Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
ALÍVIO ÀS ALMAS DO PURGATÓRIO
Motivos que nos determinam a
socorrer às almas do Purgatório
DIA 19
Primeiro motivo: — O serviço que prestamos a Deus e a gloria que lhe proporcionamos
É verdade que nós, frágeis
e míseras criaturas, podemos prestar serviço a Deus, podemos realmente lhe ser
úteis? Sim, diz Bourdaloue, cuja doutrina é sempre segura, sim, podemos. O
Purgatório é um estado de violência para o próprio Deus. Ali, vê Deus almas a
quem quer com um amor sincero, terno e paternal, almas que sofrem e às quais
todavia não pode Ele acudir, — almas cheias de mérito, de santidade, de
virtude, mas a quem não pode Ele ainda remunerar, — almas que são suas
escolhidas, suas esposas, e que Ele é forçado a ferir e castigar… Pois bem! Nós
podemos, nós, pobres criaturas, fazer cessar esse estado de violência, dando à
justiça divina tudo o que ela pede…
Não me é dado compreender o
que se passa no coração do Senhor, quando com as minhas orações e boas obras eu
tiro uma alma do Purgatório, e essa alma, numa espécie de delírio de alegria,
vai lançar-se no seio de Deus, dizendo-lhe: Meu pai! meu pai! — mas imagino o
que experimentaria o coração de uma mãe que, tendo conhecimento de que seu
filho foi condenado à prisão por muitos anos, o visse, de repente, trazido por
um amigo que o houvesse libertado. Oh que alegria! oh que amplexo! — e que
reconhecimento pelo salvador desse filho.
É esta alegria, esta
felicidade a que eu proporciono a Deus! é esse reconhecimento o que obtenho em
seu coração.
E, além da alegria que
ocasiono a Deus, concorro também para sua gloria, essa gloria de que Deus é tão
cioso. Ouçamos ainda Bourdaloue: «Nós admiramos, diz ele, esses homens
apostólicos que, levados pelo espírito de Deus, atravessam os mares e vão aos
países bárbaros ganhar a Deus os infiéis, mas compreendeis que a devoção das
almas do Purgatório para seu alivio e livramento é uma espécie de zelo que, em
relação a seu objeto, não cede ao da conversão dos pagãos e até o vence de
certo modo. É que, sendo as almas confirmadas na graça, hão de ser incomparavelmente
mais nobres aos olhos de
Deus que as dos pagãos elas
estão, mormente na ocasião, num estado muito mais apto para glorificar a Deus
que as dos infiéis.»
Qual de nós recusar-se-á a
contribuir assim para a felicidade e glória de Deus?
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia