Novembro - Mês das Almas do Purgatório - 27

Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
 livro de 1943 
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)


DIA 27

Quarto meio: — O ato heroico

Um derradeiro meio que encerra em si todos os outros é o ato heroico, que con­siste em aplicar às almas do Purgatório tudo de que podemos dispor em nossas orações e obras pessoais, e ainda em ceder-lhes a aplicação que nos tocar das orações e obras de outros.
O ato heroico é o mais próprio das al­mas que só se julgam felizes quando, de­pois de haverem dado tudo, dão-se a si mesmas; por isso a instituição desse ato foi bem aceita e ele é praticado com fervor.
Demais, esse ato não empobrece a nin­guém; antes, centuplica o mérito de todas as nossas boas obras. — O mérito de uma obra procede, com efeito, da caridade, e quanto maior caridade houver em uma ação, mais meritória será ela para quem a faz. Ora, haverá na vida cristã ato mais cheio de verdadeira caridade do que aquele, pelo qual, despojando-nos de todo o mé­rito satisfatório de nossas orações e boas obras, nós o oferecemos a Deus para que o aplique, ele mesmo, às almas do Purgatório?
Esse ato heroico centuplica o fruto impetratório de nossas boas obras. Quan­do pedimos a Deus uma graça, não somos sós a pedir; milhares de almas, as almas em beneficio das quais fizemos esse ato, pedem conosco: pedem do Céu, se já o gozam; pedem do Purgatório, se ainda nele estão!
O ato heroico pode ter a seguinte fór­mula:
«Para vossa gloria, ó meu Deus, e para imitar o mais possível o generoso Cora­ção de Jesus, meu Redentor, e também com o fim de mostrar minha dedicação à Santa Virgem, minha Mãe, que é também Mãe das almas do Purgatório, deponho em suas mãos todas as minhas obras sa­tisfatórias, assim como o valor de todas as que houverem de ser feitas em minha intenção depois de minha morte, para que Ela aplique tudo às almas do Purgatório, segundo sua sabedoria e à sua discreção.»
Esse ato dá aos sacerdotes altar privilegiado todos os dias do ano; aos fieis, uma indulgência plenária com que podem livrar uma alma do Purgatório todas as vezes que comungam e todas as segundas-feiras, ouvindo a santa Missa pelos de­funtos, contanto que visitem nesse dia uma igreja, e orem segundo as intenções do Sumo Pontífice; além disso, podem apli­car aos mortos todas as indulgências que, pela letra das concessões, não lhes fossem aplicáveis.
Quem recusará fazer esse ato, ato de ge­nerosidade, por certo, mas também ato que a Igreja remunera com tanta largueza e a que Deus será reconhecido no Céu?
Eu faço-o em toda a sua extensão: digo com alegria essa fórmula que me é indi­cada, e formo a intenção de renová-la, ao menos de coração, em todas as minhas comunhões.
Que não faria eu, meu Deus! que não daria eu com o fim de contribuir para vossa glória e poupar o sofrimento a meus defuntos tão pranteados!


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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia

Novembro - Mês das Almas do Purgatório - 26

Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
 livro de 1943 
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)



DIA 26
Terceiro meio: — O jejum, as mortificações, a esmola

Os atos de mortificação, em geral, nos fazem mais comedidos, mais piedosos e, consequentemente, mais agradáveis a Deus; as orações que conjuntamente fazemos são acolhidas mais favoravelmente: Deus não repele o coração contrito e humilhado; mas, além do valor que esses atos dão a nossas orações, eles são por si mesmos uma reparação em favor das almas do Purgatório.
Estas almas sofrem porque foram ne­gligentes, sensuais, tíbias, pouco submis­sas… e nós, esforçando-nos por sermos mais ativos nos trabalhos, mais firmes na resistência às tentações, mais mortificados nos sentidos, mais generosos para dar, reparamos o que elas fizeram mal, — su­primos o que omitiram, — compensamos o que fizeram de modo imperfeito, e, assim, pagamos realmente a Deus as dívidas, que contraíram.
Sofrem essas almas, porque buscaram com sofreguidão os prazeres do mundo, permitidos, sim, mas em certos limites e moderadamente; — abandonaram-se a uma curiosidade que feriu a delicadeza de sua virtude, tiveram alguma sensualidade em suas refeições… Oh! pois que Deus nos aceita como reparadores e redentores em favor delas, privemo-nos de assistir àque­la festa mundana que nos impediria de orar com recolhimento; não vamos aonde nos convida a simples curiosidade, embo­ra não pareça repreensível; — evitemos o que pode lisonjear nossas paixões, — sejamos, sobretudo, severos observadores dos jejuns e da abstinência imposta pela Igreja.
Meus pobres mortos, sei que padeceis, e hei-de entregar-me ao prazer? privando-me apenas do que seria um perigo para minha alma, posso aliviar-vos, e não o farei? Ó meu Deus, aqui estou! feri a mim, porém poupai a eles! acudi-lhes!
Façamos também a esmola em intenção de nossos finados.
Quando um pobre bate à nossa porta, nós lhe dizemos, entregando o que nos é possível dar; Pedi por meus pobres mor­tos! Oh! se nos fosse dado ver o que nossa esmola faz da oração desse men­digo! Faz dela, afirma S. João Crisóstomo, a amiga de Deus, oração sempre escutada; nossa esmola em suas mãos torna-se al­guma coisa de onipotente: move o coração de Deus, alcança dele tudo quanto quer. — Passa-se uma espécie de contrato entre Deus e o homem: nós damos capitais, bens; privamo-nos para dar; Deus, em compensação, em troca, dá o alivio, e o resgate àquelas almas.
Se soubermos que nossos mortos deixa­ram dívidas, quitemo-las pronta e genero­samente.
Se soubermos que eles cometeram algu­ma injustiça, vamos repará-la, e, dando a esmola, tenhamos a intenção de compensar os danos que possam ter causado e que ignoramos.
Se nos fizeram algumas recomendações, não tardemos de cumpri-las.
Se nos pediram Missas, providenciemos para que se celebrem o mais prontamente possível.
A vontade e até os desejos dos mori­bundos devem ser sagrados.



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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia

Novembro - Mês das Almas do Purgatório - 25

Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
 livro de 1943 
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)



DIA 25
Segundo meio: — A Santa Missa

É o meio mais eficaz e mais pronto para, aliviar e libertar as almas de nossos mortos.
A cada Missa celebrada com devoção, diz S. Jerônimo, saem muitas almas do Purgatório. — E não sofrem tormento al­gum durante a Missa aplicada por elas, acrescenta o mesmo Doutor.
Na Missa, é o próprio Jesus que se oferece ao Eterno Padre em troca, por assim dizer, da alma de quem se lhe pede o livramento. — Um santo sacerdote, diz o Cura d’Ars, orava por certo amigo que ele sabia estar no Purgatório: veio-lhe a ideia de que não podia fazer nada de me­lhor do que oferecer por sua alma o santo sacrifício da Missa. Chegado o mo­mento da consagração, tomou a hóstia en­tre as mãos e disse: «Pai santo e eterno, façamos uma troca. Vós tendes a alma de meu amigo que está no Purgatório, e eu tenho em minhas mãos o corpo de vosso Filho: pois bem! livrai meu amigo e eu vos ofereço vosso Filho com todos os méritos de sua Paixão e Morte.» No mo­mento da elevação, viu ele a alma do amigo que, toda radiante de glória, subia ao Céu.
Na santa Missa, é o sangue de Jesus com que se quer libertar, e este sangue tem valor infinito.
A indignidade daquele que manda dizer a Missa ou mesmo de quem a diz, não tira o valor da oferenda. Qualquer outra oração ou obra boa, feita em estado de pecado mortal, é uma obra morta, mas o sacrifício da Missa tem sempre intrinsecamente o mesmo valor. «Seu mérito, diz Bourdaloue, não depende da santidade de quem o oferecer, e muito menos de quem o faz oferecer, mas é ligado só à pessoa de Jesus Cristo e ao preço de seu san­gue; donde segue-se que um pecador, ain­da em seu estado desordenado, pode con­tribuir para o repouso das almas do Pur­gatório… Pode e deve-o, tanto mais quanto este sacrifício é o único meio que ele tem de suprir a impotência em que está de socorrer de outro modo essas al­mas predestinadas. Deus olha a Hóstia que se apresenta, que é Jesus Cristo, e não aqueles pelo ministério ou cuidado de quem ela lhe é oferecida.»
Farei, portanto, oferecer a santa Missa por meus finados. Se não puder, ouvirei a Missa por eles: ouvir a Missa, unir-se ao sacerdote que a celebra, é oferecer também a santa vítima. «Lembrai-vos, Se­nhor — diz o sacerdote ao ofertório — de vossos servos aqui presentes por quem vos oferecemos este sacrifício ou que vo-lo oferecem eles mesmos.»
Comungarei por eles: a santa comunhão é, depois do santo sacrifício, o ato mais sublime da religião, o que dá mais gloria a Deus; o que, pelos sentimentos de hu­mildade, contrição e amor que desperta na alma, constitui uma das obras satisfatórias mais úteis.


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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia

Novembro - Mês das Almas do Purgatório - 24

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Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943 
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)



DIA 24
Primeiro meio: — A Oração

A oração, feita diretamente pelas almas do Purgatório, é a súplica de um filho a Deus para que se mostre bom e miseri­cordioso.
A uma oração feita assim, no fundo da alma, será Deus insensível?
De mais, a oração, quando parte de um coração puro e é feita com instância, tem por si só, diz S. Tiago, uma força imensa. Eleva-se até o coração de Deus, penetra nesse coração, comove-o, e lhe arranca, de alguma sorte, a despeito de sua justiça, o perdão e a misericórdia.
Portanto, eu rogarei muito a Deus por meus mortos, farei a Deus esta violência que lhe é tão grata.
Entre minhas orações, empregarei, de preferência, as que são indulgenciadas: o Terço, a Via Sacra, invocações espe­ciais… etc.
Uma indulgência é a remissão total ou parcial das penas temporais devidas aos pecados já perdoados quanto à ofensa e à pena eterna: essa remissão é outor­gada pela Igreja, que recebeu de seu di­vino Fundador o poder de fazê-lo pela aplicação dos méritos superabundantes do mesmo Jesus Cristo e dos Santos.
Aos que vivem neste mundo, como ain­da estão sob a jurisdição do Papa, é este quem aplica as indulgências a modo de absolvição por força destas palavras de Jesus Cristo: «Tudo o que remitirdes na terra será remitido no Céu.» Quanto aos mortos, não estando mais sob essa juris­dição, as indulgências só lhes são aplica­das por modo de sufrágio, isto é, o Papa toma do tesouro da Igreja, formado pelos méritos de Jesus Cristo e dos Santos, o que sua prudência julga conveniente e o faz oferecer pelos fieis, em favor dos de­funtos, a Deus que o aceita em satisfação por eles. Assim, os vivos substituem os mortos em virtude da comunhão, dos san­tos. É o que faz Sto. Tomás dizer que a indulgência não é uma pura remissão, mas uma espécie de resgate.
Doutrina consoladora! Ela me dá oca­sião de ser bom para com os meus defun­tos: incute-me a convicção de que posso acumular para eles, proporciona-me o pra­zer de fazer por eles alguns sacrifícios, e expiar assim a falta de afeição e de re­conhecimento de minha parte que, durante sua vida, lhes foi sem dúvida tão sensível!
Uma indulgência é uma chave que a Igreja me confia para penetrar em seu tesouro, onde estão os méritos de Jesus Cristo e dos Santos, com permissão de retirar a soma que ela mesma indicou; — esta soma de méritos, eu a entrego a Deus para solver as dívidas das almas do Purgatório, e Deus a aceita, aplicando-a na medida que julga de conveniência.
Oh! quanto sois verdadeiramente mãe, vós que nos entregais assim os vossos tesouros: — eu quero, pois, eu vou me aproveitar deles!



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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia

Novembro - Mês das Almas do Purgatório - 23

Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
 livro de 1943 
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)


Meios que nos fornece a Igreja para aliviar as almas do Purgatório

DIA 23
Meios Gerais

Graças, meu Deus, mil graças de terdes em vossa infinita misericórdia permitido a meu coração fazer bem a meus pobres finados e de haverdes multiplicado em redor de mim os meios de fazê-lo.
Esses meios, diz um piedoso autor, são tão numerosos como as pulsações de meu coração, como meus pensamentos, como minhas palavras, meus suspiros, minhas ações, porque não há uma só destas coi­sas que não lhes possa aproveitar.
Um movimento do coração em sua intenção, — um olhar para o Céu em sua lembrança, — um suspiro de piedade por eles, — um pensamento de compaixão so­bre os males que sofrem, — os nomes de Jesus e de Maria pronunciados com devo­ção em seu favor,—a menor obra boa em recordação deles, — diminuem certamente suas penas, contanto que a caridade tenha parte nisso e que esteja em estado de graça aquele que pensa neles e por eles trabalha.
Realmente custa-nos muito pouco su­fragar os defuntos. Somos obrigados a fazer certas orações, quer em particular, quer em público, — a assistir à santa Missa, ao menos nos domingos e festas de pre­ceitos, — a aproximar-nos dos sacramen­tos em certas épocas, a fazer alguns jejuns e esmolas, — a perdoar aos nossos inimi­gos. — Tudo isto, se, estando na graça de Deus, o oferecemos pelas almas do Pur­gatório, é aceito por Deus e serve para alívio delas.
E os males de todos os dias? os dissa­bores que perturbam quase continuamente nossa vida, — a fadiga do trabalho obrigatório, — as enfermidades enviadas discre­tamente por Deus, — as humilhações ime­recidas, a intempérie inevitável das esta­ções, a tarefa de suportar os humores e caprichos dos que nos rodeiam, tudo isso ainda pode servir para expiar nossos pe­cados e os pecados das pobres almas do Purgatório.
Aceitemos, pois, tudo o que o bom Deus permite, sem murmurar jamais contra ele: todas as manhãs, ofereçamos a Deus, em favor dos nossos finados, todo o bem que pudermos fazer… oh! de que sofri­mentos serão aliviados no Purgatório!
Quão rico é o homem, diz Bossuet, pois que com tão pouco pode ganhar o Céu e fazê-lo ganhar aos outros!


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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia