V). Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V). Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R). E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria não tinha pecado a expiar, nem original, nem atual; não recebera de Deus, como Jesus, o fardo de nossas iniquidades; e como foi então que sofreu tanto em sua vida, durante a qual teve incessantemente diante dos olhos o quadro da morte de seu Filho? E porque, principalmente, teve de suportar o martírio do Calvário?
É que o sofrimento é a lei do amor; foi o amor de Maria que teceu o seu martírio, e porque amava mais do que todas as criaturas, sofreu um martírio incomparável.
Outra razão do sofrimento é que ele é a glorificação atual de Jesus Cristo em nós; padecendo, continuamos e completamos o seu sacrifício.
No caso de Maria, existe ainda o motivo de que a glória da maternidade deve ser conquistada pelo sofrimento. Ao dar à luz o seu Filho imaculado, Maria foi isenta desta lei: mas, quando se tratou de tornar-se nossa Mãe e nos fazer nascer à vida da graça, teve de experimentar-lhe todo o rigor. Quanto sofreu Jesus Cristo para nos regenerar?! Pois bem, Maria sofrerá com Ele, imóvel ao pé da Cruz, partilhando em seu coração todos os tormentos da Paixão a fim de se tornar nossa Mãe adotiva.
Estudemos a participação de Maria nos sofrimentos de Jesus; avaliemos, se nos for possível, a parte que tomou neles.
Em seguida, vê Jesus atraiçoado por Judas, abandonado por todos, renegado por São Pedro, sozinho diante dos juízes, sem um defensor, esbofeteado indignamente e tratado como um louco! Pobre Mãe! Como lhe deve ter sido cruel esse abandono total! É possível?! Ninguém, nem ao menos um, dentre os amigos de Jesus, toma a sua defesa? Ninguém se atreve a reconhecê-LO!
E quando São João lhe veio narrar as cenas do julgamento , em casa de Pilatos, e a iníqua condenação à morte, quanto deve Ela ter sentido o coração se espedaçar de dor!
Maria se dirige então à praça do Pretório, ouve os golpes da flagelação, vê Jesus comparado a Barrabás e, da sacada, apresentando ao povo como um vil malfeitor; chega-se aos ouvidos o Ecce Homo e os clamores ferozes da impiedosa multidão: Tolle, tolle, crucifige! Que seja crucificado... que seja crucificado!... E para arrebatar aos verdugos o seu Filho, essa pobre Mãe não dispõe de outro recurso que as suas lágrimas!
III. Segue-O depois ao Calvário; com Ele se encontra na via dolorosa, inundada de seu sangue; e ambos reúnem, num só e mesmo Sacrifício, numa completa e mesma resignação, os seus olhares, os seus corações, o seu sofrimento! (Jo. XIX. 25.)
Eis, afinal, Jesus no alto do Calvário (Jo. XIX. 25.) Maria O contempla cruel e desumanamente despojado de Sua túnica; depois, estendido sobre a Cruz, e ouve as marteladas com que traspassam seus divinos pés e suas mãos. Que espetáculo para um coração de mãe! Bem se pode dizer que Maria foi também crucificada, e que a repercussão dos golpes lhe imprimiu estigmas.
E a Virgem Dolorosa assiste o levantamento da cruz; segue com os olhos o seu Filho, e apenas fixada a cruz, essa corajosa Mãe, desafiando todos os obstáculos, se aproxima, e se coloca aos pés do ignominioso madeiro de onde pende o seu Jesus. Contempla-O, mergulhada num oceano de dores; cada um dos sofrimentos de seu Filho repercute em seu coração; sua alma está por assim dizer colada às chagas de Jesus, e se bem que Ela se revele mais forte do que a morte, está mais crucificada por sua união a Jesus do que por todas as mortes e martírios.
Maria escuta cada uma das palavras de seu Filho; recolhe-as no coração, para no-las repetir. Vê correr o seu Sangue, extinguir-se-lhe a vida; ouve, sem que O possa aliviar, Jesus pedindo que lhe deem de beber. Que dor profunda para essa pobre Mãe! E finalmente, ouve Jesus se queixar de ter sido abandonado por seu próprio Pai Celestial! Agora, eis que seu amantíssimo Filho exala o último suspiro. Que fará Maria? Agonizará de dor e de amor. Receberá em seus braços o sagrado Corpo de Jesus, abraçando-O com ternura de Mãe, como verdadeira cristã, e O adorando com ardente fé; e depois O sepultará, como a viúva desolada ao seu filho único. Só então é que Ela há de chorar.
Maria escuta cada uma das palavras de seu Filho; recolhe-as no coração, para no-las repetir. Vê correr o seu Sangue, extinguir-se-lhe a vida; ouve, sem que O possa aliviar, Jesus pedindo que lhe deem de beber. Que dor profunda para essa pobre Mãe! E finalmente, ouve Jesus se queixar de ter sido abandonado por seu próprio Pai Celestial! Agora, eis que seu amantíssimo Filho exala o último suspiro. Que fará Maria? Agonizará de dor e de amor. Receberá em seus braços o sagrado Corpo de Jesus, abraçando-O com ternura de Mãe, como verdadeira cristã, e O adorando com ardente fé; e depois O sepultará, como a viúva desolada ao seu filho único. Só então é que Ela há de chorar.
Maria vai passar o resto de sua vida a recordar as dores da Paixão, a fim de renovar seu martírio e a glória que os seus sofrimentos rendem a Deus. Percorrerá ainda a Via Dolorosa, sendo a primeira a nos ensinar a devoção da Via Sacra, tão piedosa, tão eficaz junto a Jesus, e de tanto proveito para a alma.
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O Calvário Perpétuo
Maria chorava e sofria ao pé da Cruz. E quais os seus sentimentos de dor ao ver sobre os nossos altares o seu Divino Filho novamente ultrajado e tratado com mais desprezo ainda que outrora no Calvário?
A Irmã Maria do Crucifixo, de Palma, na Sicília, ouviu certa vez, no momento em que um Sacerdote sacrílego se dispunha a celebrar a Santa Missa, uma trombeta semelhante a um trovão, fazendo repercutir estas palavras: "Ultio, paena, dolor!" Vingança, castigo, suplício! E viu ao mesmo tempo anjos empunhando um gládio, em atitude de desferir o golpe sobre o infeliz. Ao serem pronunciadas as palavras da consagração, pareceu-lhe que Jesus, como um cordeirinho manso, se deixava dilacerar pelos dentes de um lobo cruel, e, na comunhão, o céu se obscureceu, os anjos choravam em redor do altar, e a Santíssima Virgem se mantinha ao lado de seu Filho, derramando lágrimas e como que absorta na imensa dor que lhe causava a morte de seu inocente Jesus, bem como a perda espiritual desse filho ingrato que O imolava com tanta crueldade.
(Santo Afonso de Ligório, Selva)
PRÁTICA — Reparar por todos os meios possíveis, em união com a Santíssima Virgem, os sacrilégios que se cometem contra a Eucaristia.
JACULATÓRIA — Ó Mãe de amor, fazei-nos sentir a imensidade de vossa dor à vista de Jesus ultrajado no Seu Sacramento.
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Oração Final
Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna. Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.
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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962