Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 9
Felicidade de ser útil aos
mortos
«Oh,
se tudo estivesse acabado para sempre, se eu não pudesse me ocupar mais dele,
se não tivesse mais o prazer, não digo só, de torná-lo a ver no Céu, mas de lhe
ser ainda útil durante o resto de minha vida, como seria isto cruel!» dizia uma
pobre mãe junto ao corpo inanimado de seu filho.
Deveria
ser muito doloroso, sim; mas consolai-vos, pobres filhos, vós podereis ainda
ser úteis àqueles que a morte vos roubou, podeis ajudá-los a mais depressa
ganhar o Céu! A Igreja compreendeu essa necessidade de vosso coração e deu alimento
a vosso amor.
A
morte separa: parte os laços materiais que nos prendiam uns aos outros; não
dissolve os laços imateriais que ligavam uma alma a outra alma, um coração a
outro coração.
Está
longe, não está perdido: é o grito da alma cristã, e assim, um pai, uma mãe, um
filho podem sempre ocupar-se daqueles que amavam, quando os possuíam consigo,
e que ainda prezam, mesmo sem os verem.
Os
atos de dedicação, de que foram cheios os vossos dias e que tinham por objeto
fazê-los felizes, podeis praticá-los ainda, e, oferecendo-os a Deus pelo repouso
dessas almas, vós continuareis a trabalhar em sua felicidade.
O
trabalho material que fazíeis por eles podeis prossegui-lo ainda em sua
intenção, e o fruto lhes será aplicado pela misericórdia divina.
As
riquezas que acumuláveis para eles, podeis juntá-las ainda, e o que em seu nome
distribuirdes aos pobres, lhes há de ser comunicado por Deus de um modo muito
mais útil do que vós mesmos o teríeis feito.
«Conheci,
diz o Visconde Walsh, um luterano que, por amor de nossa crença no Purgatório,
se fez católico.
Perdera
um irmão querido no meio de um banquete e lembrava-se a cada instante, dessa
passagem tão brusca de uma orgia para o fundo de um féretro.
Ah!
disse-me ele num dia de finados, por causa de meu irmão vou me fazer católico…
Quando me for permitido rezar por meu irmão, então respirarei, viverei para
pedir todos os dias o Céu para aquele a quem tanto estimei na terra. Vossa
Igreja faz que os seres que se prezam possam ajudar-se mutuamente ainda depois
da morte. Vossas orações tiram ao sepulcro sua mudez pavorosa, Vós conversais
ainda com os que já partiram desta vida; conhecestes a fraqueza humana, essa
fraqueza que não é crime, mas ainda menos é a pureza; e, entre os limites do
Céu e do inferno, Deus vos revelou um lugar de expiação, o Purgatório.
Meu
irmão está aí, talvez: eu me faço católico para libertá-lo dessa prisão para me
consolar neste inundo, para me aliviar deste peso que me oprime, peso que eu
não sentirei mais, quando me for dado orar.»
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia
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