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VII. ALMA DE NEVE
O lodo é feio e sujo.
A neve é bela, a neve é casta. Por isso deve ter dito o Seráfico Pai São
Francisco: a nossa irmã neve é casta, a nossa irmã neve é bela!
Assim era a alma
gloriosa de Maria. Branca como a neve. Como ela, toda pura. Isenta da culpa
original, sem pecado pessoal algum no decorrer da vida, canta-lhe a Igreja, em
arroubos de jubilo: Como sois bela, ó Maria; nódoa alguma se vê em vossa alma!...
E noutro lugar: A
minha amada é branca e imaculada como a neve do Líbano. E S. Jerônimo, comentando
os Cantares, diz: “a alma de Maria foi o horto fechado, a fonte puríssima na
qual jamais se viu impureza alguma”. Alma de neve, cuja alvura nós podemos, de
certo modo, imaginar. Em íntima união com a Trindade Santíssima, como Filha,
Mãe e como Esposa, participava, de modo elevado, da pureza eterna de Deus. Se a
alma pura de uma S. Inês, de uma S. Cecília, de um S. Luiz, de um S. Estanislau
nos extasia, que diremos da alma nívea da Virgem? E extasiando-nos, leva-nos, forçosamente,
em seu seguimento. Eis por que, quanto mais as almas se achegam a Maria, mais
participam elas de sua candura e de sua pureza. Grignion de Montfort diz que
Maria é a veste alvíssima, que deve proteger a nossa penúria. É por causa desta
brancura toda casta, que o Espírito Santo diz ser a Virgem Santíssima bela como
a rola, semelhante ao lírio e ao lírio entre os espinhos. E Dionísio Cartusiano
afirma que basta a presença de Maria para inspirar aos homens pensamentos e afetos
de pureza. Nunca teremos nós experimentado esta verdade? Se até mesmo a
vizinhança de almas castas nos faz cada vez mais amar esta virtude!...
Dizia o Ven. João
d’Avila que muitas pessoas tentadas contra a castidade conseguiram sair vitoriosas
só pela intercessão de Maria Imaculada. E não deveu, talvez, São João Baptista
a sua admirável pureza à visita santificante da Virgem? Na antiga Roma não se
encontravam seis jovens que, voluntariamente, consagrassem à deusa a sua
virgindade; a pureza virginal de Maria SSma. vem arrastando após si multidões
de almas, pelos séculos em fora, que, voluntariamente e alegremente, entregam a
Deus a flor alvíssima de sua inocência.
Tanto pode a alma de
neve de Maria! E quando, no meio da corrupção geral, encontramos jovens,
principalmente nas grandes cidades, que sabem lutar pela virtude angélica e que
sabem vencer; quando vemos lares que mantêm a sua elevação e santidade, apesar
da decadência da família moderna; quando vemos o zelo com que apóstolos, leigos
também, trabalham pela santificação dos costumes, apesar de rodeados por mil
forças destruidoras; então compreendemos como é imenso o manto puríssimo de
Maria, para abrigar tão boa porção da humanidade, e como é forte a influência,
neste lodaçal terreno, de sua alma de neve!
Sem dúvida, nós
pertencemos a esta porção da humanidade que procura viver sob o influxo da
pureza da Virgem. Graças a Deus! Mas não nos esqueçamos de que esta virtude
encantadora admite muitos graus. Por isso rogava o salmista: Lava-me, Senhor, mais e mais do meu pecado! e eu me tornarei mais
branco do que a neve! (Ps 50).
Seja esta a nossa preocupação constante:
purificar-nos cada vez mais, para merecermos o nome de filhos da Virgem toda
pura.
Ó Mãe puríssima, Mãe
castíssima, Rainha dos Anjos, Rainha das virgens — alma de neve — tornai a
nossa pobre alma semelhante à vossa; só assim poderemos ver convosco a Deus no
céu. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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