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XXI. ALMA SACERDOTAL
São Pedro apostolo
escreveu, na sua epistola; “Vós sois a geração escolhida, o SACERDÓCIO
REAL, a gente santa, o povo de aquisição,
para que publiqueis as grandezas d'Aquele que das trevas vos chamou à sua
maravilhosa luz”.
O sacerdócio real! Que dignidade! E todos os cristãos participam,
de algum modo, desta dignidade sublime, do sacerdócio de Jesus Cristo. Todos,
de algum modo, oferecem a Divina Vítima ao Eterno Pai; e todos, de algum modo,
se devem oferecer a si mesmos ao Altíssimo, como Jesus Cristo. Que alma terá
entendido esta doutrina sublime, melhor do que a alma de Maria? Ela, sim, fez
este duplo oferecimento a Deus Nosso Senhor, do modo mais perfeito possível.
Eis por que os últimos soberanos Pontífices não duvidaram em lhe chamar “Virgem
Sacerdotiza”. Não é contudo uma doutrina nova. Em todos os tempos, sempre se
associou ao sacrifício de Cristo, o sacrifício de Maria. O que exprimiu tão
belamente o abade Arnoldo de Bonavelli: “era um só o Holocausto que Cristo,
sobre a cruz e Maria, ao pé, oblatavam a Deus: Cristo, no sangue de seu corpo;
Maria, no sangue de sua alma”.
S. Boaventura, o
doutor seráfico, contemplando esta verdade, perguntava: “Senhora minha, por que
quisestes ser também imolada no Calvário? não bastava, então, um Deus
crucificado para nos remir, que ainda quisestes ser crucificada com Ele?” Ao
que responde Santo Afonso de Ligório: “Ah! bastava, certamente, a morte de
Jesus para remir o mundo e, até, uma infinidade de mundos; porém, esta boa Mãe,
pelo amor que nos consagra, quis também concorrer para a nossa salvação, com o
merecimento de suas dores, que ela ofereceu com as dores de Cristo, por nós, lá
no Calvário”.
Realmente, uma alma
sacerdotal! — Mas isso foi o fim, a imolação. Antes, porém, ela preparara, com
um amor e piedade, que, só imperfeitamente, se imagina, a Hóstia para o grande
Sacrifício. Dia a dia, levantava o seu Jesusinho, em suas mãos imaculadas,
apresentando-O ao Pai Eterno pelos pecados do mundo. Crescido o Filho Divino,
era cheia de santo respeito, que a Mãe Santíssima venerava a Oblata. Que Missa admirável!
Foi assim toda a vida de Maria. Que nunca se esquecia de oferecer a si mesma também,
toda inteira, a Deus Nosso Senhor. Até que ao pé da cruz, sobre a montanha
santa do Calvário, foi o que se sabe. Consumou-se a oblação.
Lá estava a Virgem
Sacerdotiza sacrificando e sacrificando-se... E quando, horas depois, segurava
em seus braços o seu Jesus sem vida era, em verdade, a imagem perfeita do
sacerdote extenuado, depois da consumação do sacrifício, contemplando o
aniquilamento da Vítima. Era, agora, o silêncio solene depois de ter pronunciado,
como nenhum outro sacerdote soube pronunciar, o “por Ele, com Ele e Nele” da
liturgia admirável.
Compreendemos nós a
sublimidade desta doutrina? Todos nós, cristãos, somos chamados a participar do
sacerdócio de Jesus Cristo. Todos nós devemos oferecer quotidianamente a Vítima
Divina ao Pai Eterno pelos nossos pecados e pelos pecados do mundo inteiro.
Mas, oferecendo a Hóstia por excelência, com ela devemo-nos oblatar a nós
mesmos, em espírito de humildade e em espírito de sacrifício. É o que fazemos?
Estamos prontos a nos consumir sobre o altar? A nossa posição diante de Deus
deverá ser sempre a posição dos mártires: cabeça curvada, apresentando o
pescoço ao cutelo do sacrificador. É o que dizia S. Gertrudes Magna: “Toda a
vez que inclinar a cabeça ao Gloria Patri,
quero me oferecer em holocausto à Trindade Santíssima”.
VIRGEM sacerdotiza,
alcançai-nos o verdadeiro espírito sacerdotal de oblação, para que a nossa vida
seja como a vossa, uma missa perene, na qual se realizem as palavras sublimes e
profundas: “por Jesus Cristo, com Jesus Cristo e em Jesus Cristo”. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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