Capítulo XXXIII - Coroinha da Confiança

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XXXIII
Coroinha da Confiança
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Deus in adjutorium meum intende.
Domine ad adjuvandum me festina.
Gloria Patri, etc.

I

Ó meu dulcíssimo Jesus, eu venho refugiar-me no teu Coração. Estou aflita com o pensamento de não estar perdoada dos meus pecados, se bem que os tenha confessado e deles esteja arrependida. Oh! Quanto me entristece este pensamento! Quando rezo, quando te adoro, quando te recebo parece-me que ouço de ti exprobrações e ameaças. Será, pois, verdade que eu tenha de refazer todas as minhas confissões?

Contudo eu fi-las o melhor que pude... E estava realmente arrependida... Ó meu Jesus, eu confio no teu Coração misericordioso, e ainda que tenha de fazer uma violência ao meu coração, eu me abandono cegamente à tua piedade, e espero que me terás perdoado; creio que no momento da minha morte não me hás de revelar pecados, que eu agora não consigo recordar, e espero morrer na tua graça, mesmo porque sinto amar-te muito e desejo amar-te quanto mereces ser amado. — Padre Nosso, Ave Maria e Glória Patri.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em vós. (Três vezes).

II

Ó meu caro Jesus, tu conheces bem quais as minhas, resoluções; mas porque será que não consigo jamais pô-las em prática? Ah! Quanto me fazem sofrer as minhas paixões e as tendências que tenho para o pecado! Há tantos anos que combato para vencer-me, e sou ainda a mesma de antes: sempre soberba, sempre iracunda, sempre relaxada no teu serviço, sempre cheia de mil imperfeições! Mas deverei combater até à morte, sem jamais conseguir a vitória? O Coração dulcíssimo do meu Jesus, tu somente poderás tornar-me forte e senhora de mim mesma, e em ti somente eu confio, eu espero e estou certa que me farei santa. As recaídas quotidianas sugerem-me abandonar toda a fadiga; todas as vezes que perco a paciência, ou falto à caridade, ou cometo qualquer outra falta, uma voz maligna me sugere — para ti já não há esperança, serás sempre a mesma. — Mas tu és mais forte que toda a paixão e que toda a minha malignidade; e eu me abandono a ti, à tua graça, ao teu amor, e repouso tranquila mesmo entre o frêmito de todas as paixões, certa de que, estando contigo, não serei nunca tua inimiga, mas serei sempre a predileta do teu coração — Padre Nosso, Ave Maria e Glória Patri.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em vós. (Três vezes).

III

Tenho muitas vezes receio, ó Jesus, de ser abandonada por ti, porque sou sempre muito tentada. Como ousaria tanto o demônio contra mim, se eu fosse realmente tua e tua?
O inimigo não me deixa em paz uma hora sequer! Mesmo quando te recebo no coração me vem roubar aqueles momentos preciosos com mil fantasmas horrendos. Às vezes perece dizer-me que para mim já não há salvação possível: que posso orar, fazer mortificações, obras de caridade, comunhões quantas quiser... Mas não conseguirei pôr-me no bom caminho... Certas tentações são tão fortes e violentas que quase não sei como distingui-las do pecado... De dia, de noite, quando oro, quando trabalho, quando estou só, quando estou com os outros... O malvado aparece sempre! Ó Coração dulcíssimo do meu Jesus, só tu me podes libertar de semelhantes tormentos; e eu me abandono inteiramente a ti! Eu não quero ofender-te, não quero desgostar-te por um só momento, quero sempre ser tua, agora, durante a minha vida inteira, na hora da minha morte, por toda eternidade... Portanto, a minha vontade está perfeitamente de acordo com a tua... Confio que me protegeres sempre contra o demônio e repouso tranquila no teu coração. — Padre Nosso, Ave Maria e Glória Patri.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em vós. (Três vezes).

IV

Penso muitas vezes, ó meu Jesus, na hora tremenda da minha morte, e não posso subtrair-me a um sentimento de receio. Como morrerei eu? Serei surpreendida pela morte no estado de pecado, ou morrerei na tua graça? Como irá a minha fé, a minha esperança e a minha caridade nessa luta suprema com Satanás? A desconfiança que agora me bate por vezes ao coração, não virá então ainda tentar-me? Não me acontecerá talvez que num momento só eu arruíne um edifício que me custou anos de fadiga e de pena? Não terá acontecido a ninguém naufragar quando já estava tocando o porto? E se isto acontecesse também a mim? Ó Jesus, se atendo às minhas obras, não me faltam razões para temer; mas se atendo ao teu dulcíssimo Coração, que coisa não devo eu esperar? Portanto é neste Coração que eu deponho todas as minhas esperanças para a hora da morte. Eu não quero afligir-me com mais coisa nenhuma; os meus pecados já os confessei; já os chorei e detestei... Agora abandono-me à tua misericórdia, e estou certa de que o teu Coração será a mais bela visão que terei à hora da morte, e aquela sua ferida será a porta que me há de introduzir no Paraíso. — Padre Nosso, Ave Maria e Glória Patri.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em Vós. (Três vezes).

V

O Paraíso! Oh! Como deve ser belo! Lá estás tu, ó meu caro Jesus, está Maria, a minha doce Mãe, estão os Anjos e os Santos, estão já tantos dos meus caros... Irei eu também para lá! Mas, onde estão para isso as minhas virtudes? Onde estão os meus merecimentos?... Como! Eu, uma alma tão vulgar, entrar no Paraíso entre tanta grandeza e esplendor de santidade? Estar confundida com os Apóstolos, com os Mártires, com as Virgens?... Eu?... Ó meu Jesus, para o Paraíso quero eu ir, a custo de qualquer sacrifício, mas se tu não me ajudas, estou mal servida; nunca lá entrarei. Portanto, mais que com os meus esforços, quero lá entrar, levada pelo teu amor. Abandono-mo, pois, ao teu Coração sacratíssimo: as suas chamas sejam a minha caridade, os seus espinhos sejam as minhas mortificações, as suas feridas sejam as minhas penitências, as suas belezas sejam os meus merecimentos, Ó Coração do meu Jesus, tu sempre me tens amado, e cessarás de amar-me então, quando eu estiver para entrar no Paraíso a fim de recambiar-te com um amor puríssimo, com um amor de santa, com um amor eterno? Padre Nosso, Ave Maria e Gloria Patri.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em Vós. (Três vezes).

A Maria Santíssima


Ó cara Mãe do meu Jesus e Mãe minha, tu sabes porque me encontro aqui diante do Tabernáculo, conheces as minhas trepidações e o receio que tenho de perder-me. Tu, que me amas tanto e que desejas ver-me ao pé de ti no Paraíso, ajudas-me a confiar no Coração de Jesus e a abandonar-me toda à sua misericórdia. Tantas vezes me tens socorrido, não me abandones agora às minhas penas. Faze-me compreender quanto Jesus é bom e quanto deseja santificar-me e salvar-me, a fim de que eu viva tranquila e morra serenamente confiando no seu adorável Coração.

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