Trechos do Livro
Como evitar o Purgatório
Pe. Francisco Xavier Schouppe, S.J.
Edição de 1973
Na parte II desta série, o Pe. Schouppe tratou do
Purgatório enquanto reflexo da justiça e da misericórdia de Deus. Nesta parte
ele fala da sua localização e de dois tipos de padecimentos.
No Purgatório as almas estão confirmadas em graça, marcadas com o selo dos eleitos, e, desse modo, isentas de todo vício. [...] A opinião mais comum, que está mais de acordo com a linguagem da Escritura e é geralmente mais aceita entre os teólogos, coloca o Purgatório nas entranhas da Terra, não longe do Inferno dos réprobos. [...] Lá não reina horror, desordem, desespero nem trevas eternas. A esperança divina difunde sua luz, e esse lugar de purificação é chamado também “estadia da esperança”. [A venerável Cônega Matteotti] viu lá almas que sofriam cruelmente, mas anjos as visitavam e assistiam em seus sofrimentos. [...]
Há no Purgatório, como no Inferno, uma dupla pena: a da privação da
visão de Deus (temporária) [...]. E a dos sentidos, ou sofrimento sensível.
[...] Consiste no fogo e em outras espécies de sofrimento.
Com relação à severidade desses sofrimentos, uma vez que são infligidos
pela infinita justiça, são eles proporcionados à natureza, gravidade e número
dos pecados cometidos. Cada um recebe de acordo com suas obras, cada um tem que
saldar os débitos de que se vê culpado diante de Deus. Esses débitos diferem
enormemente em qualidade. [...] As almas sofrem vários tipos de sofrimentos,
uma vez que há inumeráveis graus de expiação no Purgatório, e que alguns são
incomparavelmente mais severos que outros. No entanto, falando em geral, os
Doutores concordam em dizer que as dores do Purgatório são as mais
dilacerantes. “O mesmo fogo, diz São Gregório, atormenta
os réprobos e purifica os eleitos”. [...]
Inferno e Paraíso
Santo Tomás vai ainda além; ele afirma que a menor dor do Purgatório
ultrapassa todos os sofrimentos desta vida, quaisquer que sejam. [...] Para
provar essa doutrina, afirma-se que as almas do Purgatório sofrem a dor da
perda da visão de Deus. Ora, essa dor ultrapassa os mais agudos sofrimentos.
[...]Santa Catarina de Gênova, em seu tratado sobre o Purgatório, diz: “As
almas sofrem um tormento tão extremo, que a língua não pode descrever, nem pode
o entendimento ter dele a menor noção, se Deus não o torna conhecido por uma
graça particular”. [...]
Entretanto as almas do Purgatório estão em contínua união com Deus e
perfeitamente resignadas com sua vontade; ou melhor, sua vontade está tão
transformada na de Deus, que elas não podem querer senão o que Deus quer. [...]
O Purgatório é uma espécie
de Inferno no que diz respeito aos sofrimentos; é um Paraíso no que diz
respeito ao deleite infundido nos corações pela caridade — caridade maior que a
morte e mais poderosa que o Inferno.
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Fonte do texto: Revista Catolicismo