Mês de Março e as Quartas-Feiras são dedicados a São José

O Mês de Março e as Quartas-Feiras
são dedicados a São José

 

    Quase todos católicos sabem que o mês de maio é dedicado a Nossa Senhora, assim como o mês de junho ao Sagrado Coração de Jesus, mas são poucos os que sabem que o mês de março é dedicado a São José, assim como também todas as quartas-feiras da semana. A origem da devoção no mês de março ao santo Patriarca é devida a pequenos impulsos provenientes de alguns livros que incentivaram a referida devoção e que encontraram ressonância nos fieis devotos. De fato, em 1802, foi impresso para uso da Confraria de uma paróquia de Modena-Itália, um opúsculo “O mês do Lírio, ou seja, o mês de junho consagrado a São José”. Um título estranho, assim como estranho foi o mês escolhido, mas foi o começo de uma prática devocional ao nosso Santo que perdurou mais de 200 anos.

     Contudo, o mês de março se impôs com a publicação em 1810, em Roma, do livro de Marconi intitulado “ O mês de março consagrado ao glorioso Patriarca São José, esposo da Virgem Maria para obter o seu patrocínio na vida e na morte”. São Gaspar Bertoni ficou entusiasmado com esse livro e procurou ler suas meditações durante toda a sua vida passando a recomendar e a celebrar os exercícios de piedade contidos nele, e, por fim, se preocupou com a edição deste em 1844.

     Em seguida, a prática do mês de São José foi aprovada e indulgenciada; primeiro com uma explícita referência de Pio IX, no dia 12 de junho de 1855; “sobre as virtudes do santo patriarca José ao dedicar-lhe o mês de março”, depois, no dia 27 de abril de 1865, com as palavras: ” para que aumente sempre mais a devoção para com o grande patrono celeste e para que este método de oração se propague mais facilmente e amplamente”; e com isso o papa concedeu indulgências a todos que praticassem o exercício de oração e virtudes em relação a São José durante todo o mês de março. O mesmo papa, no dia 4 de fevereiro de 1877, deu permissão para iniciar o mês de São José no dia 16 ou 17 de fevereiro e para terminá-lo no dia 19 de março, dia em que se celebra em toda a Igreja a festa do glorioso Patriarca.

     O papa Leão XIII, na encíclica “Quamquam pluries “ de 15 de agosto de 1889, lembra o salutar costume de dedicar o mês de março a São José com exercícios de piedade e o recomenda a todos os cristãos pedindo que se pratique ao menos um tríduo de oração por ocasião de sua festa.
     Por ocasião do cinquentenário da proclamação de São José como Patrono da Igreja, no dia 25 de julho de 1920, o papa Bento XV em seu Motu próprio Bonum sane pedia a todos os bispos para implorarem a ajuda de São José lembrando-lhes as várias maneiras de devoção dedicadas a ele, especialmente todas as quartas-feiras e o mês de março.

     Da mesma maneira o papa João XXIII, no dia 28 de fevereiro de 1962, lembrava que estava na vigília do mês de março e que este mês era dedicado de maneira particular a São José, guarda puríssimo de Maria e pai putativo do Redentor. Exortava, aos fieis a aproveitarem desta ocasião propícia para seguirem com assiduidade e devoção a pia prática do mês de março em honra a São José.

    O papa João Paulo II em sua exortação apostólica “Redemptoris custos” ensinou que São José é muito mais que uma “piedosa presença” no âmbito das devoções populares, pois ele teve a missão de servir diretamente a pessoa e a missão de Jesus mediante o exercício de sua paternidade, cooperando com o mistério da salvação da humanidade.

    Diante de lúcido pensamento, o mês de março se apresenta como uma oportuna ocasião para conhecer o guarda do Redentor e a ele tributar nossos louvores de devotos josefinos.

     Ainda no que diz respeito a prática da devoção a São José, é preciso dizer que os cristãos desde o século II celebravam os domingos referência a Páscoa e as quartas e sextas-feiras em referência ao dia a prisão e da morte de Cristo; inclusive estes dois dias da semana eram considerados dias de jejum. Mais tarde, a partir do monge Alcuíno, morto em 804, os dias da semana foram coligados com um mistério da salvação em referência a uma virtude ou a um santo e então a quarta-feira passou a ser ligada, dentre outras coisas, à virtude da humildade.

     O nome de São José era celebrado no dia 19 de março, segundo o Missal romano de Pio V, editado no ano de 1570, mas seu nome não era ligado às quartas-feiras. Foi com o jesuíta Paul Barry, que em 1939 publicou um livro sobre a devoção a São José que se consolidou o costume de dedicar um dia da semana a São José, mas este não foi a quarta-feira, mas o sábado. Para justificar essa prática o autor dizia de ”Destinar um dia da semana para honrar de maneira particularíssima São José, e o sábado parece o mais indicado de todos para que ele seja honrado conjuntamente com sua esposa no mesmo dia”. Esta ideia se difundiu, mas é preciso notar que em vários países havia uma corrente de pensamento que propunha a quarta-feira para honrar São José, e esta se tornou mais forte depois do ano de 1650, sem, contudo desaparecer a ideia da prática devocional nos sábados, sobretudo pela razão alegada de “não separar nas orações os esposos de Nazaré”.

     A confirmação da prática da devoção a São José nas quartas-feiras se consolidou, sobretudo pelos incentivos dos papas, como por exemplo, do papa Inocêncio XII que em 1695 concedia indulgências aos membros da Confraria de São José que visitassem na quarta-feira a igreja dos carmelitanos descalços em Bruxelas. Já o papa Bento XIV concedia aos carmelitas descalços da Catalunha em 1745, a permissão de celebrar uma missa solene de São José toda quarta-feira do ano. Da mesma maneira o papa Clemente XIV autorizava aos mesmos religiosos celebrar uma segunda missa solene aos fieis no mesmo dia. O papa Pio VII, em 1819, concedia indulgência para todas as quartas-feiras do ano a quem rezasse nestes dias as Dores e Alegrias de São José. No dia 5 de julho de 1883, o papa Leão XIII confirmava a quarta-feira como dia de São José em toda a Igreja com missa votiva correspondente. O papa Bento XV por ocasião do cinqüentenário da proclamação de São José como Patrono da Igreja Universal enfatizava a importância da consagração de todas as quartas-feiras e dos dias do mês de março consagrados a São José.

     Juntamente com as quartas-feiras dedicadas a São José não faltou também, a partir de 1645, com o carmelitano Antonie de La Mère de Dieu, da região de Avinhão – França, a prática devocional “das quinze quartas-feiras” com meditações sobre os mistérios dolorosos e gozosos de São José. Em 1676 o carmelitano belga Ignace de Saint-François propôs a devoção “das sete quartas-feiras” em honra dos sete privilégios de São José. Esta prática foi incentivada e seguida por várias congregações religiosas. Por fim, Madre Marie-Marguerite de Valbelle no início de 1700, colocava para sua comunidade a prática da “primeira quarta-feira” do mês com o objetivo de obter do santo Patriarca a graça de uma santa morte. Esta prática foi acolhida por Bento XV com indulgência plena para todos fieis que cumprissem esse exercício de piedade josefina.

Pe. José Antonio Bertolin, OSJ

12 de Março - Oração a São José Composta por São Pio X

Indulgência de 300 dias se recitada uma vez ao dia


Glorioso São José, modelo de todos aqueles que são votados ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações; trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos desperdiçados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus, tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, Ó! Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte!
 Amém.


SERMÃO DO TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Fontes Franciscanas
III
SANTO ANTÔNIO DE LISBOA
Volume I
Biografia e Sermões
Livro de 1998
Tradução: Frei Henrique Pinto Rema, OFM


Sermão do Terceiro Domingo da Quaresma

Em louvor da Santíssima Virgem Maria.

1. Naquele tempo, levantando a voz uma mulher do meio da multidão, disse-lhe: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos a que foste amamentado etc1.
 O esposo fala à esposa nos Cânticos2: Ressoe a tua voz aos meus ouvidos, porque a tua voz é doce. A voz doce é o louvor que se tributa à gloriosa Virgem, que nos soa dulcíssima aos ouvidos do Esposo, isto é, de Jesus Cristo, Filho da mesma Virgem. Levantemos, portanto, todos e cada um a voz em louvor da Santíssima Virgem e digamos ao seu Filho: Bem-aventurado o centre que te trouxe e os peitos a que foste amamentado.
 2. Bem-aventurado quer dizer bem aumentado3. Bem-aventurado é aquele que possui tudo o que quer e não quer nada de mal4 Bem-aventurado é aquele a quem sucede tudo segundo os seus desejos5. Bem-aventurado, portanto, o ventre da gloriosa Virgem, que mereceu trazer por nove meses todo o bem, o sumo bem6, a felicidade dos anjos, a reconciliação dos pecadores. Por isso, diz S. Agostinho7: Fomos reconciliados só pelo Filho segundo a carne, mas não fomos reconciliados só com o Filho, enquanto Deus. De fato, a Trindade reconciliou-nos consigo enquanto a mesma Trindade provocou a Encarnação só do Verbo. Bem-aventurado, portanto, o ventre da gloriosa Virgem, da qual escreve S. Agostinho no livro De Natura et Gratia8: Quando se trata de pecados, excetuo a Santíssima Virgem, da qual, por honra do Senhor, não quero absolutamente se faça questão alguma. De fato, sabemos que lhe foi conferida mais graça para vencer o pecado, em todos os aspectos, de maneira que merecei conceber e dar à luz aquele que seguramente não teve pecado algum. Excetuada, portanto, esta Virgem, se todos os santos e santas pudessem reunir-se e lhes fosse perguntado se tinham pecado, que responderiam senão o que diz São João9: Se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nos enganamos, e não está em nós a verdade? – Porém, aquela Virgem gloriosa foi prevenida e cheia de graça singular, para que tivesse como fruto do seu ventre aquele mesmo que de início o universo teve como Senhor10.
3. Bem-aventurado, portanto, o ventre. Dele, em louvor de sua Mãe, diz o Filho nos Cânticos11: O teu ventre é como um monte de trigo, cercado de lírios. O ventre da Virgem gloriosa foi como um monte de trigo: monte, porque nele foram reunidas todas as prerrogativas dos méritos e prêmios; de trigo, porque nele, como em celeiro, por diligência do verdadeiro José, foi posto trigo, para não perecer de fome todo o Egito12. O trigo, assim chamado por se enceleirar quando está puríssimo, ou porque se mói e esmaga o seu grão13, que é alvo no interior e avermelhado no exterior, significa Jesus Cristo14, escondido, durante nove meses, no celeiro do santíssimo ventre da Virgem gloriosa, na mó da cruz esmagado po nossa causa, cândido pela inocência da vida, avermelhado pelo derramamento de sangue. Este bem-aventurado ventre foi cercado de lírios. Lírio, vocábulo parecido ao de leite15, simboliza, por causa do seu candor, a Virgindade da Santíssima Virgem. O seu útero foi cercado de lírios, isto é, cingido pelo vale da humildade16. Estes lírios são a dupla virgindade, interior e exterior. Donde o dizer de S. Agostinho17: O Deus unigênito, ao ser concebido, recebeu verdadeira carne da Virgem, e, ao nascer, guardou na Mãe a integridade da virgindade. Bem-aventurado, portanto, o ventre que te trouxe.

É na verdade bem-aventurado quem te trouxe a ti, Deus e Filho de Deus, Senhor dos anjos, criador do céu e da terra, redentor do mundo. A Filha trouxe o Pai, a Virgem pobrezinha trouxe o Filho. Ó Querubins, ó Serafins, ó Anjos e Arcanjos, adorai reverentemente de rosto baixo e cabeça inclinada o templo do Filho de Deus, o sacrário do Espírito Santo, o bem-aventurado ventre cercado de lírios, dizendo: Bem-aventurado o ventre que te trouxe. Ó terrenais filhos de Adão, a quem esta graça, esta especial prerrogativa foi concedida, compenetrados da fé, compungidos no espírito, prostrados em terra, adorai o trono ebúrneo do verdadeiro Salomão, excelso e elevado18, o trono do nosso Isaías19, dizendo: Bem-aventurado o ventre que te trouxe.
 4. Segue: E os seios a que foste amamentado. Deles escreve Salomão nas Parábolas20: Seja para ti como uma corça caríssima e como um veado cheio de graça: os seus seios te inebriem em todo o tempo; no seu amor busca sempre as tuas delícias. Nota que a corça, como se diz em ciências naturais21, dá à luz em caminho trilhado, sabendo que o lobo evita o caminho trilhado por causa dos homens. a corça caríssima é Maria Santíssima, que em caminho trilhado, isto é, numa estalagem, deu à luz um veado cheio de graça, porque nos deu gratuitamente e em tempo agradável um filhinho. Por isso, lemos em S. Lucas22: Deu à luz o seu filho e envolveu-o em panos, para que recebêssemos a estola da imortalidade23, e reclinou-o num presépio, porque não havia lugar pra ele na estalagem. Comentário da Glossa24: Não encontra lugar na estalagem, para que tenhamos várias mansões no céu. Os seis desta corça, caríssima ao mundo inteiro, hão-de inebriar-te, ó cristão, em todo o tempo, a fim de que, esquecido de tudo o que é temporal, como inebriado, te lances para o que antes de ti existiu25. Mas é muito de admirar que tivesse dito: inebriar-te-ão, quando nos seios não há vinho que inebrie, mas leite agradabilíssimo. Ouve o porquê: O Esposo seu Filho, louvando-a nos Cânticos26, diz: Quão formosa e encantadora és, ó caríssima, entre as delícias! A tua estatura é semelhante a uma palmeira e os teus seios a dois cachos de uvas. Quão formosa és de entendimento, quão encantadora és de corpo, minha mãe, esposa minha, corça caríssima, entre delícias, isto é, entre os prêmios da vida eterna.
5. A tua estatura é semelhante a uma palmeira. Nota que a palmeira em baixo é áspera por causa de sua casca, na parte superior é bela à vista e pelo fruto27, e, como diz Isidoro28, dá fruto quando centenária. Assim a Virgem Maria neste mundo foi áspera na casca da pobreza, mas no céu é bela e gloriosa, porque rainha dos anjos. E mereceu alcançar o fruto centésimo, que se dá às virgens, ela a Virgem das virgens, acima de todas as virgens. Com razão se diz portanto: A tua estatura é semelhante a uma palmeira e os teus seis a dois cachos de uvas.
 O conjunto de frutos reunidos fazem o cacho, por exemplo, de uvas, que nasce, na videira. Desta, na história de José, no Gênesis29, diz o copeiro do rei: Eu via diante de mim uma cepa, na qual havia três varas a crescerem pouco a pouco em gomos e, depois das flores, as uvas amadurecem. Nesta sentença, há sete coisas: a cepa, três varas, gomos, flores e uvas. Vejamos de que modo estas sete coisas convêm egregiamente a Maria Nossa Senhora. A cepa, assim chamada por ter força de ganhar raízes mais depressa, ou por se entrelaçar30, é Maria Santíssima, que, entre os outros, ganhou raízes mais depressa e subiu mais alto no amor de Deus, e de modo inseparável se entrelaçou à verdadeira cepa, ao seu Filho, que disse: Eu sou a verdadeira cepa31. De si mesma disse no Eclesiástico32: Como a cepa, lancei flores de agradável cheiro. O parto da Santíssima Virgem não tem exemplo no sexo das mulheres, mas tem semelhança na natureza das coisas. Perguntas como a Virgem gerou o Salvador. Encontrarás incorrupta a flor da cepa depois de fornecer o cheiro; também crê inviolado o pudor da Virgem por ter dado à luz o Salvador. Que é a flor da virgindade senão a suavidade do cheiro33?

As três varas desta cepa foram a saudação angélica, a vinda do Espírito Santo e a concepção inenarrável do Filho de Deus34. Destas três varas propaga-se, isto é, multiplica-se, pela fé, todos os dias, em todo o mundo, prole sempre renovada de fiéis. Os gomos na cepa são a humildade e a virgindade de Maria Santíssima. As flores são a fecundidade sem corrupção, o parto sem dor. Os três cachos de uvas na cepa são a pobreza, a paciência e a abstinência na Virgem Santíssima; estas são as uvas maduras de que provém o vinho maduro e odorífero, que inebria e, inebriando, torna sóbrios os corações dos fiéis. Com razão se diz, portanto: Os seus seios te inebriem em todo o tempo; e no seu amor busca sempre as tuas delícias, a fim de com o seu amor consigas desprezar o falso deleite do mundo e conculcar a concupiscência da carne.
 6. Refugia-te nela, ó pecador, porque ela é cidade de refúgio. Com efeito, assim como outrora, o Senhor, como se diz no livro dos Números35, separou cidades de refúgio, para nelas se refugiar quem tivesse perpetrado o homicídio involuntário, também agora a misericórdia ao nome de Maria até para os homicídios voluntários. Torre fortíssima é o nome da Senhora. Refugie-se nela o pecador e salvar-se-á. Nome doce, nome que conforta o pecador, nome de bem-aventurada esperança36. Senhora, o teu nome está no desejo da minha alma. E o nome da Virgem, diz S. Lucas37, era Maria. O teu nome é óleo derramado38. o nome de Maria é júbilo no coração, mel na boca, melodia no ouvido39. Egregiamente, portanto, em louvor da mesma Virgem, se diz: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos a que foste amamentado.
 Nota que mamar, em latim, sugere, vem de sumendo agere, porque, enquanto Cristo tomava leite, trabalhava na nossa salvação. A nossa salvação foi o seu sofrimento: susteve o sofrimento corporal, por ter sido alimentado com leite duma Virgem. Por isso, ele mesmo diz nos Cânticos40: Bebi o meu vinho com o meu leite. Por que razão não disseste, Senhor Jesus: Bebi vinagre com o meu leite? Foste aleitado em seios virginais e deram-te a beber fel e vinagre. A doçura do leite transformou-se em amargor de fel, a fim de que o seu amargor nos proporcionasse eterna doçura. Mamou nos seios quem no monte Calvário quis ser lanceado no seio, para que seus filhos pequeninos mamassem sangue em vez de leite. Destes escreve Job41: Os filhinhos da águia chupam sangue.
7. Segue: Mas ele disse: Antes42 etc. Comentário da Glossa: Maria não só deve ser louvada por ter trazido no ventre o Verbo de Deus, mas também é bem-aventurada porque realmente guardou os preceitos de Deus43.
 Rogamos-te, portanto, Senhora nossa, esperança nossa, que Tu, Estrela do mar, irradies luz para nós, feridos pela tempestade deste mar, nos encaminhes para o porto, protejas a nossa morte com a tutela da tua presença, a fim de merecermos sair seguros do cárcere e alegres cheguemos ao gozo infindo. Ajude-nos aquele que trouxeste no teu bem-aventurado ventre, aleitaste nos teus seios sacratíssimos. A ele é devida honra e glória pelos séculos eternos44. Assim seja.
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1.Lc 11, 27.
2.Cant 2, 14.
3.ISID., Etym. XX, 22, PL 82, 370.
4.P. LOMB., Sent. IV, dist. 49, 1, p. 1029.
5.Cf. INOC., sermo 10, PL 217. 356 e Sermo 31, PL 217, 595.
6.Haverá aqui mais reminiscência dos escritos de SÃO FRANCISCO, nos Louvores de Deus Altíssimo, onde se lê: “Tu es bonum, omne bonum, summum bonum”. Cf. 3º Domingo da Quaresma, p. 193.
7.P. LOMB., Sent. III, dist. 1, 3, p. 553, colhido de SÃO FULGÊNCIO DE RUSPAS, De fide ad Petrum, 2, 23, PL 40, 760, que não de St. Agostinho, como se lê em St. Antônio.
8.Cf. AGOST., De natura et gratia, 36, 42, PL 44, 267; P. LOMB., Sent. III, dist. 3, 2, p. 559.
9.1Jo 1, 8 (Vg. muda).
10.O último período é do discípulo de St. Agostinho, SÃO FULGÊNCIO DE RUSPAS, De fide ad Petrum, 2, 17, PL 40, 758, utilizado pelo Mestre das Sentenças P. LOMB., no lugar citado. Este sermão e esta passagem têm sido muito explorados pelos investigadores antonianistas e mariólogos, na tentativa de encontrarem aqui a gênese da doutrina da Imaculada Conceição de Maroa. Entre outros, escreveram especialmente sobre o assunto PINTO REMA, St. Antônio e a Imaculada Conceição, em Boletim Mensal, Braga, Dezembro 1954; LORENZO DI FONZO, La Mariologia di s. Antonio, em S. Antonio Dottore della Chiesa, Vaticano 1947, PP. 103 s; C. BALIC, S. Antonio “Dottore Evangelico” e gli altri dottori della Scolastica Francescana, em S Antº Dottore della Chiesa, pp. 26 s; BENIAMINO COSTA, La Mariologia di s. Antonio di Padova, Padova 1950, PP. 97-123; BALDUINO DE AMASTERDÃO, “Libro IV Sententiarm” Petro Lombardi in “Sermonibus” S. Antonii, in Collectanea Franciscana, 26 (1956) 113-150. No Congresso de Pádua de Outubro de 1981, o grande mariólogo RENÉ LAURANTIN disse: “Quase metade das monografias sobre Maria em St. Antônio de Pádua respeita ao problema da Imaculada Conceição. Ora, não se encontra nele, nem esta expressão, nem o ponto chave do dogma: que Maria foi preservada de todo o pecado, desde o primeiro instante da sua existência”. “St. Antônio não ignorava o problema, posto pela festa da Conceição. Não o resolveu, pode-se afirmar com DI FONZO. Não inovou nesta matéria inextrincável. Como homem tradicional e prudente, debate-se em posição aberta. Se a inclinação do coração vai em direção do futuro, enganar-nos-íamos eliminando a sua ambigüidade. Cf. La Vierge Marie chez St. Antoine,in Actas 1981, PP. 493 e 494.
11.Cant 7, 2.
12.Cf. Glo. Ord., Gen 41, 56.
13.ISID., Etym. XVII, 3, 4, PL 82, 399.
14.Cf. AMB., De institutione virginis, c. 14-15, n. 91-94, PL 16, 341-342.
15.Cf.Cf. ISID., Etym. XVII, 9, 18, PL 82-626.
16.St. Antônio traz “valle humilitatis” em vez de “valla humilitatis”, a recordar Lc 3, 5: Omnis valis implebitur. Cf. GREG., in Evang. hom. 20, 3, PL 76, 1161.
17.A sentença não é de St. Agostinho, sim de seu discípulo SÃO FULGÊNCIO DE RUSPAS, o. c., 2, 17, PL 40, 758. St. Antônio também aqui continua a ter nas mãos P. LOMB., Sent. III, dist. 5, 1, p. 567.
18.Cf. 3Reis 10, 18-20; Cant 3, 9-10.
19.Cf. Is 6, 1.
20.Prov 5, 19 (Vg. muda, omite).
21.Cf. ARIST., De hist. an., IX, 5, 611ª-15-17.
22.Lc 2, 7 (Vg... non erat eis...).
23.Glo. Ord., ibidem.
24.Glo. Int., ibidem
25.Cf. Fil 3, 13.
26.Cant 7, 6-7 (Vg. ajunta).
27.GREG., Moralium XIX, 27, 49, PL 76, 129. RICARDO DE SÃO VÍTOR (Explicatio in Cantica, 37, PL 196, 509) traz duas linhas, aliás já encontradas em São Gregório Magno, como verificou JEAN CHÂTILLON, St. Antoine et lês Victorins, in Actas 1981, p. 191, n. 71. Cf. ainda a Glo. Ord., Cant 7, 7.
28.ISID., Etym. VII, PL 82. 609, fala da palmeira, sem referir o seu fruto centenário. Deste, sim, fala A. NECKAM, poeta e naturalista, De laudibus divinae sapientiae, dist. VIII, 37-38. p. 482. Cf. PLÍNIO, Nat. hist., XIII, 8.
29.40, 9-10.
30.ISID., Etym. XVII, 5, 2, PL 82, 602.
31.Jo 15, 1.
32.Ecli 24, 23.
33.Abade GUERRICO, In Nativitate beatae Mariae, sermo 1, 3, PL 185, 201.
34.Cf. BERN., Sermo in Domenica infra octavam Assumptionis B. V. Mariae, 7, PL 183, 533.
35.Cf. Num 35, 11-14.
36.Cf. Is 26, 8.
37.Lc 1, 27.
38.Cant 1, 2.
39.Cf. BERN., In Cantica sermo 15, 6, PL 183, 847. O que St. Antônio escreve aqui acerca do nome de Maria, São Bernardo afirma o mesmo acerca do nome de Jesus.
40.Cant 5, 1.
41.Job 39, 30 (Vg. Pulli eius lambent...).
42.Lc 11, 28.
43.Glo. Ord., ibidem.
44.As orações, mesmo as marianas, como esta, desembocam sempre em Cristo. “Isto manifesta o cristocentrismo de Antônio e o laço que estabelece entre Cristo e Maria”. A expressão “presença de Maria” já se encontra em SÃO GERMANO DE CONSTANTINOPLA: Ser. 1, In Dormit. 3, PG 98, 344 D, 345A e C; SÃO JOÃO DAMASCENO: Sermo 3 in Dormitione, 19, PG 97, 752 BC; SÃO PEDRO DAMIÃO (duvidoso): Liber salutatoriur, ed. J. Leclercq, em Ephemerides Litirgicae 72 (1958) 303. Cf. R. LAURENTIN, Couri trate sur La Vierge Marie, p. 153, n. 7, e La Vierge Marie chez st. Antoine de Padoue, em Actas 1981, pp. 514-515.

10 de Março - Início da Novena - Sobre o Cordão de São José

Cordão de São José


     O Cordão de São José teve sua origem na Bélgica, mais precisamente, na cidade de Anvers, onde se localizava o convento das Agostinianas. Conta-se que Sóror Isabel Sillevorts foi, em determinada ocasião, atacada do “mal de pedra”, sem que todos os recursos da medicina, empregados para curá-la, surtissem qualquer efeito. Devota de São José, Sóror Isabel, animada da mais firme confiança no Patrocínio deste Glorioso Santo, conseguiu que um Sacerdote lhe benzesse um cordão, cingindo-o à cintura, em homenagem ao grande Patriarca, abandonando, dessa forma, os recursos da terapêutica e iniciando, com todo o fervor, uma Novena de Súplica ao Esposo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus. Alguns dias depois, mais precisamente em 10 de junho de 1649, quando, entre fortes dores, fazia ao Santo as mais ardentes súplicas, Sóror Isabel se vê livre de um cálculo de dimensões muito grandes, ficando, assim, completamente curada. A repercussão do milagre foi muito grande e rápida, fazendo com que aumentasse, nos habitantes de Anvers, a devoção a São José, que já não era pequena. Em 1842, na Igreja de São Nicolau, em Verona, por ocasião dos piedosos exercícios do mês de São Paulo, foi esse fato publicado, causando grande repercussão e muitas pessoas enfermas cingiram-se com o cordão bento e experimentaram o valioso auxílio do Glorioso Patriarca, o Santíssimo José. O uso do Cordão de São José foi crescendo cada vez mais e, hoje, ele não é só procurado para alívio das enfermidades corporais, mas, também, e com igual sucesso, para os perigos da alma. Devemos, também, salientar que, o Cordão de São José é utilizado como uma arma poderosa, contra o demônio da impureza. Devido à sua comprovada eficácia contra os males corporais, espirituais e morais, a Santa Sé autorizou a Devoção do Cordão de São José, permitindo até que fosse usado pública e solenemente. Permitiu, também, a Santa Sé a fundação da Confraria e Arquiconfraria do Cordão de São José, elevando uma delas à categoria de PRIMÁRIA. Em setembro de 1859, dando provimento a uma petição do Bispo de Verona, a Sagrada Congregação dos Ritos aprovou a fórmula da Bênção do Cordão de São José.
     O cordão de São José deve ser feito de linho ou algodão bem alvejado. A pureza e a alvura desses materiais indicam a candura e virginal pureza de São José, Castíssimo Esposo da Virgem Mãe de Deus. Numa das extremidades leva sete nós que representam as sete dores e alegrias do Glorioso Patriarca. Por fim, deve ser bento com a bênção própria, por sacerdotes que tenham faculdades para isso.
     O cordão de São José, desde que esteja devidamente bento, pode ser usado cingido à cintura (o cordão maior) sobre ou abaixo da roupa, pulso (o cordão menor), pode, também, ser usado no carro, nos livros escolares, na carteira de documentos, na carteira de motorista, no travesseiro etc. Pode, também, ser colocado na cabeceira da cama ou bem guardado, para, por ocasião de dores ou sofrimentos físicos, aplicá-lo com fé e confiança na parte enferma do corpo, como se costumam fazer com medalhas.
Quem usa habitualmente o cordão de São José recebe a graça da boa morte.
Quem traz constantemente o cordão consigo tem a proteção, especialmente na guarda e defesa da sublime virtude da Castidade, em qualquer de seus três graus e categorias (castidade dos esposos, dos solteiros e dos consagrados).
     É de surpreendente efeito para as gestantes, que o levam cingido, protegendo-as em perigo de aborto, nos partos difíceis, etc., como o atestam centenas de testemunhos.
   Deve-se rezar diariamente 7 Glórias em honra das dores e alegrias de São José, ou qualquer outra oração a São José.
     O Papa Pio IX enriqueceu esta fácil e benéfica devoção, com várias indulgências plenárias e parciais.

Dias nos quais se lucram indulgências plenárias trazendo consigo o
Cordão de São José



  • No dia do recebimento do Cordão;
  • No Natal (25/12);
  • Na Festa de Nossa Senhora Mãe de Deus e Circuncisão (01/01);
  • Na Festa de Reis (06/01);
  • Na Festa dos Esponsais de São José (23/01);
  • Na Festa de São José (19/03);
  • Na festa de São José Operário (01/05);
  • Na Festa da Assunção de Nossa Senhora (15/08);
  • Na Festa do Imaculado Coração de Maria (22/08);
  • Na Festa da Páscoa;
  • Na Festa da Ascensão;
  • Na Festa de Pentecostes;
  • Na Festa de Corpus Christi;
  • Na Festa do Sagrado Coração de Jesus e
  • Em perigo de morte.

Condições para ganhar as indulgências plenárias


a) Confissão;
b) Comunhão;
c) Um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai, nas intenções do Santo Padre o Papa.

9 de Março - Mês Dedicado a São José

Da Jornada que São José fez a Belém com a Virgem
Para Obedecer ao Edito de Cesar

FONTE

              Havia já a soberana Senhora chegado ao nono mês da maravilhosa Conceição do Verbo Divino, quando se publicou em Nazaré a notícia de que mandava Cesar Augusto, imperador segundo dos romanos, que naquele tempo regia grande parte do mundo conhecido, e gozava de suma paz no seu império, que todos os seus vassalos se alistassem naquelas cidades onde tinham sua origem, a fim de pagarem certo tributo em sinal de reconhecimento e vassalagem.
            Remeteu o Imperador esta ordem a Quirino, Governador da Síria, o qual, por edito público, a fez promulgar em todas as províncias da sua jurisdição.
            Para obedecer pronto a este decreto, viu-se São José obrigado a passar a Belém, que era o solar de toda a estirpe régia de Davi, donde o Santo procedia.
            Este era o ambicioso projeto do Imperador Augusto; mas a providência incompreensível de Deus dispôs que juntamente fosse Maria Santíssima, não sendo obrigada, com seu esposo São José, não só para que ali nascesse o Verbo Divino humanado, segundo a profecia de Miquéias, que no capítulo 5, versículo 3, claramente anunciara que o Messias havia de ter Belém por pátria, mas para ficar por aquele meio descrito, nos fatos romanos, a família e progênie de Jesus Cristo enquanto homem, de cujo assentamento se valeram São Justino Mártir e Tertuliano para convencerem os ímpios.
            Distava Belém de Nazaré trinta léguas com pouca diferença, indo a Virgem Maria montada em um jumento, que São José guiava, e acompanhados de um boi, para suprir com a venda da carne do mesmo os gastos do tributo e da viagem e para solenizar o dia em que nascesse feito homem o Primogênito do Pai Eterno, distribuindo-a pelos pobres.
            Seriam cinco horas da tarde do dia quinto da sua jornada, quando São José e a Virgem chegaram a Belém, e entrando na cidade para buscarem abrigo, e descansarem de tão larga viagem, não foi possível achar aposento. Seguia a honestíssima Rainha e seu Esposo, de porta em porta, procurando agasalho entre o tumulto de muita gente que ali havia concorrido para obedecer ao Decreto do Imperador romano.
            Caminhando pela cidade, chegaram à casa onde estavam os oficiais do registro público, e ali se alistaram e pagaram o competente tributo. Logo prosseguiram em sua diligência, buscando cômodo em outras muitas casas, mesmo de parentes e amigos, e em todas respondiam ao pacientíssimo São José, como diz São Lucas, que não havia lugar para se hospedarem.
            Grande foi a aflição da Senhora, vendo-se entre tanta multidão de gente contra o seu gênio modesto e retraído; porém, o Santo e fidelíssimo São José sentia muito mais aquela extrema impossibilidade, em que se via, de não poder acomodar sua Santíssima Esposa, donzela tão delicada, que ainda não tinha feito quinze anos, a quem ele amava, e venerava sobre tudo, vendo estar tiritando, em uma noite tão fria, a formosura dos Anjos, exposta a todos os rigores do tempo, sem descanso, sem casa, sem abrigo; mas, sem dúvida, não foi pequena a glória para o nosso Santo achar-se entre as trevas da noite, aspereza da estação, desprezo dos parentes, e, desamparado dos amigos, ser ele só o único e fiel amparo e consolação da Rainha dos céus e Senhora do mundo.
            A ingratidão dessa gente deu motivo a que São José e sua Esposa para sair da cidade e procurarem uma caverna, que estava junto aos muros, para a parte do Oriente, na qual, como receptáculo comum, costumavam albergar-se os pastores e pobres peregrinos. Esta concavidade estava aberta no penhasco, e a ela seguia-se outra que servia de redil com uma manjedoura feita na mesma penha.
            Uma vez entrados, os santos Esposos puseram-se de joelhos, dando graças ao Senhor pelos altos juízos, com que dispunha os seus Mistérios, e logo começaram ambos a limpar a gruta com grande e santa emulação. São José acendeu uma pequena fogueira porque o frio era grande, e acercaram-se dela para receber algum calor, e do pobre sustento, que levavam, comeram, ou cearam com incomparável alegria de suas almas. Depois deram graças a Deus, e a Virgem rogou a seu Esposo José que se recolhesse a descansar e dormir um pouco, pois já era alta noite.
            Nessa ocasião, entra também a Virgem em êxtases e, de repente, radiante de felicidade, aperta nos braços contra o peito um menino, seu filho. Veio, como vêm os raios do sol, como a luz atravessa o cristal e o ilumina com seus raios, fazendo sobressair a sua transparência e pureza.
            Pura, sem mácula, antes do parto, pura e sem mácula ficou depois.
            Voltando a si do êxtase, ouviu São José o vagido de uma criança e correu pressuroso para junto de sua Virginal Esposa, encontrando-a com seu divino Filho nos braços.
            Foi São José o primeiro homem que mereceu e gozou, neste mundo, ver, com os próprios olhos, nascido o que não tem princípio, o imenso reduzido a lugar, o resplendor do Pai Eterno disfarçado na fraqueza humana.
            A Virgem depôs seu divino Filho sobre as palhas da manjedoura, tendo por travesseiro uma pedra que cobrira com panos e que ainda se mostra na Terra Santa e é reverenciada e beijada, com devotas lágrimas, pelos peregrinos.
            Junto estavam o jumento em que tinha viajado a Virgem e o boi que os Sagrados Esposos levaram para festejar o nascimento, e que com seus bafos aqueciam o divino recém-nascido. Sendo muito o frio, a Virgem Maria cobriu o tenro corpo do Menino com o seu véu, e São José com a sua capa.
            A alegria e júbilos que teria a soberana Senhora com o nascimento de seu amado Filho, não há entendimento ou língua que o possa compreender ou declarar vendo a Deus incriado nascido no tempo, ao Deus imenso e insensível apertado em seus braços, já adorando-o como Senhor, já beijando-o como Menino; e sendo também incompreensíveis as consolações celestiais, que, nesta ocasião, recebeu o bem-aventurado São José. Alegrava-se o Santo, vendo aquela joia divina, que o Pai Eterno lhe havia confiado, e considerando-se enriquecido com tão altos títulos de que Deus o havia feito participante na pessoa de seu Filho, repartindo com ele a dignidade real e fazendo-o não só guarda, aio e camarista do Rei da Glória, mas também pai legal por o haver adotado como Filho, e Filho de sua Esposa, gerado por obra e graça do Espírito Santo.
            Alegrava-se pelos bens incomparáveis de sua Esposa, tomando em seus braços a Jesus, doce prenda, em que estava recopilada toda a onipotência do Pai Eterno, que, ainda que pequenino no corpo, não só enchia todo o mundo, mas vinha para o reparar.
            Alegrava-se e também se confundia, vendo que, no segredo desta dignidade suprema de pai de Cristo, que o Altíssimo lhe concedera por um privilégio de graça mui especial, não só ficara excedendo a Patriarcas, Profetas, Evangelistas e Apóstolos, mas a todas as criaturas até as angélicas, pois que a Mãe e o Filho de Deus, elegendo-o para esposo e pai, quiseram, de algum modo, ser menos que ele.

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A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.