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XV. ALMA DE MANSIDÃO
Jesus, ensinando a
humildade, ensinou também a mansidão. “Aprendei
de mim que sou de coração manso”. Oh! se nós compreendêssemos toda a força
que se encerra na fraqueza aparente da mansidão!
Bossuet dizia: “A
mansidão, a doçura é o sinal verdadeiro da inocência, conservada ou
recuperada”. S. Francisco de Sales: “a doçura é a flor da caridade”. S. Basílio:
“a doçura é a força prodigiosa do cristão”. Esta foi a força suavíssima da alma
de Maria. Não tivesse ela vivido sempre ao lado do Mestre que era Filho também!
Não tivesse ela procurado sempre que o ritmo de seu coração não batesse em desarmonia
com o ritmo do Coração Divino! Ora o ritmo deste Coração Sagrado era todo feito
de doçura, de mansidão, assim era também o ritmo da alma da Virgem. Por isso lá
em Belém, repelida por todos, conserva a sua mansidão. Conserva a sua mansidão,
tendo que fugir para o Egito; e com que doçura fala Ela ao Menino, achando-O no
Templo, depois dos dias de aflição! Conhece, depois, a perversidade e
fingimento dos escribas e fariseus e já recita, de certo, a oração que Cristo
lhe havia ensinado e que depois do alto da cruz ensinaria a toda a humanidade: Pai,
perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem! Considerando tudo isso, a santa
Igreja diz á Virgem Santa, em sua liturgia: “Vossos olhos são como os da pomba;
vossa voz e vosso rosto, cheios de encanto; a graça foi derramada em vossos lábios;
eles são como um favo de mel que destila suavidade; o leite e o mel estão em
vossa língua, tão deliciosas são as vossas palavras”.
E lá nas bodas de
Caná não se altera a sua mansidão, ouvindo a resposta, para nós misteriosamente
incompreensível, de Jesus. Por isso nos diz S. Bernardo, o santo que soube
falar de Maria com tanta elevação e piedade: “Abri o Evangelho; percorrei suas páginas sagradas que falam,
aliás, com tanta parcimônia de Maria, e se nelas achardes algo de duro e de
austero, concordo que não recorrais à sua intercessão. Mas eu sei que só
achareis doçura, clemência e misericórdia. Enchei-vos de ânimo, a alma de Maria
é suavíssima, é amável!”
Como ressoa
belamente, aos sábados, nas igrejas carmelitanas, o solene cântico da antífona
“Salve Regina”, onde, por duas vezes,
se fala da doçura, da mansidão de Maria! Salve, ó Rainha, vida e doçura nossa! Ó
clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria! É por isso que ninguém tem medo
de se achegar a Ela. Vê-la-ão triste, sentida, mas nunca sem a sua querida
mansidão. No momento mesmo em que a maldade dos homens causava-lhe a maior dor,
matando-lhe o seu Filho, é a mesma doçura de sempre. E quem sabe se não foi
justamente esta mansidão materna que comoveu a alma rude do criminoso
crucificado...
Se nós possuíssemos
esta virtude!... Ela é a coroa esplendida do domínio sobre nós mesmos. É o
resultado de uma grande energia, apanágio das almas fortes. Perguntemos ao
querido S. Francisco de Sales, que de esforços e de lutas lhe não custou a sua amabilíssima
e proverbial mansidão! Devemos, todos os dias, pôr mãos á obra e com coragem:
quero proceder hoje com toda a mansidão e doçura. E quando formos vencidos e cairmos,
não nos perturbemos mais ainda — como dizia o Santo Bispo — mas levantemo-nos
com grande doçura e, humilhando-nos diante de Deus, prossigamos o caminho suavíssimo
da mansidão.
VIRGEM singular,
mansíssima entre todas — como canta a Igreja — aparai as asperezas de nossa
alma e alcançai-nos a mansidão verdadeira. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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