,
a não gostar nada de coisas espirituais, a estar ao pé de Jesus, unida a Jesus,
sem sentir a Jesus... Contanto que eu saiba que não desagrado a Jesus. E se
aquelas horas pesadas como chumbo caírem de novo sobre a minha alma e o meu
coração, eu volverei o olhar para o Tabernáculo sem falar... E Jesus me
compreenderá.
E Jesus poderá suportar por muito tempo
a vista de uma alma que lhe quer bem, mas que não sabe dizer-lho, que desejaria
praticar muitas obras santas e não pode mover-se, que precisa de tantas graças
e não pode orar, que é viva e parece morta? Com aquele coração que tem... Será
possível que queira abandonar-me?
Poderei iludir-me, mas parece-me ver
a Jesus que me sorri, mas com um sorriso que me diz: não
temas, ó filha, que eu não te abandonarei jamais.
Será que eu consigo achar tal publicação em algum sebo? É tão antigo...
ResponderExcluirSalve Maria, Cristiane!
ExcluirNunca vi mesmo ele em sebos...
Mas em breve vc poderá baixar e imprimi-lo, se quiser, ou ter em seus arquivos digitais,
Saudações!
Obrigada :)
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