Trechos do Livro
Como evitar o Purgatório
Pe. Francisco Xavier Schouppe, S.J.
Edição de 1973
Na
parte III, vimos trechos do Pe. Schouppe a respeito da localização do
Purgatório e de dois tipos de padecimentos. Prosseguimos reproduzindo o que o
autor fala da duração e da razão das penas a serem purgadas.
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A fé não nos fala sobre a duração
precisa das dores do Purgatório. Sabemos em geral que elas são medidas pela
Justiça Divina, e que cada uma delas é proporcionada ao número e à gravidade
das faltas ainda não expiadas. Deus pode, no entanto, sem prejuízo de sua
Justiça, abreviar esses sofrimentos aumentando sua intensidade; a Igreja
Militante pode também obter sua remissão pelo Santo Sacrifício da Missa
[principalmente pela chamada “Missa Gregoriana”, isto é, uma série ininterrupta
de 30 Missas] e outros sufrágios oferecidos pelos falecidos.
De acordo com a comum opinião dos
Doutores, as penas expiatórias são de longa duração. “Não há dúvida, diz São
Roberto Bellarmino, de que as penas do Purgatório não são limitadas a dez ou
vinte anos, e de que elas duram, em muitos casos, séculos”. [...]
Por que as almas devem sofrer
antes de serem admitidas a ver a face de Deus? Qual é a matéria, qual o objeto
dessas expiações? O que tem o fogo do Purgatório que purificar, que consumir?
Dizem os Doutores que são as manchas deixadas pelos pecados.
Pagar os “débitos de
sofrimento”
Mas, o que se entende por
manchas? De acordo com a maioria dos teólogos, não é a culpa do pecado, mas a
dor ou débito de dor vindo do pecado. Para entender bem isso, devemos nos
lembrar de que o pecado produz um duplo efeito na alma, a que chamamos débito
(reatus) de culpa e débito de sofrimento. O pecado torna a alma não somente
culpada, mas merecedora da dor ou castigo. Ora, depois que a culpa é perdoada
[pela confissão], geralmente acontece que a dor permanece para ser sofrida,
inteiramente ou em parte, e isso tem que ser sofrido na presente vida ou na
vida futura. [...]
O débito vem de todas as faltas
cometidas durante a vida, especialmente de pecados mortais [perdoados] não
expiados quanto à culpa, e que se negligenciou em expiar com frutos meritórios
ou penitência exterior. [...]
Toda mancha de culpa desapareceu
então, mas a dor permanece para ser sofrida em todo seu rigor e longa duração,
pelo menos pelas almas que não são assistidas pelos vivos. Elas não podem obter
o menor alívio por si próprias, porque o tempo do mérito passou; não podem
merecer mais, não podem senão sofrer, e desse modo pagar à terrível justiça de
Deus tudo o que devem, até o último ceitil.
Esses débitos de sofrimento são
os remanescentes do pecado e uma espécie de mancha, que intercepta a visão de
Deus e coloca um obstáculo na união da alma com seu fim último. Uma vez que as
almas do Purgatório fiquem livres da culpa do pecado –– escreve Santa Catarina
de Gênova –– não há outra barreira entre elas e sua união com Deus, salvo os
remanescentes do pecado, dos quais têm que ser purificadas. [...]
Almas que se permitem ser
ofuscadas pelas vaidades do mundo, mesmo que tenham a boa fortuna de escapar à
danação, terão que sofrer terrível punição. [...]
Aqueles que tiveram o infortúnio
de dar mau exemplo, ferir ou causar a perda das almas pelo escândalo, devem ter
o empenho em reparar tudo neste mundo, se não querem ser sujeitos à mais
terrível expiação no outro.
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Fonte do texto: Revista Catolicismo