Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 24
Primeiro meio: — A Oração
A oração, feita diretamente
pelas almas do Purgatório, é a súplica de um filho a Deus para que se mostre
bom e misericordioso.
A uma oração feita assim,
no fundo da alma, será Deus insensível?
De mais, a oração, quando
parte de um coração puro e é feita com instância, tem por si só, diz S. Tiago,
uma força imensa. Eleva-se até o coração de Deus, penetra nesse coração,
comove-o, e lhe arranca, de alguma sorte, a despeito de sua justiça, o perdão e
a misericórdia.
Portanto, eu rogarei muito
a Deus por meus mortos, farei a Deus esta violência que lhe é tão grata.
Entre minhas orações,
empregarei, de preferência, as que são indulgenciadas: o Terço, a Via Sacra,
invocações especiais… etc.
Uma indulgência é a
remissão total ou parcial das penas temporais devidas aos pecados já perdoados
quanto à ofensa e à pena eterna: essa remissão é outorgada pela Igreja, que
recebeu de seu divino Fundador o poder de fazê-lo pela aplicação dos méritos
superabundantes do mesmo Jesus Cristo e dos Santos.
Aos que vivem neste mundo,
como ainda estão sob a jurisdição do Papa, é este quem aplica as indulgências
a modo de absolvição por força destas palavras de Jesus Cristo: «Tudo o que
remitirdes na terra será remitido no Céu.» Quanto aos mortos, não estando mais
sob essa jurisdição, as indulgências só lhes são aplicadas por modo de
sufrágio, isto é, o Papa toma do tesouro da Igreja, formado pelos méritos de
Jesus Cristo e dos Santos, o que sua prudência julga conveniente e o faz
oferecer pelos fieis, em favor dos defuntos, a Deus que o aceita em satisfação
por eles. Assim, os vivos substituem os mortos em virtude da comunhão, dos santos.
É o que faz Sto. Tomás dizer que a indulgência não é uma pura remissão, mas uma
espécie de resgate.
Doutrina consoladora! Ela
me dá ocasião de ser bom para com os meus defuntos: incute-me a convicção de
que posso acumular para eles, proporciona-me o prazer de fazer por eles alguns
sacrifícios, e expiar assim a falta de afeição e de reconhecimento de minha
parte que, durante sua vida, lhes foi sem dúvida tão sensível!
Uma indulgência é uma chave
que a Igreja me confia para penetrar em seu tesouro, onde estão os méritos de
Jesus Cristo e dos Santos, com permissão de retirar a soma que ela mesma
indicou; — esta soma de méritos, eu a entrego a Deus para solver as dívidas das
almas do Purgatório, e Deus a aceita, aplicando-a na medida que julga de
conveniência.
Oh! quanto sois
verdadeiramente mãe, vós que nos entregais assim os vossos tesouros: — eu
quero, pois, eu vou me aproveitar deles!
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia