OS SETE SACRAMENTOS

Retirado do
Catecismo Maior de São Pio X
Quarta Parte
Dos Sacramentos
Dos Sacramentos em Geral


§ 1º. - Natureza dos Sacramentos

515) De que trata a quarta parte da Doutrina Cristã?
A quarta parte da Doutrina Cristã trata dos Sacramentos.

516) Que se entende pela palavra “Sacramento”?
Pela palavra Sacramento entende-se um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo, para santificar as nossas almas.

517) Por que chamais aos Sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça?
Chamo aos Sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça, porque todos os Sacramentos significam, por meio de coisas sensíveis, a graça divina que eles produzem na nossa alma.

518) Explicai com um exemplo como os Sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça.
No Batismo, o ato de derramar a água sobre cabeça da pessoa, e as palavras: Eu te batizo, isto é, eu te lavo, em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo, são um sinal sensível do que o Batismo opera na alma; porque assim como a água lava o corpo, assim a graça, dada pelo Batismo, purifica a alma, do pecado.

519) Quantos e quais são os Sacramentos?
Os Sacramentos são sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio.

520) Quantas coisas se requerem para fazer um Sacramento?
Para fazer um Sacramento requerem-se a matéria, a forma, e o ministro, que tenha intenção de fazer o que faz a Igreja.

521) Que é a matéria dos Sacramentos?
A matéria dos Sacramentos é a coisa sensível que se emprega para os fazer; como, por exemplo, a água natural no Batismo, o óleo e o bálsamo na Confirmação.

522) Que é a forma dos Sacramentos?
A forma dos Sacramentos são as palavras que se proferem para os fazer.

523) Quem é o ministro dos Sacramentos?
O ministro dos Sacramentos é a pessoa que faz ou confere os Sacramentos.

§ 2o - Do efeito principal dos Sacramentos, que é a graça

524) Que é a graça?
A graça de Deus é um dom interior, sobrenatural, que nos é dado sem merecimento algum da nossa parte, mas pelos merecimentos de Jesus Cristo, em ordem à vida eterna.

525) Como se divide a graça?
Divide-se a graça em: graça santificante, que se chama também habitual; e graça atual.

526) Que é a graça santificante?
A graça santificante é um dom sobrenatural, inerente à nossa alma, que nos faz justos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do Paraíso.

527) Quantas espécies há de graça santificante?
Há duas espécies de graça santificante: graça primeira, e graça segunda.

528) Que é a graça primeira?
A graça primeira é aquela pela qual o homem passa do estado de pecado mortal ao estado de justiça, de amizade com Deus.

529) E que é a graça segunda?
A graça segunda é um aumento da graça primeira.

530) Que é a graça atual?
A graça atual é um dom sobrenatural que ilumina a nossa inteligência, move e fortalece a nossa vontade, a fim de que pratiquemos o bem e evitemos o mal.

531) Podemos nós resistir à graça de Deus?
Sim, podemos resistir à graça de Deus, porque ela não destrói o nosso livre arbítrio.

532) Com as nossas forças, podemos nós fazer alguma coisa que nos seja útil para a vida eterna?
Sem o auxílio da graça de Deus, só com as nossas forças, não podemos fazer nada que nos seja útil para a vida eterna.

533) Como nos comunica Deus a graça?
Deus nos comunica a graça principalmente por meio dos santos Sacramentos.

534) Além da graça santificante, conferem-nos os Sacramentos mais outra graça?
Os Sacramentos, além da graça santificante, conferem também a graça sacramental.

535) Que é a graça sacramental?
A graça sacramental consiste no direito que se adquire, recebendo qualquer Sacramento, de ter em tempo oportuno as graças atuais necessárias, para cumprir as obrigações que derivam do Sacramento recebido. Assim, quando fomos batizados, recebemos o direito a ter as graças necessárias as para vi vermos cristãmente.

536) Dão sempre os Sacramentos a graça a quem os recebe?
Os Sacramentos dão sempre a graça, contanto que se recebam com as disposições necessárias.

537) Quem deu aos Sacramentos a virtude de conferir a graça?
Foi Jesus Cristo que, por sua Paixão e Morte, deu aos Sacramentos a virtude de conferir a graça.

538) Quais são os Sacramentos que conferem a primeira graça santificante?
Os Sacramentos que conferem a primeira graça santificante, que nos faz amigos de Deus, são dois: Batismo e Penitência.

539) Como se chamam, por este motivo, estes dois Sacramentos?
Estes dois Sacramentos, isto é, o Batismo e a Penitência, chamam-se por este motivo Sacramentos de mortos, porque são instituídos principalmente para restituir a vida da graça às almas mortas pelo pecado.

540) Quais são os Sacramentos que aumentam a graça em quem a possui?
Os Sacramentos que aumentam a graça em quem a possui, são os outros cinco, isto é, a Confirmação, a Eucaristia, a Extrema-Unção, a Ordem e o Matrimônio, os quais conferem a graça segunda.

541) Como se chamam, por esse motivo, estes cinco Sacramentos?
Estes cinco Sacramentos, isto é, a Confirmação, a Eucaristia, a Extrema-Unção, a Ordem e o Matrimônio, chamam-se Sacramentos de vivos, porque aqueles que os recebem, devem estar isentos de pecado mortal, quer dizer, já vivos pela graça santificante.

542) Que pecado comete quem recebe um Sacramento de vivos, sabendo que não está em estado de graça?
Quem recebe um Sacramento de vivos, sabendo que não está em estado de graça, comete um grave sacrilégio.

543) Quais são os Sacramentos mais necessários para nossa salvação?
Os Sacramentos mais necessários para nossa salvação, são dois: o Batismo e a Penitência; o Batismo é necessário absolutamente para todos, e a Penitência é necessária para todos aqueles que pecaram mortalmente depois do Batismo.

544) Qual é o maior de todos os Sacramentos?
O maior de todos os Sacramentos é o Sacramento da Eucaristia, porque contém não só a graça, mas também ao mesmo Jesus Cristo, autor da graça e dos Sacramentos.

§ 3º. - Do caráter que imprimem alguns Sacramentos

545) Quais são os Sacramentos que se podem receber uma só vez?
Os Sacramentos que se podem receber uma só vez, são três: Batismo, Confirmação e Ordem.

546) Por que os três Sacramentos, Batismo, Confirmação e Ordem só se podem receber uma vez?
Os três Sacramentos, Batismo, Confirmação e Ordem, podem-se receber uma só vez, porque imprimem caráter.

547) Que é o caráter que cada um destes três Sacramentos imprime na alma?
O caráter impresso na alma em cada um destes três Sacramentos, é um sinal espiritual que nunca se apaga.

548) Para que serve o caráter que estes três Sacramentos imprimem na alma?
O caráter que estes três Sacramentos imprimem na alma, serve para nos distinguir, no Batismo como membros de Jesus Cristo, na Confirmação como seus soldados, na Ordem como seus ministros.

Próxima postagem: Batismo


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Os Sete Pecados Capitais

Segundo São Gregório Magno
e
São Tomás de Aquino



São João revela-nos, na sua I epístola, a existência de três concupiscências como fonte de todos os pecados, especialmente dos sete pecados capitais: "Tudo o que está no mundo é ou concupiscência da carne, ou concupiscência dos olhos, ou orgulho da vida" (I Jo 2,16).
Da concupiscência da carne nascem: a gula, a luxúria e a preguiça.
Da concupiscência dos olhos nasce: a avareza (e também a curiosidade, que não é um pecado capital, mas que pode servir todas as concupiscência).
Do orgulho da vida nascem: o orgulho ou amor da vã glória, a inveja e a cólera.
O quadro seguinte pode-nos esclarecer sobre as consequências para a alma dos sete pecados capitais e encoraja-nos a fazer "jejum do pecado", que deve necessariamente acompanhar as nossas penitências (oração, jejum, esmola).

I - ORGULHO OU VÃ GLÓRIA
"Paixão que nos leva a sobre-estimar e a procurar de modo exagerado a glória"
GERA:

  • Ø Jactância - Coloca-se a si mesmo à frente e dá-se valor por presunção...
  • Ø Afetação das novidades - ou querendo causar admiração e impressionar pelas suas atitudes audaciosas ou rebuscadas (modas, idéias, etc.)
  • Ø Hipocrisia - ou ainda, simulando a posse de certas qualidades, para parecer o que na verdade não é.
  • Ø Obstinação - Distingue-se dos outros pela teimosia do seu espírito...
  • Ø Discórdia - ou pela sua vontade de desacordo, onde os corações deviam estar unidos...
  • Ø Contenção - Impõe-se os outros por palavras duras.
  • Ø Desobediência - manifesta-se desde a insubmissão à revolta.


II - INVEJA
"Tristeza com o bem de outrem, porque esse bem é entendido como uma diminuição da sua própria excelência pessoal"
GERA:

  • Ø Cochichos - Procurar rebaixar a glória de alguém falando em segredo.
  • Ø Maledicência - em seguida, fere-se a sua reputação, dizendo abertamente mal.
  • Ø Alegria com o mal de outrem - Se o mal chega a alguém: "É bem feito!".
  • Ø Tristeza pelo seu bem - Inveja-se a pessoa pelos seus bens materiais e espirituais (este último ponto é um pecado contra o Espírito Santo).
  • Ø Rancor pelo próximo - Deseja-se mal ao próximo.


III - CÓLERA
"Paixão desregrada que nos leva a vingarmo-nos do que nos ofende".

GERA:

  • Ø Indignação - No coração: irritação ao pensamento de quem nos fez mal...
  • Ø Fúria do espírito - Enche-se o espírito de perturbação para encontrar meio de se vingar.
  • Ø Clamor - Nas palavras, manifesta-se a cólera levantando a voz.
  • Ø Injúria - As palavras tornam-se ultrajes contra o próximo...
  • Ø Blasfêmia - Contra Deus, para jurar, clamando vingança.
  • Ø Rixa - a querela passa aos atos: violência física.


IV - AVAREZA
"Amor desregrado pelo dinheiro e bens materiais"
GERA:

  • Ø Dureza de coração - Desejo excessivo de conservar o dinheiro; o coração deixa de se abrir às necessidades dos outros.
  • Ø Inquietação - Desejo excessivo de obter dinheiro, o que leva a cuidados e preocupações exageradas.
  • Ø  Violência - Para se apoderar do seu bem, seja abertamente pela força...
  • Ø  Embuste - Seja de modo disfarçado pela artimanha - por palavras...
  • Ø  Perjúrio - (agravo pelo falso juramento)...
  • Ø  Fraude - Por atos.
  • Ø  Traição - Violação dos segredos do próximo, com o fim de ganho de dinheiro (Judas).


V - GULA
"Procura desordenada do prazer no beber e no comer"
GERA:

  • Ø Estupidez - A inteligência indisposta pelos vapores que sobe à cabeça e que impedem a reflexão, a oração, etc.
  • Ø Alegria vã - A razão perde a sua ascendência sobre a vontade; já não manda, porque “o vinho faz crer que tudo é bem estar e felicidade".
  • Ø  Loquacidade - Desordem nas palavras: "a língua agita-se a torto e a direito".
  • Ø  Palhaçada - Desordem dos gestos: "tudo é bom para rir".
  • Ø Impureza - Desordem do corpo: a falta de asseio, falta de reserva e todas as espécies de excessos.


VI- PREGUIÇA
"Procura desordenada do repouso e do prazer em nada fazer, negligenciando o seu bem espiritual"
GERA:

  • Ø  Desespero - Renuncia ao fim que o faz triste, o bem divino.
  • Ø  Pusilanimidade - Falta de coragem em relação aos meios de perfeição, que parecem muito penosos.
  • Ø  Indolência - os mandamentos comuns a todos são uma fonte de tristeza e são negligenciados.
  • Ø  Rancor - Ressentimento contra aqueles que nos querem conduzir a caminhos mais perfeitos.
  • Ø  Malícia - Desprezo pelos próprios bens espirituais.
  • Ø  Desvio para as coisas interditas - Procura de outros bens interditos, para preencher o vazio afetivo.


VII - LUXÚRIA
"Procura desordenada do prazer da carne"
GERA:

  • Ø  Cegueira
  • Ø  Precipitação
  • Ø  Inconsideração
  • Ø  Inconstância - As quatro atingem a inteligência:
1)- Apreensão: "O amor é cego".
2)- Deliberação: Sem autocontrole, não existe reflexão.
3)- Julgamento: Erro, ilusão, decisões inflexíveis.
4)- Resolução: Indecisão, tergiversações.

  • Ø  Egoísmo - Deu as desordens da vontade:
1)- Escolha do fim: "Quero o meu prazer, ainda que desordenado...
2)- Aversão a Deus - ...mesmo que Deus mo proíba..."
3)- Amor da vida presente e horror da vida futura
4)- Escolha dos meios: "Nada me interessa mais do que as alegrias da vida presente!"




Sobre a obra de Hieronymus Bosch
Os Sete Pecados Capitais
(obra de 1480 – Museo del Prado, Madrid)
Não se sabe ao certo qual a origem desta obra. Talvez provenha da encomenda de uma ordem monástica da época. Sabe-se apenas que posteriormente passou a compor a coleção rei espanhol Felipe II, juntamente com outras obras do artista.
Bosch escolhia para seus temas moralistas personagens de lendas, provérbios e superstições populares, dando-lhes um aspecto alegórico na representação – como também vemos em “A Morte do Avarento”. Com isso ele criou uma iconografia fantástica própria, que lhe permitiu abordar desde os pecados humanos até sua terrível consequência, o inferno. Bosch demonstrou sua preocupação com o homem, mostrou de forma contundente e sem rodeios sua percepção apocalíptica da condição humana.
Na obra Sete Pecados Capitais, Jesus Cristo se encontra no centro do painel, cercado por um largo anel dourado no qual está inscrito em latim: "Cuidado, cuidado, Deus vê". A esfera central tem a aparência de um olho humano, e Cristo estaria dentro da pupila. A imagem remete ao significado do olho de Deus, que tudo vê. No restante, temos a representação de cada um dos sete pecados capitais (avareza, soberba, gula, ira, inveja, preguiça e luxúria) em cenas que poderiam ser vistas no cotidiano de sua região. Nos quatro cantos do painel encontramos círculos, dentro dos quais estão representados: a morte, o juízo final, o inferno e a glória.

As Sete Petições do Pai-Nosso

     A oração mais excelente é o Pai-Nosso; porque nos foi ensinado pelo próprio Jesus Cristo. No Pai-Nosso há sete petições e é a oração cristã fundamental e mais perfeita.
    Quando for rezar o Pai-Nosso, esteja atento ao que diz e ao que pede, para que sua oração seja mais autêntica.


































Qual é a oração mais excelente?
A oração mais excelente é o Pai Nosso, que nos foi ensinado pelo próprio Jesus Cristo, porque nela pedimos tudo o que podemos desejar.

Por que chamamos a Deus de Pai?
Chamamos Deus de Pai porque, pelo Batismo, somos verdadeiros filhos de Deus.

Que objeto tem as três primeiras petições do Pai Nosso?
As três primeiras petições do Pai Nosso têm por objeto a Glória do Pai: a santificação de seu Nome, a vinda de Seu Reino e o cumprimento de sua vontade.

Que objeto tem as outras quatro petições?
As outras quatro petições têm por objeto nossa vida: para alimentá-la e para curá-la do pecado; e pedimos também ajuda em nosso combate pela vitória do Bem sobre o Mal.

Por que ao final dizemos "Amém"?
Ao final dizemos "Amém", expressando nosso desejo de que se cumpra o que pedimos nas sete petições. Assim seja.



As Petições do Pai-Nosso

 Lendo os Evangelhos encontramos duas versões da Oração do Pai-Nosso:

 Uma mais longa em Mateus, com sete pedidos(6,7-15); e outra no Evangelho de Lucas, mais curta, com cinco pedidos(11,2-4). 

  A Oração do Pai-Nosso do texto de hoje, consta de sete pedidos:

1 - Na primeira petição: santificado seja o vosso nome, pedimos que Deus seja conhecido, amado, honrado e servido por todos os homens, e por nós em particular.

 2 - Na segunda petição: Por reino de Deus entendemos um tríplice reino espiritual, a saber: o reino de Deus em nós, ou o reino da graça; o reino de Deus na terra, isto é, a Santa Igreja Católica; e o reino de Deus nos céus, ou o Paraíso.

 3 - Na terceira petição: seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu, pedimos a graça de fazer em todas as coisas a vontade de Deus, obedecendo aos seus santos Mandamentos tão prontamente como os Anjos e os Santos Lhe obedecem no Céu. Pedimos, além disso, a graça de corresponder às inspirações divinas e de viver resignados à Vontade de Deus, quando Ele nos manda tribulações.

 4 - Na quarta petição: o pão nosso de cada dia nos dai hoje, pedimos a Deus o que nos é necessário cada dia para a alma (pedimos a Deus o sustento da vida espiritual, isto é, pedimos
ao Senhor que nos dê a sua graça, da qual a todo o instante temos necessidade) e para o corpo (pedimos o que é necessário para o sustento da vida temporal).

 5 - Na quinta petição: perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores, pedimos a Deus que nos perdoe os nossos pecados, como nós perdoamos aos que nos ofendem.

 6 - Na sexta petição: e não nos deixeis cair em tentação, pedimos a Deus que nos livre das tentações, ou não permitindo que sejamos serrados, ou dando-nos graças para não sermos vencidos.

 7 - Na sétima petição: mas livrai-nos do mal, pedimos a Deus que nos livre dos males passados, presentes, futuros, e especialmente do sumo mal, que é o pecado, da condenação eterna, que é o seu castigo.

Amém quer dizer: assim seja, assim desejo. assim peço ao Senhor e assim espero.


 Para se alcançarem as graças pedidas no Padre-Nosso é necessário rezá-lo sem precipitação, com atenção e acompanhá-lo com o coração.
 Devemos rezar o Padre-Nosso todos os dias, por que todos os dias temos necessidade do auxílio de Deus.

Os Sete Dons do Espírito Santo

São os dons que nos acompanham e operam em nós as maravilhas de Deus, sempre que não colocamos obstáculos à graça, pois Deus respeita a nossa liberdade. Esses dons nos são dados para nossa santificação e para a edificação de sua glória.

SABEDORIA: Pelo dom da sabedoria buscamos não a sabedoria do mundo, mas aquela Verdade que se identifica com o Sumo Bem e que nos torna felizes, porque nos enche de alegria o coração, como disse Jesus: Quando fordes presos, não vos preocupeis nem com a maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer. Porque não sereis vós quem falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós (Mt 10,19-20).




ENTENDIMENTO: É o dom divino pelo qual aceitamos as verdades reveladas por Deus. Mesmo não compreendendo todo o Mistério, entendemos que ali está a certeza de nossa salvação porque é verdade que procede de Deus infalível. Disse Deus pelo profeta: Eu vos darei um coração capaz de conhecer-me, e de saber que sou Eu o Senhor. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, porque de todo o coração se voltarão para mim (Jr 24,7).




CONSELHO: É a luz que o Espírito nos dá para distinguir-mos o certo do errado, o verdadeiro do falso, e assim orientarmos acertadamente a nossa vida e a de quem nos pede conselho. Sobre Jesus repousou o Espírito Santo, e lhe deu em plenitude esse dom, como havia profetizado Isaías: Ele não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer, mas julgará os fracos com equidade e fará justiça aos pobres da terra . . . (Is 11,3-4).






FORTALEZA: É o dom da coragem para se viver fielmente a fé no dia-a-dia, e até diante do martírio se for preciso. Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias o demônio vai lançar alguns de vós na prisão, para pôr-vos à prova. Tereis tribulações durante algum tempo. Sê fiel até à morte, e te darei a coroa da vida (Ap 2,10).







CIÊNCIA: Não é a ciência do mundo, mas a ciência de Deus. A Verdade que é Vida. Por esse dom o Espírito Santo nos indica o caminho a seguir na realização de nossa vocação, pois o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus . . . As coisas de Deus ninguém as conhece a não ser o Espírito de Deus (1 Cor 2,10-11).





PIEDADE: É o dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. Por ser o Amor do Pai e do Filho, o Espírito Santo nos dá o sabor das coisas de Deus. São Paulo escreveu: A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vocês permaneçam na ignorância. Vocês bem sabem que, quando vocês eram pagãos, eram facilmente atraídos para os ídolos mudos. Por isso eu lhes declaro: todo aquele que é agora conduzido pelo Espírito de Deus não pode blasfemar contra Jesus. Bem como ninguém poderá dizer convictamente Jesus é o Senhor, a não ser movido pelo Espírito Santo (1 Cor 12,1-3).




TEMOR DE DEUS: Este dom do Espírito Santo não significa medo de Deus, mas um amor tão grande que queima o coração de respeito por Deus. Não é um pavor pela justiça divina, mas o receio de ofender ou de desagradar a Deus. Por isso Jesus teve sempre o cuidado de fazer em tudo a vontade de seu Pai, como Isaías havia profetizado: Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento. Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor do Senhor (Is 11,2).


Regras no Ministério de Distribuir Esmolas.

Santo Inácio de Loyola
Exercícios Espirituais


1. regra: Se distribuo esmolas a parentes, amigos ou pessoas as quais me sinto afeiçoado, tenho de observar quatro coisas.

A primeira é que o amor que me leva a dar esmolas a essas pessoas desça do alto, do amor de Deus Nosso Senhor, de forma que eu sinta antes em mim que o amor mais ou menos vivo que lhes tenho é por Deus, e que Deus resplandeça no motivo que me leva a amá-las mais.



2. regra: Imaginarei um homem que nunca vi nem conheci e a quem desejo toda a perfeição no seu ministério e no seu estado. Farei, nem mais ou menos, aquilo que desejaria que ele fizesse na distribuição das esmolas,tomando para mim a regra e a medida que desejaria que ele adotasse e que considero meio mais conforme a maior glória de Deus e a maior perfeição de sua alma.



3. regra: Examinarei, como se estivesse na hora da morte, que maneira de proceder e que medida desejaria ter adotado no exercício da minha administração. E em conformidade com isto, guardarei a mesma medida na distribuição das minhas esmolas



4. regra: Considerando como me acharei no dia do juízo, examinarei bem como desejaria então ter usado deste ofício e ter desempenhado este ministério. E seguirei agora a mesma regra que quereria ter seguido, no dia do juízo.



5. regra: Quando alguém se sente inclinado ou afeiçoado a algumas pessoas as quais quer distribuir esmolas, detenha-se e reflita bem as quatro regras precedentes, examinando e verificando, a luz delas, a sua afeição.

E não de esmola até que tenha totalmente tirado de si, conforme a estas regras, a sua afeição desordenada.



6. regra: Ainda que não haja culpa em aceitar os bens de Deus Nosso Senhor para distribuir, quando a pessoa é chamada para este ministério, contudo no determinar a proporção e a quantidade do que deve tomar e reservar para si mesmo ou dar a outros pode haver dúvida de falta ou de excesso. Por isso, pode-se reformar em sua vida e estado pelas regras precedentes.



7. regra: Pelas razões acima expostas e por muitas outras, no que concerne a própria pessoa e ao regime da casa procederemos sempre de uma maneira, tanto melhor e mais segura, quanto mais restringirmos e reduzirmos os gastos e quanto mais nos parecermos com o Pontífice Supremo, nossa regra e nosso modelo que Cristo nosso Senhor.



Foi em conformidade com esta regra que o 3. Concílio de Cartago, ao qual assistiu Sto. Agostinho, determinou e ordenou que a mobília do bispo fosse comum e pobre.

Isto deve aplicar-se a todos os estados, guardadas as proporções e tendo em conta a condição e nível das pessoas. Assim no estado matrimonial temos o exemplo de S. Joaquim e Sta Ana, que dividiam os bens em três partes:uma, davam-na aos pobres; outra, ao culto e ao serviço do Templo; e a terceira reservavam-na para a manutenção de si mesmos e de sua família.