Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA
7
Consolação
Serve
a todos a página seguinte, embora escrita expressamente para a consolação de
um só.
Todos
aqueles que amavam e a quem a morte arrebatou o objeto do seu amor, todos
carecem das mesmas palavras que levantam o espírito e que o tranquilizam.
«Não
podeis habituar-vos à ideia de não achar mais em parte alguma, sobre a terra, o
ente a quem parecia ligada vossa vida. É dolorosa, muito dolorosa a separação
que vos feriu, mas lembrai-vos de que nossos laços só se quebram na aparência…
Deus, que os formou na terra, transporta aos Céus aqueles a quem prezamos,
para nos forçar a erguer os olhos até sua mansão eterna.
A
vista do cristão fixa o outro mundo, mas o olhar do coração encontra um vácuo
desolador. Vós, principalmente, que podeis esperar a salvação de vossa irmã,
não lastimeis sua sorte que é a convivência com os anjos, a vida piedosa, a
morte edificante que teve, fazem crer que sua alma está gozando de uma
felicidade que vós não podeis prometer-lhe nem dar-lhe. Dizei antes, pensando
em sua ausência: Nós nos tornaremos a ver bem cedo, e então nada mais nos há
de separar!
Penetremos
nos intuitos divinos: Deus nos fere quando quer e no ponto mais sensível. É só
a fé que nos dá forças para estes sacrifícios naturalmente impossíveis. Um
cristão não pode afligir-se como quem não tem a esperança! Falai pouco aos
homens e muito a Deus sobre a vossa tristeza. Eis o segredo da resignação.
Não
esqueçais de que devemos: sempre amar a Deus que é bom, até mesmo quando nos
envia a tribulação. Estranhareis acaso que ele tenha recompensada aquela que
lhe fez tão generoso sacrifício de sua mocidade, de sua beleza, de sua fortuna
e de sua vida?
Lembrai-vos
do momento solene em que o sacerdote; sem abaixar a voz, disse-lhe: «Sai, alma
cristã, sai deste mundo!» Como respondeu ela com um sorriso angélico: «Sim,
meu Deus, já, se o quiserdes!»
Ela
estava, portanto, preparada para esta viagem eterna!
Ela
morreu como morrem os santos. Voou para o lugar de felicidade em que a
esperava, para coroá-la, o Deus a quem tanto amou. Olhai para o Céu, e esse
olhar fortalecerá o vosso coração dilacerado. Aproximai-vos do sagrado
Tabernáculo. Que coisa melhor poderia fazer um coração aflito que, a todo
momento se apega às criaturas! Sofrei junto de Jesus Cristo: sofrereis amando.
O
amor suaviza tudo e nos consola de sobrevivermos àqueles que queríamos mais do
que a nós mesmos».
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia