21o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA
Oremos pelas almas que Deus chama à vida religiosa. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

O 2º espinho do Coração de Jesus são as almas indiferentes
Há algumas almas que ouvem falar do amor de Jesus, e veem nisto apenas uma pia exageração, — que pouco se lhes dá de co­meter ou não pecados, contanto que nisto tenham prazer ou proveito, — que se riem do cuidado com que as almas piedosas procuram evitar os pecados veniais, que assistem às orações por complacência, mas considerando esse tempo, se não mal empregado, perdido. Oh! Quanto Jesus há de sofrer com esta indiferença!…
Meu Deus, não permitais que eu caia em tal!—Bem leviano e esquecido sou eu, mas não, não quero ser indiferente no que toca à Vossa glória!
“Hoje farei uma fervorosa visita ao SS. Sacramento, pedindo-lhe pelos infelizes que resistem a Jesus Cristo”.
EXEMPLO
Assim como são uniformes as manifestações do amor e misericórdia do Coração de Jesus, multiforme é o zelo de seus fervorosos devotos em corresponder-lhe; fazem-no com a adoração, a expiação e o desagravo, pondo em obra a piedade infantil, a devoção das vá­rias classes sociais e o fervor das Comunidades reli­giosas. Mas, tendo sempre em vista, com a agonia de Deus, a salvação das almas, os servos do Coração de Jesus não poderiam deixar de ocupar-se, particularmen­te, do transe da morte e dessa hora solene que decide da conversão dos pecadores e da perseverança dos justos. Pesando os interesses eternos de mais de cem mil almas que todos os dias comparecem diante do Tribunal Divino, e desejoso de valer, por algum modo, aos que sucumbem de morte súbita, e no mar ou em desertos e países paganizados, sem que se lhes possa ministrar os socorros da religião, o Pe. Lyonard, em 1847, quando fazia ainda, em Vals, os seus estudos para o sacerdócio, compôs, em favor dos agonizantes, a oração— “Ó mi­sericordiosíssimo Jesus” — que, enriquecida de indul­gências pela Igreja, e traduzida em todas as línguas cultas, é hoje recitada em todo mundo.
Em 1885, sob o mesmo impulso piedoso, e arcando com dificuldades, que só por uma visível proteção di­vina pôde vencer, a viúva Joana Trapadoux, diretora do Hospício do Calvário em Lião, erigia ai uma Igreja sob a invocação do “Coração Agonizante de Jesus”.
Depois de levantar um templo ao “Coração Agonizante”, a piedosa senhora desejou formar uma congregação de Religiosas para o servir; o Pe. Lyonard, que havia sido mestre de um filho da Sra. Trapadoux, veio coadjuvá-la na realização dessa ideia; e o céu a patrocinou; pois querendo ter por auxiliar a Agostinha Vallete, que então se achava entrevada, fez-se para esse fim uma novena e, ao terminar, a enferma subitamente se erguia curada. A congregação fundou-se em 1859, tendo por sua primeira professora e primeira superiora a Sra. Trapadoux, que tomou o nome de Maria Madalena do Coração Agonizante. “O pensamento da perda eterna dos remidos por Jesus Cristo, e do quanto há de isto doer ao seu coração me impressionou profundamente, di­zia ela. Diante desta ideia, não me parece que possa recusar coisa alguma a Nosso Senhor, ainda quando não viesse daí nenhuma recompensa, nem neste mundo nem no outro. Mil vidas quisera ter para dar, e sinto só ter uma e tão incapaz! E os vinte e um anos que ainda viveu, consumiu-os todos a exemplar Reli­giosa num continuado trabalho e sofrimento como ví­tima voluntária da expiação dos pecados do mundo, e pela salvação dos agonizantes de cada dia.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

20o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus


— III —
Os espinhos do Coração de Jesus
VIGÉSIMO DIA
Oremos pelas almas que resistem à graça. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.


O 1º espinho do Coração de Jesus são as almas que, voluntariamente, permanecem em estado de pecado mortal
A alma inocente é morada de Deus, e pela Sagrada Comunhão torna-se a habitação particular de Jesus Cristo… aí Jesus Cristo está “em casa”, e encontra suas delícias; aí quer ficar… Ora, cometer um pecado mor­tal, conservá-lo voluntariamente, é admitir o demônio dentro d’alma, constituí-lo Senhor no lugar de Jesus que sai então expulso, ignominiosamente…
Pobre Jesus! Fica ele então à porta da alma pecadora; bate a essa porta que lhe cerraram, pede para entrar e ouve um es­pantoso grito dos Judeus: “Não! não! não é a vós que eu quero, mas ao meu pecado!” — Oh! se vos julgais em estado de pecado mortal, ide, ide já confessar-vos.
“Uma oração pelos pecadores”.
EXEMPLO
A piedade, como diz a Sagrada Escritura, é útil a tudo. Isto se vê até no êxito admirável de tantas pe­quenas indústrias que o amor de Deus sugere aos seus servos para fazerem o bem e lhe ganharem as almas. Em 1891, na escola católica da Ilha de Tine, do arqui­pélago grego, foi colocado sob a imagem de Nosso Senhor um coração “cheio de espinhos”, tendo o di­reito de cada tarde, no mês de junho, tirar desse co­ração um espinho o aluno que houvesse procedido me­lhor; tal foi a porfia entre eles por uma conduta exem­plar que tornou um espetáculo de edificação à escola, podendo dizer-se que o Sagrado Coração era aí, todo o dia, coberto das mais belas flores d’alma por aquela piedosa turba infantil.
O colégio congreganista de Negapatan, no Indostão, em 1869, instituía a prática seguinte: no começo do mês, cada aluno traçava numa folha de papel tantas linhas perpendiculares quantos os dias do mês e à mar­gem de uma série de linhas horizontais, registrava as espécies de boas obras que se poderiam aplicar, escre­vendo no fim de cada dia, na coluna e lugar corres­pondentes, o número dos atos de virtude que praticara. Ao fim de um mês, entregavam-se todas as listas ao Diretor do Apostolado da Oração, sem nenhuma indica­ção nominal, para que só de Deus fosse conhecido o esforço e mérito de cada um; e o Diretor, somando o resultado em relação a cada espécie de boas obras, na conferência mensal publicava o balanço do “Tesouro do Coração de Jesus”. O Pe. Eraud, noticiando o fato, considera-o a causa principal dos progressos que na instrução e na vida cristã fazem os alunos dos estabelecimentos, alguns dos quais ainda recentemente se haviam distinguido em difíceis provas a que se submeteram na universidade de Madras.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

19o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

DÉCIMO NONO DIA
Oremos pelo Santo Padre.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.


O quinto desejo do Coração de Jesus é o triunfo completo da Igreja
A Igreja não perecerá jamais: debalde as portas do inferno vomitam contra ela le­giões infernais; debalde a má imprensa es­palhará as suas calúnias; a Igreja resistirá até a consumação dos séculos. É um artigo de fé, o temor a esse respeito seria uma falta.
Mas se a Igreja não pode perecer, pode sofrer, e sofre… Sofre na pessoa de seu “chefe”, o Papa, cuja autoridade é desco­nhecida; sofre em seus “membros”, os fiéis perseguidos; em seus “mandamentos” des­prezados… Oh! como Jesus se alegraria de vos ver algumas vezes de joelhos, diante do SS. Sacramento, pedindo-lhe a paz da Igreja e impondo-vos, nessa intenção, algumas pe­quenas privações”.
“Pedirei, com mais fervor, em minhas orações, o triunfo completo da Igreja”.
EXEMPLO
O Pe. Romano Hinderer, alsaciano, que recebeu o batismo em 1668, o ano em que se erigiu em Coutances, Normandia, a primeira Igreja pública dedicada ao Co­ração de Jesus, foi como escreve um seu discípulo, senão o primeiro, ao menos o mais feliz propagador desta devoção na China. Enviado para a província de Tché-kiang, dentro em pouco erigiu na capital (Hangtcheou) o primeiro templo que a China possuiu sob a referida invocação, e não tardou a ser testemunha de uma proteção miraculosa obtida por ela: um incêndio voraz se ateara numa aldeia próxima, e devorara quarteirões in­teiros. Os habitantes, infiéis na maior parte, corriam às ruas desorientados, clamando por seus ídolos: entre eles havia um cristão muito pobre, cuja casa se achava entre as dos infiéis, e ele pede a Deus que se compadeça de sua miséria. O incêndio prossegue e arde já a casa vi­zinha à do cristão; mas, de repente, as chamas passam sobre ela, respeitando-a, e vão queimar as dos outros, reduzindo-as a cinza. Um grande número de pagãos con­verteu-se logo diante do prodígio. Sucederam-se outros; na aldeia de Kin-kia-kias, estavam reunidos os neófitos e oravam sob um desses alpendres que são o oratório dos camponeses chins, quando apareceu no céu sobre o teto de colmo, uma cruz luminosa, cercada de uma auréola de nuvens brilhantes, que deixava em torno um campo azul semeado de estrelas. Ao clarão, que pa­recia o de um incêndio, acudiram os pagãos: a cruz pairou, durante um quarto de hora, em seu nimbo de fogo, e depois desapareceu, deixando infiéis e cristãos maravilhados. Em 1722, no dia 24 do mês consagrado ao Coração de Jesus, sobre a sua igreja em Hang-tcheou, desenhou-se novamente no céu a cruz luminosa, futu­rando pelo tempo de meia hora; o povo todo a viu, e se fizeram desenhos dela, que foram gravados e distri­buídos no Império chinês e na Europa. Pela invocação do Sagrado Coração, obteve o Pe. Romano a graça de curas miraculosas, e escapou incólume a várias perse­guições que a Igreja sofreu na China, durante os 37 anos em que aí missionou; e ao morrer, em seus 77 anos de idade, tendo arrancado ao paganismo mais de cem mil almas a quem ensinava tão santa devoção, di­zia ele ainda cheio de confiança: “É pela devoção ao Coração de Jesus que a missão na China não só se conser­vará, mas há de se elevar muito”.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

18o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

DÉCIMO OITAVO DIA
Oremos pelas almas do Purgatório, que são mais ama­das pela SS. Virgem.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.


O quarto desejo do Coração de Jesus é o livramento das almas do Purgatório
Almas queridas de Jesus, almas muito amadas que Ele vê sofrer, e que, em respeito a sua justiça, ainda não pode livrar!
Estas almas chamam-no, desejam-no, dizem-lhe a cada instante: “Quando vos veremos, Senhor?… E choram menos pe­las dores que experimentam que por se verem separadas de Jesus! Parece-me, dizia uma Santa, estar vendo Jesus que estende para mim uma das suas mãos, dizendo-me: “Es­tas pobres almas devem-me orações, missas mal ouvidas, mortificações, esmolas que de­veriam ter feito… Satisfazei por elas”.
Sim, Jesus, quero começar hoje mesmo.
“Darei, de tempos a tempos, uma es­mola pelas almas do Purgatório”.
EXEMPLO
Santa Margarida Maria recomendou, vivamente, em suas instruções, o seguinte: “À noite, dareis uma voltinha pelo Purgatório, em companhia do Sagrado Co­ração, consagrando-lhe tudo o que houverdes feito, e pedindo que se digne aplicar os seus merecimentos às santas almas que padecem. E ao mesmo tempo lhes pedireis também, queiram interpor o seu poder para vos alcançarem a graça de “viver e de morrer no amor e fidelidade ao Sagrado Coração de N. Senhor Jesus Cristo, correspondendo aos seus desejos de resistência”. Noutro escrito que deixou, lê-se: “Numa noite de Quin­ta-feira Santa, tendo eu alcançado licença para passá-la diante do SS. Sacramento, estive uma parte do tempo como cercada destas almas pobres: e Nosso Senhor disse-me que me dava a elas todo este ano, para lhes fazer todo o bem que pudesse. Desde então, vem elas ter muitas vezes comigo; e não lhes dou outro nome senão o de minhas “amigas penadas”. Eu pedia em fa­vor delas sufrágios e aplicações de Missa dizendo: “Muito mais obrigada vos fico pelo bem que lhes pro­curais do que se a mim mesma o fizésseis”. Outras vezes, regozijava de terem saído livres pelas orações e penitências que por elas fizera : “Esta manhã, domingo do Bom Pastor, duas das minhas boas amigas que so­frem, vieram dar-me um adeus; porque hoje o sobe­rano Pastor as recebia no seu redil da eternidade, com outras que iam entoando cânticos de alegria que se não podem explicar”. Estes piedosos sentimentos de Sta. Mar­garida Maria se manifestavam também na mesma época numa Religiosa de alta virtude. Maria Vitória da Encarnação, do Convento das Clarissas da Bahia, cuja vida foi escrita pelo arcebispo D. Sebastião Monteiro. Era a santa freira fervorosíssima devota dos mistérios da Paixão de Nosso Senhor e, às sextas-feiras, fazia a via sacra, carregando uma pesada cruz e levando à cabeça uma coroa de espinhos a disciplinar-se de modo que o sangue esguichava sobre as paredes ou corria pelo pavimento; assim, às vezes, a se arrastar de joelhos, ia até o lugar das sepulturas e se prostrava sobre elas orando. Tinha ainda uma particular devoção ao arcanjo S. Miguel como o defensor das almas do Purgatório, para cujo alívio fazia muitos sufrágios e oferecia todas as obras de humildade que praticava. Por isso, escreve o seu ilustre biógrafo, elas a procuravam com toda a confiança: indo, uma vez, altas horas da noite, ao coro fazer oração, ouviu lastimoso gemido de um defunto que, por chegar tarde à igreja, ficara por enterrar: co­brando ânimo, perguntou o que queria, e ele respondeu, pedindo mandasse fazer sufrágios de que muito preci­sava; satisfez o pedido no dia imediato, e o defunto, mais tarde, veio agradecer-lhe. Uma noite, viu a alma de uma sua serva que lhe falava, quando a companheira que dormia perto, despertando e vendo um clarão em sua cela, ao tempo em que lhe ouvia a voz, gritou assustada, fazendo acordar toda a comunidade. Viu, de outra vez, a alma da religiosa Madre Luzia, que subia ao céu. De uma feita, acabada a sua oração no coro, retirava.se, mas a cercaram de tal sorte as almas, que ficou a orar até romper a aurora. Como para mostrar que não era isso feito de pura imaginação, permitiu Deus que as almas lhe imprimissem como três dedos de fogo num ombro, e viram-nos várias Religiosas, a quem disse por graça: “As minhas amigas me cauterizaram; não quero mais brinquedos”. Por outro lado, elas lhe faziam carinhos e a serviam: em noite de excessivo calor, uma freira que falava à porta da cela, sentiu uma suavíssima viração e, não podendo explicar, perguntou donde vinha. Madre Vitória respondeu: “São as minhas amigas que me estão abanando”. — “Oh! que consolação é a de ver uma alma em salvação. Veio aqui, nestes dias, uma tão linda e resplandecente, que excedia a luz do sol”. E, valendo-se delas, conseguiu a muitas pessoas acharem o perdido, saberem de pessoas ausentes muito longe ou de coisas futuras que se não poderiam conhecer naturalmente, e curarem-se prestes de moléstias antigas e graves. Madre Vitória morreu em 1715, numa sexta-feira, às 3 horas da tarde, dando-se, nesta ocasião e depois, por muitas vezes, fatos extraordinários que confirmaram a reputação de santidade que já gozava em sua vida, e que tem uma longa e detida comemoração na Crônica da Ordem Seráfica.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

17o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

DÉCIMO SÉTIMO DIA
Oremos pelos Ministros de Deus — os Padres, — a fim de os ajudarmos na salvação das almas. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

O terceiro desejo do Coração de Jesus é a salvação das almas
Se nos fosse permitido, como a S. João, reclinar a nossa cabeça sobre o peito de Je­sus, e perscrutar-lhe as palpitações do cora­ção, ouviríamos estas palavras: “Almas! almas! quero salvar as almas!” Se não fôssemos tão distraídos pelas coisas exte­riores, ouviríamos a voz suplicante de Jesus dizer-nos: “Ajudai-me a salvar as almas!” — Uma alma que se condena é um triunfo para o demônio! é um blasfemo que, du­rante toda a eternidade, amaldiçoará Jesus!… Salvemos as almas: podemo-lo fazer “pelos bons exemplos, pelas palavras e, sobretudo, pelas orações”.— Se salvarmos uma alma, teremos salva a nossa.
“Ouvirei uma missa pela conversão dos pecadores”.
EXEMPLO
Havia em Forte de França, na Martinica, e era ali muito conhecido, um homem abastado que nunca recebera o ensino religioso, e, tendo-se casado com uma boa senhora, porém tíbia e tímida, contentava-se de ser probo. Aos sessenta anos de idade, em 1880, atacou-o uma fraqueza geral, que aumentava dia a dia, inquietando a família que pensou em lembrar-lhe que se devia apro­ximar de Deus. O doente, porém, respondia, a galhofar, que se havia de arranjar bem com Deus, quando o visse face a face. Progredia, entretanto, a moléstia e mais se afligiam, cada dia, os parentes, mormente considerando que nem a sua primeira Comunhão ele fizera; conseguira, tão somente, um deles, que deixasse coser ao seu travesseiro um escapulário do Sagrado Coração, e a este recomendava todos os dias o doente. Após seis meses de sofrimento, perdeu um dos olhos, redobram então as orações ao Sagrado Coração, e um dia o rebelde pediu que lhe trouxessem um Padre e, depois de várias visitas deste e longas conferências decidiu-se a confessar-se, fazendo-o com boas disposições, mas sem querer ainda a Comunhão, por lhe parecer desnecessária. Passado um mês, trouxeram-lhe uma imagem do Sa­grado Coração, que foi colocada em seu quarto. No dia imediato, veio-lhe um escarro de sangue, e, assustado, pediu a Comunhão. O sacerdote marcou-a para alguns dias depois, e durante esse tempo vinha exortá-lo, de modo que fez uma excelente preparação, e no ato mostrou uma fé e humildade verdadeiramente edifi­cantes. Viveu ainda três meses, mas suportando com a maior resignação os seus cruéis sofrimentos e, se acaso lhe escapava algum movimento de impaciência, logo o corrigia com invocação piedosa, ou beijando o Crucifixo. Comungou ainda outras vezes, sentindo pelo seu estado de fraqueza não poder ajoelhar-se para receber o seu Deus com toda reverência; e teve morte serena e consoladora. Tudo isto foi publicado em 1881, em honra do Coração de Jesus, por testemunhas dos fatos re­latados.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.