Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 15
DIA 15
3º sofrimento — Impotência de se acudirem a si próprias
O
estado das almas do Purgatório, diz o Pe. Faber, é a impotência absoluta.
Não
podem nem fazer penitência, nem merecer, nem satisfazer, nem ganhar uma
indulgência, nem receber os sacramentos. Alguns teólogos asseguram que elas não
podem nem orar por si. Estão mergulhadas nessa noite profunda de que fala S.
João, durante a qual ninguém pode mais trabalhar.
Foram
lançadas, nessas trevas exteriores, em que só há lágrimas e gemidos.
Parecem-se
com esse paralítico estendido à beira da fonte de Siloé, que não pôde fazer o
menor movimento para ter um alívio… e ainda o paralítico podia chamar em seu
socorro e tinha a esperança de ser ouvido. Mas, vós, pobres almas do
Purgatório, vossa triste voz não pode chegar até nós sem uma permissão especial
de Deus… e quando chega, porventura é sempre ouvida?
Elas
veem na terra uma infinidade de graças, das quais uma só as aliviaria, as
libertaria talvez, e não podem se aproveitar delas para si. É o suplício
contínuo do faminto preso à pouca distância de uma mesa lauta, para a qual se
dirige sem nunca chegar a alcançá-la. Na terra, quantas orações se dizem,
quantas comunhões se fazem, quantas missas se celebram, quantas indulgências se
ganham! Filhos pródigos, expiando sua fuga da casa paterna, dizem elas em
pranto: Quantas riquezas na casa de nosso pai! e nós aqui transidas de fome!
Isto
é talvez uma punição especial de Deus: esqueceram as almas do Purgatório
enquanto viviam sobre a terra. — Deus permite que também sejam esquecidas.
Veem
suas companheiras de infortúnio aliviadas, de tempos a tempos, recebendo os
frutos de uma comunhão, o valor do sangue de Jesus Cristo, e elas… ficam
esquecidas…
Vós
que viveis na terra e que tão facilmente vos comoveis ante o sofrimento e a
ideia do abandono, ouvi as almas do Purgatório pedindo-vos uma migalha desse
Pão dos Anjos que Deus vos dá com tanta abundância e generosidade, uma pequena
parte de vossas orações, de vossas boas obras, de vossos sofrimentos!
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia
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