23o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

VIGÉSIMO TERCEIRO DIA
Oremos para que se propague a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

4º espinho do Coração de Jesus são as almas que profanam os sacramentos
Estas almas chamam-se “sacrílegas”; ora, sabeis o que fazem os sacrílegos? Unem-se ao demônio para o auxiliar no mais horrível crime: a profanação do Corpo e Sangue de Jesus Cristo.
Convertem a alma numa sentina re­pleta de vergonhosos vícios e, depois, conhe­cendo bem o que fazem, lançam aí o Corpo de Jesus Cristo e esperam pelo agradeci­mento do demônio ufano deste crime que ele por si não podia cometer. Meu Deus! Meu Deus! Deixai que eu vos peça perdão por todos estes cruéis pecadores.
“Hoje farei um ato de reparação ao Sagrado Coração de Jesus”.
EXEMPLO
Chamado a missionar numa aldeia de Pondichery, escreve o Pe. Fourcade, eu comecei por consagrar aque­las regiões ao Coração de Jesus e em sua honra disse uma novena de Missas. Tínhamos ali só uma Capelinha e 8 a 9 famílias cristãs. Precisávamos de um terreno e, perto da capela, havia um, em que estava o pagode chinês, e que pertencia a Balekichnen, chefe da aldeia. Convindo-nos possuí-lo para nos livrarmos da má vizi­nhança, e precisando o proprietário vendê-lo para pagar dívidas, contratamos a compra, sob a condição de ser demolido antes o templo chinês. Os pagãos se enfurece­ram com a notícia e procuraram por todas as formas tolher-nos a aquisição. O proprietário, porém, atormentado pelo credor, vinha a miúdo, pedir o dinheiro, respon­dendo-lhe nós, invariavelmente: “Derrubai o pagode, e o tereis”. Conservando-se as coisas neste pé, longo tempo, recorri ao Sagrado Coração, a quem consagrara a aldeia, e prometi erigir-lhe um templo no próprio local do pagode, se a resistência cessasse. Poucos dias depois, Balekichnen veio comunicar-nos que estava a demolir o pagode, e por nossos próprios olhos o veri­ficamos, rendendo graças ao céu. Dentro de poucos anos, tinha eu batizado ali cerca de sete mil pagãos.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

22o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

antes desta meditação


VIGÉSIMO SEGUNDO DIA
Entre os nossos parentes, oremos por aqueles que não cumprem seus deveres religiosos. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.


O 3º espinho do Coração de Jesus são as almas frouxas e tíbias
Estas almas não são indiferentes, mas o quereriam ser talvez… O amor de Jesus Cristo lhes é molesto e pesado, e, to­davia, já sentiram toda a doçura deste amor. Ó vós, que por influência duma paixão oculta, dum amor próprio e de um orvalho sem medida, vos afastais de Jesus, ouvi esta queixa: “Se fosse um inimigo que me tra­tasse assim, eu suportaria; mas uma alma que amo, que admiti à minha mesa!…” Vin­de de novo lançar-vos aos pés de Jesus… Talvez que amanhã já seja tarde… Se ele já vos não pudesse receber!…
“Rezarei o terço para pedir a Maria Santíssima me alcance o fervor primitivo”.
EXEMPLO
Do relatório anual das obras do Apostolado da Oração, publicado em novembro de 1884, consta a seguinte narração, feita pela professora da escola pri­mária de uma aldeia da França: No ano passado, ao partir eu para o novo posto que me fora designado, informavam-me que me teria de haver com meninos indóceis e sem nenhuma piedade, filhos de gente descuidada de seus deveres religiosos e pouco zelosa dos bons costumes. Parti um tanto impressionada, porém cheia de confiança em Deus; e, logo ao chegar, pus mãos à obra. Comecei por uma fervorosa novena ao Coração de Jesus; manifestei-lhe meus receios e mi­nhas esperanças, e procurei depois ganhar, pouco a pouco, o coração dos meus novos discípulos. Alistei-os no Apostolado da Oração, instando a recitarem todos os dias, ao despertar, a pequena fórmula: “Divino Coração de Jesus, eu vos ofereço o meu dia, pelo Coração Ima­culado de Maria, em todas as vossas intenções”. No começo da aula, recitávamos em comum a dezena do Terço. Até aí tudo ia bem e os meninos se mostravam muito dóceis. Por fim, um dia lhes disse: “Meus amiguinhos, não é bastante o recitar todas as manhãs a vossa curta oração e a dezena da Terço; é preciso co­mungar todas as primeiras sextas-feiras do mês em honra ao Sagrado Coração. Assim é que estareis com­pletamente no Apostolado da Oração”. A tal proposta, houve espanto e desassossego entre os pequenos; não tinham o costume de comungar tantas vezes: desde a Páscoa (sete meses passados), não se tinham confessa­do! Todavia, passada a surpresa, consentiram e, em dezembro, inaugurávamos as nossas “Comunhões men­sais”. Entre os alunos, um, de 10 a 11 anos, resistia a princípio, e dizia: “Eu não quero me confessar hoje, eu não tenho pecados”. “Pois bem, lhe respondia eu, rindo; confessarás as tuas virtudes, vem sempre co­nosco à Igreja”. Na volta, ele dizia aos companheiros: “Era o demônio que me fazia gritar que não tinha pe­cados; estou bem contente de minha confissão”. A dificuldade estava assim vencida, e no mês seguinte os alunos, por si próprios, apresentavam-se para a Comunhão. Em fevereiro caíra a neve e fazia muito frio; quis dispensá-los, porque a igreja ficava a 5 quilômetros, mas acudiam todos: “Não cai mais neve, e a gente que tem passado já abriu o caminho; nós queremos comungar hoje em honra do Sagrado Coração”. Um deles percorreu a pé, em jejum, 10 quilômetros, e, de volta a casa, ainda não quis comer imediatamente, dizendo: “Eu quero ter ainda por algum tempo só a Jesus em meu coração”. Outro que teve de deixar a escola e de empregar-se para ganhar, não podendo fazer a Comunhão na 1ª sexta-feira, veio muito pesaroso dizer-mo, e, propondo-lhe eu que a fizesse, ele só, no 1º do­mingo do mês, aceitou-o com alegria, e tem perseverado. Com isto, os meninos, que à minha chegada eram revessos e turbulentos, se tornaram, pouco a pouco, obedientes e piedosos; e os pais experimentaram tam­bém a boa influência da mudança, melhorando os costumes em toda a aldeia, sobretudo no tocante à re­ligião. Enfim, eu mesma que viera cheia de apreensões, hoje estou contente, e rendo graças ao Sacratíssimo Coração de Jesus.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

21o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA
Oremos pelas almas que Deus chama à vida religiosa. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

O 2º espinho do Coração de Jesus são as almas indiferentes
Há algumas almas que ouvem falar do amor de Jesus, e veem nisto apenas uma pia exageração, — que pouco se lhes dá de co­meter ou não pecados, contanto que nisto tenham prazer ou proveito, — que se riem do cuidado com que as almas piedosas procuram evitar os pecados veniais, que assistem às orações por complacência, mas considerando esse tempo, se não mal empregado, perdido. Oh! Quanto Jesus há de sofrer com esta indiferença!…
Meu Deus, não permitais que eu caia em tal!—Bem leviano e esquecido sou eu, mas não, não quero ser indiferente no que toca à Vossa glória!
“Hoje farei uma fervorosa visita ao SS. Sacramento, pedindo-lhe pelos infelizes que resistem a Jesus Cristo”.
EXEMPLO
Assim como são uniformes as manifestações do amor e misericórdia do Coração de Jesus, multiforme é o zelo de seus fervorosos devotos em corresponder-lhe; fazem-no com a adoração, a expiação e o desagravo, pondo em obra a piedade infantil, a devoção das vá­rias classes sociais e o fervor das Comunidades reli­giosas. Mas, tendo sempre em vista, com a agonia de Deus, a salvação das almas, os servos do Coração de Jesus não poderiam deixar de ocupar-se, particularmen­te, do transe da morte e dessa hora solene que decide da conversão dos pecadores e da perseverança dos justos. Pesando os interesses eternos de mais de cem mil almas que todos os dias comparecem diante do Tribunal Divino, e desejoso de valer, por algum modo, aos que sucumbem de morte súbita, e no mar ou em desertos e países paganizados, sem que se lhes possa ministrar os socorros da religião, o Pe. Lyonard, em 1847, quando fazia ainda, em Vals, os seus estudos para o sacerdócio, compôs, em favor dos agonizantes, a oração— “Ó mi­sericordiosíssimo Jesus” — que, enriquecida de indul­gências pela Igreja, e traduzida em todas as línguas cultas, é hoje recitada em todo mundo.
Em 1885, sob o mesmo impulso piedoso, e arcando com dificuldades, que só por uma visível proteção di­vina pôde vencer, a viúva Joana Trapadoux, diretora do Hospício do Calvário em Lião, erigia ai uma Igreja sob a invocação do “Coração Agonizante de Jesus”.
Depois de levantar um templo ao “Coração Agonizante”, a piedosa senhora desejou formar uma congregação de Religiosas para o servir; o Pe. Lyonard, que havia sido mestre de um filho da Sra. Trapadoux, veio coadjuvá-la na realização dessa ideia; e o céu a patrocinou; pois querendo ter por auxiliar a Agostinha Vallete, que então se achava entrevada, fez-se para esse fim uma novena e, ao terminar, a enferma subitamente se erguia curada. A congregação fundou-se em 1859, tendo por sua primeira professora e primeira superiora a Sra. Trapadoux, que tomou o nome de Maria Madalena do Coração Agonizante. “O pensamento da perda eterna dos remidos por Jesus Cristo, e do quanto há de isto doer ao seu coração me impressionou profundamente, di­zia ela. Diante desta ideia, não me parece que possa recusar coisa alguma a Nosso Senhor, ainda quando não viesse daí nenhuma recompensa, nem neste mundo nem no outro. Mil vidas quisera ter para dar, e sinto só ter uma e tão incapaz! E os vinte e um anos que ainda viveu, consumiu-os todos a exemplar Reli­giosa num continuado trabalho e sofrimento como ví­tima voluntária da expiação dos pecados do mundo, e pela salvação dos agonizantes de cada dia.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

20o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus


— III —
Os espinhos do Coração de Jesus
VIGÉSIMO DIA
Oremos pelas almas que resistem à graça. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.


O 1º espinho do Coração de Jesus são as almas que, voluntariamente, permanecem em estado de pecado mortal
A alma inocente é morada de Deus, e pela Sagrada Comunhão torna-se a habitação particular de Jesus Cristo… aí Jesus Cristo está “em casa”, e encontra suas delícias; aí quer ficar… Ora, cometer um pecado mor­tal, conservá-lo voluntariamente, é admitir o demônio dentro d’alma, constituí-lo Senhor no lugar de Jesus que sai então expulso, ignominiosamente…
Pobre Jesus! Fica ele então à porta da alma pecadora; bate a essa porta que lhe cerraram, pede para entrar e ouve um es­pantoso grito dos Judeus: “Não! não! não é a vós que eu quero, mas ao meu pecado!” — Oh! se vos julgais em estado de pecado mortal, ide, ide já confessar-vos.
“Uma oração pelos pecadores”.
EXEMPLO
A piedade, como diz a Sagrada Escritura, é útil a tudo. Isto se vê até no êxito admirável de tantas pe­quenas indústrias que o amor de Deus sugere aos seus servos para fazerem o bem e lhe ganharem as almas. Em 1891, na escola católica da Ilha de Tine, do arqui­pélago grego, foi colocado sob a imagem de Nosso Senhor um coração “cheio de espinhos”, tendo o di­reito de cada tarde, no mês de junho, tirar desse co­ração um espinho o aluno que houvesse procedido me­lhor; tal foi a porfia entre eles por uma conduta exem­plar que tornou um espetáculo de edificação à escola, podendo dizer-se que o Sagrado Coração era aí, todo o dia, coberto das mais belas flores d’alma por aquela piedosa turba infantil.
O colégio congreganista de Negapatan, no Indostão, em 1869, instituía a prática seguinte: no começo do mês, cada aluno traçava numa folha de papel tantas linhas perpendiculares quantos os dias do mês e à mar­gem de uma série de linhas horizontais, registrava as espécies de boas obras que se poderiam aplicar, escre­vendo no fim de cada dia, na coluna e lugar corres­pondentes, o número dos atos de virtude que praticara. Ao fim de um mês, entregavam-se todas as listas ao Diretor do Apostolado da Oração, sem nenhuma indica­ção nominal, para que só de Deus fosse conhecido o esforço e mérito de cada um; e o Diretor, somando o resultado em relação a cada espécie de boas obras, na conferência mensal publicava o balanço do “Tesouro do Coração de Jesus”. O Pe. Eraud, noticiando o fato, considera-o a causa principal dos progressos que na instrução e na vida cristã fazem os alunos dos estabelecimentos, alguns dos quais ainda recentemente se haviam distinguido em difíceis provas a que se submeteram na universidade de Madras.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

19o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus

DÉCIMO NONO DIA
Oremos pelo Santo Padre.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória“Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.


O quinto desejo do Coração de Jesus é o triunfo completo da Igreja
A Igreja não perecerá jamais: debalde as portas do inferno vomitam contra ela le­giões infernais; debalde a má imprensa es­palhará as suas calúnias; a Igreja resistirá até a consumação dos séculos. É um artigo de fé, o temor a esse respeito seria uma falta.
Mas se a Igreja não pode perecer, pode sofrer, e sofre… Sofre na pessoa de seu “chefe”, o Papa, cuja autoridade é desco­nhecida; sofre em seus “membros”, os fiéis perseguidos; em seus “mandamentos” des­prezados… Oh! como Jesus se alegraria de vos ver algumas vezes de joelhos, diante do SS. Sacramento, pedindo-lhe a paz da Igreja e impondo-vos, nessa intenção, algumas pe­quenas privações”.
“Pedirei, com mais fervor, em minhas orações, o triunfo completo da Igreja”.
EXEMPLO
O Pe. Romano Hinderer, alsaciano, que recebeu o batismo em 1668, o ano em que se erigiu em Coutances, Normandia, a primeira Igreja pública dedicada ao Co­ração de Jesus, foi como escreve um seu discípulo, senão o primeiro, ao menos o mais feliz propagador desta devoção na China. Enviado para a província de Tché-kiang, dentro em pouco erigiu na capital (Hangtcheou) o primeiro templo que a China possuiu sob a referida invocação, e não tardou a ser testemunha de uma proteção miraculosa obtida por ela: um incêndio voraz se ateara numa aldeia próxima, e devorara quarteirões in­teiros. Os habitantes, infiéis na maior parte, corriam às ruas desorientados, clamando por seus ídolos: entre eles havia um cristão muito pobre, cuja casa se achava entre as dos infiéis, e ele pede a Deus que se compadeça de sua miséria. O incêndio prossegue e arde já a casa vi­zinha à do cristão; mas, de repente, as chamas passam sobre ela, respeitando-a, e vão queimar as dos outros, reduzindo-as a cinza. Um grande número de pagãos con­verteu-se logo diante do prodígio. Sucederam-se outros; na aldeia de Kin-kia-kias, estavam reunidos os neófitos e oravam sob um desses alpendres que são o oratório dos camponeses chins, quando apareceu no céu sobre o teto de colmo, uma cruz luminosa, cercada de uma auréola de nuvens brilhantes, que deixava em torno um campo azul semeado de estrelas. Ao clarão, que pa­recia o de um incêndio, acudiram os pagãos: a cruz pairou, durante um quarto de hora, em seu nimbo de fogo, e depois desapareceu, deixando infiéis e cristãos maravilhados. Em 1722, no dia 24 do mês consagrado ao Coração de Jesus, sobre a sua igreja em Hang-tcheou, desenhou-se novamente no céu a cruz luminosa, futu­rando pelo tempo de meia hora; o povo todo a viu, e se fizeram desenhos dela, que foram gravados e distri­buídos no Império chinês e na Europa. Pela invocação do Sagrado Coração, obteve o Pe. Romano a graça de curas miraculosas, e escapou incólume a várias perse­guições que a Igreja sofreu na China, durante os 37 anos em que aí missionou; e ao morrer, em seus 77 anos de idade, tendo arrancado ao paganismo mais de cem mil almas a quem ensinava tão santa devoção, di­zia ele ainda cheio de confiança: “É pela devoção ao Coração de Jesus que a missão na China não só se conser­vará, mas há de se elevar muito”.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.