Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA
10
Esperança
Um pensamento
sombrio vem, talvez, lançar o terror na alma à hora em que evoca a lembrança
de seus mortos.
«Ah! diz ela, eu
me tranquilizaria, ficaria em paz e me julgaria feliz, se pudesse contá-lo no
Céu, se houvesse falecido cercado das preces da Igreja e purificado pelos
últimos sacramentos, Mas ah! morreu de repente, morreu longe do bom Deus a quem
tinha esquecido em sua vida inteira!»
Pobre coração
aflito, eu vos responderei a isto com as palavras que a Igreja me autoriza a
dizer-vos:
A Igreja não
condena definitivamente a ninguém. Baixa decretos para declarações de que uma
alma está no Céu e assim pode ter culto, mas nunca expede nenhum, publicando
que uma alma esteja no inferno.
São Francisco de
Sales não queria que se desesperasse nunca da conversão dos pecadores até seu
último suspiro, e, ainda depois de mortos, não admitia que se julgasse mal mesmo
dos que tinham levado uma vida irregular, a não ser daqueles cuja condenação
consta da Escritura. Alegava como razão disso que nem a primeira graça nem a
derradeira, que é a perseverança, se dá por mérito, isto é, ambas são de todo
gratuitas. Entendia, portanto, que se devia presumir sempre bem da pessoa que
expirava, ainda não sendo sua morte edificante, porque todas as nossas
conjecturas só se podem firmar sobre as aparências, e essas, muitas vezes,
iludem ainda os mais experientes.
«Entre o último suspiro
do moribundo e a eternidade, há um abismo de misericórdia, » disse um bispo
ilustre. — Passam- se entre Deus e a alma certos mistérios de amor que nós só
conheceremos no Céu.
Que precisa este
agonizante para obter o perdão? Uma luz que lhe mostre a justiça e a
misericórdia divinas; uma luz, ainda rápida como um relâmpago; essa luz pode
produzir um sentimento de contrição e de amor, este sentimento basta para lhe
fechar o inferno e abrir o Purgatório.
Esta luz é Jesus,
apresentando-se àquela alma e dizendo-lhe com um olhar ligeiro como o
pensamento: É a mim ou ao demônio que tu queres? e a alma dizendo com a mesma
rapidez: A vós, a vós, Senhor! e a misericórdia triunfa! Esperai pois, esperai
sempre; dirigi vossas preces constantes por esses mortos que vos fazem estar
inquietos: ninguém pode calcular até que ponto essas preces podem ser
atendidas.
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia