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XVI. Alma de Paz
Jesus, o Mestre
Divino, ensinando a humildade e a doçura, acrescentou como prêmio: se as
praticardes, achareis a paz para vossas almas”. Ora, se Maria, como vimos,
praticou, com tanta perfeição, as duas encantadoras virtudes do Coração Divino,
não pode haver dúvida de que a sua paz foi grande, imensa, profunda! Paz! como
soa deliciosamente aos nossos ouvidos esta palavra, tão curta e tão imensa, que
a maldade dos homens vai desterrando, pouco a pouco, de sobre a face da terra!
Paz! E a gente se lembra da superfície tranquila do lago onde tudo se espelha,
até o azul do céu e as aves que voam nas alturas; do campo verdejante, acariciado
pela aragem da tarde e beijado pelo sol que se deita; do lar feliz, onde se vê
a família reunida em doce comunhão; das naves silenciosas de um templo e do
claustro de um convento; imagens da paz...
Assim era a alma
gloriosa de Maria: a harmonia mais bela consigo mesma, com as criaturas, com
Deus Nosso Senhor. — Paz divina a envolvia sempre, fruto de sua fé, de seu
amor. É verdade que fora ela quem melhor ouvira e compreendera o cântico de
paz, lá nas agruras da estrebaria de Belém: Paz na terra aos homens de boa
vontade! Também lhe não era difícil, uma vez que via ali o seu Filhinho divino,
que viera, justamente, a esta terra inquieta e revoltosa, para trazer a paz.
Não uma paz podre, paz de cemitério ou de charco, mas uma paz ativa, fruto de
esforço, fruto de trabalho. Foi, assim, a paz da alma gloriosa de Maria. Por
isso sempre valeu a todos os que sem paz a Ela recorreram. Quem não conhece o fato
da juventude de São Francisco de Sales? Quando inquieto, perseguido por dúvidas
e tentações, desesperado quase, atirou-se aos pés de Maria, recitando com toda
a sua alma o “Lembrai-vos”? Foi tão grande a paz que o inundou, que já não a
perdeu durante a vida inteira. Maria, alma distribuidora de paz, porque sempre
cheia de paz. Também, que seria capaz de a roubar ou perturbar? Não tinha
inveja, não tinha ambição, não tinha orgulho, nada, portanto, que estragasse o
dom divino, anunciado pelos anjos. Mas duas forças possuía a Virgem, que
bastam, plenamente, para firmar a alma na paz; uma confiança sem limites na
Providencia Divina e um conhecimento perfeito do valor do sofrimento. O futuro
não a perturba. Sabe que o Pai do céu vela sempre. Por isso em paz vai a Belém;
em paz, ouve lá as recusas dos parentes e conhecidos; em paz aloja-se na gruta;
em paz, foge para o Egito; em paz, volta de lá... Pois ela estava certa de que
Deus Nosso Senhor sabe escrever direito por linhas tortas e governa,
admiravelmente, os passos de nossa vida. Os filhos da Providencia são assim,
vivem em paz... Eles sabem que não cai de nossa cabeça um só cabelo, sem a
permissão do bom Pai celeste. — Outra força geradora da paz em Maria, era o seu
conhecimento perfeito do valor do sofrimento. Sofria, compreendendo o que
significa sofrer em Deus e por Deus. Por isso, cheia de paz, deixou que as sete
espadas cruéis se cravassem, uma por uma, no seu coração, alargando assim a
capacidade de sua alma, para uma paz sempre maior. E dizia com Isaías profeta
(Is 38, 17): suporto em paz a minha
amaritude tão amarga. É, assim, que ela tanto atrai as almas! Basta entrar
na Igreja de N. S. da Paz, no Rio de Janeiro, para ver como de todos os cantos
da grande cidade, acorrem os homens procurando paz aos pés de Maria.
Examinemo-nos por
que, tantas vezes, andamos sem paz, perturbados, inquietos... Não é, talvez,
porque não confiamos bastante na Divina Providencia que vela, contudo,
carinhosamente, sobre cada um de nós? Não é, talvez, porque não queremos entender
a doutrina sublime do sofrimento que purifica, que merece, que santifica e
eleva? Somos perseguidos, caluniados, mal compreendidos? Somos tentados?
Avivemos a nossa fé. Só o pecado é que nos pode roubar a paz. O arrependimento
sincero, porém, no-la restitui. Então de nós se dirá também: e é na paz a sua morada (Ps 75, 3).
RAINHA da paz, ó
Maria, fazei que confiemos cegamente na Providencia Divina e que amemos o sofrimento.
Só assim gozaremos de paz neste mundo, paz que se transformará na paz beatífica
do céu. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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