Excerto do Livro
Pe. Guilherme Vaessen
Livro de 1953
A santificação do domingo comporta duas coisas: a cessação do trabalho e a
oração.
Aos domingos não se pode trabalhar sem necessidade ou por motivo justo: “Trabalhareis durante seis dias, disse outrora Deus aos israelitas, mas ao sétimo dia
não fareis nenhum trabalho, nem vós nem vossos servos”. Trabalhar aos
domingos é, pois, uma desobediência formal a Deus.
O trabalho do domingo é um desastre para o corpo, para a alma e mesmo para
a
fortuna.
fortuna.
As máquinas de bronze e de aço não podem trabalhar semanas e meses
seguidos. Forçosamente, de quando em vez, é preciso pararem, repousarem, senão arrebentam.
Não somos de bronze nem de aço, somos de carne. Sem o repouso de oito em oito
dias, dizem os sábios, os homens abreviam consideravelmente sua vida.
Quereis ver um povo sadio, forte, alegre? Vede as nações que respeitam o
domingo. Quereis ver um povo doentio, fraco? Considerai os países em que o dia
do Senhor é profanado.
Quanto à alma, o trabalho ao domingo faz que o homem nem se lembre dela. Quem trabalha sem cessar torna-se material como a terra que cultiva, como as
máquinas que maneja, torna-se um animal, um bruto.
Notou-se que os revolucionários, os criminosos têm-se recrutado
principalmente entre os profanadores do domingo.
Afinal nossos interesses temporais pedem que santifiquemos o domingo.
Se Deus não constrói a casa, diz o profeta, em vão trabalham os que a
edificam.
O trabalho ao domingo é como o bem mal adquirido, atrasa. Deus não engana. Ora,
disse aos judeus: “Guardareis o dia do Senhor
e respeitareis meu santuário: se fizerdes estas coisas, eu vos darei as vossas chuvas
a seu tempo e a terra e as árvores darão o seu fruto; comereis o vosso pão a fartar
e habitareis seguros em vossa terra. Se, pelo contrário, rejeitardes meus mandamentos,
visitar-vos-ei em minha cólera, vossas árvores, vossos campos, não darão seu fruto,
farei que o céu seja como ferro e a terra como bronze, plantareis debalde a vossa
semente e vossos inimigos a comerão, as feras devorarão vosso gado, mandarei a peste,
a guerra, a fome”. Repousemos, pois, ao domingo e santifiquemos este dia
pela oração.
A oração obrigatória é a Santa Missa, para quem não tem um motivo justo de
dispensa. Estes motivos são os seguintes: doenças, cuidados de crianças ou de
doentes, grande distância da igreja (mais de uma hora de caminho, a pé), falta
de companhia para senhoras, pobreza tal que a gente não possa se apresentar na
igreja sem se envergonhar.
As mães que têm
crianças pequenas, procurem alguém que possa substituí-las, para que, pelo menos de vez em quando, possam ouvir a Santa Missa.
Não esqueçamos que faltar à Missa por descuido, por preguiça, é pecado
grave. Mau sinal, péssimo sinal, perder a Missa aos domingos. Enquanto o homem aos
domingos veste a roupa limpa, toma o caminho da igreja, assiste ao santo sacrifício,
ouve a palavra de Deus, há esperança. Embora este homem se tenha desviado de Deus, um dia voltará para ele.
Mas, quando o homem chegou a este ponto de embrutecimento que não faz mais
distinção entre dia de serviço e dia de domingo, não há mais esperança. Não é
mais cristão, não é mais homem, é animal. É a perda da alma, é o inferno.
Que dizer agora dos que não só profanam o dia do Senhor pelo trabalho e a
perda de Missa, senão pelo pecado propriamente dito. Infelizmente, para muitos,
o domingo é o dia do pecado, da embriaguez, do jogo, do escândalo.
Que crime! Roubar a Deus o dia que ele reservou para sua glória e para
nossa salvação, e consagrá-lo a Satanás pelo pecado!
O que digo do domingo, digo-o das festas que, muitas vezes, em lugar de
serem festas dos santos, são festas do demônio, pela devassidão. Assim é que outrora os
judeus celebravam os domingos e as festas e por isso Deus lhes disse: “Eu tenho horror de vossas festas,
lançar-vos-ei em rosto as imundícies de vossas solenidades”. O que Nossa Senhora
e os santos esperam de nós nos seus dias de festas não são músicas, foguetes, danças,
jogos, orgias, mas orações fervorosas, confissão, comunhão. Só assim nos tornamos
merecedores de seus favores.