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XXVII. ALMA SUPLICANTE
Maria possui, de fato,
uma alma de rainha, mas de rainha que sabe compadecer-se de seu povo. Assim
como a rainha Esther, diante de Assuero, suplicou pelo povo judaico que, deste
modo, foi salvo, assim Maria suplica, de continuo, diante do trono de Deus,
pelo seu povo cristão. E como estas súplicas são ouvidas sempre e sempre se
transformam em graças, Maria é chamada pelos santos de omnipotentia supplex. Onipotência suplicante!
São Pedro Damião diz
mais ainda: “Quando Maria SSma. se apresenta diante do trono de Deus, não é
tanto para pedir, como para mandar, pois que ela não se apresenta como serva,
mas como mãe e como soberana”. Santo Anselmo escreve: “É impossível que um negócio,
estando em suas mãos, não tenha bom despacho”. “Que todas as desgraças caiam
sobre mim — rezava o doutor seráfico São Boaventura — que o meu coração se
mergulhe num oceano de amargura — enquanto Maria suplicar por mim, nada
temerei”. E tinham razão estes santos de assim falarem. Só mesmo quem não
conhece como uma mãe sabe pedir. Agar, lá no deserto, no seu gesto dramático de
súplica, obtém água para Ismael que morria; a viúva de Naim suplica, com o silêncio
de suas lágrimas, e o filho ressuscita; Santa Mônica alcança milagre mais
estupendo; pois seu filho Agostinho era, moralmente, um cadáver havia quase 30
anos, e as súplicas maternas lhe restituem a vida.
Oh! Como as mães
sabem suplicar! “Encarreguemos a Maria de tratar de todos os nossos negócios;
deixemos-lhe o cuidado... tudo sairá bem”, afirmava a venerável visitandina
Madre Maria de Sales Chappuis. “A vontade de meu coração e minha oração a Deus
— escrevia São Paulo aos Romanos (10, 1) — é de servir a humanidade sofredora,
nos seus interesses temporais e eternos”. Com muito mais razão, podia escrever
isto mesmo Maria a todos os homens. E quem quiser uma prova clássica, basta
lembrar-se de Caná, onde Jesus apressou a hora de seus milagres, às súplicas de
Maria Santíssima. Ela bem pode fazer suas as palavras de Jesus Cristo: “Ó Pai, sei que me ouves sempre”.
Por isso termina tão
belamente uma oração litúrgica: “...Senhor, nós que não sabemos agradar-Vos com
as nossas pobres ações, sejamos, ao menos, salvos pela intercessão da santa Mãe
de Vosso Filho”. — Quem entra na capela de Nossa Senhora do Amparo em Petrópolis,
fica logo preso por uma pintura à direita, talvez menos feliz na sua execução,
mas felicíssima na sua ideia. Numa campina amena, Maria abre o seu manto para
acolher debaixo dele um grupo de meninas inocentes, que recorrem ao seu amparo.
Como é lindo! É a imagem da vida! Sejamos simples, inocentes, que não nos
faltará lugar sob o manto de nossa Mãe. Ali confiar-lhe-emos todas as nossas
necessidades, e ela saberá suplicar a Deus em nosso favor. E o que ela pede,
alcança.
Em um êxtase, a
grande beneditina Santa Gertrudes ouviu este dialogo consolador entre Jesus e
Maria: “Minha Mãe, pede-me o
que quiseres — Peço-te, meu filho, misericórdia para os miseráveis”. Ah! sim,
uma das posições prediletas de Maria é ter os braços erguidos como Moisés, atraindo,
com sua onipotência suplicante, as bênçãos de Deus sobre nós, que pelejamos na
planura desta vida.
Compreendemos nós o
valor real da súplica de Maria? Recorremos a ela com bastante prontidão e
confiança cm nossas necessidades? Se soubéssemos o que vale a nossa prontidão,
haveríamos de saber também o que vale a sua intercessão. Imitamos nós este
movimento da alma de Maria, suplicando junto a Deus e junto aos homens — quando
for necessário — por aqueles que são mais necessitados do que nós? Saibamos suplicar
pelos outros, que Maria SSma. saberá suplicar por nós.
AUXÍLIO dos cristãos,
refúgio dos pecadores, não desprezeis as nossas súplicas, não nos abandoneis em
nossas tributações ... com vosso Filho
nos reconciliai, a Vosso Filho nos recomendai, a Vosso Filho nos apresentai.
Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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