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31/05 - Consideração para a véspera do Mês do Sagrado Coração

Por um decreto de 3 de Maio de 1873, o Papa Pio IX de santa memória concedeu a todos os que fizerem o mês do Sagrado Coração, sete anos de indulgência* em cada dia do mês de Junho, e indulgência plenária em um dia do mesmo mês à vontade do fiel, observadas as condições ordinários.

MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Consideração para a véspera do mês
A oração tem sido sempre as delicias das almas fervorosas. Estas delicias, querido leitor, o Sarado Coração vos convida  hoje a saborear. Mais aparentes do que reais são as dificuldades deste santo exercício. «Fazer oração mental ou meditação, diz Monsenhor Dechamps, é pensar nas verdades da fé, para se excitar no amor divino e na prática das virtudes, cuja graça será obtida pela oração. A meditação chama-se  oração mental, pois a oração ou suplica é a parte principal da meditação. Assim, fazer oração mental é pensar nas verdades da fé, por exemplo, na morte, no juízo, no céu, no inferno, na  eternidade, em Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho único de Deus, que desceu do céu, fez-se Homem por nosso amor no seio da bem-aventurada Virgem Maria, padeceu e morreu na cruz para nos alcançar o perdão de nossos pecados. Quando o cristão pensa numa das grandes verdades que a santa fé ensina, e pensa para se excitar a evitar o pecado, imitar a Jesus Cristo e  empregar para isto os meios que ele nos deixou, principalmente a oração e os sacramentos, que são os canais da graça, então faz a meditação ou oração mental.
Bem vedes que muitos cristãos que nunca ouviram talvez  pronunciar estas palavras, fazem contudo a oração, visto como pensam algumas vezes nas verdades da salvação, por exemplo, quando depois de ouvirem o sermão do domingo, pedem a Deus perdão dos pecados, tomam a resolução de confessar-se e lhe rogam a graça de vida melhor. Faz também oração mental aquele que se prepara para uma boa confissão, porque então, depois de ter orado e reconhecido suas faltas, excita-se à contrição pensando no inferno que mereceu, no céu e na graça de Deus que perdeu, em Jesus Cristo a quem nossos pecados fizeram chorar, padecer e morrer. Ainda faz oração mental, quem, depois de ter lido n’algum bom livro, para um pouco considerando um ponto que lhe diz respeito e mais o comove, o depois ora a Deus, a Jesus, a Maria, aos santos anjos, ou aos santos padroeiros, a fim de conseguir uma graça que deseja, ou cumprir uma coisa  que Deus exige dele. Em viagem e até no trabalho pode uma  pessoa fazer oração mental, pois ainda então pode pensar nas verdades da salvação, e dirigir-se a Deus em súplicas. Não se creia, pois, que este exercício, por difícil, seja raro. Não,quando se toma a peito o negócio da salvação eterna, nele se pensa todos os dias com tão boa vontade como os negociantes no seu comércio; e tão impossível é que nos saiamos bem no negócio de nossa salvação, sem nele pensarmos e nos resolvermos a empregar os meios necessários, como o é ao negociante prosperar, sem pensar nos meios de adquirir  fortuna. O mundo está cheio de pecados e o inferno de réprobos, afirma Santo Afonso, por que não se medita nas verdades eternas.
Por tanto, alma cristã, nada mais fácil que fazer oração mental. Santo Afonso torna sua prática extremamente simples, clara, fácil e não menos frutuosa; graças ao método que ele
ensina, este exercício indispensável a quem quer santificar-se, é posto com toda verdade ao alcance de todos: também seu desejo é que todos aprendam a meditar. Eis aqui o método de fazer a oração mental segundo o santo doutor: «A oração mental contem três partes: a preparação, a meditação e a conclusão.
I. Na Preparação fazem-se três atos:
1. Ato de Fé na presença de Deus.
Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e vos adoro.
2. Ato de humildade.
Eu deveria estar a esta hora no inferno; Senhor, eu me arrependo de vos ter ofendido.
3. Ato de petição de luzes.
Eterno Pai, por amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.
Uma Ave Maria à Mãe de Deus, e um Gloria Patri a S. José, ao anjo custódio e ao nosso santo protetor. Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente; depois faz-se a meditação.
II. Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. S. Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.
Cumpre, além disto, saber que os frutos da meditação são três: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado uma verdade eterna, e ter Deus falado a vosso  coração, é mister que faleis a Deus:
1o. Pelos afetos, isto é, pelos atos de fé, agradecimento, humildade, esperança; mas repeti de preferência os atos de amor e contrição. Conforme Santo Tomás, todo ato de amor nos merece a graça de Deus e o paraíso. O mesmo se deve dizer do ato de contrição. Eis aqui exemplos de atos de amor:
Meu Deus, eu vos amo sobre todas as coisas. — Eu vos amo de todo o meu coração. — Quero fazer em tudo vossa vontade. — Muito me regozijo por serdes infinitamente feliz.
Para o ato de contrição basta dizer:
Bondade infinita, pesa-me de vos ter ofendido.
2o. É necessário também falar a Deus pelas súplicas,  pedindo-lhe as luzes que havemos mister, a humildade ou outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna, mas principalmente seu amor e a santa perseverança. E si nossa alma está em grande aridez, basta repetirmos:
Meu Deus, socorrei-me. — Senhor, tende compaixão de mim. — Meu Jesus, misericórdia! — Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.
3o. E mister enfim falar a Deus pelas resoluções: antes de terminar-se a oração, cumpre tomar alguma resolução particular, por exemplo, fugir de tal ocasião, sofrer o que parece nos molestar em tal pessoa, corrigir-se de tal defeito, etc.
III. Enfim a Conclusão compõe-se de três atos:
1o. Meu Deus, eu vos agradeço as luzes que me destes.
2o. Proponho observar as resoluções que tomei.
3o. Peço-vos, por amor de Jesus e Maria, a graça de pô-las em prática.
Termina-se a oração por um Padre Nosso e uma Ave Maria, para recomendar a Deus as almas do purgatório, os prelados da  Igreja, os pecadores, parentes e amigos.
S. Francisco de Sales aconselha notar algum pensamento que mais impressão nos faz na oração, para o recordarmos de tempos a tempos durante o dia. Útil é referir aqui o que Santo Afonso escreveu a seus religiosos numa circular em data de 26 de Fevereiro 1771. «Recomendo-vos de preferência para meditação os meus livros: A Preparação para a morte, as Meditações sobre a Paixão, as Setas de fogo e as Meditações do Advento até a Oitava da Epifania. Digo isto, não para exaltar meus pobres escritos, mas, porque estas meditações estão entremeadas de pios afetos, e cheias, o que mais importa, de santas  súplicas, o que quase não se acha noutros livros. Recomendo,
pois, que se leia sempre, na meditação, a segunda parte que consiste nos afetos e súplicas
«Além da oração, diz Santo Afonso, é utilíssimo fazer também, cada dia, uma Leitura Espiritual por espaço de meia hora, ou ao menos de um quarto de hora, em algum livro que trate da vida dos santos, ou das virtudes cristãs.
Quantos há que foram convertidos e se tornaram grandes santos, por terem lido um livro de piedade! Aí estão S. João Colombini, Santo Inácio de Loyola, e muitos outros.»
[...]


__________ 
* indulgência parcial

Trecho do livro: O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso de Ligório ou Meditações para o Mês do Sagrado Coração, A Hora Santa e a Primeira Sexta-Feira do Mês coligidas das Obras do Santo Doutor pelo Pe. Saint-Omer, Redentorista

DIA 19 DE MAIO


MEDITAÇÃO


Serviços prestados a Jesus
Ponto 1. — São José teve uma morte feliz, porque sempre viveu em amizade com Jesus, serviu-lhe sempre, fez sempre a vontade de Deus. Queres morte de São
José? procura agora a amizade de Deus.
Ponto 2. — São José foi constante até a morte nos serviços prestados a Jesus. Para servir a Jesus trabalhou, suou, fugiu, exilou-se... mas apesar das dificuldades, perseverou no serviço de Jesus, e morreu santíssima e felicíssimamente.
Ponto 3. — A morte de São José foi felicíssima, porque Jesus lhe serviu e assistiu nos últimos instantes. Que morte feliz! Jesus está perto de José moribundo, assistindo-lhe e servindo-lhe... Guarda a lei de Deus, teme a Deus e, em tua morte, Deus fará tua vontade.
Fruto. — Meditar com atenção aquelas palavras de Cristo: Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
ORAÇAO DE SÃO BERNARDINO
Lembrai-vos de nós, ó bem-aventurado S. José, e ajudai-nos com vossas orações e intercessão junto daquele que quis ser chamado vosso filho. Tornai-nos também propicia a bem-aventurada Virgem vossa esposa, Mãe do Redentor, que vive e reina com o Padre e o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Assim seja.


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Do livro: Devoto Josephino - edição de 1935

DIA 19 DE ABRIL


MEDITAÇÃO


Presença de Jesus

Ponto 1. — São José teve uma morte muito feliz, porque serviu a Jesus. Serviu-lhe sempre sem arredar-se por dificuldades, serviu-lhe nas provas, nas tribulações. Serve a Jesus em vida, si desejas uma boa e santa morte.

Ponto 2. — A morte de São José foi feliz, porque viveu em amizade íntima com Jesus, serviu-lhe sempre, fez sempre a vontade de Deus. Queres a morte feliz de S. José? Procura agora a amizade com Deus e serás perfeito.

Ponto 3. — A morte de São José foi felicíssima, porque nunca se apartou de Jesus por culpa própria. Quando Jesus para prová-lo apartou-se dele, procurou-o nosso Santo com diligência e amor. Não percas a Jesus em vida, e ele estará contigo na morte.

Fruto. — Fazer cada hora um ato da presença de Deus.

ORAÇÃO

Ó amantíssimo Jesus, que com vossas inefáveis virtudes e com os exemplos de vossa vida oculta, consagrastes a família que escolhestes para vossa! Lançai um olhar de clemência sobre os moradores desta casa, que prostrados a vossos pés, vos pedem que lhes sejais propício. Lembrai-vos que sois o dono desta casa, porque a Vós está exclusivamente entregue e consagrada. Guardai-a com benignidade, apartai dela os perigos, socorrei-a nas necessidades, plantai nela as virtudes que floresceram na vossa casa de Nazareth, para que dedicada com fidelidade a vosso serviço e amor na vida, possa cantar no céu eternamente vossos louvores.
Ó Maria, Mãe dulcíssima, recorremos confiados a vosso socorro, na certeza de que vosso Unigênito acolherá nossas suplicas.
E Vós, gloriosíssimo S. José, socorrei-nos com vosso poderoso patrocínio, e depositai nossas orações em mãos de Maria, para que as apresente a Jesus Cristo.
(Trezentos dias de indulgência para os que se consagram à Sagrada Família).

Jesus, Maria e José, iluminai-nos, socorrei-nos. salvai-nos. (200 dias de indulgência diariamente).



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Do livro: Devoto Josephino - edição de 1935

DIA 19 DE MARÇO


Porque foi tão feliz a morte de S. José

Ponto 1 — A morte de São José foi felicíssima, porque foi a morte do justo... Ao justo mandou Deus dizer que se alegrasse porque lhe iria bem na morte, e que nesse momento ha de receber o premio e fruto do que sofreu e praticou em vida. Como foi até agora a tua vida?

Ponto 2 — a morte de São José foi a morte do servo fiel, a quem Nosso Senhor constituiu sobre sua família... Cumpriu ele fielmente seu ministério, foi guarda diligente de Jesus, esposo fidelíssilmo de Maria. Que felicidade escutar na morte aquelas palavras: alegra-te servo fiel, entra no gozo do teu
Senhor. Como serves tu a Deus?...

Ponto 3 — Foi São José administrador da herdade e riqueza que Deus tinha na terra; mas que conta tão boa soube ele dar!... Guardou e defendeu a Jesus, alimentou a Deus! conservou a vida de Deus!... Foi custódio da Virgem Imaculada. Maria... Na hora da morte era justo que Deus lhe pagasse, que lhe pagasse Nossa Senhora... Agora é feliz para sempre! ...
Fruto. — Pergunta-te a miúde: como quereria ter servido a Deus na hora de minha morte?

ORAÇÃO
RESPONSÓRIO DE SÃO JOSÉ

Quem dá saúde e ventura
E feliz morte deseja.
Recorra a José piedoso,
Seu devoto sempre seja.

De Jesus pai adotivo,
Esposo da Virgem bela,
Casto, fiel, justo, santo,
Tudo alcança Dele e Dela.

Quem dá saúde, etc.

De Belém no pobre albergue
Adora o infante divino.
Desterrado o guarda e ampara.
Perdido acha o Menino.


Quem dá saúde, etc.

Com teu trabalho alimenta
Do universo o grande autor:
O Filho do Eterno Padre
Lhe obedece com amor.

Quem dá saúde, etc.

Assistindo-lhe na morte.
Vê Jesus e vê Maria,
Que em brando sono lhe tornam
Mortal extrema agonia.

Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Quem dá saúde, etc.

Antiph. — Eis aqui o servo fiel e prudente, a quem o Senhor deu o governo da família.
V. Rogai por nós, bem-aventurado São José.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

OREMUS


Ó Deus, que por uma inefável providencia vos dignastes escolher o bem-aventurado José para esposo de vossa Mãe Santíssima; concedei-nos, que aquele mesmo que na terra veneramos como protetor. mereçamos tê-lo no céu por nosso intercessor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. — Amen.
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Do livro: Devoto Josephino - edição de 1935

DIA 19 DE CADA MÊS - Orações Preparatórias

CONSAGRADOS A SÃO JOSÉ


  É prática geralmente admitida entre os devotos de São José consagrar-lhe o dia 19 de cada mês. Além da comunhão, costumam fazer outras preces, podendo servir para esse fim as seguintes:

Vinde, ó Espírito Santo, enchei os corações de vossos fieis e acendei neles o fogo de vosso divino amor.
V. Mandai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.

OREMUS
Ó Deus, que doutrinastes os corações dos fieis pela ilustração do Espírito Santo, concedei-nos que pelo mesmo Espírito Santo saibamos o que é reto, e gozemos sempre de sua preciosa consolação.

Amen.


ORAÇÃO PREPARATÓRIA

Senhor Meu Jesus Cristo, que tanto amor manifestastes a esse Varão justo, a quem na terra daveis o nome de pai, e que vos gozais nos louvores que damos às virtudes que ele praticou, e às grandezas e privilégios com que Vós mesmo o enriquecestes, fazei que conheçamos essas virtudes e que as pratiquemos.
Intentamos nestes cultos unir-nos ao vossa coração agradecido, para com ele agradecer os benefícios que São José Vos fez, e sobre tudo os muitos, que por sua intercessão, temos nós recebido.
Virgem Santíssima, Esposa Amantíssima e Amadíssima de S. José, Vós honrastes este grande Santo como ele merecia ser honrado, porque conhecíeis seus méritos e o muito que ele valia, e também porque com o trato continuo com ele e com os serviços que Vos fazia, tinha obrigado o vosso coração: fazei que eu conheça suas virtudes e que as imite, para me fazer digno de seu amor.

Ó glorioso Patriarca, pai nutrido de Jesus, Esposo de Maria, pelo amor que tivestes a estes dois entes queridos, suplico-vos que me alcanceis o amor de Deus, e uma devoção constante a estes meus queridos Jesus e Maria, e graça para aproveitar-me deste exercício.

Amen.


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Do livro: Devoto Josephino - edição de 1935

DIA 19 DE CADA MÊS - Orações Finais


Para alcançar as graças que pedimos rezaremos em honra do santíssimo nome de S. José quatro Padre-Nossos, Ave-Marias e Glória Patri com as seguintes:
JACULATÓRIAS
1. — Justíssimo José e Pai nutrício do Verbo encarnado alcançaI-nos amor a Jesus e devoção constante a seu Sagrado Coração.
Padre Nosso, Ave Maria e Gloria Patri.
2. — Obedientíssimo Patriarca e cabeça da Sagrada Família, por vosso amor e respeito a Imaculada Virgem nossa Mãe, eu vos peço devoção constante a esta augustíssima Rainha.
Padre Nosso, Ave Maria e Gloria Patri.
3. — Sapientíssimo Patriarca, ilustrado com a verdadeira ciência do céu, pelos altíssimos conhecimentos que vos  comunicou o Verbo e Sabedoria do Pai, peço-vos que me  alcanceis fé nas verdades reveladas e a perseverança nela.
Padre Nosso, Ave Maria e Gloria Patri.
4. — Esposo castíssimo da Esposa do Espírito Santo, e amador do amor divino, pela ardentíssima caridade com que cuidastes  de vosso Deus, e pelos sacrifícios que por ele sofrestes,  peço-vos a virtude da caridade e amor de Deus até a morte.
Padre Nosso, Ave Maria e Gloria Patri.
ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

Felicíssimo Patriarca, tão ternamente amado de Jesus e de Maria, que vos manifestaram esse amor principalmente na morte soberanamente preciosa que tivestes. Que consolação a vossa, meu amantíssimo Protetor, quando nesse derradeiro instante, Jesus e Maria, assistindo a vosso lado, defenderam vossa alma dos insultos dos inimigos e a levaram depois ao seio de Abraão! Este instante espantoso há de chegar sem remédio para nós e ainda na hora menos pensada: que será então de nossas almas? Vossa vida inocente e as heróicas virtudes que praticastes, e sobre tudo a presença de vossos queridos Jesus e Maria, vos deram essa preciosa tranquilidade com que passastes deste mundo; mas que será de nós? Iludidos pelos inimigos e pelas paixões, nos entregamos muitas vezes em suas mãos ofendendo a Jesus, que nos ha de julgar! Ah! amantíssimo Protetor nosso, à vista de uma vida tão pouco conforme à nossa fé, aguardamos com espanto a morte e a conta que depois dela nos espera! Ó pai e protetor nosso nós, sós, não ousaríamos aparecer nesse tão justo tribunal, onde é o mesmo Deus que nos há de julgar; vimos por tanto pedir-vos por vossa preciosíssima morte e por vosso felicíssimo trânsito, a vossa poderosíssima proteção agora, para que vivendo uma vida digna do título que levamos, mereçamos também vossa proteção e assistência na morte. Manifestai, pai amantíssimo, vosso amor em nossa morte; protegei-nos então, protetor nosso eficacíssimo, para que morrendo em graça de Deus, vamos convosco à morada felicíssima dos justos gozar de Jesus e de Maria por toda uma eternidade. Amen.


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Do livro: Devoto Josephino - edição de 1935

O CULTO DE PROTODULIA

Retirado da Coleção - Leituras Católicas de Dom Bosco - No.633
São José
Mons. Ascânio Brandão
Edição de 1943
Sabemos que há três espécies de culto em relação ao objeto.
O culto de latria, devido só a Deus.
Hiperdulia, especial culto tributado à Mãe de Deus, rainha dos santos e singular criatura.
Dulia, o culto dos santos.
O culto de S. José não se pode comparar ao de Maria por ser Ela a Mãe Santíssima, Nossa Corredentora e Mãe de Deus. Todavia, não pode ser igual ao dos demais santos, visto ser ele o maior dos santos e singular entre todos, como sabemos, pelas prerrogativas que possui. A Igreja celebra a memória de S. José de modo singular em sua Liturgia com honras sumas e sumos louvores, diz Pio IX, e repetem estas expressões vários documentos da Igreja. Por isso, o culto de S. José costuma ser chamado de suma dulia, ou protodulia, culto acima do dos santos: dulia. E abaixo do de Maria: hiperdulia.
Esse culto de suma dulia foi pedido ao Papa Pio IX pelos Padres do Concilio do Vaticano. Em nada se opõe à fé e está conforme a dignidade e aos privilégios singulares do maior dos santos.
Nos últimos tempos se tem introduzido na Liturgia da Igreja o nome de S. José, nas Ladainhas maiores, no rito da Extrema-Unção, e da assistência aos agonizantes, em várias orações da Missa e Breviário.
A festa do Patrocínio da 4a feira depois da II Dominga da Páscoa, com Missa e ofício próprios e oitava comum.
O Ritual tem benção de dois escapulários de S. José; uma própria dos Capuchinhos, outra dos Carmelitas. Ha benção para o anel em honra do santo Esposo de Maria.
Inúmeras indulgências e práticas tocantes de devoção a S. José!
O culto de suma dulia, ou protodulia, tem inúmeras e tocantes manifestações na Liturgia e na devoção dos fiéis.


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Para o Último Dia do Ano - Manhã

Meditações
Para Todos os Dias e Festas do Ano
Tiradas das obras Ascéticas de
Santo Afonso Maria de Ligório Bispo e Doutor da Igreja
pelo Pe.Thiago Maria Cristini
Tomo I
Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive
Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921


XXXI - Manhã
Devemos aproveitar bem o tempo

Sumário: Com razão o Espírito Santo nos exorta a que conservemos o tempo, porquanto o tempo é não somente precioso, mas ainda de muito curta duração. Lembra-te de como se passaram depressa os doze meses desse ano que hoje termina. Dize-me, irmão meu, como é que até hoje tens empregado o tempo? Esforças-te, ao menos, em resgatar o tempo perdido, empregando-o melhor para o futuro? Quem sabe? Talvez o ano que finda, seja o último da tua vida!

I. O tempo, sobre ser a coisa mais preciosa, porque é um tesouro que só neste mundo se acha, é ainda de mui curta duração. Ecce breves anni transeunt. Lembra-te de como se passaram depressa os doze meses do ano que hoje finda! É, portanto, com razão que o Espírito Santo nos exorta a conservarmos o tempo, e não deixarmos perder-se um só momento sem o aproveitarmos bem. Mas, ai de nós! Quão diversamente vão as coisas! Ó tempo desprezado, tu serás a coisa que os mundanos mais desejarão na hora da morte, quando ouvirem dizer que para eles não haverá mais tempo: Tempus non erit amplius.
E tu, irmão meu, em que empregas o teu tempo? Deus te concedeu a graça de teres chegado até ao dia de hoje, com preferência a tantos milhares e milhões de pessoas, talvez da tua idade, ou mesmo mais novas, talvez fortes como tu ou ainda mais robustos, com a mesma compleição que tu, ou talvez mais sadia. Elas morreram e tu estás vivo! Elas estão reduzidas à podridão e cinzas no túmulo e tu estás aqui meditando! Elas na eternidade - e muitas infelizmente no inferno - e tu ainda no tempo! Mas como é que passas o tempo? Em que coisas o empregaste até hoje?
Faze aqui, aos pés de Jesus Cristo, um exame geral da tua vida. Pondera, por um lado, as inúmeras graças com que Deus te tem cumulado especialmente no correr deste ano; por outro, recorda as faltas, as imperfeições, quiçá os pecados, com que continuamente, desde o primeiro dia do ano até este último, tens ofendido o Senhor, retribuindo-lhe a Sua liberalidade infinita com ingratidão. Ah! Se não resgatares desde já o tempo inutilmente perdido, ou quiçá mal empregado, ele te causará remorsos amargosos, quando, no leito da morte, te achares próximo àquele grande momento do qual depende a eternidade!
II. Meu irmão, se, por desgraça, tiveres de reconhecer que passaste na tibieza o tempo do ano que terminou, procura passar no fervor ao menos este último dia. Agradece muitas vezes a Deus o ter-te conservado em vida até ao dia de hoje e pede-Lhe perdão das negligências passadas no Seu serviço. Visto que não sabes se viverás até ao dia de amanhã e se entrarás ainda no ano novo, põe hoje mesmo em ordem as coisas de tua consciência e purifica a tua alma por meio de uma confissão anual. Afinal, faze um propósito firme e eficaz de servires a Deus para o futuro com mais zelo, e de empregares melhor o ano vindouro. É assim que, no dizer do Apóstolo, andarás no caminho da Salvação com circunspeção, e recobrarás o tempo: Videte quomodo caute ambuletis... redimentes tempus[1]: "Vede como andais prudentemente... remindo o tempo."
Ó Senhor, cuja misericórdia não tem limites, cuja bondade é um tesouro inesgotável, dou graças à Vossa Majestade piedosíssima por todos os benefícios que me tendes feito, e em particular, pelo tempo que me concedeis para chorar as minhas culpas, e reparar as minhas desordens. Quem sabe se o ano que hoje finda, não será talvez o último inteiro da minha vida? Não, não quero mais resistir aos vossos convites tão amorosos. Pesa-me, ó meu Bem supremo, de Vos ter ofendido e proponho fazer de hoje em diante contínuos atos de amor, a fim de compensar o tempo perdido.
Como, porém, as ocupações da vida não me permitem dirigir os meus pensamentos sem interrupção para Vós, faço hoje o seguinte ajuste, que será válido durante todo o ano vindouro e todo o tempo da minha vida. Cada vez que levantar os olhos para contemplar o céu, tenho intenção de glorificar as vossas perfeições infinitas. Quantas vezes respirar, quero oferecer-Vos a Paixão e o Sangue de meu divino Redentor, bem como os merecimentos de todos os Santos, para a Salvação do mundo inteiro e em satisfação dos pecados que se cometerem. - Toda a vez que bater no peito, quero amaldiçoar e detestar cada um dos pecados cometidos desde o princípio do mundo, e quisera poder repará-los com o meu sangue. Finalmente, a cada movimento das mãos, ou dos pés, ou de qualquer outra parte do corpo, tenciono submeter-me à Vossa Santíssima Vontade, desejando que de conformidade com esta, se façam todas as coisas. Para que este meu ajuste nunca mais seja violado, confirmo-o e selo-o com as cinco Chagas de Jesus Cristo, e deposito-o em Vossas mãos, ó Mãe da perseverança, Maria[2].
__________
 [1] Efésios, 5, 15. 
[2] Esta fórmula de reta intenção foi composta por São Clemente Maria Hoffbauer, C.SS.R.

Meditação para a tarde do mesmo dia - Última do Ano

Meditações
Para Todos os Dias e Festas do Ano
Tiradas das obras Ascéticas de
Santo Afonso Maria de Ligório Bispo e Doutor da Igreja
pelo Pe.Thiago Maria Cristini
Tomo I
Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive
Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921



XXXI - Tarde
Jesus Cristo tem feito e padecido tudo por nosso amor.

Dilexit me, et tradidit semetipsum pro me
“Ele me amou, e se entregou a si mesmo por mim”
(Gal. 2, 20).

I. Se é verdade, ó meu Jesus, que por meu amor abraçastes uma vida penosa e uma morte amargosa, posso dizer com razão, que a vossa morte é minha, que são minhas as vossas dores, meus os vossos merecimentos, que, em suma,Vós mesmo sois meu, já que por meu amor Vos entregastes a tão grandes padecimentos. Ah, meu Jesus! Nada me aflige tanto como o pensar que houve um tempo em que Vós éreis meu, e eu voluntariamente Vos tenho perdido repetidas vezes. Perdoai-me e estreitai-me ao vosso peito, nem permitais que eu ainda torne a ofender-Vos. Amo-Vos de toda a minha alma. Vós quereis ser todo meu, eu quero ser todo vosso.
O Filho de Deus, por ser Deus verdadeiro, é infinitamente feliz. Contudo, observa Santo Tomás, Ele tem feito e padecido tanto por amor do homem, como se sem este não pudesse ser feliz: quasi sine ipso beatus esse non posset. Se Jesus Cristo, durante a sua vida terrestre, tivera de merecer a eterna bem-aventurança para si mesmo, que é que mais pudera fazer do que carregar-se de todas as nossas fraquezas, tomar sobre si todas as nossas misérias, para depois terminar a vida com uma morte tão dura e ignominiosa? Mas Jesus era inocente, santo e bem-aventurado em si mesmo; tudo quanto tem feito e padecido, tem-no feito a fim de merecer para nós a graça divina e o paraíso perdido. — Desgraçado de quem não Vos ama, ó Jesus meu, e não vive abrasado no amor de tão grande bondade!
II. Se Jesus Cristo nos houvera permitido, que lhe pedíssemos as provas mais manifestas do seu amor, quem jamais se teria animado a pedir-lhe, se fizesse criança semelhante às outras crianças, abraçasse todas as nossas misérias, se fizesse entre os homens, o mais pobre, o mais desprezado, o mais mal tratado, até morrer à força de tormentos sobre um lenho infame, amaldiçoado e abandonado de todos, mesmo do seu próprio Pai? Mas o que não nos animaríamos nem sequer a imaginar, Jesus o excogitou e fez.
Ó meu amado Redentor, peço-Vos que me concedais a graça, que para mim merecestes com a vossa morte. Amo-Vos e pesa-me de Vos ter ofendido. Tomai posse da minha alma; não quero que ela continue em poder do demônio. Quero que ela seja toda vossa, já que Vós a comprastes com o vosso sangue. Vós me amais a mim e eu quero só amar a Vós. Preservai-me do castigo de viver sem o vosso amor, e pelo mais castigai-me como quiserdes. Maria, meu refúgio, a morte de Jesus e a vossa intercessão são a minha esperança. (II 320.)

Continuação do Capítulo XXXIX - Fragmentos - Final

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


Continuação do  Capítulo

XXXIX
A minha cruz
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Fragmentos

Como se ora bem em certas igrejas solitárias e desertas! Nelas fala-se a Jesus com maior confiança do que em outras, porque Jesus parece estar ali só para nós e em ato de conceder a um só os sorrisos e as graças que, em outras circunstâncias, teria de dividir por milhares de adoradores.

Capítulo XXXIX - A minha cruz

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XXXIX
A minha cruz
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TAMBÉM a mim Jesus quis dar uma cruz. E que melhor coisa Ele podia dar-me, depois de si mesmo, do que o Trono onde reinou na hora da sua máxima vitória, quando subjugou o inferno? Se Ele há de aparecer no último dia flanqueado pela cruz, não é justo e belo que eu me encaminhe para a eternidade levando-a sobre os ombros?

Capítulo XXXVIII - Demasiado tarde?

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XXXVIII
Demasiado tarde?
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AQUI, diante do Tabernáculo, quero meditar o valor deste grito que me saiu do coração num momento de desconforto. Demasiado tarde!... A minha voz não teve força para dizer mais... E chorei!
É demasiado tarde. E por quê? Porque os meus anos atingem já a medida marcada por Deus: a morte não vem longe; as forças do corpo vão alquebrando-se, enquanto que, por um contraste fatal, outras energias se vão revigorando mais e mais.

Capítulo XXXVII - Pensamento que desconforta

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XXXVII
Pensamento que desconforta
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TEM acontecido mais de uma vez que tenha perdido a fé em Jesus Sacramentado quem foi educado e passou os anos mais belos da sua vida à sombra do Tabernáculo. O escândalo contristou as almas piedosas e boas, que acorreram, numerosas e plangentes, aos pés de Jesus, para compensá-lo com o próprio amor da ofensa sofrida, e constrangê-lo a ter piedade do renegado.

Capítulo XXXVI - As impressões

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Pensamentos e afetos devotos
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XXXVI
As impressões
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GRANDE consolação sentiria estando com Jesus a meditá-lo, a orar-lhe, a amá-lo! Mas, uma vez que me ponho em sua presença para tratar com Ele, mil divagações me assaltam e me arrastam para longe...

Capítulo XXXV - Um empenho de amor

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XXXV
Um empenho de amor
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PORQUE amo tão pouco o meu Jesus? Porque é que eu procedo dum modo que ocasiona um verdadeiro dano à minha alma e é um agudo espinho que fere o coração do meu Jesus? Para dizer tudo, porque deixo eu às vezes de fazer a Comunhão? Não é por falta de tempo, porque, indo à Missa todas as manhãs, poderia perfeitamente abeirar-me da Mesa Eucarística; e mesmo que dispusesse de pouco tempo, antes que abandoná-la, poderia contentar-me com uma preparação e ação de graças muito breves, reservando-me os momentos vagos durante todo o dia para me entreter com Jesus. Também não é por causa das minhas quotidianas venialidades, sabendo eu perfeitamente que os pecados veniais não impedem a Comunhão, mas devem, ao contrário, ser um incentivo para fazê-la, desde que se peça a Jesus o seu perdão. Portanto, porque não faço eu todos os dias a Comunhão, quando com um pouco de boa vontade poderia sempre fazê-la?

Capítulo XXXIV - Reservas culpáveis - É Jesus que fala

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XXXIV
Reservas culpáveis
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É Jesus que fala

CHAMAS-ME, e eu venho sempre. Dizes que me amas, e eu creio no que dizes. Ofereces-te toda a mim; mas, apenas desço ao teu coração, encontro-o ocupado em parte pelos outros, de modo que, muitas vezes, só me resta um lugarzinho bem limitado, e nem sempre o mais belo.

Capítulo XXXIII - Coroinha da Confiança

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XXXIII
Coroinha da Confiança
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Deus in adjutorium meum intende.
Domine ad adjuvandum me festina.
Gloria Patri, etc.

I

Ó meu dulcíssimo Jesus, eu venho refugiar-me no teu Coração. Estou aflita com o pensamento de não estar perdoada dos meus pecados, se bem que os tenha confessado e deles esteja arrependida. Oh! Quanto me entristece este pensamento! Quando rezo, quando te adoro, quando te recebo parece-me que ouço de ti exprobrações e ameaças. Será, pois, verdade que eu tenha de refazer todas as minhas confissões?

Capítulo XXXII - Depois da morte

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XXXII
Depois da morte
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AMAR o mundo é realmente uma loucura. Se o mundo se recordasse de mim depois da minha morte, se mostrasse algum pesar de me haver perdido, seria caso para eu sentir alguma pena ao ter de abandoná-lo. Mas, como me tratará o mundo, quando eu deixar de existir?