Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
DIA 3
Lembrança dos Mortos
A
lembrança dos mortos é um encanto para o coração.
Uma
animação para o trabalho.
Um
conforto para as horas do cansaço.
Um
freio para o ímpeto das paixões.
Quantas
vezes, vendo um órfão crescer e desenvolver-se na inteligência e no coração,
dizem os amigos da família: Oh! Se os pais o vissem, como se julgariam felizes!
Quantas
vezes, também nós temos dito nessas horas em que, aflitos, não encontramos um coração
que se nos abrisse e com o qual desafogássemos: ah! Se minha mãe aqui
estivesse, eu não sofreria tanto! Se meu irmão, se minha irmã, se meu amigo
vivesse, não estaria agora abandonado!
Qual
de nós se não surpreendeu já num desses momentos de angústias que atravessam
toda a existência humana, exclamando: Meu pai! Minha mãe!
Até
em nossas alegrias, em nossos triunfos, acaso não ternos repetido às vezes: Se
minha mãe me visse, que prazer teria!
Recordações
tão caras, embora tão dolorosas, vós rejuvenesceis minha vida!
Quantas
vezes, um bilhete velho de um amigo de infância, — uma carta, principalmente de
pai ou mãe, demonstrando-nos sua afeição, dando um conselho, fazendo uma
advertência, — carta deparada por acaso no fundo de uma gaveta, levou-nos de
novo a esses dias passados em que vivemos todos juntos, trabalhando e sofrendo
unidos, e ajudando-nos uns aos outros! E essas recordações nos despertaram
também a de que não fomos sempre bastante indulgentes, bastante obedientes e
amantes: e pusemo-nos a corrigir os erros.
Oh!
Não será estéril a lembrança de hoje! Meu pai, minha mãe, vou reler vossas
cartas, escutar vossas advertências, e a satisfação que não vos dei, quando
estáveis a meu lado, vós a tereis agora.
Conta-se
de uma mãe que, na idade em que a filho começava a compreender e sentir, o
levou em frente ao retrato do pai e lhe disse: Jura que te esforçarás para ser
digno dele!
O
menino jurou, e, por vezes, se detinha ante o retrato que parecia olhá-lo, e
assim o interpelava: Meu pai, está contente comigo?
Eis
a minha promessa de hoje: Sim, eu me farei digno de vós, ó meus mortos muito
amados! Vós me haveis de ver fiel a Deus, fiel a meus deveres, fiel aos vossos
exemplos.
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Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda - Salvador - Bahia
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