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XXIII. ALMA HUMANA
A santidade não é a
destruição da natureza. Que sim o seu aperfeiçoamento e a sua elevação. Por
isso, quanto mais santo é um homem, mais homem ele é, mais natural, mais perto
de nós. O exemplo clássico, por excelência, é Jesus Cristo, Senhor Nosso, cuja
vida foi a melhor glorificação da verdadeira humanidade. Logo depois, vem a
vida de Maria Santíssima. Vida tão santa e, justamente, por isso, tão simples,
tão humana. Que há nela de extraordinário, a não ser o seu amor? Que ações
grandiosas ela realizou, a não ser a grandiosa singeleza e perfeição com que
executava todas as suas ações, até as mais humildes?
Alma verdadeiramente
humana, no mais belo sentido da palavra. Eva, nossa primeira mãe, caiu tão
profundamente, porque se não contentava de sua humanidade perfeita que o
Criador lhe dera e que ela podia aperfeiçoar mais ainda. Maria, nossa segunda
mãe, elevou-se tão alto, porque soube aperfeiçoar e elevar a humanidade que lhe
dera o Criador e nunca pretendeu ser outra coisa do que era. Nunca pretendeu
loucamente ser semelhante a Deus, de Quem, gostosamente, se declarava serva.
Eis por que há poucos
grandes homens no mundo: porque, apenas sabem e compreendem alguma coisa, já se
julgam super-homens ou semi-deuses até. Maria quis conservar sempre bem humana
a sua alma, e por isso foi que se aproximou tanto de Deus. Olhando para sua
vida vemos brilhar sempre a sua humanidade toda amável e atraente, e tão
simples, que nos faz exclamar involuntariamente: isso eu também poderia fazer!
Alma humana! Ouve que sua prima Isabel precisa de quem a sirva e logo se põe a
caminho. Abraça-a, saúda-a. Auxilia-a, em tudo, como faria qualquer outra
mulher boa.
E, como é humano o
seu proceder, quando perdeu o Menino Jesus! Aflige-se toda, corre, procura, não
descansa, como faria qualquer outra mãe solicita. E quando O acha no templo,
entre os doutores, como é toda humana a sua queixa: Filho, por que fizeste
assim? Então não sabias que teu Pai e eu, aflitos, andávamos à tua procura? —
Que alma mais humana, do que a alma de Maria? — E lá no casamento de Caná, sabe
tomar parte na alegria tão justa dos noivos; e quando repara que lhes falta o
vinho com perigo de os humilhar e estragar a festa, é com empenho que ela pede
a Jesus o seu primeiro milagre! — E como é tão nosso o seu modo de agir, quando
certa vez vai escutar a Jesus que está pregando em uma casa, onde não entra,
porém; fica do lado de fora, com seus parentes, até que levam recado a Jesus. —
E quando anda o caminho da cruz, como se revela nobremente humana a alma de
Maria, chorando a ignomínia de seu Filho, acompanhando-O, assistindo-Lhe até ao
ultimo suspiro; embalsamando-Lhe o corpo, sepultando-O. Que mãe, digna deste
nome, não faria outro tanto? Se bem que não com a mesma perfeição de Nossa
Senhora?
Quanto temos nós que
aprender da alma humana de nossa Mãe! Nós, que nada sendo, queremos ostentar e
parecer alguma coisa. Ter uma alma humana significa ter uma alma bem simples, despretensiosa.
Ter uma alma humana significa não querer galgar as alturas, desprezando os homens
e colocando-se sobre um altar. Sejamos simples nos nossos desejos, nas nossas
palavras, nas nossas ações. Fiquemos onde estamos, modestos, humildes, sem pretensões.
Amemos o nosso lugarzinho; aperfeiçoemo-nos nele: é o melhor meio de nos enobrecer
e de subir. Lembremo-nos dos santos. De um S. Filipe Neri, que, quanto mais se
esforçava por se tornar homem e só homem no conceito de todos pela sua
simplicidade, mais se elevava, tornando-se sempre mais participante da natureza
de Deus.
QUE nós fiquemos
sempre bem simples, ó Maria, Mãe amável, naturais, modestos, humanos, sem pretensões.
Que não destruamos nem estraguemos a nossa natureza, mas a aperfeiçoemos, elevando-a,
segundo as intenções de Deus. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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