16o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Maria, Nossa Mãe, no Cenáculo
(Act I, 14)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Nossa bela partilha consiste em honrar por um culto todo particular a vida de Maria no Cenáculo, inteiramente dedicada ao serviço e à gloria da adorável Eucaristia. É preciso que nos penetremos de seu espírito e de seu amor, a fim de que possamos tributar ao nosso Divino Salvador, presente entre nós, um preito de adoração mais perfeito e agradável, em união com aquele que Lhe prestava sua Mãe Santíssima. Com efeito, para nos tornarmos bons servos da Eucaristia, devemos ser filhos dóceis e dedicados desta Mãe querida. Não foi um título quimérico que Jesus Crucificado nos conferiu sobre o Coração de Maria Santíssima; e, por este testemunho de amor, ocupamos o lugar de Jesus no Coração de sua Mãe, que desde aquele instante começou a nos amar como verdadeiros filhos.
Penetrai-vos, pois, do espírito de Maria, que é o mesmo de Jesus, visto que Ela o hauriu em sua fonte divina, e está inundada desta graça para no-la comunicar. É a única e fiel cópia das virtudes de seu Filho, pois que trabalhou durante 33 anos tendo diante dos olhos o original divino. Além disso, Maria possui o conhecimento de todos os segredos do amor de Jesus para com os homens, amor do qual compartilha. Oh! quão ternamente esta boa Mãe nos ama, e com que dedicação! Sim, Maria nos ama como somente poderia fazê-lo Mãe tão solícita e poderosa!

II. A grande missão de Maria consiste em formar Jesus em nós; foi a missão que Ele próprio lhe confiou no Calvário.
Quando, aos pés da cruz, teria preferido morrer com seu Filho, no momento em que a chama de amor do seu coração virginal envolvia o Corpo de Jesus, Ele parece dizer-lhe, confiando-lhe São João: "Por meu sacrifício, me torno Salvador e Pai da grande família humana, mas esses pobres filhos, ainda tão inexperientes, necessitam de uma devotada Mãe; desempenhai para com eles esta missão, ó mulher forte, amai-os como me haveis amado e como Eu os amo. Por eles me fiz homem e ainda por causa deles meu Pai Celestial vos fez minha Mãe, e é por eles que dou meu sangue e minha vida. Amo-os mais do que a Mim mesmo, e lhes transmito todo o direito que tenho ao vosso amor materno; tudo quanto lhes fizerdes, a Mim o fareis; deponho em vossas mãos o fruto de minha Redenção, a salvação dos homens, o cuidado de minha Igreja e o serviço de meu Sacramento de amor. Formai-me adoradores em espírito e em verdade, que me adorem como vós, que me sirvam como me servistes, que me amem como me tendes amado!"
Foi este o último legado de Jesus, assinado com seu sangue e ratificado pelo Coração de Maria, sua divina Mãe. Com Jesus Ela havia subido ao Calvário para morrer com Ele; desce agora com o discípulo, seu filho de adoção, e com as santas mulheres, suas filhas, e se dirige ao Cenáculo da Eucaristia para nele iniciar sua maternidade cristã, aos pés do Divino Sacramento. E será Ela quem há de organizar a corte de honra de Jesus Eucaristia, formando-lhe bons e dedicados servos.
Oh! não duvideis! Se entrastes no Cenáculo, se tendes a felicidade de conhecer, de amar e de servir o Santíssimo Sacramento, deveis esta graça a Maria. Foi Ela que vos pediu ao Pai Celestial para a guarda de amor do Deus da Eucaristia; foi Ela que vos conservou puros no meio do mundo e que vos conduziu pela mão aos pés do trono eucarístico.
Agradecei muito a esta boa Mãe; a Ela deveis todas as vossas graças, e entre todas, a maior, que é esta de amar e servir o Rei dos reis em seu trono de amor, consagrando-Lhe toda a vossa vida!

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É minha Mãe

É conhecido o terno amor que Santo Estanislau de Kostka consagrava à Santíssima Virgem. Quando lhe perguntavam o motivo dessa afeição, respondia, com o olhar ardente e a voz comovida: "É minha Mãe!" Ora, aconteceu que, antes de entrar na Companhia de Jesus, esteve ele gravemente doente, e como se achava hospedado em casa de hereges, não podia receber o Santíssimo Sacramento. Mais do que a doença que lhe consumia o corpo, era esta privação um tormento para a sua alma, cheia de amor para com a Eucaristia. Recorreu então a Santa Bárbara, padroeira dos agonizantes, e sua prece foi atendida sem demora: a santa apareceu cercada de anjos, que administraram a Estanislau a Sagrada Comunhão. E Maria, que velava por esse filho privilegiado, quis lhe manifestar, de um modo sensível, Aquele que recebera sob os véus do Sacramento. Trouxe nos seus braços o Menino Jesus, colocando-O sobre o leito do doente. É impossível descrever o ardor, o respeito, a ternura e a consolação que o santo jovem experimentou, vendo o seu leito ornado com essa flor tão preciosa. Desde esse momento a doença começou a declinar, e dentro de pouco tempo estava ele completamente restabelecido, graças ao contato com o Autor da vida.
  (Vida dos Santos, 15 de agosto)

PRÁTICA — Tributar a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento o respeito, os obséquios e o amor de um verdadeiro filho.

JACULATÓRIA — Sois vós, ó Maria amabilíssima, que alimentais os vossos filhos com o Pão imortal!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

15o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Maria depois da Ressurreição



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria tendo sofrido em união com seu divino Filho agonizante na Cruz, participou do seu gozo e felicidade depois da Ressurreição. A vida de Maria sempre acompanhou a de Jesus, reproduzindo-a fielmente.
Para quem foi a primeira visita de Jesus ressuscitado? Certamente para sua Mãe; era muito justo que tendo Ela partilhado mais do que outra qualquer pessoa as amarguras da Paixão, recebesse a primeira notícia, a primeira graça e a primeira alegria da Ressurreição, Assim, apenas saído do sepulcro, Nosso Senhor vai visitá-la, glorioso e triunfante. Ao separar-se de sua Mãe, Jesus a deixara mergulhada em pranto; agora vem inundá-la de gozo. Que momento para a Santíssima Virgem, esse em que Jesus ressuscitado A abraça, com todo o respeito e amor que Ela merece! Quem poderá imaginar o que se passou nesse feliz encontro?! A Sagrada Escritura nada nos diz a respeito, mas podemos conjecturar as coisas mais sublimes. Que gloriosa recepção na pequenina cela de Maria! Somente a contemplação do amor nos poderá reproduzir o que se passou aí.
Sem dúvida, Jesus se manifestou à sua Mãe em toda a sua beleza de ressuscitado; nenhum dos Apóstolos teve a felicidade de vê-LO tão belo quanto Maria. O olhar da alma está em proporção com sua santidade. Maria penetrou, de certo, na beleza interior de Jesus, na perfeição de seu amor, na sua felicidade; deve ter contemplado, nesse momento, a glória da Divindade, pois que, segundo afirmam os teólogos, foi algumas vezes sublimada ao face a face com Deus. Nosso Senhor se entreteve com sua Mãe mostrando-lhe seus membros traspassados pelos cravos, esses membros que Ela beijara com tantas lágrimas, na descida da cruz, e agora resplandecentes. Das chagas das mãos e dos pés jorravam torrentes de luz, pois que, quanto mais haviam eles sofrido, tanto mais estavam glorificados. Maria deve os ter beijado em transportes de amor, sentindo o influxo das ondas de graça que emanavam deles; deve ter visto o Sagrado Coração de Jesus através da chaga do lado. Sim, Nosso Senhor lhe mostrou de certo o seu Coração agora reanimado, palpitante de vida, irradiando chamas de amor. Oh! e Maria O osculou com santa ternura; se São João, somente por haver reclinado a cabeça sobre esse Coração divino , oculto no corpo e sob as vestes, recebeu tantas graças, que terá sucedido a Maria, que O abraçou e beijou palpitando ao contado de seus lábios? E a SSma. Virgem compreendeu nessa hora, melhor ainda, quanto o sofrimento e a glória, a morte e a vida, estão intimamente relacionados nos desígnios de Deus.

II. Mas Nosso Senhor, ao visitar Maria, não veio só: estava acompanhado do cortejo de todos os santos ressuscitados com Ele, de todos os patriarcas desde Adão até São José e o bom ladrão; vieram todos com o Rei triunfante, saudar sua Rainha. Adão e Eva, aos quais Deus prometera essa filha, essa Mãe do Messias Salvador, devem ter se prostrado aos seus pés, porquanto, depois de Nosso Senhor, Lhe deviam a graça do perdão; foi Ela quem lhes deu o Libertador. E às felicitações dos santos da antiga Lei, que lhe manifestavam sua gratidão por lhes ter dado um Salvador, Maria respondia com certeza: Magnificat — Minha alma glorifica ao Senhor porque Ele olhou a humildade de sua serva. E São José, São Joaquim e Sant’Ana, por acaso não vieram também fazer uma visita a tão celestial esposa e preclara Filha? A vista de Maria deve ter cumulado estes santos de um imenso júbilo: era um reflexo tão puro da luz de seu Jesus!
Finalmente, Nosso Senhor se separou de sua Mãe, deixando-A inefavelmente consolada e toda embalsamada pelo perfume de sua Divina Presença, para ir se manifestar à Madalena e aos Apóstolos. Mas, antes da Ascensão, é de crer que Ele tenha voltado várias vezes para visitar a Santíssima Virgem, recordando com Ela todos os acontecimentos, alegrias e dores de sua vida mortal!

III. Do silêncio dos Evangelistas acerca desta aparição e de todo o restante da vida de Maria devemos colher um precioso incentivo.
Depois de ter dado Jesus ao mundo, Maria se ocultou: era mister que ficasse na penumbra, a fim de se tornar o modelo das almas interiores e a padroeira da vida humilde e escondida. Após a Ressurreição de seu Filho, a sua missão é toda de amor e de oração. Nosso Senhor parece ter querido reservar para si o segredo da vida de sua Mãe; quis que Ela pertencesse unicamente a Ele.
Além desta, há uma outra razão. No Sacramento, Jesus se ocultara ainda mais do que durante sua vida mortal, e Maria devia imitar esse estado, partilhar esse aniquilamento, essa vida escondida, que é a mais perfeita. Assim como Jesus se privava da palavra, do movimento e da ação sensível, no Sacramento. Maria não devia mais falar nem aparecer ao mundo, e porque Jesus se fizera prisioneiro, silencioso, Ela se consagrou a Lhe fazer companhia, no segredo de uma vida toda de oração. Sem esse estado da Santíssima Virgem, nós, adoradores da Eucaristia, não poderíamos encontrar n'Ela o nosso modelo. Maria porém, guardiã e Serva desconhecida do Santíssimo Sacramento, é nossa Mãe, e sua vida é nossa graça.
Assim como a luz e o calor do sol vão crescendo sempre até que ele chegue ao seu zênite, Maria se aperfeiçoava cada dia mais. Seus últimos anos foram impregnados de um amor tão dilatado, tão profundo e tão elevado, que não podemos fazer dele a menor ideia.
A Ressurreição de seu Filho realizou na vida de Maria o prodígio de sepultá-la, transformando-a na vida ressuscitada de Jesus, vida toda interior, invisível, separada de todo o criado e unidade ininterruptamente a Deus. Imitai nisto a vossa Mãe; lembrai-vos de que, quanto mais interior, mais perfeita é a vida, e que o fogo concentrado se conserva, enquanto que, exposto, extingue-se depressa. Poucas são as almas que resolvem abraçar essa vida aniquilada, porque ela constitui a imolação suprema do amor próprio; é, porém, a partilha daquelas que, a exemplo de Maria, só desejam amar a Nosso Senhor e só d'Ele serem conhecidas.

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O Céu conquistado por uma Santa Missa em honra de Maria

Um famoso salteador jejuou um certo sábado e mandou celebrar uma vez o Santo Sacrifício em honra de Maria, a fim de obter sua conversão na hora da morte.
Vede até que ponto chega a misericórdia desta boa Mãe! Dignou-se aparecer a esse miserável dizendo-lhe que rogara a Jesus por sua salvação, e que seu Filho lhe prometera fazê-lo pronunciar cinco palavras de arrependimento que o salvariam. Pouco tempo depois, o malfeitor foi preso e condenado à forca. Maria, porém velava sobre ele, lembrando-se da Missa que fizera celebrar em sua honra, Assim, no momento em que o conduziam ao suplício, obteve Ela que Nosso Senhor lhe infundisse tanta contrição, que pronunciou com uma verdadeira dor estas palavras:
"Domine, propitius esto mihi peccatori: Senhor, sede propício a este pobre pecador". E lhe foi concedido o perdão total de seus crimes e a salvação eterna de sua alma.
(Nicolau Laghi, trat. VI, c. LXXVIII).

PRÁTICA — Em união a Maria, viver da vida ressuscitada do Jesus no Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — Salve, ó Maria, urna de ouro puríssimo, que encerrais a própria doçura, Jesus-Hóstia, o maná de nossas almas!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

14o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Compaixão da Santíssima Virgem


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria não tinha pecado a expiar, nem original, nem atual; não recebera de Deus, como Jesus, o fardo de nossas iniquidades; e como foi então que sofreu tanto em sua vida, durante a qual teve incessantemente diante dos olhos o quadro da morte de seu Filho? E porque, principalmente, teve de suportar o martírio do Calvário?
É que o sofrimento é a lei do amor; foi o amor de Maria que teceu o seu martírio, e porque amava mais do que todas as criaturas, sofreu um martírio incomparável.
Outra razão do sofrimento é que ele é a glorificação atual de Jesus Cristo em nós; padecendo, continuamos e completamos o seu sacrifício.
No caso de Maria, existe ainda o motivo de que a glória da maternidade deve ser conquistada pelo sofrimento. Ao dar à luz o seu Filho imaculado, Maria foi isenta desta lei: mas, quando se tratou de tornar-se nossa Mãe e nos fazer nascer à vida da graça, teve de experimentar-lhe todo o rigor. Quanto sofreu Jesus Cristo para nos regenerar?! Pois bem, Maria sofrerá com Ele, imóvel ao pé da Cruz, partilhando em seu coração todos os tormentos da Paixão a fim de se tornar nossa Mãe adotiva.
Estudemos a participação de Maria nos sofrimentos de Jesus; avaliemos, se nos for possível, a parte que tomou neles.

II. Graças a uma luz sobrenatural. Maria pode contemplar Jesus no jardim das Oliveiras; acompanhou a sua oração, a sua tristeza, a sua agonia, tanta era a identidade de vida e de amor que reinava entre esses dois corações!
Em seguida, vê Jesus atraiçoado por Judas, abandonado por todos, renegado por São Pedro, sozinho diante dos juízes, sem um defensor, esbofeteado indignamente e tratado como um louco! Pobre Mãe! Como lhe deve ter sido cruel esse abandono total! É possível?! Ninguém, nem ao menos um, dentre os amigos de Jesus, toma a sua defesa? Ninguém se atreve a reconhecê-LO!
E quando São João lhe veio narrar as cenas do julgamento , em casa de Pilatos, e a iníqua condenação à morte, quanto deve Ela ter sentido o coração se espedaçar de dor!
Maria se dirige então à praça do Pretório, ouve os golpes da flagelação, vê Jesus comparado a Barrabás e, da sacada, apresentando ao povo como um vil malfeitor; chega-se aos ouvidos o Ecce Homo e os clamores ferozes da impiedosa multidão: Tolle, tolle, crucifige!    Que seja crucificado... que seja crucificado!... E para arrebatar aos verdugos o seu Filho, essa pobre Mãe não dispõe de outro recurso que as suas lágrimas!

III. Segue-O depois ao Calvário; com Ele se encontra na via dolorosa, inundada de seu sangue; e ambos reúnem, num só e mesmo Sacrifício, numa completa e mesma resignação, os seus olhares, os seus corações, o seu sofrimento! (Jo. XIX. 25.)
Eis, afinal, Jesus no alto do Calvário (Jo. XIX. 25.) Maria O contempla cruel e desumanamente despojado de Sua túnica; depois, estendido sobre a Cruz, e ouve as marteladas com que traspassam seus divinos pés e suas mãos. Que espetáculo para um coração de mãe! Bem se pode dizer que Maria foi também crucificada, e que a repercussão dos golpes lhe imprimiu estigmas.
E a Virgem Dolorosa assiste o levantamento da cruz; segue com os olhos o seu Filho, e apenas fixada a cruz, essa corajosa Mãe, desafiando todos os obstáculos, se aproxima, e se coloca aos pés do ignominioso madeiro de onde pende o seu Jesus. Contempla-O, mergulhada num oceano de dores; cada um dos sofrimentos de seu Filho repercute em seu coração; sua alma está por assim dizer colada às chagas de Jesus, e se bem que Ela se revele mais forte do que a morte, está mais crucificada por sua união a Jesus do que por todas as mortes e martírios.
Maria escuta cada uma das palavras de seu Filho; recolhe-as no coração, para no-las repetir. Vê correr o seu Sangue, extinguir-se-lhe a vida; ouve, sem que O possa aliviar, Jesus pedindo que lhe deem de beber. Que dor profunda para essa pobre Mãe! E finalmente, ouve Jesus se queixar de ter sido abandonado por seu próprio Pai Celestial! Agora, eis que seu amantíssimo Filho exala o último suspiro. Que fará Maria? Agonizará de dor e de amor. Receberá em seus braços o sagrado Corpo de Jesus, abraçando-O com ternura de Mãe, como verdadeira cristã, e O adorando com ardente fé; e depois O sepultará, como a viúva desolada ao seu filho único. Só então é que Ela há de chorar.
Maria vai passar o resto de sua vida a recordar as dores da Paixão, a fim de renovar seu martírio e a glória que os seus sofrimentos rendem a Deus. Percorrerá ainda a Via Dolorosa, sendo a primeira a nos ensinar a devoção da Via Sacra, tão piedosa, tão eficaz junto a Jesus, e de tanto proveito para a alma.

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O Calvário Perpétuo

Maria chorava e sofria ao pé da Cruz. E quais os seus sentimentos de dor ao ver sobre os nossos altares o seu Divino Filho novamente ultrajado e tratado com mais desprezo ainda que outrora no Calvário?
A Irmã Maria do Crucifixo, de Palma, na Sicília, ouviu certa vez, no momento em que um Sacerdote sacrílego se dispunha a celebrar a Santa Missa, uma trombeta semelhante a um trovão, fazendo repercutir estas palavras: "Ultio, paena, dolor!" Vingança, castigo, suplício! E viu ao mesmo tempo anjos empunhando um gládio, em atitude de desferir o golpe sobre o infeliz. Ao serem pronunciadas as palavras da consagração, pareceu-lhe que Jesus, como um cordeirinho manso, se deixava dilacerar pelos dentes de um lobo cruel, e, na comunhão, o céu se obscureceu, os anjos choravam em redor do altar, e a Santíssima Virgem se mantinha ao lado de seu Filho, derramando lágrimas e como que absorta na imensa dor que lhe causava a morte de seu inocente Jesus, bem como a perda espiritual desse filho ingrato que O imolava com tanta crueldade.
(Santo Afonso de Ligório, Selva)


PRÁTICA — Reparar por todos os meios possíveis, em união com a Santíssima Virgem, os sacrilégios que se cometem contra a Eucaristia.

JACULATÓRIA — Ó Mãe de amor, fazei-nos sentir a imensidade de vossa dor à vista de Jesus ultrajado no Seu Sacramento.

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


__________

Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

13o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Vida da Sagrada Família
(Luc. II, 51.)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS
V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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Meditemos a vida da Sagrada Família, isto é, a vida de Maria e José em Jesus.

I. Jesus era o centro do amor de Maria e de José: onde se encontra o corpo, as águias se ajuntam; onde está o tesouro, aí está o coração. Jesus constituía, portanto, o centro desses ditosos pais. Era-lhes indiferente estar em Belém, ou em Nazaré, ou no Egito; possuir Jesus era tudo para eles; no seu divino Filho habitavam seus corações.
Com que pressa, com que alegria e felicidade, São José, quando obrigado a se ausentar, regressava à sua casa, onde o esperava o Menino Deus! Mas Ele não perdia o tempo que passava longe de seu Filho! Sabia muito bem que Jesus era o amor divino Encarnado! ...
Assim também, minha casa, minha família, meu centro deve ser a Eucaristia, o Tabernáculo mais próximo do lugar onde moro; a exemplo de Maria e José, somente aí me devo sentir bem.

II. Jesus constituía a finalidade da vida de Maria e de José; somente para Ele viviam e trabalhavam. Oh! com que prazer o bondoso São José labutava para lhe ganhar o pão cotidiano, como também para a sua divina Mãe! Que contentamento lhe dava, em vista disto, o salário de seu trabalho, cujas dificuldades se lhe tornavam agradáveis porque tinham a Jesus por objeto!
De igual modo Jesus Eucaristia deve ser o alvo e o gozo de minha vida, a alegria e a felicidade de meu trabalho; que vida pode haver mais bela do que essa, em companhia de Jesus Sacramentado?

III. Jesus era o alimento contínuo da vida de união e de amor de Maria e de José. Sentiam-se tão felizes em contemplá-LO, ouvi-LO, assistir o seu trabalho, e em admirá-LO a obedecer e orar! Jesus fazia tudo tão bem!
Sua maior felicidade consistia, porém, e mui particularmente, na contemplação do interior de seu Filho, no estudo de suas intenções, no conhecimento de seus afetos e nos motivos de suas virtudes. Viam-nO sempre procurar e preferir as ocasiões de praticar a pobreza, a obediência, a mortificação; contemplavam suas humilhações e seus aniquilamentos, e admiravam a fidelidade com que Ele tudo referia à maior glória de seu Pai, sem se reservar, como homem, qualquer louvor e honra, dirigindo tudo à Divindade.
Jesus, Maria e José visavam uma única coisa na vida: glorificar o Pai Celeste.
Eis, portanto, o que tenho a fazer. E para isto é mister entrar em comunicação com Maria e José, reproduzindo-lhes a vida, esta vida de família, vida íntima, cujo segredo só Deus conhece.
Oh! como é feliz a alma quando contempla o interior da Sagrada Família, procurando ouvir tudo o que aí se dizia, e ver o que se fazia; em resumo, ler o Evangelho familiar de Jesus! Oh! que belos serões os de Nazaré, mil vezes ditosos, passados em colóquios e orações celestiais! Certamente Jesus explicava então a Maria e a José tudo quando d’Ele narravam as Escrituras; lhes revelava o Calvário e todas as cenas humilhantes e dolorosas por que devia passar; talvez lhes mostrasse mesmo nas mãos o lugar dos pregos, afim de iniciar sua Mãe e seu Santo Guarda na prática das virtudes do Calvário. Provavelmente lhe falava ainda da Igreja, dos Apóstolos, das Ordens Religiosas que se consagrariam à sua glória, bem como à deles, e posso crer que lhe falava de mim, de minha miséria e do imenso amor que me dedicava.
Nazaré se transformara no céu do amor e no paraíso do segundo Adão e da nova Eva; o céu das mais excelsas virtudes, do mais santo amor. Que delicioso perfume se evolava até o trono de Deus desse vergel encantador, onde floresciam o Verbo Encarnado, Maria, e o justo José! O Pai Celeste encontrava nele as suas complacências, e os anjos se extasiavam diante dele; quanto a mim, quero nele encontrar o amor da vida piedosa e recolhida em Jesus, Maria e José.

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Os Dois Guardas da Virgem

Deus, ao conceber desde toda a eternidade o ideal da vida de Maria, elegeu dois homens justos que deviam, sucessivamente, servir de guardas desta Virgem incomparável, e, em vista da sublimidade da missão que lhes havia de confiar, mostrou-lhes o caminho de uma santidade eminente e mesmo excepcional.
Que traços de semelhança entre esses dois personagens! Destinados a viver na intimidade de uma Virgem, era necessário que ambos fossem de uma santidade resplandecente; daí serem eles ornados da auréola da virgindade.
Um, resume em sua pessoa as mais cintilantes glórias da antiga aliança: é o herdeiro da dignidade dos Patriarcas, o possuidor dos bens prometidos pelos profetas. O outro, é a síntese das mais augustas dignidades da nova aliança: é apóstolo, pontífice, e, mais tarde, evangelista, profeta e mártir.
Honramos, no primeiro, o esposo legal da Santíssima Virgem; no segundo, seu filho na ordem da graça. Um, foi o guarda de Maria antes e durante o tempo em que Ela possuía Jesus; o outro, quando Jesus lhe foi arrebatado. A um foi concedida a graça de estreitar o Filho do homem ao coração; ao outro, o favor de repousar a cabeça sobre o seu Coração.
Um deles alimentou Jesus com o fruto de seu trabalho; o outro se nutriu de Jesus na última Ceia, onde sorveu o amor em sua própria fonte.
Finalmente, o primeiro acompanhou Jesus e Maria, com fidelidade, nos mistérios da infância de seu bendito Filho; estava no Templo, ao lado do Sacerdote e da Virgem durante a oblação da grande Vítima; o outro, com igual fidelidade, acompanhou Jesus e Maria nos últimos mistérios da Redenção: ao pé do altar da Cruz ele se achava então, ao lado do mesmo Sacerdote e da mesma Virgem, durante a consumação do sacrifício.
Homens incomparáveis, esses, a quem Deus confiou os seus tesouros mais preciosos! Suas mãos foram dignas de locar o Verbo da Vida e de servir sua Santa Mãe; eis porque todos os séculos, penetrados de reverência, celebrarão sua felicidade e honrarão suas virtudes.
(Mons. Van den Berghe. Maria e o Sacerdócio).

PRÁTICA — Conservarmo-nos com sumo respeito na presença do Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — Ó Maria! que servistes o Deus da Eucaristia, sede nossa Mestra divina nesse amável serviço!


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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962

12o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Jesus Apresentado no Templo por Maria
(Luc. II, 22.)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Nosso Senhor não quer tardar em se oferecer publicamente a seu Pai; quarenta dias após seu nascimento, inspira à sua Mãe que O conduza ao Templo. Maria leva seu filhinho nos braços; vai oferecê-LO ao seu Pai, e resgatá-LO por duas pombinhas; Jesus quis que o seu resgate fosse feito com estas avezinhas, que nos manifestam sua pureza e simplicidade.
Grande mistério vai se realizar então. As alegrias e a felicidade da Ssma. Virgem vão terminar nesse dia. Ouvi as palavras do ancião eleito por Deus; "Este Menino será como um sinal de contradição, para a ruína e a ressurreição de muitos; e a vós, ó Mãe, uma espada de dor vos traspassará a alma."
Porque resolve a Ssma. Trindade, um Deus tão bondoso, revelar um mistério de tanta amargura a essa jovem mãe de quinze anos, ainda inebriada com as alegrias do nascimento de seu Filho? Maria sai pela primeira vez e é logo informada do gênero de morte reservado a seu Filho querido. Oh! Seu coração tudo compreende, e desde esse dia, tanto no Egito como em Nazaré, onde quer que Jesus esteja, o Calvário se apresenta a Maria; vê continuamente o seu Filho crucificado.   É que, em geral, quando a alma não é forte na virtude, Deus a deixa dormitar numa espécie de segurança, porém quando encontra uma alma ardorosa, se apressa em crucificá-la para que resplandeça nela a sua glória: o amor refulge no sofrimento. E Maria o aceita. Desde esse momento o tema de seus colóquios com Jesus é o Calvário, a sua Paixão, a sua Morte; a sua alma tem bastante força sobrenatural para suportar um Calvário de trinta e três anos! Compreende-se bem toda a amargura que encerram estas palavras: "Uma espada de dor traspassará vossa alma." E vão se revelando a Maria os mais pequeninos detalhes dos sofrimentos de seu Filho; seu pensamento se fixa neles, e assim, a partir desse dia, se torna a Rainha dos mártires.

II. Qual o fruto que devemos colher deste mistério da Apresentação de Jesus por Maria? — Que não havemos de nos consagrar ao serviço de Deus somente para gozar, para fruir consolações e desfrutar um sossego e tranquilidade inalteráveis. É verdade que Jesus disse: "Tomai o meu jugo, que é suave, e meu fardo leve"; mas Ele disse também: “Aquele que não tomar a sua cruz todos os dias e não me seguir, não é digno de mim.”
Que fazer, então? Oferecermo-nos em união com Maria, nossa Mãe, consagrarmo-nos a Deus aceitando todas as cruzes, penas e sofrimentos que Ele se dignar enviar-nos. Quando a alma se entrega ao serviço de Deus recebe, nos primeiros tempos, consolações, e experimenta doçuras sensíveis. Há muitas almas que, desgostosas do mundo, onde encontraram somente decepções, abraçam a vida de piedade em procura de paz e de consolação; nada mais desejam no serviço de Deus, porém O servem somente enquanto as favorece com essas divinas suavidades. Quando Ele se esconde e quer substituir por um alimento mais forte esse pão de crianças, essas almas se perturbam, esmorecem, e se deixam dominar pelos escrúpulos; e assim, torturam a imaginação querendo conhecer o motivo do que supõem ser um castigo; pensam que suas confissões não foram sinceras, que fizeram Comunhões mal feitas, e tudo isso com o fim de encontrar em si a causa dessa mudança. E não a podendo descobrir, desanimam, e, finalmente, abandonam os exercícios de piedade.
É certo que não devemos desdenhar as consolações divinas. Quando Deus no-las enviar, consideremo-nos ditosos em recebê-las; porém não as procuremos com afã, pois as doçuras, as graças sensíveis, passam; somente Jesus permanece para sempre. Muitos santos foram favorecidos por Deus com doçuras, êxtases e raptos, porém, quanto sofreram! O Senhor lhes concedia tais favores de quando em quando como recompensa de suas cruzes e como um incentivo para sofrerem ainda mais por seu amor. É pelo sofrimento que nos santificamos; é pela cruz e pelas provações que a alma se fortalece, desprendendo-se de si mesma; então, não mais procura o seu próprio prazer no serviço de Deus mas unicamente Deus, e Deus só.
Eis a lição que se depreende do mistério da Purificação de Maria e da Apresentação de Jesus no Templo. Procuremos pô-la em prática, se nos queremos tornar dignos da augusta Vítima que contemplamos incessantemente no Santíssimo Sacramento, e de sua divina Mãe, que com tanta generosidade nô-la ofereceu!

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A milagrosa dedicação do Santuário de Nossa Senhora dos Eremitas

Em setembro de 948, o abade de Einsiedeln, Eberhard, pediu a São Conrado, Bispo de Constância, a cuja diocese pertencia Einsiedeln, que se dignasse fazer a consagração da Igreja de sua abadia. O Prelado, atendendo a solicitação, dirigiu-se ao Convento em 13 de setembro, acompanhado do santo bispo de Augsbourg, Ulric, e de uma comissão de cavalheiros da sociedade. No dia seguinte, fixado para a cerimônia, São Conrado e alguns religiosos se dirigiram à Igreja, alta noite, e se puseram em oração. De repente, viram que a Igreja se iluminara de uma luz celeste, e que o próprio Jesus Cristo, acolitado pelos quatro evangelistas, celebrava no altar o ofício da Dedicação. Anjos esparziam perfumes à direita e à esquerda do Divino Pontífice; o apóstolo São Pedro e o papa São Gregório seguravam as insígnias do pontificado; e diante do altar se achava a santa Mãe de Deus, circundada de uma auréola de glória. Um coro de anjos, regido pelo arcanjo São Miguel, fazia vibrar as abóbadas do templo com seus cantos celestiais; Santo Estevão e São Lourenço, os mais ilustres mártires diáconos, desempenhavam as suas funções. São Conrado refere em uma de suas obras as diversas exclamações dos anjos no canto do Sanctus, do Agnus Dei e do Dominus Vobiscum final. Ao Sanctus, entre outras, diziam eles; "Tende piedade de nós, ó Deus, cuja santidade refulge no santuário da Virgem gloriosa. Bendito seja o Filho de Maria, que vem a esse lugar para reinar eternamente!"
Embora maravilhado com semelhante aparição, o Bispo continuou a rezar até onze horas do dia. E o povo esperava com ansiedade o início da cerimônia, sem que, no entanto, alguém ousasse indagar a causa dessa demora.
Afinal, alguns religiosos se acercam do Prelado e lhe pedem que comece a solenidade. Mas Conrado, sem deixar o lugar onde rezava, conta com simplicidade tudo o que presenciara e ouvira. Sua narração fez supor que ele estivesse sob a ilusão de um sonho. Finalmente, o santo Bispo, cedendo às instâncias de todos, dispôs-se a proceder a consagração da Igreja. Foi então que aos ouvidos do fiéis ecoaram estas palavras, pronunciadas por uma voz estranha, que repercutiu em toda a assembleia, dizendo mais de uma vez, na linguagem da Igreja: "Cessa, cessa, frater! Capella divinitas consecrata est: Detende-vos, detende-vos, meu irmão, a capela já foi divinamente consagrada."
Dezesseis anos mais tarde, São Conrado, Santo Ulrico e outras testemunhas oculares do acontecimento, encontrando-se reunidos em Roma, prestaram acerca dele um solene testemunho. E depois de todas as necessárias informações jurídicas. Leão VIII deu publicidade ao fato por meio de uma bula especial, que foi confirmada pelos papas Inocêncio IV, Martinho V, Nicolau IV, Eugênio VI, Nicolau V, Pio II, Júlio II, Leão X, Pio IV, Gregório XIII, Clemente VII e Urbano VIII. E, a 15 de maio de 1793, Pio VI ratificou os atos de seus predecessores, a despeito dos céticos, sempre prontos a duvidar do que lhes não convém, e cheios de credulidade absurda para com o que os lisonjeia.
(Descrição do Convento e da abadia de Einsiedeln).

PRÁTICA — Em união com Maria, nos oferecermos a Jesus, Vítima de amor em nossos altares, para tudo quanto Ele desejar de nós.

JACULATÓRIA — Sede bendita, ó Maria! Vinha fecunda que nos deu o Vinho Eucarístico!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962