Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 16
4º sofrimento — O Conhecimento dos seus pecados
As almas no Purgatório veem
as coisas de Deus diversamente de nós. Esclarecidas pela divina luz,
compreendem elas o respeito, o amor, a obediência que Deus lhes merecia, e toda
a felicidade, ingratidão e covardia dos pecados que cometeram.
E essa fealdade e laxidão,
sempre ante seus olhos, enchem-nas de tanta vergonha, que procuram, embora
inutilmente, fugir das vistas de suas companheiras de tormento.
Essa ingratidão, sempre
patente, oprime-as de tantos remorsos, que seu coração se confrange a cada
instante e sente a necessidade de sofrer para expiar tanta falta de amor.
Podem comparar-se, diz um
piedoso bispo, com um homem que, no meio de um calor insuportável, é envolto,
comprimido, esmagado por um manto, cujo peso o aniquila e que está como
soldado a todos os seus membros.
E sob esse manto estão
encerrados, como em sua morada natural, vermes que se nutrem da carne desse
homem e o atormentam, mordendo-o, sem que possa expeli-los.
E esse manto está roto,
sujo, repugnante, e o infeliz é obrigado a estar com ele em presença do Ser
mais santo e mais puro, que o vê e, vendo-o assim, há de experimentar um
sentimento de repulsão. Que estado esse! que dor, que vergonha!
É o estado permanente, o sofrimento
contínuo, a vergonha das almas do Purgatório à recordação de suas faltas e em
presença dos anjos e do próprio Deus.
A esta vergonha vem se unir
o pensamento de que teriam podido facilmente evitar as faltas que as fazem
sofrer!
Ah! dizem elas, se eu
tivesse obedecido ao meu Deus naquela ocasião em que me custava tão pouco; — se
eu não lhe houvesse recusado um sacrifício que era bem leve! — se eu não
proferisse aquela palavra que minha consciência reprovava; — se eu não me
tivesse descuidado de ganhar aquela indulgência tão fácil… não me veria como me
vejo neste momento! Não sofreria o que sofro!
Tardio arrependimento! as
lágrimas não purificam mais, quando se tem deixado passar o tempo da
misericórdia!
Ó almas queridas, possam ao
menos as vossas dores servir-nos de lição!
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia
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