Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 12
Esperança
«Oh!
Como desconhecemos nós o coração de Deus! Quando o homem está prestes a
morrer, o homem que ele criou por suas mãos, sobre quem velou com ternura durante
a vida, a quem seguiu passo a passo, a quem tocou e iluminou para chamá-lo a si
e que não atendeu a nada disto; quando está à morte, Deus se prepara para
dar-lhe o derradeiro combate, o combate do amor, o combate supremo de uma mãe
que, vendo o filho quase arrebatado, fica louca, terrível, chega ao paroxismo
da indignação e do amor. Desce, por isso, esse Deus de bondade; inclina-se esse
pai inquieto, para o leito de dor em que vai morrer um de seus filhos.
Apela
para tudo o que havia já empregado com o fim de o vencer, luzes, graças,
ternuras, benefícios: Eu vo-los dei às mãos cheias, tê-los-eis sem medida!
Se
o enfermo rende-se aos primeiros assaltos, vê-se o triunfo, e a religião ganha
a conversão de um pecador. Mas, se o homem resiste e, antes de ter cedido, cai
nas sombras que precedem a morte, nem por isso termina o combate. Ao contrario,
redobra de esforço, e a vitória pode ainda ser de Deus, mesmo quando não há
mais para os homens nenhum meio de o saber. Quando os olhos do enfermo ficam
turbados; quando as extremidades ficam frias; quando para verificar se ainda
vive precisa-se pôr a mão sobre seu coração: se a mão do homem fosse mais
sensível, sentiria a luta que continua, a luta suprema. Trata-se de obter uma
palavra, nada mais do que uma simples palavra, um alento, um leve movimento!
Deus trabalha para isso com a obstinação do amor: e quem não compreende que
Deus, lutador hábil, há de consegui-lo muitas vezes?
Vós
dir-me-eis: Que é que sabeis, ao certo, em tudo isso? onde encontrastes a
história dessa luta? Respondo: Achei-a em vosso coração. Sois pai? Sois mãe? O
que eu digo, não o faríeis vós?
Então,
o coração de Deus não velará o vosso?! Tereis vós a gloria de fazer por vossos
filhos mais do que Deus pelos seus? Impossível. É assim, ó religião divina,
que não há dor alguma sem consolação: tu as refrigeras todas na esperança.»
«
Minha luz divina, — dizia Nosso Senhor a Santa Gertrudes, que lhe pedia graças
para um pobre pecador falecido sem sacramentos,— minha divina luz que penetra
no futuro, manifestando-me que vós faríeis por ele esta oração, eu lhe despertei
no coração boas disposições que o preparassem a gozar os efeitos da vossa
caridade.»
Palavras
de consolação! diz o padre Blot: Na previsão de nossas orações futuras, Deus
se digna conceder ao pecador moribundo boas disposições que assegurem a
salvação de sua alma!
Sim,
palavras consoladoras, bem próprias para nutrir a esperança em nossa alma.
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia
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