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XXIV. ALMA EUCARÍSTICA
Ser uma alma eucarística
não significa, apenas, comungar todos os dias ou fazer, de vez em quando, uma
hora de adoração.
São Luiz Gonzaga comungava
uma vez por semana; nós, talvez, comungamos todos os dias. Entretanto, não
pretenderemos ter uma alma eucarística como a sua, que durante os três primeiros
dias da semana dava contínuas ações de graças pela comunhão recebida e nos três
últimos se preparava, fervorosamente, para a comunhão que havia de receber. Era
uma alma eucarística!
Alma eucarística era também
um Père de Foucauld, ermitão missionário no Saara, apesar de não celebrar a Santa
Missa todos os dias, às vezes nem mesmo nas grandes festas. Entretanto, que
vida verdadeiramente eucarística não levava ele! Assim, mas em grau muito mais
elevado, era a vida de Maria Santíssima: alma eucarística! Mas quais são os
característicos de uma tal vida? Naturalmente serão os característicos da vida
de Jesus neste mistério adorável: escondimento, ações de graças, obediência,
oblação, tudo isso com o selo inefável do amor... Escondido, humildemente, debaixo dos véus eucarísticos;
rendendo continuas ações de graças a Deus seu Pai, em Seu nome e em nome da
humanidade inteira; obedecendo, exatamente, tanto à vontade do Pai Eterno, como
à do último sacerdote que O chama, distraído ou sem respeito, para sobre o
altar, ou que O leva para o coração sacrílego de algum cristão; oferecendo-se,
continuamente, ao Pai Celeste, para O glorificar, adorá-Lo e prestar-Lhe
reparação pelos pecados do mundo, e oferecendo-se aos homens, em alimento, para
os nutrir e preparar para a vida eterna. E tudo isso, saindo do coração de Cristo,
traz o sinete do amor. Não foi outra a vida de Maria. Viveu oculta quasei toda
a vida, quer no Templo, quer em Nazaré, quer em Éfeso, escondida aos olhares
dos homens, assim como Jesus no tabernáculo; agradecendo, de momento em
momento, ao Altíssimo as graças imensas a ela concedidas e ao mundo todo;
obedecendo, com toda a perfeição, a Deus Nosso Senhor, a seu esposo, José:
finalmente, oferecendo-se, sempre de novo, à Trindade Santíssima, em espírito
de adoração, glorificação e de reparação pelas faltas dos homens, seus filhos,
e oferecendo-se a si mesma a estes seus filhos em espírito de dedicação.
Eis a vida eucarística
de Maria, copiada fielmente da vida de Jesus na Hóstia Sacrossanta. Mas é também
eucarística a alma gloriosa de Maria, pelo amor que ela dedicou, desde
quinta-feira santa, a seu Filho Divino Sacramentado.
Quem poderá descrever
as Comunhões que ela recebia das mãos dos apóstolos santos? Se já é maravilhosa
a fusão da alma de Cristo com a alma do cristão, que se dirá da fusão íntima da
alma do Filho Divino com a alma da Mãe Imaculada! E com que recolhimento e
fervor assistiria ela aos mistérios celebrados pelos apóstolos, que Jesus Cristo
mesmo ordenara. Oh! É bem verdade que Maria fica sendo o modelo mais acabado da
alma eucarística Por isso compreendemos como, justamente, Congregações de Nossa
Senhora tenham adoração perpétua do SSmo. Sacramento, como as Missionárias
Franciscanas de Maria, as Religiosas de Nossa Senhora de Lourdes... Por isso
todos os bons cristãos, todos os santos têm procurado sempre unir estes dois
grandes amores: o amor à Eucaristia e o amor à Virgem Santa. Como o conseguiu
plenamente o Bem. Juliano Eymard, o grande apóstolo da Eucaristia! A Ven. Marie
Eustele, a suave santinha do sacramento do amor, o qual era para ela toda a sua
respiração, quer na costura, quer nas ruas, quer em casa, quer nas igrejas.
Q uão pouco eucarística
é a nossa alma, ostensiva, egoísta, ingrata, dissipada, rebelde, esquecida dos
interesses do Pai Eterno! Como comungamos? Como assistimos à Santa Missa? Como
fazemos as nossas adorações e visitas? Digamos com o inspirado autor das
Palhetas de Ouro: “Há de ser sempre por Maria e com Maria que eu me aproximarei
de Jesus Sacramentado”. Unidos, realmente, com Cristo, por meio da Senhora,
teremos os sinais da Eucaristia gloriosa. O que não alcançou o grande irmão
franciscano S. Paschoal Baylon, por meio de Maria, junto ao tabernáculo?
SENHORA, Mãe de Jesus
Cristo, fazei que seja eucarística a nossa alma. Que, imitando as virtudes
próprias de Jesus Hóstia, vivamos cada vez mais sob o influxo suave deste Mistério
de amor. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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