Meditações
Para Todos os Dias e Festas do Ano
Para Todos os Dias e Festas do Ano
Tiradas das obras Ascéticas de
Santo Afonso Maria de Ligório Bispo e Doutor da Igreja
Santo Afonso Maria de Ligório Bispo e Doutor da Igreja
pelo Pe.Thiago Maria Cristini
Tomo I
Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive
Tomo I
Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive
Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921
XXXI - Tarde
Jesus Cristo tem feito e padecido tudo por nosso amor.
Jesus Cristo tem feito e padecido tudo por nosso amor.
Dilexit me, et
tradidit semetipsum pro me
“Ele me amou, e se entregou a si mesmo por mim”
(Gal. 2, 20).
I. Se é verdade, ó
meu Jesus, que por meu amor abraçastes uma vida penosa e uma morte amargosa,
posso dizer com razão, que a vossa morte é minha, que são minhas as vossas
dores, meus os vossos merecimentos, que, em suma,Vós mesmo sois meu, já que por
meu amor Vos entregastes a tão grandes padecimentos. Ah, meu Jesus! Nada me
aflige tanto como o pensar que houve um tempo em que Vós éreis meu, e eu
voluntariamente Vos tenho perdido repetidas vezes. Perdoai-me e estreitai-me ao
vosso peito, nem permitais que eu ainda torne a ofender-Vos. Amo-Vos de toda a
minha alma. Vós quereis ser todo meu, eu quero ser todo vosso.
O Filho de Deus, por ser Deus verdadeiro, é infinitamente feliz.
Contudo, observa Santo Tomás, Ele tem feito e padecido tanto por amor do homem,
como se sem este não pudesse ser feliz: quasi
sine ipso beatus esse non posset. Se Jesus Cristo, durante a sua vida
terrestre, tivera de merecer a eterna bem-aventurança para si mesmo, que é que
mais pudera fazer do que carregar-se de todas as nossas fraquezas, tomar sobre
si todas as nossas misérias, para depois terminar a vida com uma morte tão dura
e ignominiosa? Mas Jesus era inocente, santo e bem-aventurado em si mesmo; tudo
quanto tem feito e padecido, tem-no feito a fim de merecer para nós a graça divina
e o paraíso perdido. — Desgraçado de quem não Vos ama, ó Jesus meu, e não vive
abrasado no amor de tão grande bondade!
II. Se Jesus Cristo
nos houvera permitido, que lhe pedíssemos as provas mais manifestas do seu
amor, quem jamais se teria animado a pedir-lhe, se fizesse criança semelhante
às outras crianças, abraçasse todas as nossas misérias, se fizesse entre os
homens, o mais pobre, o mais desprezado, o mais mal tratado, até morrer à força
de tormentos sobre um lenho infame, amaldiçoado e abandonado de todos, mesmo do
seu próprio Pai? Mas o que não nos animaríamos nem sequer a imaginar, Jesus o
excogitou e fez.
Ó meu amado Redentor, peço-Vos que me concedais a graça, que para mim
merecestes com a vossa morte. Amo-Vos e pesa-me de Vos ter ofendido. Tomai
posse da minha alma; não quero que ela continue em poder do demônio. Quero que
ela seja toda vossa, já que Vós a comprastes com o vosso sangue. Vós me amais a
mim e eu quero só amar a Vós. Preservai-me do castigo de viver sem o vosso
amor, e pelo mais castigai-me como quiserdes. Maria, meu refúgio, a morte de
Jesus e a vossa intercessão são a minha esperança. (II 320.)
Peço ao Divino Salvador que me purifique e me santifique conforme a sua santa vontade.
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