Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 6
A depositária das recordações
Não
é grata ao coração dos mortos, não é consoladora essa reconstituição, pelo
pensamento, da família, que a morte dispersou.
Mãe!
Esse filho que morreu em teus braços, a esta hora é o amigo, o irmão o
companheiro de teu anjo da guarda perto de ti, a teu lado talvez; ele te diz
baixinho: Não chores, mãe, eu sou feliz!
Filho!
Tua mãe, teu pai, mortos na paz do Senhor, são como outrora, embora de um modo
invisível, teu guia, teu conselheiro, teu defensor!
Amigos,
irmãos, esposos! Aquele que o Bom Deus chamou a si, não cessa de vos amar: mais
puro com a expiação do purgatório, mais amante pela sua união com Deus, no Céu
ele será para convosco tudo o que era na terra, e ainda mais clara e
poderosamente!
Nutri-vos
destas ideias, pobres almas aflitas; os sentimentos que elas despertarem
suavizarão a amargura de vossa dor. Se tais sentimentos perseverarem, se fizerem
permanência em vossa vida, oh! Como os dias vos correrão tranquilos! Mas, ah! O
sentimento é de sua natureza passageiro: tanto mais impressionável quanto mais
delicado, o coração também vê apagarem-se, pouco a pouco, suas impressões substituídas
por outras. Os vestidos do luto ficam durante algum tempo a avivar nossas
recordações queridas, mas esses vestidos se deixam, e com eles aliviam-se
primeiro e depois desaparecem também as lembranças.
Pobre
natureza humana! A Igreja bem o conhece, e, não querendo que nos tornemos
esquecidos, constituiu-se, em nome de Deus, a depositaria das recordações de
nossos mortos.
Vejamos
o que ela fez.
Consagrou
um dia inteiro todos os anos, à oração pelos finados. Nesse dia, reveste-se de
todas as suas pompas fúnebres e nos conduz todos ao cemitério a olhar mais uma
vez o túmulo dos nossos mortos.
Quis
que um dia de cada semana, a segunda-feira — fosse especialmente consagrado a
sufragar os falecidos, e, em muitas Ordens religiosas, junta-se nesse dia ao
Ofício canônico — o dos mortos.
Dispôs
que no fim de cada Ofício, isto é, sete vezes por dia, todos os sacerdotes e
religiosos tivessem uma lembrança em favor dos mortos e rogassem a Deus para
eles o descanso e a paz.
Instituiu
aniversários, a fim de que as famílias viessem regularmente, todos os anos,
ajoelhar-se ao pé do altar para pedir de um modo particular por seus defuntos.
Determinou
que todas as manhãs, no santo sacrifício da Missa, houvesse uma recomendação e
um memento especial pelos mortos.
Concedeu
indulgências particulares às orações pelos defuntos, e permitiu que se aplique
em favor deles grande número de indulgências ganhas por orações e boas obras.
Aprova,
sustenta e acoroçoa a fundação das confrarias consagradas ao cuidado dos
mortos.
Vós
que praticais o culto dos mortos, amai a Igreja que tem a missão de conservá-lo
em vossos corações!
Aquele
que não vai mais à Igreja, esquece depressa os mortos!
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia
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