CENTELHAS EUCARÍSTICAS
XVI
O
Coração de Jesus
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TODAS as almas
cristãs o conhecem... Ao menos de nome; mas quantas o conhecem como ele é em si
mesmo? Se fosse bem conhecido, seria mais vivo e potente, e desapareceriam de
vez certos receios que, de cristãos, só têm uma leve aparência.
Jesus, ao apresentá-lo à Beata
Margarida, disse estas palavras: — «eis o
Coração que tanto amou os homens.» — Palavras que deviam ser recordadas
por todos, quando se lê o Evangelho, quando se meditam os novíssimos, quando se
teme a justiça divina, sempre e em toda a parte.
Portanto, se por desgraça uma alma
caiu numa culpa grave, não tarde em recorrer ao tribunal da penitência, mas
pensando sempre naquele Coração, que tanto ama os homens.
Se uma alma fica aterrada com a idéia
de apresentar-se ao tribunal divino e quase desespera de ter uma sentença de
misericórdia, pense que Cristo Juiz tem um Coração, que ama tanto os homens.
Se te assalta o temor de ter uma
morte improvisa, pensa que o Coração de Jesus ama tanto os homens.
Se te vêem à memória as ingratidões
com que ultrajaste a bondade divina, recorda também que o Coração de Jesus ama
tanto os homens.
Se nos assalta a desconfiança na
misericórdia de Deus e na sua graça, e a conversão e perseverança no bem nos
parece impossível, lembremo-nos que o Coração de Jesus ama tanto os homens.
Se... Mas basta. A devoção ao Coração
de Jesus não deve consistir somente em recitar coroinhas em sua honra, mas
também e sobretudo em crer no seu infinito amor pelos homens. Oh! Se a alma
cristã se dispusesse todos os dias a meditar, durante meia hora, esta verdade —
o Coração
de Jesus ama-me tanto... Tanto — como
desapareceriam certos receios absurdos e enervantes... Quantos e novos
arrebatamentos não os substituiriam... Como se caminharia pela estrada da
virtude a passos de gigante!
Assim como qualquer ensinamento
contra o Evangelho deve repudiar-se como uma
heresia, assim também toda a máxima, todo o pensamento, toda a doutrina que se
oponha às palavras de Jesus — eis o Coração que tanto tem amado os homens
— deve condenar-se como ruinosa à
piedade crista.
Não é impunemente que os jansenistas,
velhos e novos, fizeram e fazem uma guerra surda e implacável à devoção do
Sagrado Coração; bem sabem os infelizes que, uma vez conhecido o Coração de
Jesus, é impossível não amá-lo, e amando o é impossível não se salvar.
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