CENTELHAS EUCARÍSTICAS
XXVII
Os
bons dias a Jesus
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EIS a alba dum
novo dia, ó Jesus? Mas, de que te será ele portador? Será este um dia de novas culpas ou de
amores mais veementes? Quantos sacrilégios, quantas blasfêmias, quantas
abominações não virão dilacerar-te o coração? E quantas orações, quantos
heroísmos de virtude não to virão consolar? Eu não o sei, e certamente não é a
força mesquinha do meu braço que poderá impedir a obra dos crucifixores e fazer
cair-lhes das mãos o martelo e os cravos. Mas tu podes receber o meu melhor
augúrio e transformá-lo em mil chamas de amor, que do coração de tantos
adoradores sobem a confortar o teu.
Bons dias, ó Jesus! Que se
multipliquem hoje as almas sedentas junto da Mesa Eucarística, para
participarem do banquete da tua graça. Venham as almas boas, e ofereçam-te o
Tabernáculo vivo do seu coração... Aqueles mármores do altar são demasiado
frios para ti... Aquelas píxides não têm palpitações... E tu tens necessidade
de te ver cercado do calor de almas amantes.
Bons dias, ó Jesus! Venham hoje, eu
te auguro do fundo do coração, venham hoje as almas tímidas, indecisas, sempre
incertas, venham fazer a Comunhão, embora se não tenham confessado há muitos
dias, contanto que, afora as venialidades, não tenham caído em culpa grave e as
anime o desejo de te serem agradáveis e alcançarem para si próprias um aumento
de graça. Sim, resolvam abandonar-se por uma vez e com toda
a confiança aos teus braços e ao teu
coração! Que belo dia seria este se as comunhões das almas boas se
multiplicassem!
Bons dias, ó Jesus! Os altares estão
prontos; os Sacerdotes movem os passos para os calvários perenes do templo
católico... Mas, quantos virão a ouvir missa? Oh! Que torrentes de sangue
divino correm pela terra... E quase ninguém procura nele a salvação e a graça! Eu
te auguro, ó Jesus, que a multidão imensa de cristãos dolentes, que andam pelo
mundo a semear lágrimas sem conforto e esperanças iludidas, se recolha para
unir os seus martírios ao teu martírio, para santificar com o teu sangue as
suas dores, para alcançar a paciência entre as injustiças dos homens, para
suportar com espírito de resignação santa e
de justa expiação o saraivar de mil
desventuras, para aprender, enfim, que
a desventura é a mais nobre coroa para uma fronte humana, quando se cinge
olhando o Crucifixo e beijando a Cruz.
Bons dias, ó Jesus! Que o templo não
fique hoje deserto uma hora sequer; que não te falte por um minuto só a coroa
dos adoradores. Ó Jesus, como eu desejaria saber que não ficarás hoje só, abandonado!
Tu, que amas tanto, como desejarás ouvir repetir-te que também és amado! Venham
hoje repetir-te cem e mil vezes essa bela palavra; venham dizer-ta as almas
inocentes e as almas culpadas... Ah! Tu bem sabes que muitas vezes, mesmo
debaixo do lodo de muitas culpas, se esconde uma centelha de amor...
Venham, pois, os pecadores dizer-te o
segredo que amargura as suas almas, venham dizer-te que, sob um cúmulo
oprimente de desconfortos e de respeito humano, se oculta um desejo de
soerguerem-se, de voltarem aos teus braços para pedir-te perdão e fazer a paz
contigo; venham dizer-te que desejariam converter-se... Oh! Que belo dia seria
este se transcorresse todo em observar corações contritos ou ao menos desejosos
de arrependimento, em ver almas cansadas de ofender-te e anelantes do repouso
da tua graça e do teu amor!
Bons dias, ó Jesus! Mas, também eu te
farei passar um dia de alegria, ou te condenarei hoje a novas penas? Ó
meu Jesus, tu bem sabes que te amo, e
que desejaria amar-te mil e mil vezes mais... Mas conheces também quanto sou
débil na minha vontade e inconstante nos meus propósitos. Portanto... Bons
dias, ó Jesus! E a bondade deste dia consista para mim em um constante esforço
para viver no teu coração, e para ti na consolação de ver em mim uma alma que
te ama como sabem amar-te os santos.
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