XXVI. ALMA DE RAINHA
Entre os verdadeiros
peregrinos de Cristo, que passaram por este mundo sem se apegarem a nada,
demandando, cheios de fervor, a Pátria celestial, se encontram também rainhas,
como Santa Clotilde, Santa Cunegundes, Santa Isabel de Portugal e tantas
outras: a maior de todas, porém, foi a Rainha do Universo, a Bem Aventurada
Virgem Maria, gloriosa soberana nossa.
Alma de rainha, com todas as virtudes que lhe são próprias: generosidade, justiça, nobreza de sentimentos, amor... Sabemos, com certeza, que Maria era da estirpe real de David; S. José, seu esposo, descendente direto do rei da Judeia pelo ramo salomônico. Mas não é por isso que dizemos ter Maria uma alma de rainha. Não, muito acima da nobreza do sangue, está a nobreza do espírito. Esta é o seu orgulho. A generosidade é um dos mais belos ornamentos reais. Maria a possuiu em grau elevado. É uma das suas glórias. Generosidade em dar: os tesouros reais estão em suas mãos, dali tira todas as graças com que enriquece os seus súditos fiéis; pois não é ela a distribuidora de todas as graças? — Quando se passa pelo colégio das religiosas de Sion; em Petrópolis, e se vê ali, no jardim, entre flores, a encantadora imagem de Maria, é como se a gente visse um símbolo esplêndido da generosidade régia da Senhora, que oferece o seu Jesusinho, o seu maior tesouro, a todos os que por ali passam, e a todos os homens. Mas o mundo é assim mesmo! Quantos para ela olham, sem um obrigado, sem um sinal qualquer de gratidão. Entretanto ela quer dar tudo... Que generosidade! Mas generosidade, também, em perdoar, em alcançar perdão para os culpados. E isso, agora, e durante a sua vida mortal, quando ela ouvia, tantas vezes, a palavra do Filho Divino aos homens: “Teus pecados te são perdoados!” E junto à cruz: “Pai, perdoai-lhes!...” “Hoje estarás comigo no Paraíso!... — Mas se Maria é uma Soberana cheia de generosidade, não lhe falta também a justiça real. Sabe que é a Rainha de todos e a todos trata com a mesma medida, a não ser maior benevolência e compaixão para com os mais fracos, pobres e miseráveis. — E que nobreza e elevação de sentimentos, de vistas, de ação: nada de extraordinário, mas tudo de modo extraordinário, as menores ações com o cunho real da perfeição. Por mais que ela se humilhe e sirva à prima Santa Isabel e se diga escrava do Senhor, nunca se confunde com a plebe. Vai a Belém, conforme a lei; faz a sua purificação, as visitas rituais do Templo, como outra judia sincera, mas que nobre modéstia em tudo! É uma alma compenetrada da grandeza de sua missão; que se sente, em verdade, filha do grande Rei do Universo. Mas a pedra mais preciosa de seu diadema real é o amor para com seus súditos que são, ao mesmo tempo, filhos seus. Que soberana, jamais, se interessou tanto pelos interesses de seus súditos como Maria? É que nenhuma os amou assim. Eis, verdadeiramente, o que significa ter uma alma de Rainha!
Alma de rainha, com todas as virtudes que lhe são próprias: generosidade, justiça, nobreza de sentimentos, amor... Sabemos, com certeza, que Maria era da estirpe real de David; S. José, seu esposo, descendente direto do rei da Judeia pelo ramo salomônico. Mas não é por isso que dizemos ter Maria uma alma de rainha. Não, muito acima da nobreza do sangue, está a nobreza do espírito. Esta é o seu orgulho. A generosidade é um dos mais belos ornamentos reais. Maria a possuiu em grau elevado. É uma das suas glórias. Generosidade em dar: os tesouros reais estão em suas mãos, dali tira todas as graças com que enriquece os seus súditos fiéis; pois não é ela a distribuidora de todas as graças? — Quando se passa pelo colégio das religiosas de Sion; em Petrópolis, e se vê ali, no jardim, entre flores, a encantadora imagem de Maria, é como se a gente visse um símbolo esplêndido da generosidade régia da Senhora, que oferece o seu Jesusinho, o seu maior tesouro, a todos os que por ali passam, e a todos os homens. Mas o mundo é assim mesmo! Quantos para ela olham, sem um obrigado, sem um sinal qualquer de gratidão. Entretanto ela quer dar tudo... Que generosidade! Mas generosidade, também, em perdoar, em alcançar perdão para os culpados. E isso, agora, e durante a sua vida mortal, quando ela ouvia, tantas vezes, a palavra do Filho Divino aos homens: “Teus pecados te são perdoados!” E junto à cruz: “Pai, perdoai-lhes!...” “Hoje estarás comigo no Paraíso!... — Mas se Maria é uma Soberana cheia de generosidade, não lhe falta também a justiça real. Sabe que é a Rainha de todos e a todos trata com a mesma medida, a não ser maior benevolência e compaixão para com os mais fracos, pobres e miseráveis. — E que nobreza e elevação de sentimentos, de vistas, de ação: nada de extraordinário, mas tudo de modo extraordinário, as menores ações com o cunho real da perfeição. Por mais que ela se humilhe e sirva à prima Santa Isabel e se diga escrava do Senhor, nunca se confunde com a plebe. Vai a Belém, conforme a lei; faz a sua purificação, as visitas rituais do Templo, como outra judia sincera, mas que nobre modéstia em tudo! É uma alma compenetrada da grandeza de sua missão; que se sente, em verdade, filha do grande Rei do Universo. Mas a pedra mais preciosa de seu diadema real é o amor para com seus súditos que são, ao mesmo tempo, filhos seus. Que soberana, jamais, se interessou tanto pelos interesses de seus súditos como Maria? É que nenhuma os amou assim. Eis, verdadeiramente, o que significa ter uma alma de Rainha!
"Lembrai-vos, Alteza,
de que sois de sangue real”, dizia um preceptor ao príncipe que não se portava
conforme a sua dignidade. A mesma advertência e com muito mais razão devemos
dirigir a nós mesmos: Lembremo-nos sempre de que somos de sangue real! Somos
filhos da Rainha do Universo! Que linhagem! Cornélio a Lapide dizia: “A
sabedoria do humilde lhe faz erguer a fronte e o coloca na classe da nobreza”.
E Santa M. Madalena Barat: "Tem os pés no pó, o coração em espinhos, mas a
fronte no céu". Que grandeza! Conformemos, com ela, os nossos pensamentos,
palavras e obras. Que tudo em nós indique a nobreza santa da nossa origem:
filhos de Deus, filhos de Maria, em nossas veias corre um sangue real.
RAINHA dos Anjos,
Rainha dos Confessores, Rainha das Virgens, fazei que vivamos de acordo com a
nossa estirpe real, que quanto mais se humilha mais se eleva.
Tirai de nossa alma
qualquer baixeza, qualquer mesquinhez, qualquer vulgaridade, para que, de fato,
nos portemos como filhos vossos, ó Rainha do Universo. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição
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