14o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Compaixão da Santíssima Virgem


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria não tinha pecado a expiar, nem original, nem atual; não recebera de Deus, como Jesus, o fardo de nossas iniquidades; e como foi então que sofreu tanto em sua vida, durante a qual teve incessantemente diante dos olhos o quadro da morte de seu Filho? E porque, principalmente, teve de suportar o martírio do Calvário?
É que o sofrimento é a lei do amor; foi o amor de Maria que teceu o seu martírio, e porque amava mais do que todas as criaturas, sofreu um martírio incomparável.
Outra razão do sofrimento é que ele é a glorificação atual de Jesus Cristo em nós; padecendo, continuamos e completamos o seu sacrifício.
No caso de Maria, existe ainda o motivo de que a glória da maternidade deve ser conquistada pelo sofrimento. Ao dar à luz o seu Filho imaculado, Maria foi isenta desta lei: mas, quando se tratou de tornar-se nossa Mãe e nos fazer nascer à vida da graça, teve de experimentar-lhe todo o rigor. Quanto sofreu Jesus Cristo para nos regenerar?! Pois bem, Maria sofrerá com Ele, imóvel ao pé da Cruz, partilhando em seu coração todos os tormentos da Paixão a fim de se tornar nossa Mãe adotiva.
Estudemos a participação de Maria nos sofrimentos de Jesus; avaliemos, se nos for possível, a parte que tomou neles.

II. Graças a uma luz sobrenatural. Maria pode contemplar Jesus no jardim das Oliveiras; acompanhou a sua oração, a sua tristeza, a sua agonia, tanta era a identidade de vida e de amor que reinava entre esses dois corações!
Em seguida, vê Jesus atraiçoado por Judas, abandonado por todos, renegado por São Pedro, sozinho diante dos juízes, sem um defensor, esbofeteado indignamente e tratado como um louco! Pobre Mãe! Como lhe deve ter sido cruel esse abandono total! É possível?! Ninguém, nem ao menos um, dentre os amigos de Jesus, toma a sua defesa? Ninguém se atreve a reconhecê-LO!
E quando São João lhe veio narrar as cenas do julgamento , em casa de Pilatos, e a iníqua condenação à morte, quanto deve Ela ter sentido o coração se espedaçar de dor!
Maria se dirige então à praça do Pretório, ouve os golpes da flagelação, vê Jesus comparado a Barrabás e, da sacada, apresentando ao povo como um vil malfeitor; chega-se aos ouvidos o Ecce Homo e os clamores ferozes da impiedosa multidão: Tolle, tolle, crucifige!    Que seja crucificado... que seja crucificado!... E para arrebatar aos verdugos o seu Filho, essa pobre Mãe não dispõe de outro recurso que as suas lágrimas!

III. Segue-O depois ao Calvário; com Ele se encontra na via dolorosa, inundada de seu sangue; e ambos reúnem, num só e mesmo Sacrifício, numa completa e mesma resignação, os seus olhares, os seus corações, o seu sofrimento! (Jo. XIX. 25.)
Eis, afinal, Jesus no alto do Calvário (Jo. XIX. 25.) Maria O contempla cruel e desumanamente despojado de Sua túnica; depois, estendido sobre a Cruz, e ouve as marteladas com que traspassam seus divinos pés e suas mãos. Que espetáculo para um coração de mãe! Bem se pode dizer que Maria foi também crucificada, e que a repercussão dos golpes lhe imprimiu estigmas.
E a Virgem Dolorosa assiste o levantamento da cruz; segue com os olhos o seu Filho, e apenas fixada a cruz, essa corajosa Mãe, desafiando todos os obstáculos, se aproxima, e se coloca aos pés do ignominioso madeiro de onde pende o seu Jesus. Contempla-O, mergulhada num oceano de dores; cada um dos sofrimentos de seu Filho repercute em seu coração; sua alma está por assim dizer colada às chagas de Jesus, e se bem que Ela se revele mais forte do que a morte, está mais crucificada por sua união a Jesus do que por todas as mortes e martírios.
Maria escuta cada uma das palavras de seu Filho; recolhe-as no coração, para no-las repetir. Vê correr o seu Sangue, extinguir-se-lhe a vida; ouve, sem que O possa aliviar, Jesus pedindo que lhe deem de beber. Que dor profunda para essa pobre Mãe! E finalmente, ouve Jesus se queixar de ter sido abandonado por seu próprio Pai Celestial! Agora, eis que seu amantíssimo Filho exala o último suspiro. Que fará Maria? Agonizará de dor e de amor. Receberá em seus braços o sagrado Corpo de Jesus, abraçando-O com ternura de Mãe, como verdadeira cristã, e O adorando com ardente fé; e depois O sepultará, como a viúva desolada ao seu filho único. Só então é que Ela há de chorar.
Maria vai passar o resto de sua vida a recordar as dores da Paixão, a fim de renovar seu martírio e a glória que os seus sofrimentos rendem a Deus. Percorrerá ainda a Via Dolorosa, sendo a primeira a nos ensinar a devoção da Via Sacra, tão piedosa, tão eficaz junto a Jesus, e de tanto proveito para a alma.

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O Calvário Perpétuo

Maria chorava e sofria ao pé da Cruz. E quais os seus sentimentos de dor ao ver sobre os nossos altares o seu Divino Filho novamente ultrajado e tratado com mais desprezo ainda que outrora no Calvário?
A Irmã Maria do Crucifixo, de Palma, na Sicília, ouviu certa vez, no momento em que um Sacerdote sacrílego se dispunha a celebrar a Santa Missa, uma trombeta semelhante a um trovão, fazendo repercutir estas palavras: "Ultio, paena, dolor!" Vingança, castigo, suplício! E viu ao mesmo tempo anjos empunhando um gládio, em atitude de desferir o golpe sobre o infeliz. Ao serem pronunciadas as palavras da consagração, pareceu-lhe que Jesus, como um cordeirinho manso, se deixava dilacerar pelos dentes de um lobo cruel, e, na comunhão, o céu se obscureceu, os anjos choravam em redor do altar, e a Santíssima Virgem se mantinha ao lado de seu Filho, derramando lágrimas e como que absorta na imensa dor que lhe causava a morte de seu inocente Jesus, bem como a perda espiritual desse filho ingrato que O imolava com tanta crueldade.
(Santo Afonso de Ligório, Selva)


PRÁTICA — Reparar por todos os meios possíveis, em união com a Santíssima Virgem, os sacrilégios que se cometem contra a Eucaristia.

JACULATÓRIA — Ó Mãe de amor, fazei-nos sentir a imensidade de vossa dor à vista de Jesus ultrajado no Seu Sacramento.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

13o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Vida da Sagrada Família
(Luc. II, 51.)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS
V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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Meditemos a vida da Sagrada Família, isto é, a vida de Maria e José em Jesus.

I. Jesus era o centro do amor de Maria e de José: onde se encontra o corpo, as águias se ajuntam; onde está o tesouro, aí está o coração. Jesus constituía, portanto, o centro desses ditosos pais. Era-lhes indiferente estar em Belém, ou em Nazaré, ou no Egito; possuir Jesus era tudo para eles; no seu divino Filho habitavam seus corações.
Com que pressa, com que alegria e felicidade, São José, quando obrigado a se ausentar, regressava à sua casa, onde o esperava o Menino Deus! Mas Ele não perdia o tempo que passava longe de seu Filho! Sabia muito bem que Jesus era o amor divino Encarnado! ...
Assim também, minha casa, minha família, meu centro deve ser a Eucaristia, o Tabernáculo mais próximo do lugar onde moro; a exemplo de Maria e José, somente aí me devo sentir bem.

II. Jesus constituía a finalidade da vida de Maria e de José; somente para Ele viviam e trabalhavam. Oh! com que prazer o bondoso São José labutava para lhe ganhar o pão cotidiano, como também para a sua divina Mãe! Que contentamento lhe dava, em vista disto, o salário de seu trabalho, cujas dificuldades se lhe tornavam agradáveis porque tinham a Jesus por objeto!
De igual modo Jesus Eucaristia deve ser o alvo e o gozo de minha vida, a alegria e a felicidade de meu trabalho; que vida pode haver mais bela do que essa, em companhia de Jesus Sacramentado?

III. Jesus era o alimento contínuo da vida de união e de amor de Maria e de José. Sentiam-se tão felizes em contemplá-LO, ouvi-LO, assistir o seu trabalho, e em admirá-LO a obedecer e orar! Jesus fazia tudo tão bem!
Sua maior felicidade consistia, porém, e mui particularmente, na contemplação do interior de seu Filho, no estudo de suas intenções, no conhecimento de seus afetos e nos motivos de suas virtudes. Viam-nO sempre procurar e preferir as ocasiões de praticar a pobreza, a obediência, a mortificação; contemplavam suas humilhações e seus aniquilamentos, e admiravam a fidelidade com que Ele tudo referia à maior glória de seu Pai, sem se reservar, como homem, qualquer louvor e honra, dirigindo tudo à Divindade.
Jesus, Maria e José visavam uma única coisa na vida: glorificar o Pai Celeste.
Eis, portanto, o que tenho a fazer. E para isto é mister entrar em comunicação com Maria e José, reproduzindo-lhes a vida, esta vida de família, vida íntima, cujo segredo só Deus conhece.
Oh! como é feliz a alma quando contempla o interior da Sagrada Família, procurando ouvir tudo o que aí se dizia, e ver o que se fazia; em resumo, ler o Evangelho familiar de Jesus! Oh! que belos serões os de Nazaré, mil vezes ditosos, passados em colóquios e orações celestiais! Certamente Jesus explicava então a Maria e a José tudo quando d’Ele narravam as Escrituras; lhes revelava o Calvário e todas as cenas humilhantes e dolorosas por que devia passar; talvez lhes mostrasse mesmo nas mãos o lugar dos pregos, afim de iniciar sua Mãe e seu Santo Guarda na prática das virtudes do Calvário. Provavelmente lhe falava ainda da Igreja, dos Apóstolos, das Ordens Religiosas que se consagrariam à sua glória, bem como à deles, e posso crer que lhe falava de mim, de minha miséria e do imenso amor que me dedicava.
Nazaré se transformara no céu do amor e no paraíso do segundo Adão e da nova Eva; o céu das mais excelsas virtudes, do mais santo amor. Que delicioso perfume se evolava até o trono de Deus desse vergel encantador, onde floresciam o Verbo Encarnado, Maria, e o justo José! O Pai Celeste encontrava nele as suas complacências, e os anjos se extasiavam diante dele; quanto a mim, quero nele encontrar o amor da vida piedosa e recolhida em Jesus, Maria e José.

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Os Dois Guardas da Virgem

Deus, ao conceber desde toda a eternidade o ideal da vida de Maria, elegeu dois homens justos que deviam, sucessivamente, servir de guardas desta Virgem incomparável, e, em vista da sublimidade da missão que lhes havia de confiar, mostrou-lhes o caminho de uma santidade eminente e mesmo excepcional.
Que traços de semelhança entre esses dois personagens! Destinados a viver na intimidade de uma Virgem, era necessário que ambos fossem de uma santidade resplandecente; daí serem eles ornados da auréola da virgindade.
Um, resume em sua pessoa as mais cintilantes glórias da antiga aliança: é o herdeiro da dignidade dos Patriarcas, o possuidor dos bens prometidos pelos profetas. O outro, é a síntese das mais augustas dignidades da nova aliança: é apóstolo, pontífice, e, mais tarde, evangelista, profeta e mártir.
Honramos, no primeiro, o esposo legal da Santíssima Virgem; no segundo, seu filho na ordem da graça. Um, foi o guarda de Maria antes e durante o tempo em que Ela possuía Jesus; o outro, quando Jesus lhe foi arrebatado. A um foi concedida a graça de estreitar o Filho do homem ao coração; ao outro, o favor de repousar a cabeça sobre o seu Coração.
Um deles alimentou Jesus com o fruto de seu trabalho; o outro se nutriu de Jesus na última Ceia, onde sorveu o amor em sua própria fonte.
Finalmente, o primeiro acompanhou Jesus e Maria, com fidelidade, nos mistérios da infância de seu bendito Filho; estava no Templo, ao lado do Sacerdote e da Virgem durante a oblação da grande Vítima; o outro, com igual fidelidade, acompanhou Jesus e Maria nos últimos mistérios da Redenção: ao pé do altar da Cruz ele se achava então, ao lado do mesmo Sacerdote e da mesma Virgem, durante a consumação do sacrifício.
Homens incomparáveis, esses, a quem Deus confiou os seus tesouros mais preciosos! Suas mãos foram dignas de locar o Verbo da Vida e de servir sua Santa Mãe; eis porque todos os séculos, penetrados de reverência, celebrarão sua felicidade e honrarão suas virtudes.
(Mons. Van den Berghe. Maria e o Sacerdócio).

PRÁTICA — Conservarmo-nos com sumo respeito na presença do Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — Ó Maria! que servistes o Deus da Eucaristia, sede nossa Mestra divina nesse amável serviço!


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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

12o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Jesus Apresentado no Templo por Maria
(Luc. II, 22.)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Nosso Senhor não quer tardar em se oferecer publicamente a seu Pai; quarenta dias após seu nascimento, inspira à sua Mãe que O conduza ao Templo. Maria leva seu filhinho nos braços; vai oferecê-LO ao seu Pai, e resgatá-LO por duas pombinhas; Jesus quis que o seu resgate fosse feito com estas avezinhas, que nos manifestam sua pureza e simplicidade.
Grande mistério vai se realizar então. As alegrias e a felicidade da Ssma. Virgem vão terminar nesse dia. Ouvi as palavras do ancião eleito por Deus; "Este Menino será como um sinal de contradição, para a ruína e a ressurreição de muitos; e a vós, ó Mãe, uma espada de dor vos traspassará a alma."
Porque resolve a Ssma. Trindade, um Deus tão bondoso, revelar um mistério de tanta amargura a essa jovem mãe de quinze anos, ainda inebriada com as alegrias do nascimento de seu Filho? Maria sai pela primeira vez e é logo informada do gênero de morte reservado a seu Filho querido. Oh! Seu coração tudo compreende, e desde esse dia, tanto no Egito como em Nazaré, onde quer que Jesus esteja, o Calvário se apresenta a Maria; vê continuamente o seu Filho crucificado.   É que, em geral, quando a alma não é forte na virtude, Deus a deixa dormitar numa espécie de segurança, porém quando encontra uma alma ardorosa, se apressa em crucificá-la para que resplandeça nela a sua glória: o amor refulge no sofrimento. E Maria o aceita. Desde esse momento o tema de seus colóquios com Jesus é o Calvário, a sua Paixão, a sua Morte; a sua alma tem bastante força sobrenatural para suportar um Calvário de trinta e três anos! Compreende-se bem toda a amargura que encerram estas palavras: "Uma espada de dor traspassará vossa alma." E vão se revelando a Maria os mais pequeninos detalhes dos sofrimentos de seu Filho; seu pensamento se fixa neles, e assim, a partir desse dia, se torna a Rainha dos mártires.

II. Qual o fruto que devemos colher deste mistério da Apresentação de Jesus por Maria? — Que não havemos de nos consagrar ao serviço de Deus somente para gozar, para fruir consolações e desfrutar um sossego e tranquilidade inalteráveis. É verdade que Jesus disse: "Tomai o meu jugo, que é suave, e meu fardo leve"; mas Ele disse também: “Aquele que não tomar a sua cruz todos os dias e não me seguir, não é digno de mim.”
Que fazer, então? Oferecermo-nos em união com Maria, nossa Mãe, consagrarmo-nos a Deus aceitando todas as cruzes, penas e sofrimentos que Ele se dignar enviar-nos. Quando a alma se entrega ao serviço de Deus recebe, nos primeiros tempos, consolações, e experimenta doçuras sensíveis. Há muitas almas que, desgostosas do mundo, onde encontraram somente decepções, abraçam a vida de piedade em procura de paz e de consolação; nada mais desejam no serviço de Deus, porém O servem somente enquanto as favorece com essas divinas suavidades. Quando Ele se esconde e quer substituir por um alimento mais forte esse pão de crianças, essas almas se perturbam, esmorecem, e se deixam dominar pelos escrúpulos; e assim, torturam a imaginação querendo conhecer o motivo do que supõem ser um castigo; pensam que suas confissões não foram sinceras, que fizeram Comunhões mal feitas, e tudo isso com o fim de encontrar em si a causa dessa mudança. E não a podendo descobrir, desanimam, e, finalmente, abandonam os exercícios de piedade.
É certo que não devemos desdenhar as consolações divinas. Quando Deus no-las enviar, consideremo-nos ditosos em recebê-las; porém não as procuremos com afã, pois as doçuras, as graças sensíveis, passam; somente Jesus permanece para sempre. Muitos santos foram favorecidos por Deus com doçuras, êxtases e raptos, porém, quanto sofreram! O Senhor lhes concedia tais favores de quando em quando como recompensa de suas cruzes e como um incentivo para sofrerem ainda mais por seu amor. É pelo sofrimento que nos santificamos; é pela cruz e pelas provações que a alma se fortalece, desprendendo-se de si mesma; então, não mais procura o seu próprio prazer no serviço de Deus mas unicamente Deus, e Deus só.
Eis a lição que se depreende do mistério da Purificação de Maria e da Apresentação de Jesus no Templo. Procuremos pô-la em prática, se nos queremos tornar dignos da augusta Vítima que contemplamos incessantemente no Santíssimo Sacramento, e de sua divina Mãe, que com tanta generosidade nô-la ofereceu!

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A milagrosa dedicação do Santuário de Nossa Senhora dos Eremitas

Em setembro de 948, o abade de Einsiedeln, Eberhard, pediu a São Conrado, Bispo de Constância, a cuja diocese pertencia Einsiedeln, que se dignasse fazer a consagração da Igreja de sua abadia. O Prelado, atendendo a solicitação, dirigiu-se ao Convento em 13 de setembro, acompanhado do santo bispo de Augsbourg, Ulric, e de uma comissão de cavalheiros da sociedade. No dia seguinte, fixado para a cerimônia, São Conrado e alguns religiosos se dirigiram à Igreja, alta noite, e se puseram em oração. De repente, viram que a Igreja se iluminara de uma luz celeste, e que o próprio Jesus Cristo, acolitado pelos quatro evangelistas, celebrava no altar o ofício da Dedicação. Anjos esparziam perfumes à direita e à esquerda do Divino Pontífice; o apóstolo São Pedro e o papa São Gregório seguravam as insígnias do pontificado; e diante do altar se achava a santa Mãe de Deus, circundada de uma auréola de glória. Um coro de anjos, regido pelo arcanjo São Miguel, fazia vibrar as abóbadas do templo com seus cantos celestiais; Santo Estevão e São Lourenço, os mais ilustres mártires diáconos, desempenhavam as suas funções. São Conrado refere em uma de suas obras as diversas exclamações dos anjos no canto do Sanctus, do Agnus Dei e do Dominus Vobiscum final. Ao Sanctus, entre outras, diziam eles; "Tende piedade de nós, ó Deus, cuja santidade refulge no santuário da Virgem gloriosa. Bendito seja o Filho de Maria, que vem a esse lugar para reinar eternamente!"
Embora maravilhado com semelhante aparição, o Bispo continuou a rezar até onze horas do dia. E o povo esperava com ansiedade o início da cerimônia, sem que, no entanto, alguém ousasse indagar a causa dessa demora.
Afinal, alguns religiosos se acercam do Prelado e lhe pedem que comece a solenidade. Mas Conrado, sem deixar o lugar onde rezava, conta com simplicidade tudo o que presenciara e ouvira. Sua narração fez supor que ele estivesse sob a ilusão de um sonho. Finalmente, o santo Bispo, cedendo às instâncias de todos, dispôs-se a proceder a consagração da Igreja. Foi então que aos ouvidos do fiéis ecoaram estas palavras, pronunciadas por uma voz estranha, que repercutiu em toda a assembleia, dizendo mais de uma vez, na linguagem da Igreja: "Cessa, cessa, frater! Capella divinitas consecrata est: Detende-vos, detende-vos, meu irmão, a capela já foi divinamente consagrada."
Dezesseis anos mais tarde, São Conrado, Santo Ulrico e outras testemunhas oculares do acontecimento, encontrando-se reunidos em Roma, prestaram acerca dele um solene testemunho. E depois de todas as necessárias informações jurídicas. Leão VIII deu publicidade ao fato por meio de uma bula especial, que foi confirmada pelos papas Inocêncio IV, Martinho V, Nicolau IV, Eugênio VI, Nicolau V, Pio II, Júlio II, Leão X, Pio IV, Gregório XIII, Clemente VII e Urbano VIII. E, a 15 de maio de 1793, Pio VI ratificou os atos de seus predecessores, a despeito dos céticos, sempre prontos a duvidar do que lhes não convém, e cheios de credulidade absurda para com o que os lisonjeia.
(Descrição do Convento e da abadia de Einsiedeln).

PRÁTICA — Em união com Maria, nos oferecermos a Jesus, Vítima de amor em nossos altares, para tudo quanto Ele desejar de nós.

JACULATÓRIA — Sede bendita, ó Maria! Vinha fecunda que nos deu o Vinho Eucarístico!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

11o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Maria em Belém
(Luc. II. 1 e seg.)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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O mistério de Belém é cheio de doçura e de amor. Pode-se dizer que Jesus se manifesta nele mais amável do que no Calvário. Penetrai bem nas disposições da Santíssima Virgem.

I. Uni-vos à sua expectativa antes do nascimento de seu Filho, nas horas que precedem esse feliz acontecimento; a seu exemplo, redobrai de fervor e de amor; uni-vos ao seu recolhimento, e lede em suas disposições esta sublime lição: que é necessário servir a Nosso Senhor como Ele deseja ser servido e não como nós queremos.
Com efeito, Nossa Senhora tinha conhecimento, pelas profecias, de tudo o que seu divino Filho deveria sofrer, e antecipadamente se dispunha a serví-LO como Ele quisesse e a seguí-LO por toda a parte; imitai essa verdadeira dedicação, esse ardente amor.
Devia parecer muito natural a Maria que Jesus nascesse num belo palácio, ou, pelo menos, como a maioria das crianças, num certo conforto. Mas não há de ser assim; Ele nascerá numa gruta, na concavidade de uma rocha, onde Maria e José, repelidos por todos, se refugiaram. A desolação de São José deve ter sido profunda; como chefe de família, cabia-lhe o dever de encontrar um abrigo para sua santa Esposa, e é fácil de imaginar a sua ansiedade e o seu desconsolo quando, rechaçado em toda a parte, viu-se obrigado a conduzir Maria, no momento de dar à luz, a esse pobre recanto. Maria, porém, se reputava feliz mesmo no meio dessas repulsas: possuía Jesus em seu bendito seio, e sabia que era Ele próprio quem permitia serem assim repelidos e ignorados, e os conduzia ao estábulo onde determinara nascer.
É sempre deste modo que Deus realiza seus desígnios. O homem se agita, procura recursos humanos, e quando esgotou em vão todos os meios, o Senhor o conduz onde Lhe apraz. Deus permite que solicitemos debalde o auxílio do homem a fim de que, como Maria e José, nos entreguemos a Ele, e deixemos que nos conduza. É pela prática deste santo abandono que melhor experimentamos a bondade de Deus, que então cuida de nós, e nos aproximamos d’Ele como os filhos se acercam de seus pais, sem a menor inquietação. Quando, pelo contrário, somos bem sucedidos, procedemos de outro modo: embora a Providência se manifeste claramente, confiamos muito mais em nossos próprios recursos do que nos auxílios divinos. Os Israelitas recebiam maiores favores no deserto do que na terra prometida, e Deus estava mais perto deles; Jesus também se mostrou mais atraente em seu presépio de Belém ou na casinha de Nazaré do que em sua vida pública, entre as inúmeras maravilhas que operava.

II. E quando Jesus nasceu, oh! avaliai, se puderdes, as adorações, as homenagens, os carinhos de Maria para com seu divino Filho! Adorai a Jesus repousando em seus braços ou adormecido em seu regaço. Que belo ostensório, fabricado com esmero pelo próprio Espírito Santo! Que pode haver de mais belo do que Maria, mesmo considerada só no exterior? É o lírio puríssimo, o lírio do vale, cândida como ele, e que germinou em uma terra imaculada. Maria é o paraíso de Deus! Vede qual a flor que nele desabrocha: Jesus, a flor de Jessé!; o fruto que produz: Jesus, o trigo dos eleitos! Penetrai na alma de Maria, contemplai-lhe a beleza, capaz de fazer nossa felicidade eterna, quando a conhecermos bem! Quanto se deleitou Deus em embelezar Maria! Eis o ostensório do Verbo nascido! Eis o canal por onde nos vem Jesus!
Oh! sim, a Eucaristia começa em Belém e entre os braços de Maria. Foi Ela que trouxe à humanidade faminta o único pão que a poderia saciar, e será ela quem no-lo conservará! Ovelha divina há de sustentar com seu leite virginal o Cordeiro cuja carne vivificante será o nosso alimento um dia. Prepara-O para o sacrifício, pois seu destino lhe foi desde já manifestado, e dentro de poucos dias será mais confirmada na certeza de que Ele nasceu unicamente para ser imolado. Maria aceita esta Vontade de Deus a seu respeito, e sustém nos seus braços a Vítima do Calvário e de nossos altares. No dia do sacrifício, conduzirá seu divino Cordeiro a Jerusalém e O entregará à Justiça divina pela salvação do mundo. Como assim?! Belém anuncia então o Calvário?! Certamente Maria ouviu estas primeiras palavras de seu Filho: "Pai, não quereis mais os sacrifícios da lei: eis-me aqui!" E uniu-se à oferenda e à imolação antecipada de seu divino Filho.

III. Há entretanto, também alegrias em Belém, e muito suaves. Os pastores, almas singelas, vêm adorar o Menino Deus. Maria se compraz nas homenagens simples mas sinceras que eles tributam a Jesus.
Dias depois, chegam os Magos. — (Math. II. 1.) — trazendo seus presentes régios, que unem ao preito de suas adorações; e encontram Jesus nos braços de Maria, que O apresenta ao seu amor.
Oh! quantas vezes tendes desfrutado a mesma felicidade que os Magos! Quão feliz se sente a alma fervorosa quando encontra Jesus junto a Maria, sua Mãe!
Aqueles que conhecem o Tabernáculo onde Ele reside, e os que O recebem em suas almas, sabem que sua conversação é impregnada de suavidade divina, que sua consolação é arrebatadora, superabundante a sua paz, e inefáveis as ternuras de seu amor e de seu Coração.
Encontrar Jesus nos braços de Maria, unir-se aos sentimentos da Virgem quando O estreitava ao coração, ó delicioso momento! que, porém, é tão fugaz quanto a alegria do Tabor!  Momento em que se esquece tudo, em que nada mais se deseja, nem mesmo o céu, porque dele já se goza, tendo Jesus e Maria!

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Os santuários da Eucaristia multiplicados pelos cuidados da Santíssima Virgem

Se a Santíssima Virgem inspira a tantos de seus devotos servos lhe dedicarem peregrinações e construirem templos em sua honra, é fora de dúvida, com o intuito de multiplicar os tabernáculos de seu Filho o Deus da Eucaristia. Temos disto um precioso testemunho na história da construção da Igreja de Nossa Senhora de Laus, engastada nos Alpes. Dirigiu-se Maria a uma piedosa pastora, que escolhera para instrumento de suas graças, dizendo-lhe: "Desejo que se construa aqui uma igreja em honra de meu querido Filho, onde muitos pecadores e pecadoras hão de encontrar a conversão". A Igreja foi edificada com o óbolo do pobre e Maria, procurando novamente a moça, lhe disse; "Meu Filho deu-me este lugar para a conversão dos pecadores".
E a tradição do Laus nos assegura que jamais um pecador saiu deste bendito Santuário sem se haver reconciliado com o divino Filho desta Mãe dulcíssima que o esperava no seu Tabernáculo, verdadeiro trono de graça e de misericórdia.
(História das maravilhas de Nossa Senhora do Laus).

PRÁTICA — Pedir incessantemente a Maria que nos dê Jesus.

JACULATÓRIA — Salve Maria, Montanha santa onde o Cordeiro Eucarístico encontrou abundantes pastagens!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

10o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Modéstia, Característico da Vida de Maria


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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A vida oculta de Maria apresenta um característico que a distingue da vida de Jesus. Nela não se observa esta humildade que assombra e confunde, esse misto de poder e fraqueza, de grandeza e de obediência que se admira na vida de seu Filho. A vida de Maria é sempre igual, sempre simples e oculta; é o reinado da modéstia humilde e suave, modéstia que forma o distintivo de sua piedade, de suas virtudes e de todos os seus atos.

1º.Maria é modesta em seu exterior. — Não se faz notar pela severidade do porte nem por uma negligência afetada. Humilde e mansa como Jesus, tudo quanto é de seu uso traz o sinal de sua posição medíocre e a confunde com as de sua condição. Assim devemos nós ostentar as insígnias da mediocridade: nem muito, nem pouco, se queremos imitar a vida de nossa Divina Mãe.

2º.Modesta nas relações com o mundo. — Maria sacrifica generosamente o seu retiro, a suavidade da contemplação, e vencendo grande distância vai visitar sua prima Isabel, a fim de felicitá-la e serví-la. Torna-se, durante três meses, sua companheira, sua humilde serva, e faz a felicidade desse lar privilegiado. Somente quando a glória de seu Filho exigir, Maria aparecerá em público. Há de assistir as bodas de Caná, porém sem dizer uma só palavra que possa reverter em seu próprio louvor, não se prevalecendo de seu título de Mãe do Messias, nem do poder e da glória de seu Filho para se elevar aos olhos dos homens. Sua modéstia faz com que pratique a caridade, e saiba deter-se, de acordo com as ocasiões.

3º.Modesta no cumprimento de seus deveres. — Maria os desempenha com suavidade, sem precipitação, sempre contente com o que lhe acontece e disposta a abraçar um novo dever. Desempenha todos com essa igualdade de humor que não deixa transparecer as contrariedades e não procura consolação, que não atrai os olhares de pessoa alguma porque tudo faz com naturalidade e de um modo comum. Belo modelo para quem deseja viver da vida de Jesus Eucarístico e com mais razão, para um adorador consagrado ao seu serviço, cuja vida se compõe de pequeninos atos, de pequenos sacrifícios que somente Deus deve conhecer e recompensar, e cuja glória e conforto consistem na filial dedicação, na humildade dos seus deveres, ambicionando unicamente agradar a seu Mestre pela contínua imolação de si mesmo.

4º.Modesta em sua piedade. — Maria, elevada ao mais alto grau de oração que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima de todos os anjos, e constituindo, por sua dignidade de Mãe de Deus, uma ordem à parte entre as maravilhas divinas, serve ao Senhor, apesar dessas prerrogativas, na forma comum da piedade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas legais, reza entre os demais fiéis; em nada se faz notar, nem sequer por sua modéstia, que sabe esconder habilmente; nenhum indício exterior denota a perfeição de sua piedade, nem mesmo um fervor extraordinário!
Tal deve ser a nossa piedade: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesta no agir, evitando com cuidado a singularidade, fruto sutil do amor próprio, fugindo mesmo de tudo quanto é extraordinário como sujeito à vaidade e à ilusão.

5º.Modesta em suas virtudes. — Maria possui todas em grau eminente, praticando-as com suma perfeição, embora sob uma forma simples e usual. Sua humildade vê somente a bondade de Deus, e por todos os favores recebidos, nada mais transparece que uma gratidão humilde, a gratidão do pobre, obscura e sem glória, que o mundo não percebe. "Poderá vir alguma coisa boa de Nazaré?" E ninguém presta atenção a Maria.
Eis o grande segredo da perfeição: saber encontrá-lA no que há de mais simples, saber alimentá-lA do que é mais trivial, saber conservá-la em meio do esquecimento e da indiferença. Uma virtude saliente está muito exposta, uma virtude louvada o preconizada está próxima da ruína; a flor que todos querem admirar, murcha depressa.
Afeiçoemo-nos, pois às pequeninas virtudes de Nazaré, àquelas que germinam ao pé da cruz, à sombra de Jesus e de Maria; e, assim, não se temem as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo das montanhas.

6º.Modesta nos seus sacrifícios. — Maria aceita em silêncio e com suave conformidade, o exílio; não murmura; não se desvanece por ter sido chamada a fazer grandes sacrifícios, não se queixa e nem pede que lhe seja suavizado o rigor.
É modesta em face da grande mágoa de seu santo esposo; prefere suportar as suas dúvidas a revelar-lhe o grande mistério que A exaltaria aos seus olhos deixa a Deus esse cuidado, e permanece tranquila nas mãos da Providência.
Traspassada de dor, Maria acompanha seu Filho carregando a cruz, mas não atordoa Jerusalém com seus gritos e lamentos. No Calvário, se nos apresenta mergulhada num oceano de dores, tão profundo quanto seu amor; sofre em silêncio, e depois de ter dado a seu Filho um último adeus, mudo mas eloquente, se retira, mãe desolada mas cheia de resignação.

7º.Maria é, finalmente, modesta em sua glória. — É este o mais belo triunfo da modéstia de Maria. Como Mãe de Deus, quais não eram os seus direitos a receber as homenagens do universo inteiro? Entretanto, Maria somente abraça a provação e o sacrifício; jamais se deixa ver quando o seu Filho triunfa; está, porém ao seu lado quando se apresenta uma humilhação ou uma cruz a partilhar com Ele.
Se quisermos, pois ser filhos dessa Mãe amável, devemos nos revestir de sua modéstia, tomando-a por tema habitual de nossas meditações. Maria nô-la deixa como herança; que ela seja, portanto a regra de nossas virtudes, e que a simplicidade que a faz esquecer-se de si própria para ver somente Deus, preferir o dever ao prazer, e que A impele a procurar o seu Deus e não as suas consolações, a se dedicar ao amor pelo amor, seja a nossa partilha, o fim de nossos esforços e o selo de nossa vida.
A modéstia é a virtude régia de um adorador, porque é a virtude e a libré dos servidores dos reis, e a virtude dos anjos perante a majestade divina; ela nos dá a compostura exterior na presença de Deus, nos faz tributar-Lhe a homenagem de todos os nossos sentidos e faculdades; numa palavra, é a etiqueta de seu serviço real. Sejamos, pois, no serviço de Jesus, modestos como Maria!

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O Anjo da Eucaristia

Sabemos que pelo seu devotado amor e terna devoção para com a santa Eucaristia, uma pobre operária chamada Maria Eustela mereceu este belo nome de Anjo da Eucaristia.
Encarregada, pelo Vigário, da sacristia de sua paróquia, é impossível dizer-se com que respeito e dedicação ela desempenhou esse augusto mister, infelizmente exercido em algumas paróquias por mercenários a que falta o necessário devotamente.
Nas primeiras vezes em que teve a felicidade de preparar a matéria para o oblação do Santo Sacrifício, à alegria de sua alma juntou-se um profundo sentimento de sua indignidade. A esse respeito escreveu: "Gosto de pensar que, como a Santíssima Virgem, me dedico ao serviço do Templo tanto quanto minha vocação permite, e este pensamento excita a minha gratidão. E, para ser digna deste santo emprego, era preciso que eu tivesse a pureza de Maria, o que estou bem longe de possuir. Ó meu Deus! quão pouco resultado tiro de tantos meios de salvação! Muito mais me ocupo em gozar da felicidade que este santo ofício me proporciona. Digne-se o Senhor me adornar de uma pureza semelhante à dos anjos a fim de que eu me possa aproximar do Deus dos anjos e recebe-lO tantas vezes!"
(Vida de Maria Eustela).

PRÁTICA — Reproduzir em nossa vida a modéstia de Jesus e de sua Mãe Santíssima.

JACULATÓRIA — Nós vos bendizemos, ó Virgem Maria, que nos trazeis o ramo de oliveira e nos anunciais Jesus-Hóstia, que nos salvará do dilúvio universal!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962